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3 AS ESCOLAS E SUAS LOCALIDADES

3.6 O GANCHINHO

O Ganchinho é um bairro localizado na região Sul de Curitiba, e faz limites com os bairros Alto Boqueirão, Sítio Cercado e Umbará, e com o município de São José dos Pinhais.

Segundo informações do Instituto de Pesquisa e Planejamento de Curitiba (IPPUC), o Ganchinho, assim como os demais bairros da região Sul de Curitiba, tem suas origens ligadas ao tropeirismo. Durante o século XVIII, as tropas de gado que vinham do Sul do Brasil atravessavam as terras que hoje compõem os bairros da região Sul de Curitiba, em direção a São José dos Pinhais. A origem do nome Ganchinho tem a ver com o hábito dos tropeiros em nomear as localidades com seus instrumentos de uso cotidiano. No caso, um dos trechos do rio Ribeirão dos Padilhas, que atravessa a região, tinha uma curvatura parecida com um ganchinho de arame usado para pendurar o arreio dos cavalos, daí o nome recebido pelo bairro (IPPUC, 2015f).

Até o ano de 1975, o Ganchinho pertencia ao bairro Umbará, quando, por meio do Decreto nº 774/75, foi estabelecida a criação do novo bairro. Contudo, mesmo com a separação administrativa, existe uma proximidade, não somente espacial entre os dois bairros, mas também em semelhanças históricas num mesmo passado agrícola, na

64 Ver anexo 29.

65 Apesar de ainda ser uma das maiores escolas do Centro de Curitiba, o Instituto de Educação do Paraná

Erasmo Pilotto sofreu sensível redução no número de alunos durante as primeiras décadas do século XXI. No ano de 2003, a escola contava com 4.462 matrículas efetivadas, passando para 3.100 matrículas em 2008, 1.671 matrículas em 2013 e 1.501 matrículas em 2018 (CONSULTA ESCOLAS, 2019n). Se levarmos em consideração apenas os dados populacionais do bairro, surge uma discrepância, pois, no mesmo período, foi detectado aumento demográfico na região central de Curitiba. Contudo, demais fatores certamente influenciaram o processo, dentre eles o encerramento da oferta de turmas para alunos da primeira fase do Ensino Fundamental, processo que ocorreu gradativamente, sendo concluído no ano de 2012. Os motivos para essa mudança podem estar ligados às políticas estaduais de educação, justificadas pela realidade do público que a escola atende, fatores que não são abarcados pelo presente estudo.

colonização de imigrantes europeus a partir do século XIX, e na presença da religiosidade católica, tendo como centro cultural e social dos habitantes, a Paróquia de São Pedro, localizada no bairro Umbará (IPPUC, 2015f).

Devido à distância geográfica em relação ao Centro da capital, e ao histórico de pouco desenvolvimento urbano, o bairro Ganchinho se caracterizava pelo número reduzido de habitantes. Segundo o Censo do ano 2000, quando outros bairros de Curitiba, em especial da região Sul da cidade, já haviam apresentado índices significantes de crescimento populacional, o Ganchinho contava ainda uma população de 7.325 habitantes. Na década seguinte, entretanto, detectou-se uma tendência de forte crescimento demográfico no bairro, com o registro de 11.178 habitantes segundo o Censo de 2010, ou seja, um aumento na ordem de 52,6%. Contudo, em números absolutos, a população do Ganchinho ainda é muito menor do que a do bairro Sítio Cercado (115.525 habitantes segundo o Censo de 2010), e pouco menor que a do bairro Umbará (18.730 habitantes segundo o Censo de 2010), ambos os bairros que compõem a Regional Bairro Novo (AGÊNCIA CURITIBA, 2017a).

Em relação a renda média dos domicílios particulares na Regional Bairro Novo, o bairro Ganchinho é o que apresenta os menores valores, com uma renda média de R$1.735,16, segundo os dados do Censo de 201066. Da mesma maneira, o número de estabelecimentos econômicos formais no Ganchinho é o menor na Regional Bairro Novo, com apenas 4,3% dos estabelecimentos da região, segundo dados da Secretaria Municipal de Finanças, do ano de 2015 (AGÊNCIA CURITIBA, 2017a)67.

Importante ressaltar que a Vila Osternack, um loteamento nascido de uma ocupação por moradia no ano de 1991, está na divisa entre os bairros Sítio Cercado e Ganchinho, e o Colégio Estadual Iara Bergmann localiza-se justamente dentro desse loteamento, em sua área pertencente ao Ganchinho. Talvez esse seja um dos motivos de o Colégio Iara Bergmann ser uma escola de grande porte, com 1.735 matrículas efetivadas no ano de 2018 (CONSULTA ESCOLAS, 2019o), apesar de integrar um bairro com número menos expressivo de habitantes.

3.6.1 – COLÉGIO ESTADUAL PROFESSORA IARA BERGMANN

O Colégio Estadual Iara Bergmann foi inaugurado em 1996, quando obteve a autorização para ofertar o Ensino Fundamental de 6 º a 9º ano, por meio da Resolução nº

66 Ver anexo 30. 67 Ver anexo 31.

707/1996. No ano 2000, a instituição foi autorizada a oferecer o Ensino Médio através da Resolução 3358/2000, e em 2001, a Resolução nº 1785/2001 garantiu a oferta do Ensino Médio para a modalidade de Ensino para Jovens e Adultos (EJA). Atualmente, a instituição é denominada Colégio Estadual Professora Iara Bergmann – Ensino Fundamental e Médio (SECRETARIA DA EDUCAÇÃO, 2019e).

Localizado na Rua Reinaldo de Carvalho, o Colégio Iara Bergmann situa-se na região norte do Ganchinho68, dentro da Vila Osternack, próximo da divisa com o Sítio Cercado, sendo essa região a que registra maior quantidade de estabelecimentos econômicos formais do bairro69.

As informações que conseguimos levantar sobre Iara Bergmann resumem-se ao fato dela ser professora. Portanto, dentro dos registros online de fontes oficiais, órgãos de imprensa atuais e históricos, fontes acadêmicas, e demais registros virtuais, Iara Bergmann não é citada. Esse silenciamento pode ter significados diversos, pois a escola, mesmo sendo de grande porte, está localizada numa das áreas mais periféricas da cidade, dentro de um loteamento criado por meio da luta dos movimentos por moradia, e num local onde os níveis de renda são os mais baixos da capital. Enquanto possuímos um número razoável de informações sobre muitos daqueles que nomeiam as escolas de grande porte dos bairros nobres e centrais da cidade, não verificamos o mesmo a respeito de alguns homenageados que nomeiam as instituições das periferias, onde as informações online, que hoje possuem o maior poder de circulação, são mais raras ou, em alguns casos, até nulas.