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O método faz parte da socionomia, palavra que vem do

No documento Mente.e.cérebro.ed.290.Março.2017 (páginas 67-70)

latim socius (companheiro) e

do grego nomos (regra, norma);

trata-se do estudo das leis que

regem o grupo, o social

1918

Passa a residir em Bad Vöslau e abre sua clínica particular em Viena.

1919

Torna-se redator da revista de literatura existencial

Daimon. Passa a viver com Marianne Lörnitzo.

1920

Publica anonimamente As palavras do Pai.

1921

É feita a primeira dramatização pública do Das

Stegreiftheater (Teatro da Espontaneidade) em 1º de abril, considerado o marco da criação do psicodrama.

1923

Moreno publica O teatro da espontaneidade e As

palavras do Pai, agora com autoria registrada.

1925

Muda-se para os Estados Unidos, inicialmente morando em Nova York, e depois, em 1936, transfere-se para Beacon, à margem do rio Hudson.

1927

É autorizado a praticar a medicina em Nova York.

1928

Faz experiências sobre espontaneidade com crianças no Instituto Plymouth e no departamento de

nagens, como, por exemplo, o de esposa, de secretária, de piloto de carro etc.

Por fim, o termo “treinamento (ou ades- tramento) da espontaneidade” consiste em uma situação na qual o diretor coloca difi- culdades ou circunstâncias diferentes, a fim de que a pessoa encontre recursos para uma melhor saída ou solução das situações.

Tendo em vista que um dos grandes ob- jetivos do psicodrama é o desenvolvimento da espontaneidade-criatividade (atitudes criativas em situações adversas), o foco está sempre na ação por meio das dramatizações, com diferentes linguagens, como a corporal e a verbal.

QUATRO PILARES

Tempo, espaço, realidade e cosmos são os quatro princípios universais da psicoterapia psicodramática, segundo Moreno. No caso do psicodrama, no que tange ao tempo, só existe o tempo presente, o “aqui e agora”. Passado e futuro se condensam no presente. Um evento que se passou na história de uma pessoa ou que poderá vir a acontecer é trazi- do ao palco como algo que está acontecendo em um momento específico.

No que se relaciona ao espaço, qualquer lugar pode ser usado para o trabalho terapêu- tico. Moreno ia aonde estavam os grupos: aos Jardins de Viena, ao local onde as pros- titutas ficavam, a campos de concentração, à escola para moças de Hudson, ao presídio de Sing-Sing etc. E criticava os analistas por

ficarem em salas fechadas com divã e uma poltrona, pois acreditava que em um local mais amplo e sem muitos móveis as pessoas poderiam trazer os próprios cenários imagi- nados e construídos.

Ao falar de realidade, Moreno destacava três tipos: a infrarrealidade, que é uma “reali- dade reduzida” e fica no nível da imaginação, do pensar; a vida ou realidade presente, que é o dia a dia vivido pelas pessoas; e a reali- dade suplementar, que corresponde à vivida no psicodrama. Nesse contexto, pode-se ser diversos personagens ou pessoas, bem como fazer e viver coisas que não são experimenta- das na realidade presente.

No palco psicodramático, podemos trazer fantasias e dramatizá-las e, desse modo, lidar com sentimentos não aceitos na vida cotidiana. Nele, não existe gêne- ro, idade ou etnia, pois todos somos um e fazemos parte de um cosmos. O micro contém o macro. “O homem é um ser cós- mico”, já dizia Moreno.

ESPONTANEIDADE-CRIATIVIDADE A espontaneidade-criatividade é definida por Moreno como algo que acontece no presente, sendo a “resposta adequada à nova situação ou a resposta nova para uma situação já co- nhecida”, com diferentes graus de inovação. Essa ação espontâneo-criativa se dá diante do que chamamos de “aquecimento”, que prepara a pessoa para uma ação em busca de tais respostas inovadoras.

pediatria do Hospital Monte Sinai, em Nova York. Casa-se com Beatrice Beecher em 31 de maio para obter o visto americano .

1929

Leva o Teatro do Improviso ao Carnegie Hall, onde faz psicodramas públicos combinados com dinâmica de grupo. Cria a Impromptu, revista sobre teatro de improviso e música.

1930

A psicóloga e pedagoga Helena Antipoff (1892-1974) introduz o psicodrama no Brasil, com uso de técnicas parciais, em Belo Horizonte, Minas Gerais.

1931

Moreno leva a pesquisa sociométrica à prisão de Sing-Sing, Ossining, Nova York, e à escola pública 181, do Brooklyn, Nova York. Em 5 de junho, expõe suas ideias sobre psicoterapia de grupo na Associação Psiquiátrica Americana.

1932

Lança as bases da sociometria, realizando estudos com jovens delinquentes da comunidade de Hudson. Publica, com E. Stagg Whitlin, Aplicação do método grupal

na classificação. Torna-se diretor de pesquisa na Escola para

Moças, em Hudson.

Estas vêm para quebrar a “conserva cultu- ral”, inimiga dos seres humanos e da socieda- de, espécie de cristalização do processo cria- tivo que faz com que tenhamos atitudes so- bre as quais muitas vezes nos perguntamos: “Qual o motivo de eu sempre fazer isso?” ou “Por que tal coisa me acontece frequentemen- te?”, ou ainda: “Qual a razão de eu sempre en- contrar um companheiro igual ao anterior?”.

A conserva nos transforma em “seres mecânicos”. Quando não pensa mais no que faz, a pessoa “liga o automático” e vai adiante: acorda todos os dias no mesmo ho- rário, toma café da manhã, entra no banho, escova os dentes, sai para o trabalho, en- frenta o trânsito, trabalha, almoça sempre as mesmas coisas, volta para o escritório, sai dele na hora habitual (ou nem se dá conta do horário), pega o carro de volta para casa, come, assiste à TV e dorme de novo. Quan- do se dá conta, até o happy hour da sexta-fei- ra virou parte da rotina.

Se do ponto de vista psicológico a conser- va é um padrão de comportamento cristaliza- do, do ponto de vista sociocultural é um pro- duto final, como um livro, um filme ou uma música. Estes são importantes, mas, para o psicodrama, deve-se sempre criar, sendo o produto final (ou conserva cultural) uma base para outras criações (ou outros atos espon- tâneo-criativos). Por exemplo, a partir de um estilo musical, é possível criar outros, como a bossa nova, que derivou da mistura do jazz com o samba. Inovação e renovação são ne-

cessárias para a vida das pessoas, inclusive no dia a dia.

Os cânones da criatividade (espontanei- dade, criatividade e conserva), conforme des- critos por Moreno, podem ser vistos na ima- gem (veja abaixo). O círculo representa uma espiral, vista de cima, que gira sempre, como um processo em construção. A espontanei- dade (E) estimula a criatividade (C), que pode ou não responder ao estímulo. Se ela assim o fizer, produzirá uma conserva cultural (CC), que pode gerar outro movimento estimula- do pela espontaneidade (E). O processo de aquecimento (A) sempre permeia o processo de espontaneidade-criatividade.

Imagine, por exemplo, que este é um pro- cesso de preparação de um alimento: “CC” é a receita; “E” são os ingredientes; “C” é a mistura deles, que pode variar durante a pre- paração; e “A” é o fogo que mantém o cozi- mento do alimento. E do preparo do alimento resulta outra conserva (CC).

1935

Começa a fazer filmes terapêuticos.

1936

Inaugura o Sanatório de Beacon Hill dentro da nova proposta terapêutica do teatro de psicodrama.

1937

Cria a revista Sociometria e liga-se às universidades de Colúmbia e Nova York.

1938

Casa-se com Florence Bridge, com quem teria sua filha, Regina, no ano seguinte.

1941

Zerka Toeman, que viria a ser sua terceira mulher, trabalha em Beacon como ego-auxiliar.

1942

Funda a Sociedade Americana de Psicoterapia de Grupo e Psicodrama (ASGPP) e o Instituto Moreno.

1945

Cria a Associação Americana de Sociometria.

1946

Publica o primeiro volume de Psicodrama.

1949

Separa-se de Florence para se casar com Zerka Toeman. Faz o Teatro do Psicodrama em Harvard. O sociólogo Guerreiro Ramos entra em contato com Moreno e dirige, no Rio de Janeiro, o que costuma ser considerado o primeiro seminário sobre psicodrama feito no Brasil.

Espontaneidade – Criatividade – Conserva

A A

A A

E

PERSONALIDADE E CATARSE

A teoria dos papéis é fundamental na aborda- gem de Moreno, pois carrega em si o concei- to de inter-relação, aspecto essencial na vida de qualquer ser humano, por meio do qual se dá todo o processo psicodramático. Toda relação ocorre por intermédio dos papéis – a que se estabelece entre terapeuta-paciente, inclusive.

É por meio deles que podemos vislum- brar nossa parte mais subjetiva e privada. Nos papéis estão fundidos aspectos sociais e culturais. Cada um de nós tem uma histó- ria particular, mas também carrega compo- nentes do meio onde vive. Ou seja, a perso- nalidade do indivíduo se compõe da fusão de elementos coletivos e privados, sendo ela o conjunto de características e papéis emergidos das relações (papel e contrapa- pel) com familiares (matriz de identidade), amigos, namorados etc. Aí reside o interes-

se do psicodrama: a personalidade privada do paciente e a sua catarse.

As pessoas, individualmente, passam por vivências. A forma de se relacionar com o mundo e com os outros define a identidade (ou seja, o “eu”), que é formada por diversos papéis. Todo papel, porém, requer um contra- papel na sua interação. Por exemplo: mãe-fi- lho(a), marido-mulher, professor-aluno, tera- peuta-paciente.

A construção dos papéis se faz na “matriz de identidade”, que são as primeiras relações estabelecidas pelo bebê por meio das quais ele desenvolve os papéis, os psicossomáticos (ou fisiológicos). Estes são, como o próprio nome diz, sustentados nas funções biológi- cas: ingeridor, urinador, defecador etc. Essa é a fase em que a criança é dependente de outras pessoas, denominadas egos-auxiliares no psicodrama, que cumprem funções que ela ainda não pode exercer – seja o ato de buscar alimento ou de se limpar, por exem- plo. É a partir do papel psicossomático e das experiências corporais do bebê nessa fase que começam a se esboçar seus primeiros traços da personalidade.

Da etapa que Moreno denominou “bre- cha entre fantasia e realidade” se originam os papéis psicológicos ou psicodramáticos e os sociais. Os primeiros pertencem ao âmbito da fantasia: princesa, madrasta, fantasma ou os papéis delirantes, quando a pessoa acredi- ta ser Jesus Cristo, por exemplo. Eles expres- sam a dimensão psicológica do “eu” e são

1950

Moreno participa do I Congresso Mundial de Psiquiatria em Paris.

1951

Funda a Seção de Psicoterapia de Grupo na Associação Psiquiátrica Americana.

1952

Nasce Jonathan, filho de Moreno com Zerka.

1953

Publica Quem sobreviverá?: fundamentos da

sociometria, psicoterapia de grupo e sociodrama.

1954

Ocorre o I Congresso Internacional de Psicoterapia de Grupo, em Toronto, Canadá.

1956

Funda a Revista Internacional de Sociometria e

Sociatria.

1957

É um dos criadores e o primeiro presidente do Conselho Internacional de Psicoterapia de Grupo.

1959

Lança o segundo volume de Psicodrama.

1964

Realiza-se em Paris o I Congresso Internacional de Psicodrama e Sociodrama.

1968

Moreno recebe o título de doutor honoris causa pela Universidade de Barcelona.

Qualquer lugar pode ser usado

No documento Mente.e.cérebro.ed.290.Março.2017 (páginas 67-70)