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TRAJETÓRIA METODOLÓGICA: delineando a pesquisa empírica

3.5 O instrumento de pesquisa

Depois de delimitado o local da pesquisa, seus sujeitos e a metodologia utilizada, foi o momento de burocratizar e assegurar a seriedade da pesquisa. Para tanto, o primeiro procedimento foi buscar a aprovação para a realização do projeto junto ao Comitê de Ética (Apêndice A) para seu início, juntamente com a aprovação do instrumento de pesquisa (Apêndice B). Para o início da pesquisa foi enviada uma carta de esclarecimento junto aos coordenadores de curso solicitando o e-mail dos professores jornalistas que lecionavam nos departamentos (Apêndice C) e, posteriormente, uma carta de apresentação aos docentes participantes (Apêndice D) explicando sobre o que se refere à pesquisa e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (Apêndice E). No corpo da carta havia informações sobre como preencher corretamente o questionário no site construído para o trabalho (Apêndice F).

O instrumento de coleta de dados construído tratou-se de um questionário que envolveu perguntas sobre a prática docente universitária no curso de Jornalismo e suas variantes, concretizadas por elementos intrínsecos do dia a dia escolar no que se refere às Concepções de Docência Universitária, Formação Profissional e Saberes Docentes. De acordo com Parasuraman (1991), um questionário é um conjunto de questões feito para gerar os dados necessários para se atingir os objetivos de uma pesquisa. O autor afirma que construir questionários não é uma tarefa fácil e que ele é instrumento muito importante em pesquisas científicas, especialmente na área de ciências sociais.

Já para Pardal e Correia (1995), os questionários têm o objetivo de recolher o maior número de informações possíveis para responder aos objetivos da pesquisa. Geralmente apresentam duas partes: dados pessoais dos sujeitos respondentes e perguntas objetivas em que os participantes se sentem seguros para responder à pesquisa com a certeza do total anonimato. O questionário pode ser enviado por e-mail, correio ou aplicado pessoalmente, dependendo da facilidade de acesso do pesquisador ao local da pesquisa.

Na opinião de Goldenberg (1998), o questionário dá aos sujeitos pesquisados a possibilidade de se expressarem livremente, sem correrem o risco de serem identificados. Já para Laville e Dione (1999), os questionários são utilizados para determinar a opinião de um determinado grupo selecionado, em forma de amostra, a qual deverá ser constituída com

cuidados necessários. Deve-se preparar uma série de questões sobre o tema visado, no caso a Docência Universitária, e cada pergunta deve contar com uma opção de respostas, no caso do questionário com perguntas fechadas.

O entrevistado tem assim a ocasião para exprimir seu pensamento pessoal, traduzi-lo com suas próprias palavras, conforme seu próprio sistema de referências. Tal instrumento mostra-se particularmente precioso quando o leque das respostas possíveis é amplo ou então imprevisível, mal conhecido. Permite ao mesmo tempo ao pesquisador assegurar-se da competência do interrogado, competência demonstrada pela qualidade de suas respostas (LAVILLE; DIONE, 1999, p. 186).

Dessa forma, o questionário foi construído com perguntas fechadas com espaço para observações e questões abertas que permitiram o registro por escrito de apontamentos feitos pelos professores que oportunizaram uma melhor análise das respostas. Tratou-se de uma entrevista estruturada em que “o entrevistador segue previamente o roteiro estabelecido e as perguntas são feitas a indivíduos predeterminados” (LAKATOS; MARCONI, 2001, p. 197). Realizou-se, por meio de um formulário elaborado, um questionário com pessoas selecionadas, focando no problema de pesquisa. A entrevista foi padronizada, sendo possível a comparação das respostas.

Outra preocupação de Laville e Dione (1999, p. 228) é em relação à análise dos dados. Segundo as autoras:

A análise dos dados e a interpretação que a segue ou acompanha não vem concluir o procedimento de pesquisa. Deve-se ainda tirar conclusões: pronunciar-se sobre o valor da hipótese, elaborar um esquema de explicação significativa, precisar-lhe o alcance bem como os limites e ver que horizontes novos se abrem à curiosidade dos pesquisadores.

Tal procedimento só é viável a partir do conjunto de dados coletados tanto de perguntas fechadas quanto do espaço concedido aos sujeitos em perguntas abertas. Assim, as informações são mais completas e melhor analisadas.

O instrumento foi construído em quatro partes, de etapa única. A primeira, “Dados gerais sobre o sujeito pesquisado”, contém informações pessoais e profissionais de uma maneira geral. Na segunda parte, “Categorias a serem estudadas”, foram selecionadas três categorias: Concepção de Docência Universitária, Formação Profissional e Saberes Docentes em Escala Likert9

9

Em 1932, Likert propôs uma escala de cinco pontos com um ponto médio para registro da manifestação de situação intermediária, de indiferença ou de nulidade, do tipo “ótimo”, “bom”, “regular”, “ruim”, “péssimo”. O

de grau de concordância em cinco níveis: nunca, quase nunca, eventualmente, quase sempre, sempre.

Cada item Likert foi construído a partir da relação dialógica da categoria com um princípio didático, lembrando-se que não se trata de correspondência linear de um princípio que operacionaliza a categoria, mas da atuação de um sistema de princípios que, somente pela ação conjunta, são capazes de operacionalizar a categoria (conceito).

De acordo com Gable (1986), as Escalas de Likert são frequentemente utilizadas, uma vez que têm validade, são de fácil construção e são fáceis de adaptar para medir vários tipos de características do domínio afetivo. Nas Escalas de Likert é o investigador quem determina a atribuição de um valor positivo-negativo ao item. Os respondentes posicionam-se numa gradação afetiva de acordo com a sua concordância ou discordância em relação à questão.

A terceira parte do instrumento, “Questões”, tratou-se de reflexões abertas, sendo elas: 1) Você acha possível ensinar disciplinas jornalísticas fugindo de um ensino puramente técnico? 1.1) Justifique.

2) Você avalia que o seu curso de graduação ou de pós-graduação, proporcionou-lhe, de alguma forma, uma boa formação teórico-prática para atuar em sala de aula? 2.1) Justifique.

3) Complete as frases [abaixo: 3.1) Ser Professor Universitário é...; 3.2) Para mim, o aluno aprendeu bem quando ele ...; 3.3) Para melhorar minha prática como docente eu...

Já a quarta parte, “Comentários”, trata-se de um espaço aberto para que, cada sujeito possa, caso necessário, expressar possíveis comentários sobre a pesquisa.

3.6– Organização e análise dos resultados

Para que a interpretação dos dados seja linear e satisfatória é preciso de um tratamento prático e de bom senso que os transformem em informações pertinentes, por isso a análise criteriosa dos dados é tão importante e torna-se cada vez mais necessária.

Atualmente, por conta da globalização e a internet, o acesso aos dados tornou-se mais fácil, o grande desafio que hoje se enfrenta é a tomada do conhecimento por meio dos dados, tarefa que exige o domínio e técnicas de análise. As informações válidas e consistentes não podem mais deter-se apenas a dados estruturados, puramente quantitativos, mas também tem de haver a preocupação com dados de natureza qualitativa, por isso a importância de questionários com questões abertas.

sucesso da escala de Likert deve residir no fato de que ela tem a sensibilidade de recuperar conceitos aristotélicos da manifestação de qualidades: reconhece a oposição entre contrários; reconhece gradiente; e reconhece situação intermediária (PEREIRA, 2004, p. 65).

Por isso, é necessário, por parte do pesquisador, saber ler os dados contidos nos questionários.

Deseja-se poder ir do dado bruto ao dado elaborado, via interpretação, análise e síntese, assim como deve-se [sic], a partir do dado elaborado, mediante a uma constatação ou curiosidade, poder rapidamente voltar ao dado preciso e detalhado, especificamente associado a um ponto num gráfico (FREITAS, 2000, p. 85).

A ferramenta que se pretende instrumentalizar os dados da pesquisa é o software SPSS, que se assemelha ao Excel, dispondo de grelhas a serem preenchidas de acordo com as variáveis organizadas. Nas linhas serão dispostos os sujeitos da pesquisa e nas colunas serão inseridas as respostas dos participantes.

A análise no software SPSS foi realiza em dois momentos, sendo a primeira uma análise descritiva exploratória em forma de tabelas dos “Dados gerais dos sujeitos” e “Categorias de Estudo”, assim como o cálculo das correlações existentes entre as categorias.

Na fase descritiva, as informações relativas a cada item do questionário foram dispostas em tabelas de distribuição de frequências absolutas (número de ocorrências) e frequências percentuais (percentagem de ocorrência). As frequências percentuais foram obtidas por: i

a

p

f

f

n

=

Em que: i p

f

é a frequência percentual na classe i

i

a

f

é a frequência absoluta na classe i

n

é o número total de questionários

Já a análise de correlação foi feita com o objetivo de se verificar a existência de relação (dependência) entre as respostas para as diferentes variáveis atribuídas na Escala Likert. As variáveis são classificadas como qualitativas ordinais e, portanto, utilizou-se a metodologia de Correlação de Spearmam, conforme indicado em Siegel (2006).

Adotou-se a significância nominal de 5% na análise das correlações, ou seja, consideraram-se como significativas (dados relacionados) as correlações que apresentassem p-valor inferior a 0,05.

Sobre as respostas abertas, adotou-se a Análise de Conteúdo de Bardin (2011), que se constitui em três etapas, sendo elas: pré-análise; exploração do material; tratamento dos resultados obtidos e interpretação. Dessa forma, as respostas são agrupadas por convergência de ideias para um maior aprofundamento nas análises.