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O imposto de renda corporativo: a estrutura de sua taxa

2.1 Modelos de mensuração da carga tributária

2.1.1 Alíquotas nominais ou estatutárias de impostos

2.1.1.3 O imposto de renda corporativo: a estrutura de sua taxa

Os países da OCDE tributam os lucros corporativos ao nível das corporações e não só ao nível pessoal, quando são distribuídos os lucros aos acionistas. Uma das principais razões disso é evitar as possibilidades de atraso no recolhimento dos impostos, pela não distribuição de lucros.

Podem*se observar várias abordagens dessa ação. As diferenças existem na determinação da renda tributável, como no caso da tributação de negócios e a renda de investimento pessoal. Ativos depreciáveis * maquinários, edifícios * utilizados para obter a renda empresarial podem ter seus rendimentos excluídos ou suas depreciações deduzidas para os propósitos do imposto. Estas depreciações são calculadas pelo método da linha*reta ou com base no equilíbrio* declinante, ou ainda em taxas que excedem as utilizadas em contabilidade financeira * ou mais especificamente taxas que excedem a depreciação física real * para encorajar a atividade de investimento. Já as despesas de juros nas dívidas podem ser dedutíveis totalmente ou em parte, nos limites das regras de capitalização.

Além disso, os dividendos recebidos das corporações residentes, domiciliadas no Brasil, podem ser dedutíveis, na base do imposto corporativo retido na fonte pela companhia distribuidora, ou requerida a inclusão parcial. Os dividendos estrangeiros podem estar isentos ou tributados com um crédito tributário estrangeiro, dependendo se os dividendos forem oriundos de uma carteira de investimentos ou de uma significante e direta participação no patrimônio líquido, e se o país de residência do contribuinte operar com base em um sistema tributário de fonte territorial ou não. Ressalte*se que os tratados internacionais para eliminar ou limitar a “dupla tributação” também afetarão o imposto efetivamente pago.

Quanto aos ganhos de capital podem ou não ser tributados e, se forem, podem estar sujeitos a uma base de cálculo reduzida, isto é, menos que a base total, ou as providências das reduções especiais podem solicitar que se adie a tributação corporativa dos ganhos em ativos, se utilizados em uma atividade empresarial semelhante, por exemplo. Estas e outras providências

são relevantes para a determinação da renda tributável em um país em relação aos seus vizinhos com referência às várias atividades empresariais. As diferenças existentes na determinação da base tributária corporativa são capturadas nas mensurações das taxas efetivas do imposto de renda corporativo, confirmando a diferença com a taxa nominal.

Segundo Owens e Nooregaard (1991, p.35):

Os sistemas tributários corporativos têm recebido críticas nos últimos anos com base em alguns fatores: tais sistemas podem exercer efeitos adversos sobre investimentos internos e sobre a poupança; podem distorcer a alocação internacional de capital; são complexos; e não apresentam muita neutralidade.12

Pode*se verificar, pela afirmação desses autores, o elevado grau de complexidade da tributação das empresas, bem como a ampla gama de efeitos que os tributos provocam, seja no investimento e poupança interna, seja na alocação internacional de capital, justamente pela falta de neutralidade presente em todos os sistemas tributários.

A estrutura da taxa nominal aplicada a lucros tributáveis apresenta alto grau de diversidade nos países da OCDE, pois, além de poder ser fixa ou graduada, pode também se apresentar com ou sem uma sobretaxa. Os países federalizados * diferentemente dos unitários * criam a possibilidade da tributação ao nível de estado, província ou distrito. Nas diversas abordagens, as taxas diferenciadas do imposto podem ser aplicadas a categorias diferentes de renda empresarial. O lucro distribuído pode ser tributado a uma taxa estatutária distinta da que incide sobre os lucros retidos, e também podem ser introduzidas taxas preferenciais em favor da renda derivada do patrimônio líquido ao invés do capital de terceiros.

Enquanto a maioria dos países adotou taxa de imposto de renda corporativo fixa * invariável ao nível da renda tributável da corporação * outros adotaram estruturas tributárias graduadas, ou seja, em geral com taxa mais baixa, freqüentemente, para o grupo das “pequenas empresas”, como no Brasil. O Simples Nacional passou a vigorar em julho de 2007, com alíquotas variando de 4% a 15% para as microempresas e empresas de pequeno porte, consideradas como tal aquelas que faturem no máximo R$ 20.000,00 e R$ 200.000,00 por mês respectivamente. Nas estruturas das taxas estatutárias fixas ou graduadas, muitos sistemas

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incluem uma sobretaxa * uma taxa adicional sobre o imposto corporativo introduzida freqüentemente como uma aplicação temporária, mas que, na prática, com a contínua incidência ano após ano, acaba assumindo caráter permanente. Por exemplo, o que ocorre com o IRPJ * Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas, seja no sistema de apuração pelo lucro real, lucro presumido ou lucro arbitrado, cuja alíquota é de 15% para os primeiros R$ 20.000,00 de lucro por mês, passando a 25% nos valores que superarem este montante mensal, pois incide um adicional de IRPJ à alíquota de 10%. Assim como ocorre com o IRPF com o adicional de 2,5% na tabela de pessoas físicas em relação à alíquota de 25% que passou a ser 27,5%.

Como afirma Lammersen (2002, p. 8):

Há comparações de alíquotas estatutárias ou nominais dos tributos. Essas mensurações somente consideram as inter*relações das alíquotas tributárias constantes na legislação. Diferenças na definição das bases tributárias não podem ser consideradas. Essa comparação pode ser muito informativa, devido as alíquotas constantes na legislação serem um parâmetro importante do sistema tributário, mas elas não podem ser classificadas como alíquotas tributárias efetivas.13

Desta forma, a maioria dos estados nos EUA e as províncias do Canadá coletam o imposto de renda corporativo. Deve*se salientar que, no Brasil, este também já foi adotado anteriormente, quando havia o adicional estadual do Imposto de Renda, que não vigora atualmente. O imposto de renda estadual é dedutível para os propósitos do imposto federal nos EUA, como são as taxas do imposto dos distritos e municípios na Suíça. No Canadá, o imposto de renda das províncias não é dedutível da base federal. Ao contrário, a taxa do imposto corporativo federal básica está reduzida em 10 pontos percentuais para permitir um “imposto local” para as províncias, e proporcionar às corporações o benefício do imposto em relação à tributação da renda nas províncias. Na Alemanha, o governo local impõe um imposto de comércio empresarial * 1G $ " # 4 * em uma base semelhante à renda tributável e dedutível para os propósitos do imposto de renda federal, sujeito a ajustes. Em contraste, há outros países federalizados, como a Austrália, Áustria, Bélgica, México e Brasil, no momento atual, onde só o governo federal impõe o imposto de renda (OECD, 2000).

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A tributação subcentral também é observada em vários países não federativos. A Hungria e Luxemburgo também impõem um imposto dedutível aos negócios locais à taxa fixa. No Japão, o imposto de renda corporativo consiste no imposto nacional sobre as corporações * governo central *, nos impostos empresariais dos governos locais e no dos habitantes municipais. A taxa do imposto empresarial local é graduada, assim os governos locais aderem tipicamente a uma estrutura padrão de taxas, sendo que as aplicáveis a cada faixa de renda podem ser aumentadas até um nível máximo, com o teto fixado pelo governo central, e com tais aumentos correspondendo a reduções nas transferências federais. A taxa de 46,37% (OECD, 2000) é o padrão global que leva em conta os acoplamentos entre as bases tributárias aplicáveis por vários anos. Baseado em despesa não dedutível, o IPR * Imposto de Produção Regional é encontrado na Itália, substituindo o imposto corporativo local sobre renda.

Em certos casos, as taxas de impostos corporativos especiais se aplicam a tipos diferentes de rendas empresariais. Tipicamente, isto é feito por intermédio de uma dedução especial da base tributária corporativa, que gera uma taxa de imposto nominal especial para a renda tributável, sendo que alguns prefeririam chamar de taxa efetiva. Enquanto essa taxa na Irlanda é de 32%, uma taxa especial de 10% é aplicada à renda industrial e à renda das companhias autorizadas a operar nos Centros de Serviços Financeiros Internacionais ( . @

/ IFSC) em Dublin e na Zona do Livre Aeroporto de Shannon, assim como a renda das outras atividades beneficiadas. Os lucros derivados disso estão sujeitos a 32% de taxa básica, e então o benefício é aplicado para chegar à taxa efetiva de 10%. Semelhantemente, uma redução de fabricação e processamento no Canadá diminui a taxa do imposto federal aplicável em 7 pontos percentuais abaixo da taxa básica (OECD, 2000).

Alíquotas de imposto nominais podem também variar dependendo da política de distribuição de lucros das empresas. Na Alemanha, a taxa básica do imposto de renda corporativo do governo central é de 45% nas retenções de lucros, enquanto tributa em 30% no caso de distribuições de lucros (OECD, 2000). Este regime de taxa*dividida requer a separação da renda: a renda tributada à taxa de retenção, a tributada à taxa de distribuição, e finalmente a renda isenta de imposto. As rendas de fonte estrangeira tributáveis e a interna são alocadas entre estas três classificações; assim, a taxa de imposto corporativo efetiva dependerá de como a renda é alocada. No Gráfico 1, a seguir, podem*se verificar as alíquotas do IR corporativo de alguns países membros da OCDE em 1º de janeiro de 1998.

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Gráfico 1 Alíquotas nominais do IR Corporativo (01.01.98) FONTE: OECD (2000) adaptado

Considere*se, também, a aplicação de uma taxa diferencial que depende da forma de capitalização da empresa, como no sistema italiano: a taxa do imposto de renda corporativo básica é 37% * imposto do governo central. Uma taxa de imposto dual para encorajar a capitalização do patrimônio líquido das companhias reduz a taxa do imposto corporativo básico para 19% sobre a parcela tributável da renda (OECD, 2000).

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