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3 AS ESCOLAS E SUAS LOCALIDADES

3.8 O TATUQUARA

O Tatuquara é um bairro que pertence à região Sudoeste de Curitiba, e têm seus limites com os bairros Pinheirinho, Sítio Cercado, Umbará, Campo de Santana, CIC, e com o município de Araucária.

Os registros sobre a ocupação do bairro Tatuquara remontam ao século XVIII, quando a Primeira Companhia de Milícia da Freguesia de Curitiba já mencionava a região em seus documentos, bem como a Câmara Municipal, que indicava em sua documentação a nomeação de representantes do antigo Tatuquara para a realização de obras naquela localidade. O nome Tatuquara tem origem tupi (tatu-kûara), e significa “toca do tatu”. (IPPUC, 2015h).

De forma geral, até meados do século XX, o Tatuquara é descrito como uma região essencialmente rural, passagem das tropas de gado que vinham do Sul do país, ocupada inicialmente por caboclos e, posteriormente, por grupos imigrantes europeus75 (IPPUC, 2015h). Nessa época, a maioria das terras do Tatuquara pertencia à família Santana, formada por poderosos proprietários rurais da capital paranaense, os mesmos que nomeiam o bairro vizinho, o Campo de Santana (SOUZA, 2002).

A paisagem rural do Tatuquara não sofreu alterações consideráveis até as décadas de 1960 e 1970, quando a COHAB passou a implantar loteamentos populares no bairro, iniciativa resultante da pressão demográfica que a cidade vivia naquele período. A instalação do CEASA (Centro de abastecimento de produtos agrícolas) em 1976, foi outra iniciativa que prometia impulsionar a economia do bairro e da região. Mesmo assim, em números absolutos, a população do Tatuquara permanecia em níveis consideravelmente baixos. Em 1980, apenas 3.705 habitantes viviam no bairro, que ocupa uma área correspondente a 2,58% do território de Curitiba (SOUZA, 2002).

75 Interessante notar que vários documentos oficiais ignoram o histórico das populações indígenas que

ocupavam as áreas que hoje compõem a cidade de Curitiba, bem como a origem das populações que eles classificam como caboclas, também antigas em diversas regiões. Em tais publicações é constantemente enfatizada a chegada dos imigrantes europeus durante o século XIX, como marco da reorganização da produção agrícola local, o que teria sido crucial no desenvolvimento da cidade, e na construção da imagem da capital modelo e europeia.

O processo de aumento demográfico exponencial é perceptível no Tatuquara a partir da década de 1990, quando iniciativas do poder público para assentar famílias de baixa renda em loteamentos da COHAB, somadas a ocupações irregulares, fizeram do bairro uma área com grande crescimento populacional. Os 3.705 habitantes de 1980 passaram para 19.469 em meados da década de 1990, período em que diversos loteamentos populares foram implantados. Dentre os loteamentos criados, e as ocupações irregulares que surgiram nesse período e no início dos anos 2000, destacam-se os da Vila Pompéia, Vila Santa Antônio, Moradias Palmeiras, Jardim da Ordem, Santa Rita, Moradias Evangélicas, Moradias Monteiro Lobato, Vila Terra Santa, Gralha Azul e Beira Rio (SOUZA, 2002).

No ano 2000, a população do Tatuquara era de 36.339 habitantes, número que saltou para 52.780 habitantes em 2010, ou seja, um crescimento de 45,2% na primeira década do século XXI. Dentre os bairros que compõem a Regional que leva seu nome (com o Campo de Santana e Caximba), o Tatuquara é o mais populoso76. Entretanto, a explosão demográfica da região do Tatuquara, ao que tudo indica, não foi acompanhada dos devidos investimentos sociais para o desenvolvimento de padrões adequados de vida para aquela população. Isso fica bastante explícito quando abordamos a questão da renda, uma vez que os bairros que compõem a Regional Tatuquara são aqueles em que a população tinha a menor renda mensal por domicílio particular em 2010, no valor de R$1.674,84. Especificamente, no bairro Tatuquara, essa renda média era de R$1.657,30, ou seja, um rendimento médio ainda mais baixo do que aquele registrado no Campo de Santana e no Ganchinho77. Quando observamos os dados sobre a quantidade de estabelecimentos econômicos formais da Regional Tatuquara, constatamos que a maioria deles está localizada justamente dentro do bairro Tatuquara, que concentra 66,8% destas atividades78. Relacionando tal informação com a renda obtida pelos moradores da região, é possível inferir que a população daquele bairro vive uma realidade de precarização ou informalidade nas relações de trabalho, o que não lhes permite aumentar seus rendimentos, mesmo que a área em que residam seja a mais dinâmica economicamente dentro da Regional. Outra possibilidade é que tais pessoas não trabalhem dentro do espaço

76 Em 2010, a população total da Regional Tatuquara era de 81.959 habitantes, e a população do bairro

Tatuquara correspondia a 64% desse total (AGÊNCIA CURITIBA, 2017d).

77 Ver anexos 25 e 34. 78 Ver anexo 23.

do bairro, atuando em locais mais distantes, em condições menos favoráveis. (AGÊNCIA CURITIBA, 2017d).

Localizado no Jardim da Ordem, uma região ocupada por moradias irregulares e com áreas de recente urbanização, o Colégio Estadual Desembargador Guilherme Albuquerque Maranhão se situa numa das localidades mais carentes do município de Curitiba.

3.8.1-COLÉGIO ESTADUAL DESEMBARGADOR GUILHERME ALBUQUERQUE MARANHÃO

Em 06 de agosto de 1993, foi inaugurada a Escola Estadual Jardim da Ordem, no bairro Tatuquara. Contando com quatro salas de aula, a escola nessa época atendia duas turmas do Ensino Fundamental (segunda fase), uma de 5ª e outra de 6ª série (atuais 6ª e 7º anos.) (COLÉGIO ESTADUAL DES. GUILHERME A. MARANHÃO, 2019).

Em 1998, o colégio foi renomeado e passou a denominar-se Colégio Estadual Desembargador Guilherme Albuquerque Maranhão – Ensino Fundamental e Médio, designação que permanece até os dias de hoje 79. A respeito do homenageado que nomeia a escola, consta o seguinte texto na página oficial da instituição:

Em 1997 foi construído o novo prédio, inaugurado em 1998, com 18 salas de aula, banheiros, sala de professores, sala de direção, sala de equipe pedagógica, secretaria, sala de arte, sala de multimeios, biblioteca, vídeo/mecanografia, cozinha/ cantina, almoxarifado e laboratório de ciências/físico/biológica. A Escola possui também, quadra poliesportiva destinada às aulas de educação física e um estacionamento. No ano de 1998, já atendendo ao Ensino Fundamental de 5ª à 8ª séries; implantou, gradativamente, o Ensino Médio, (primeiro ano), e trabalhou com Plano de Ação de Aceleração - PAC. Neste mesmo ano, teve seu nome alterado para Colégio Estadual Desembargador Guilherme de Albuquerque Maranhão – Ensino Fundamental e Médio, pela Resolução 1825/98, em homenagem ao Desembargador Guilherme de Albuquerque Maranhão, nascido em Manaus, em 31 de Dezembro de 1915, mas que, pelo amor devotado à Curitiba passou a ser considerado um Curitibano legítimo (COLÉGIO ESTADUAL DES. GUILHERME A. MARANHÃO, 2019, não p.).

Localizado na rua José Ângelo Martins, próximo da divisa com a CIC80, o Colégio Estadual Guilherme Maranhão pertence ao Jardim da Ordem, região de recente

79 O Desembargador Guilherme Albuquerque Maranhão faleceu no ano de 1997. 80 Ver anexo 36.

urbanização, ainda ocupada por muitos loteamentos irregulares que, assim como outras áreas da cidade, enfrenta problemas de segurança dentro e fora da escola81.

Durante as primeiras décadas do século XXI, o Colégio Guilherme Maranhão registrou crescimento no número de matrículas, com oscilações e redução desse contingente em alguns momentos. Em 1999 eram 1.400 alunos matriculados na instituição (COLÉGIO ESTADUAL DES. GUILHERME A. MARANHÃO, 2019). No ano de 2003, 1.887 matrículas foram efetivadas. No ano de 2008 eram 2489 alunos matriculados, número reduzido para 2.200 no ano de 2010. Em 2015 eram 2.229 alunos matriculados na instituição, passando para 2.151 matrículas no ano de 201882. (CONSULTA ESCOLAS, 2019q).

Apesar de ter uma atuação reconhecida no judiciário paranaense, não encontramos informações sobre o trabalho do Desembargador Guilherme Albuquerque Maranhão junto à projetos educacionais, ou à comunidade do Jardim da Ordem no Tatuquara.