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LISTA DE SIGLAS UTILIZADAS

3) O tipo “expert idea generator” tem a sua origem na pesquisa de Minor, Smith, Bracker (1992) e Roberts (1991) Estes empreendedores também podem ser

1.6. O Empreendedorismo como Fator de Desenvolvimento Socioeconómico das Nações

A problemática do crescimento económico e do desenvolvimento constitui uma das preocupações fundamentais para a Humanidade e, por isso, sempre se procurou encontrar soluções para que as populações possam ter acesso a uma maior diversidade de bens e serviços e um melhor nível de vida e bem-estar.

Mas o que podemos entender por crescimento económico? E por desenvolvimento económico? O debate acerca do conceito de desenvolvimento é bastante rico e acirrado no meio académico, principalmente quanto à distinção entre desenvolvimento e crescimento económico, por exemplo Sandroni (1999) considera o desenvolvimento económico como crescimento económico (incrementos positivos no produto) acompanhado por melhorias do nível de vida dos cidadãos e por alterações estruturais na economia.

No que diz respeito ao crescimento económico, até aos anos 80, as várias procuravam explicar o fenómeno fazendo uso exclusivo de variáveis económicas, conforme demonstrado no quadro 5.

Quadro 5 – Teorias do crescimento económico

Autor Corrente Variáveis

Adam Smith (1776), David Ricardo (1817), Thomas Malthaus (1798)

Clássica Defendia um limite máximo ao crescimento, imposto pelos limites da terra arável. Thomas Malthus defendia que o crescimento das nações se assemelhava às tribos.

Harrod (1939), Domar (1946) Keynesiana Baseia-se na idéia que há uma relação direta entre o nível de investimentos, poupança de um país e o ritmo de crescimento de seu PIB. Solow (1956) Neoclássica Cria uma relação entre o PIB per capita,

também denominado como Produto e o capital físico.

Fonte: Elaborado pelo autor com base na revisão da literatura

Apesar de o espírito empreendedor ter sido excluído nas teorias de crescimento económico, muitos economistas (Schumpeter, 1942; Kirzner, 1973) afirmavam que a capacidade empreendedora era vital para o progresso económico.

Shumpeter (1911) destacou-se com a publicação do livro “Teoria do

Desenvolvimento Económico”, no qual define o empreendedor como uma pessoa que

assumindo riscos, cria inovações que lhe permitem obter lucros. Schumpeter (1964) no que chamou processo de destruição criativa, descreve que o empreendedor ao incorporar inovações e novas tecnologias contribui para a substituição de produtos e processos ultrapassados. O empreendedor não só tem um papel central no avanço e progresso da economia e sociedade, como aciona o desenvolvimento da vida empresarial, através da substituição das organizações existentes por novas organizações mais capazes de aproveitar as inovações.

No entanto e segundo Fontenele (2010), só na década de 80, Romer (1987; 1990) e Lucas (1988) no modelo de crescimento endógeno, passam a inserir variáveis não necessariamente económicas nas teorias de crescimento económico, como:

 Formação de capital humano como um dos principais determinantes para o crescimento de longo prazo;

 Pesquisa e desenvolvimento;

 Governo;

 Progresso técnico.

Na década de 90, os trabalhos de Reynolds comprovaram a associação entre a destruição criativa e o crescimento económico, isto é, comprovaram a relação do empreendedorismo com o crescimento económico (Nogami & Machado, 2011).

Todavia, é necessário fazer a distinção entre crescimento económico e desenvolvimento económico. Segundo Scatolin (1989 como citado em Oliveira, 2002) apesar das divergências existentes entre as duas concepções, elas não são excludentes. Na verdade, em alguns pontos, elas completam-se.

Para Vasconcellos e Garcia (1998), o desenvolvimento deve resultar do crescimento económico acompanhado da melhoria da qualidade de vida, isto é, deve incluir as alterações da composição do produto e a alocação de recursos pelos diferentes setores da economia, melhorando os indicadores de bem-estar económico e social, como a pobreza, desemprego, desigualdade, condições de saúde, alimentação, educação e habitação.

Gaspar (2003) afirma que é agora amplamente reconhecido que a oferta de empreendedorismo é importante por três razões principais: crescimento económico, inovação e criação de emprego, ou seja, o empreendedorismo fomenta o desenvolvimento socioeconómico local, regional e/ou nacional.

Em relação à primeira, Reynolds, Storey e Westhead (1994) estimam que, tanto na Suécia como nos Estados Unidos da América (EUA), cerca de metade dos empregos criados ao longo de 6 anos deveram-se às pequenas e médias empresas. Sobre a segunda razão, acentuam a importância do empreendedorismo para a inovação, não só através das patentes registadas, mas também pelo desafio que vem a constituir para as empresas instaladas. Quanto à terceira, os autores mostram que nos Estados Unidos da América (EUA) para o período analisado, as elevadas taxas de criação de empresas foram uma condição necessária para o crescimento económico.

A Comissão Europeia [CE] (2003) considera o empreendedorismo importante, pelo seu contributo para: criar empregos; estimular o crescimento económico; melhorar a competitividade; aproveitar o potencial dos indivíduos e explorar os interesses da sociedade ao nível da proteção do ambiente, da disponibilização de serviços de saúde, da disponibilização de serviços de educação e segurança social.

Para Sachs (2004) o desenvolvimento, distinto do crescimento económico, reaproxima a economia e a ética, na medida que os objetivos do desenvolvimento vão bem além da mera multiplicação da riqueza material.

Ainda segundo Sachs (2004, p. 13): “O crescimento é uma condição necessária, mas de forma alguma suficiente (muito menos é um objetivo em si mesmo), para se alcançar a meta de uma vida melhor, mais feliz e mais completa para todos.”

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Economico [OCDE] (2004) considera que uma elevada atividade empreendedora pode contribuir com resultados especificos em termos de políticas, em áreas como: a criação de emprego, crescimento economico e inovação, diminuição da pobreza e oportunidades sociais e empowerment dos grupos desfavorecidos e sub-representados. Isto é, o empreendedorismo e a criação de empresas desempenham um papel estrutural e dinâmico nas economias (Martins, 2006).

Além da importância para o crescimento económico de um pais, o GEM aponta que o empreendedorismo também se reflete no desenvolvimento social das regiões. No entanto, a importância do empreendedorismo pode ser diferente, dependendo do estágio de desenvolvimento de cada região (Barros & Pereira, 2008).

Para a Ernst & Young (2011), empresa criadora do prémio empreendedor do ano, os empreendedores desempenham um papel vital na economia mundial, através do desenvolvimento de novos negócios, criação de emprego e aumentando a atividade económica e promovendo a inovação.

Magali, Nelson, Myriam e Gilberto (2011), entendem que não devemos olhar simplesmente para a atividade lucrativa, mas entender o negócio e o mercado como possibilidades de diminuição das desigualdades.

Em suma, o crescimento económico por si só não é capaz de garantir o desenvolvimento, ou seja, pode haver crescimento na geração de riqueza sem que haja distribuição desta consequente melhoria na qualidade de vida da população em geral.

CAPITULO II