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A formação acadêmica em contexto de mudança: percepções sobre o trabalho empreendedor e a inovação

2. Revisão bibliográfica

4.3. O pesquisador como empreendedor

Procurou-se também saber se a entrevistadas consideravam um pesquisador apto para a inovação e empreendedorismo e várias características foram apontadas, tais como não ter medo de se arriscar, inteligência, liderança, saber trabalhar em equipe, confiança, coragem, vontade, iniciativa, comunicação, paixão, dinamicidade, dentre outros. Porém, a visão, o conhecimento, a criatividade, a inovação e a persistência foram questões que se destacaram.

As características citadas pelas entrevistadas concordam com Dornelas (2008), que afirma que empreendedores são visionários, têm coragem, liderança, habilidade para formação de equipes, além de serem detentores de conhecimento.

Tomando, portanto, tais características como base, as entrevistadas foram indagadas sobre a capacidade de um pesquisador em inovar e empreender.

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As respostas apontaram várias distinções. As que se mostraram positivas ao pesquisador como empreendedor levaram em consideração a sua capacidade intelectual, como a busca de informações, a capacidade de inovar, dentre outros. Por outro lado, houve declarações contrárias a isso, em que se firmou a opinião de que não necessariamente um pesquisador, pelo ato de pesquisar, tornar-se-ia apto a empreender no que lhe é área de estudo.

5. Conclusão

Este estudo atingiu seu objetivo de analisar as atitudes empreendedoras de mulheres estudantes de mestrado e doutorado da UFV e seu envolvimento com ações de inovação.

Verificou-se que várias das entrevistadas têm em si a concepção de estarem aptas a inovar, porém, quando se trata de empreender, muitas das entrevistadas não vislumbram a possibilidade de fazê- lo enquanto pós-graduandas, visto que a pós-graduação exige tempo e dedicação. É importante observar o fato de que as pós-graduandas que possuem, de alguma maneira, atitudes empreendedoras, em sua maioria já tiveram contato com o mercado de trabalho, levando a considerar a experiência como um fator influenciador. Além disso, em sua grande maioria, as entrevistadas desconhecem programas que fomentem o empreendedorismo. Dentro da universidade, isso pode ser justificado devido ao fato de terem ingressado recentemente, pois muitas não fizeram a graduação na UFV e também não conhecem programas fora do cenário acadêmico. Foi ressaltado como possível razão de impedimento para tais atitudes o fato de que alguns programas de fomento à pesquisa exigem exclusividade do pesquisador. Também relataram sentir, em sua grande maioria, discriminação em algum momento por serem mulheres. Conclui-se a partir dessa pesquisa que as estudantes de mestrado e doutorado têm em sua formação acadêmica uma carência de maior conhecimento sobre as temáticas de inovação e empreendedorismo, pois grande parte das entrevistadas citou que estas deveriam ser abordadas desde a graduação, sendo um assunto de suma importância, tanto dentro quanto fora da sala de aula. O que se percebe é que a academia poderia fomentar mais atitudes empreendedoras das pesquisadoras, com vistas à transformação do resultado da pesquisa em um negócio, pois é perceptível que almejam a aproximação do mercado com a academia. Percebe-se que são necessárias mais ações dos programas de pós-graduação para incentivar ações empreendedoras de pesquisadoras, tomando-se como exemplo empreendedoras e líderes que se destacam no mercado após passar pela academia. A pesquisa mostra como o protagonismo feminino ainda é tímido, contudo, este pode ser ampliado e desenvolvido para que se tenha uma apropriação do conhecimento científico por parte das mulheres e uma transformação desse conhecimento em geração de trabalho.

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