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2.6. META LEARNING, OU META APRENDIZAGEM

2.6.2. O Modelo

Para compreender o MML (fig. 10), o primeiro passo é saber o que significa para o autor, meta learning, ou meta aprendizagem. Refere-se a um processo composto por duas fases: na primeira, tomamos consciência das dinâmicas existenciais que nos imobilizam/limitam, que terminam destruindo-nos como seres humanos; na segunda, saímos dessas dinâmicas limitantes, escapando das prisões ilusórias que construímos, assumindo nossa luminosidade, criando e sustentando dinâmicas libertadoras e enriquecedoras. Para LOSADA (curso de complexidade - UCB, 2004), aprender significa “ampliar o repertório de condutas possíveis para um sistema - pessoa, grupo ou organização”.

Figura 10 Conectividade Indagação Persuasão Positividade Negatividade Outro Si mesmo

Meta Learning Model

©2000 Meta Learning • 2280 Georgetown Blvd., Ann Arbor, MI 48105 • (734) 662-2340 • mlosada@earthlink.net

Alto Desempenho

Médio Baixo Dinâmica de Ciclo Limite Dinâmica de Complexor Dinâmica de Ponto Fixo

Modelo de Meta Learning – Fonte: Losada, Heaphy, 2004

Meta Learning é caracterizada por LOSADA & HEAPHY (2004) como o processo de aprendizagem onde a equipe, ou pessoa, é capaz de dissolver os atratores que limitam suas possibilidades de ação no mundo, para obter melhores resultados e é capaz de gerar atratores que abrem suas possibilidades de ação.

O segundo passo é definir o parâmetro de controle11- a conectividade. A quantidade de conexões, entendidas como “nexi”, anteriormente conceituado (item 2.6.1), determinará o desempenho da equipe (LOSADA & HEAPHY 2004). Nesse modelo, o que define uma equipe de alto desempenho é sua capacidade de

11 Parâmetro de controle – “Parâmetro nas equações de um sistema dinâmico. Se é permitido a um

parâmetro de controle mudar, a dinâmica do sistema também mudará” Glossário de dinâmica não-linear (Câmara, 2004)

conectividade relacionada a três variáveis críticas bipolares: indagação/persuasão, positividade/negatividade, si mesmo/outro.

De acordo com o modelo, a conectividade de uma equipe de alto desempenho corresponde a uma média de 32 nexi. Para as equipes de médio desempenho, a média é de 22 nexi e as de baixo desempenho, 18 nexi.

Para ilustrar o que são nexi, observe-se a dinâmica de interação de uma equipe de trabalho (figura 11), dos estudos de LOSADA (1999).

Figura 11

Dinâmica de equipe estudada por Losada Fonte: LOSADA,SÁNCHEZ, NOBLE (1990)

No exemplo de equipes observadas por LOSADA, SÁNCHEZ & NOBLE (1990), Vern não tem nenhum traço de conexão com os outros participantes da reunião. No entanto, ele também fala. Ocorre que o que fala não impacta a ação dos demais, não há um processo de mútua influência, não se estabelecem nexi.

A variável crítica indagação/persuasão, por sua vez, define por equações matemáticas e validações empíricas, que, para uma equipe alcançar os resultados desejados, deverá buscar o equilíbrio entre sua capacidade de oferecer idéias, de interpretar o mundo, de propor soluções e sua capacidade de perguntar ao outro que idéias tem a oferecer, qual é sua visão de mundo e como solucionaria algo.

A variável positividade/negatividade, da mesma forma científica, estabelece que é necessário um espaço emocional em que a positividade varie de 2.9013, ou mais (porém não maior que 11.6153), para 1 de negatividade (FREDRICKSON & LOSADA, 2005). Isso significa que, para cada fala negativa nas interações da equipe, deverá haver, pelo menos, cerca de 3 intervenções positivas. Expressões do tipo: “não concordo”, “é impossível”, “a culpa é de”, “sou incapaz”; “não gosto”, quando se referem à discordância ou limitação, são exemplos de negatividade. Expressões do tipo: “muito bem”, “concordo”, “dará certo”, são exemplos de positividade.

Esta variável é central para este estudo por ser suficiente para determinar a conectividade da equipe. Losada (LOSADA & HEAPHY, 2004) simplificou seu modelo, constatando matematicamente que é suficiente conhecer a taxa P/N para calcular a conectividade. Significa que, para determinar o desempenho de uma equipe, é suficiente observar sua conversação, durante sua dinâmica de interação, e codificar os atos de fala identificados como positivos e negativos, calcular a taxa P/N e, como resultante, a conectividade.

Esta mesma taxa P/N – 2.9013 – separa os indivíduos que florescem dos que languescem (FREDRICKSON & LOSADA, 2005). Florescer é um estado de transcendência, complexidade, crescimento, longevidade, resiliência, criatividade e inovação. Languescer é um estado de estresse, ação limitada, impedimento psicossocial, afastamento do trabalho, alheamento, desinteresse, apatia.

Florescer (flourishing) é descrito por FREDRICKSON & LOSADA (2005), como realizar nosso potencial de condutas, vivendo em profunda compreensão de nós mesmos e do mundo, gerando crescimento. Enquanto languescer (languishing) é não realizar esse potencial de condutas, ficando estancados e detendo nosso crescimento como pessoas.

Conforme FREDRICKSON & LOSADA (2005), a chave que permite predizer se uma pessoa florescerá ou languescerá é a taxa entre a positividade e a negatividade. Segundo eles, são dois os caminhos do languescer: excessiva negatividade, que leva a pessoa a um atrator de ponto fixo, onde sua energia é drenada e drena a energia dos demais, fazendo com que os demais não queiram afastar-se; e, excessiva positividade, que apesar de não levar a um atrator de ponto fixo, leva a um ciclo limite de otimismo fora da realidade, onde, no começo é bom estar com a pessoa, mas, depois há um afastamento por desconfiança no exagerado otimismo.

A terceira variável, si mesmo/outro, estabelece o equilíbrio entre uma atuação orientada em função da própria pessoa, do que lhe interessa, do que gostaria de obter, do seu mundo interno e um genuíno interesse pelo outro e pelo mundo externo. Essas três variáveis parecem compatíveis com os princípios de unidade referidos por NONAKA & TAKEUCHI (1997): corpo/mente, eu/outro, eu/natureza - base para o compartilhamento que permitirá a conversão do conhecimento.

NONAKA & TAKEUCHI (1997, p. 4) ressaltam a singularidade da inovação contínua nas empresas japonesas, que gera vantagem competitiva: a ligação entre o externo (os clientes, fornecedores, distribuidores, órgãos governamentais, concorrentes) e o interno. Expressam o valor do equilíbrio entre a orientação interna e externa: “O que é singular na forma de as empresas japonesas proporcionarem inovações contínuas é a ligação entre o externo e o interno”.

O MML é apresentado como uma alternativa para equilibrar a dicotomia ocidental, porque oferece medidas concretas para orientar o desempenho de uma equipe e criar conhecimento. O modelo apresenta sugestão para a interação social apontada na conversão: a conectividade.

Nesse contexto, o termo complexidade refere-se às interações não-lineares dos componentes do sistema e desse com os sistemas maiores que o contêm.

3 METODOLOGIA

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