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2. Enquadramento Profissional

2.8. Contexto escolar

2.8.5. O meu 7ºano: um verdadeiro desafio

O processo de ensino-aprendizagem rege-se por um “ator principal”: o aluno. Assim, as aulas devem ser direcionadas para ele, e não para o professor. A dificuldade está no aspeto de que não temos apenas um aluno, mas sim vários. E cada um deles está envolvido num determinado meio. A aprendizagem assenta na relação entre o professor, o aluno e também toda uma sociedade/cultura. O aluno quando chega à escola já tem uma bagagem de saberes adquirida dentro da família, com os amigos e até com o meio em que está inserido.

É então vital conhecer os nossos alunos. Um estudo de Woods et al. (2000) refere a importância de recolher informações sobre os alunos, de modo a aprender sobre o ensino e ser capaz de mudar alguns paradigmas que se vão construindo sobre os mesmos.

A minha turma… ainda sinto um arrepio por dizer: “a minha turma”, mas eles foram a minha turma, o meu 7ºA. Para tentar cativar os alunos a preencher o questionário, o NE optou por fazer o questionário através do google, sendo também assim facilitador no tratamento dos dados. O questionário era online, com algumas perguntas de cariz pessoal, familiar e também relacionados com a vida desportiva do aluno. O mesmo foi enviado para o email de cada aluno, e os que não tinham tido oportunidade para responder em casa, fizeram-no durante uma aula, com a ajuda dos outros estudantes-estagiários.

42 A turma era então constituída por 25 alunos, dos quais 14 do sexo masculino e 11 do sexo feminino. A faixa etária dos alunos está compreendida entre os 11 e os 15 anos, sendo a média de 12,12 anos.

Visto ser responsável por estes alunos, e tendo que pensar em exercícios e aulas que sejam apropriados para eles, considero ser importante saber se os alunos têm alguma condição que os impeça de realizar a aula na integra ou de forma condicionada. De acordo com as respostas obtidas, apenas uma aluna referiu ter asma, no entanto nunca se mostrou um obstáculo para a prática.

Em relação aos interesses na escola, Educação Física lidera as preferências dos alunos da turma, seguindo-se Físico-Química, História e Inglês.

De seguida, os alunos foram questionados sobre a importância que a Educação Física tinha na vida deles e qual a motivação para as aulas. Os resultados obtidos mostram que na primeira questão, 13 alunos consideram que a Educação Física tem importância máxima para eles e o valor repete-se para a motivação máxima durante as aulas. Apesar destes resultados tão otimistas, houve respostas que mostraram fracos níveis de motivação. Este desinteresse foi um ponto importante para as aulas, pois era necessário criar estratégias que os motivassem para a prática, quer seja nas aulas ou fora das mesmas. Escolher um exercício de aquecimento, uma tarefa com maior responsabilidade e uma relação mais próxima com os alunos foram algumas estratégias utilizadas. Uma das alunas que tinha assumido uma motivação baixa, acabou por participar num torneio de futebol feminino cativando até algumas das colegas de turma, no final do ano.

Em relação ao mundo desportivo, começamos por tentar perceber se praticavam algum tipo de atividade física regular (2 a 3 vezes por semana). 19 alunos afirmaram que sim e apenas 6 indicaram que não. É um bom indício de uma turma que se interessa e pratica desporto. Mas então o que praticavam? Sem dúvida, e sem surpresa o futebol é o desporto rei seguido da natação. Contudo, fiquei surpresa pela variedade de desportos praticados pelos alunos. Uma turma assim tão diversificada é bom, pois existem experiências diferentes

43 e padrões de movimento bastantes dispersos, sendo sempre útil para os desportos a lecionar (gráfico 1).

Por fim, e tentando diversificar as aulas de acordo com as “necessidades” dos alunos, questionámos que modalidades gostariam de experimentar na aula. Houve escolhas bastante interessantes e diferentes como o parkour, a equitação, as caminhadas ao ar livre, a patinagem, o paintball e a escalada (gráfico 2).

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 N ÚM ER O DE A UL UN O S

Gráfico 2 – Modalidades que os alunos gostariam de experimentar

0 1 2 3 4 5 6

Desporto que praticam regularmente

44 A turma era homogénea ao nível do desempenho motor, existindo alguns casos flagrantes de dificuldades motoras e de entendimento da dinâmica de alguma das modalidades. Como já foi referido, existia um grupo bastante predisposto para a prática, mas ao mesmo tempo casos pontuais de desinteresse. Durante as aulas, balançar estas duas partes foi um desafio constante na seleção das tarefas de aprendizagem pois era essencial garantir que os alunos com mais dificuldades conseguiam ter sucesso e simultaneamente satisfazer as necessidades de alunos com maior habilidade.

Todas as turmas têm os seus aspetos negativos e positivos, que podem ser importantes para a formação contínua do professor. E aqui não foi diferente, cada aspeto contribuiu para a minha primeira experiência. A turma era homogénea ao nível das capacidades motoras, contudo dentro dessa homogeneidade o nível das habilidades era relativamente baixo. Os alunos eram trabalhadores e empenhados, mas ao mesmo tempo traquinas (como seria de esperar, pois estão no 7º ano). Contudo, existiram alguns momentos em que os ânimos se exaltaram entre eles. Essas ocorrências puseram-me à prova: saber lidar com estes choques, por vezes, assumem uma importância redobrada dentro da sala de aula, pois é necessário ser firme e adoptar uma atitude assertiva. Embora estas situações pontuais, a turma era disciplinada, competitiva e calma. Fizeram de mim também, uma pessoa mais calma. Foram capazes de criar um ambiente agradável de aprendizagem para todos, sendo a relação a palavra de ordem.

Em suma, é com um orgulho incalculável que fui professora destes alunos. Apesar dos defeitos e valores da turma, é até com vaidade que digo que fui professora deste 7º. São e serão sempre: os meus meninos.

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