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O estado inicial dos alunos 57

No documento Relatório de  Estágio Profissional (páginas 83-87)

4.1 Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem 52

4.1.1 A Avaliação Prognóstica 52

4.1.1.2 O estado inicial dos alunos 57

Tal como afirmei anteriormente, a avaliação inicial tem de ser congruente com a abordagem metodológica escolhida para a modalidade em causa. Assim, sempre abordei este momento através do todo da modalidade, se se trata de JDC, a avaliação seria através do jogo, natação através do nado completo da técnica, judo através da luta, atletismo através de lançamentos, corridas, etc.

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Deste modo, encaro a avaliação inicial como um momento onde os alunos evidenciavam o estado do seu desempenho, como quem diz “mostrem-me o que vocês sabem fazer”, ao contrário do “vocês conseguem fazer isto?”. Ao observar as lacunas do “todo”, detectaria quais as “partes” que necessitam de ser trabalhadas para benefício do “todo”.

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Durante o período designado de avaliação inicial, as únicas modalidades que tive oportunidade de avaliar foram os JDC, devido às instalações que ocupava. A Natação e a Ginástica foram avaliadas ainda no 1º período aquando do começo da respectiva UT, assim como o Atletismo e o Judo apenas foram avaliadas no 2º período nas mesmas circunstâncias.

Deste modo, as duas semanas iniciais do ano lectivo foram um choque para mim. Estava incrédula perante o baixo nível de conhecimento dos alunos. No meu ponto de vista, era inacreditável estar perante alunos do 9º ano de escolaridade, pois possuíam características de alunos de iniciação.

Nas modalidades de Andebol (5x5) e Futebol (3x3+GR), as principais lacunas que detectei foram: a não criação de linhas de passe, estando os jogadores atacantes muito estáticos, à espera da bola; os alunos não defendiam individualmente, esquecendo-se muitas vezes do seu adversário, andando literalmente atrás da bola; na função de defesa a maioria possuía uma atitude típica ao do jogo do “meinho”, como tal o atacante também não sentia necessidade de se desmarcar. Também se verificava muita dificuldade em ocupar racionalmente o espaço em amplitude, não tendo qualquer noção de “corredores”, aglomerando-se por vezes em torno da bola.

No Basquetebol (3x3, em ½ campo), numa panorâmica geral, os alunos não mantinham contacto visual entre o receptor e o passador; não se enquadravam com o cesto quando recebiam a bola; não possuíam a mínima noção da acção de “passe e corte”; acrescentado os problemas de posicionamento que já tinham sido observados nas modalidades anteriores.

Os alunos demonstraram-me não ter conhecimento das regras do jogo em ½ campo, tendo-me confessado que jogavam sempre em campo inteiro em

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anos anteriores. Perante esta situação é compreensível que possuam tantos problemas básicos para resolverem no que diz respeito ao ataque posicional, pois para alunos em nível de iniciados, a transição defesa ataque em campo inteiro quebra esta construção.

Detectei ainda graves erros ao nível do manejo de bola por parte de sensivelmente 5 alunos (¼ da turma), desde driblar com duas mãos, a executarem o encadeamento de acção “dribla, para, dribla”, são erros muito graves, até inadmissíveis a alunos do 9º ano.

Já no Voleibol (2x2), a turma iniciou de dois pontos distintos, aqueles que não conseguiam prosseguir o jogo ao primeiro toque e aqueles que o faziam apesar de não possuírem nenhuma noção táctica.

Na Ginástica a maioria dos alunos realizavam os rolamentos de forma rudimentar, a roda era desprovida de qualquer definição segmentar e o apoio facial invertido, era um elemento que a maioria dos alunos temia, sendo já um desafio realizar tesouras com os MI, na posição invertida.

No Judo, modalidade nuclear na ESL, os alunos não sabiam aplicar nenhuma técnica, quando já tiveram pelo menos esta modalidade no 7º e no 8º ano.

Foi na Natação que a turma se diferenciou mais no momento avaliativo, possuindo nitidamente 3 grupos: os alunos que não possuíam adaptação ao meio aquática, possuindo mesmo pavor à água; os alunos que não sabiam qualquer técnica de nado; e os alunos que se encontravam numa fase de consolidação das técnicas de crol e costas.

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Este estado inicial dos alunos inquietou-me, principalmente quando observei as notas obtidas no ano anterior: 70% dos alunos possuía classificação de bom (4) ou muito bom (5). De facto, o conhecimento dos alunos não era representativo de tal classificação.

A minha primeira iniciativa foi a de pesquisar qual seria o professor de EF do ano anterior, de modo a saber o histórico de cada aluno. No entanto, devido à reformulação de turmas ocorridas na transição do ano lectivo, a minha turma

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era constituída pela fusão de alunos de várias turmas, tendo possuído professores de EF diferentes, já não se encontrando estes a leccionar na ESL, à excepção do professor Fernando Melo, meu professor cooperante por coincidência.

No entanto, este apenas me forneceu informação de cerca de 6 alunos, número que não seria representativo da turma. Ou seja, a minha intenção em pesquisar o histórico de cada aluno, os registos avaliativos pormenorizados, os conteúdos leccionados e até quem sabe a metodologia utilizada pelo professor, não surtiu qualquer efeito, pois o único dado existente dos alunos da sua prestação do ano anterior, era uma classificação final.

Apesar deste baixo nível inicial, era visível que os alunos possuíam uma boa aptidão física e um razoável ajustamento da tarefa após os feedback’s que emitia, dando-me indicadores de que a sua evolução seria rápida, podendo mesmo alcançar níveis de desempenho superiores.

Esta minha constatação foi reforçada pelas informações que recolhi juntamente do professor Fernando Melo sobre os seus “antigos” alunos.

Se uma simples informação vinda de um professor que, acompanhou alguns alunos no ano anterior, fez com que encarasse os objectivos de forma mais ambiciosa, imaginemos o que seria se eu possuísse, para cada aluno, todas as informações que mencionei anteriormente.

Inicialmente, tive de passar por uma fase de conhecimento de cada aluno, e isto não se refere apenas a um único momento de avaliação inicial, mas sim a todo um período em que eu detecto o grau de apreensão da matéria e consequente velocidade de progressão que cada aluno possui. Este período poderia ter sido encurtado se tivesse previamente as tais informações, potenciando mais atempadamente, as potencialidades individuais dos alunos.

Perante esta situação, penso que seria da maior utilidade, se no fim do ano lectivo, o professor de cada turma arquiva-se no departamento de EF, o planeamento anual, a UT real e as grelhas de avaliação de cada modalidade. Algo simples, bastando apenas imprimir e arquivar um número irrisório de folhas, mas que com certeza faria toda a diferença para o professor que pegaria nos alunos no ano seguinte. Podendo mesmo, a longo prazo, estes

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dados serem utilizados para realizar um estudo de aproveitamento escolar em EF.

4.1.1.3 O conhecimento da turma através da ficha socioeconómica e

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