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4 – A IMAGEM FOTOGRÁFICA JORNALÍSTICA

4.2 O jornalismo em tempo real

O marco do surgimento da atividade jornalística é a invenção da tipografia por Gutenberg. Antes, era comum a transmissão das mensagens entre os viajantes, que

repassavam a outras localidades informações de interesses comuns. Hoje, as formas de se comunicar mudaram muito, sem as poderosas tecnologias a globalização não teria sido possível.

A valorização da informação gerou no convívio social a mídia, dona de modelos e paradigmas para expressar tudo aquilo que acontece nos meios pessoais e sociais.

Para Marshall (2003, p. 23), o universo da comunicação é o centro dos fenômenos sociais, econômicos e tecnológicos que abalam toda a humanidade nessa transição de

milênios. “A mídia é o canal que veicula e transporta a ideologia da nova era, o neoliberalismo, mas também é alvo desse processo de transformações”.

No final do século XX, a comunicação ganhou um novo impulso em suas relações com o público, surgia a rede mundial de computadores, a Internet. Criada em 1969, pela

Agência de Pesquisa e Projetos Avançados (Arpa, antiga Arpanet), uma organização do Departamento de Defesa norte-americano, que direcionava pesquisas de informações para o serviço militar, essa rede funcionava para garantir comunicação urgente, caso os Estados Unidos fossem atacados por outro país.

Depois de inúmeros testes de conexão entre estados americanos distantes, a troca de dados cresceu rapidamente, e nesta ligação entraram também novos usuários, como cientistas e pesquisadores universitários.

Na essência técnica, a Internet se tornou uma gigantesca rede de computadores sem um dono em particular, que comunica, troca dados e informações entre si através da informática e da telefonia, permitindo a milhões de usuários conectar-se em seus

computadores em todo o mundo. Muitos são computadores pessoais, mas sobretudo participam do sistema grandes empresas, instituições privadas, universidades e entidades governamentais.

No final dos anos 80 a Internet já apresentava novas características com muitos computadores conectados, aumento do número de “internautas”, e surgia a World Wide Web (Rede de Abrangência Mundial), baseada em hipertexto e vários sistemas de recursos, que, depois de muitas transformações em suas transmissões, passou ser uma realidade. A partir daí, não houve mais distâncias e barreiras para disponibilizar seus serviços e produtos para o mundo. O crescimento da WWW foi rápido e não mais parou. Em 1996, já existiam 56 milhões de usuários no mundo (FERRARI, 2003 p. 17).

De acordo com Marangoni, Pereira e Silva (2002) a expansão da Internet foi mais do que simples ferramenta de pesquisa. Com ela pode-se acessar a informações em centrais de bancos de dados, enviar emails (correio eletrônico), participar de salas de bate-papo e grupos de discussão sobre temas específicos, agrupar recursos multimídia, emitir e receber arquivos em formatos variados (como sons, textos ou imagens), confeccionar páginas pessoas

e também interagir criando possibilidades de aproximação entre os interlocutores e tudo isso em tempo real. Com a Internet, surgia a possibilidade eminente de exploração de um novo meio para a implantação de um sistema de informação em um espaço virtual, inovador e revolucionário.

Um fato novo que acontece na China, por exemplo, como um acidente ou o pronunciamento de uma autoridade importante, chega até nós em questão de minutos, principalmente por vias online (MARANGONI, PEREIRA, SILVA. 2002 p. 42).

A chegada rápida da informação está diretamente ligada às agências internacionais de notícias que trabalham em conexão com o mundo inteiro, através de sistemas interligados que transmitem em grande velocidade, informações, fotos, áudios, recursos utilizados na veiculação de notícias entre outras agências.

Segundo Guareschi (2005, p. 58), “a informação é a moeda mais forte do milênio. Quem a possui detém o poder”. Não existe mais em nossa sociedade nenhuma instância que não dependa da comunicação para sua existência. Economia, educação, política, religião, enfim, cada segmento se torna incompreensível fora da mídia.

Para Moretzsohn (2002, p.19), a imprensa ganhou características na “era da reprodutibilidade técnica”, como se referiu Walter Benjamim em seus estudos, acerca de rapidez e velocidade. “A locomotiva chegando à estação, ameaçando romper a tela e invadir a sala escura, o cinema ajudou a fixar a idéia de que a imprensa trabalha sob o signo de velocidade. Ou melhor, de que velocidade é uma característica da imprensa”.

O jornalismo está constantemente passando por transformações e é na pós-

modernidade que ele encontra um franco processo de renovação de suas atividades práticas. O mundo on-line permite que repórteres e pesquisadores conectados à Internet tenham acesso instantâneo a importantes documentos, dados governamentais e até informações do poder

privado. Permite entrar em institutos, bibliotecas, localizar lugares em mapas, comparar pesquisas, sem se afastarem das mesas da redação. A comunicação on-line ainda permite que entidades variadas ofereçam seus profissionais para a consulta dos jornalistas ou para a troca de idéias com a sociedade em geral. Isso afirma que a prática do profissional da informação mudou, consequentemente mudaram todas as formas de comunicação existentes.

Conforme Thompson destaca em seu livro A mídia e a modernidade, os atuais meios de comunicação geram vários questionamentos.

Como o desenvolvimento dos meios de comunicação afetou os padrões tradicionais de interação social? Como deveríamos entender o impacto social da crescente difusão de produtos da mídia a partir do século XX em diante? Para responder estas questões, devemos nos conscientizar de que o desenvolvimento de novos meios de comunicação não consiste simplesmente na instituição de novas redes de transmissão de informação entre indivíduos cujas relações sócias básicas permanecem intactas. Mais do que isso, o desenvolvimento dos meios de comunicação cria novas formas de ação e de interação e novos tipos de relacionamentos sociais-formas que são bastante diferentes das que tinham prevalecido durante a maior parte da história humana. Ela faz surgir uma complexa reorganização de padrões de interação humana através do espaço e do tempo. Com o desenvolvimento dos meios de comunicação, a interação se dissocia do ambiente físico, de tal maneira que os indivíduos podem interagir uns com os outros ainda que não compartilhem do mesmo ambiente espaço-tempo (1998, p. 77).

O diferencial que se encontra no mundo on-line é um acréscimo nos métodos que já existiam nos meios de comunicação, com a inovadora capacidade de resposta em tempo real. A rede mundial de computadores é também um caminho que diferência o jornal virtual dos demais veículos.

O jornal impresso utiliza-se em sua finalização o papel, meio de leitura que pode ser carregado para qualquer lugar, enquanto o rádio funciona a partir de ondas que são ouvidas em qualquer aparelho. O jornal on-line, ou webjornal, é formado no cieberspaço, ou espaço virtual. O termo, criado pelo escritor William Gibson, foi inspirado no mundo dos usuários do vídeo game. Foi utilizado pela primeira vez no livro Neuromancer, em 1984, e desde então passou a ser associado à Internet. Por ser vinculado à rede mundial de

computadores, funciona somente se o leitor tiver acesso a um computador ligado a uma linha telefônica e a um modem para poder navegar.

Conforme Marangoni, Pereira e Silva, “a internet não é apenas uma mídia, é uma hipermídia, ou seja, uma mídia composta por elementos de outras mídias”. Em uma única mídia, pode-se utilizar várias mídias. O mesmo conceito pode ser usado para definir

multimídia. A Internet em sua formação utiliza vídeos, sons, fotografias, imagens, ilustrações, textos e animações, que também, em suas características próprias e particulares, podem vir a servir como uma ferramenta para outras mídias (2002, p. 60).