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3.5 Grupo 1 Arte e Equoterapia 91

3.5.2 O Praticante 2 103

O Praticante 2 deixou de participar da pesquisa depois do 1o semestre, pois a sua família se mudou para outro país; assinando o termo de desligamento da Equoterapia. De acordo com a sua ficha cadastral, preenchida pela mãe na minha presença, o praticante fez seis anos em 2017, e é do sexo masculino. Seu diagnóstico clínico é de autismo leve. Ele é brasileiro, nascido em Brasília. Até o final do ano de 2017, ele estava cursando o 2o período do jardim de infância, em uma escola pública, do Distrito Federal e a sua turma era regular . Sua renda familiar é de classe média. Suas atividades durante a semana eram compostas por escola, capoeira, natação e terapia. De acordo com a avaliação médica e com o parecer que indica ou não a Equoterapia, esse praticante tem o diagnóstico clínico Transtorno do Espectro Autista. Nesse caso, foi indicada a Equoterapia, para a agitação psicomotora. Ele também foi diagnosticado com dificuldade na atenção e com déficit intelectual. De acordo a sua avaliação psicológica, os maiores problemas para mãe são o equilíbrio

emocional, a concentração, a autoconfiança e a disciplina. Ele foi uma criança planejada, o parto foi domiciliar, fez todo o pré-natal, chorou ao nascer e mamou até os seis meses, depois, iniciou a alimentação. Ele nunca tinha feito Equoterapia.

Sobre a sua saúde, foi ressaltado a alergia ao leite, ao glúten, à poeira, ao ovo e ao mofo, que provocam rinite. Nunca teve convulsões, doenças significativas e sua digestão é boa. A respiração é normal e o sono também. Sobre o déficit cognitivo, foi descrito que ele é uma criança com a inteligência a cima da média. Sobre a sua rotina, ele gosta de brincar com lego, carrinhos, dinossauros, quebra-cabeça, jogos de memória, e é muito bom com tudo que tem detalhes. O praticante, também, tem aversões ao toque e sensibilidade auditiva. Ele aceita mudanças na rotina, quando avisado. Sobre a rotina, apresenta estereotipia do autismo quando está ansioso ou empolgado, mas não quando está nervoso.

O seu núcleo familiar é composto pela mãe, pelo pai e pelo irmão mais novo, numa relação harmoniosa. Foi educado com limites e regras, sempre que necessário. Mas, durante os atendimentos, observei que, quase sempre tínhamos dificuldade com essa questão com o P2. Muitas vezes ele e a família ultrapassavam as regras e os seus pais eram permissivos.

O P2 gosta de brincar ao ar livre e em parques. A família destaca que é religiosa. Ele executa a higiene pessoal sozinho, se veste sozinho e se alimenta sozinho. Sobre os traços da sua personalidade, ele não é extrovertido, não tem fobias nem obsessão. Ele é introvertido, ansioso (não gosta de esperar) e tímido. Ele apresenta linguagem verbal compreensiva, gestual, grita normalmente, faz mímica facial, fala monossílabos, frases curtas e completas; demonstrações de histeria são normais para uma criança de sua idade. Sobre a sua compreensão, ele compreende ordens e executa ordens verbais simples e complexas. Sobre a sua saúde mental, ele não apresenta confusão mental, delírios e nem alucinações. Sobre a socialização, parcialmente, interage bem com outras crianças, mas é muito tímido. Ele interage bem com adultos, busca contato social, tem oportunidade de contato e faz contato visual. Sobre o seu

comportamento, ele não tem tolerância à frustação, mas respeita limites e regras e não é opositor, pois tem atenção e concentração. Sobre as habilidades sociais, não é uma criança passiva, não é autoagressivo, apresenta heteroagressividade (apresentava quando ficava muito incomodado com o ambiente) e assertividade. Sobre o campo da afetividade demonstra carinho especial pela família, divide suas coisas, ajuda quando solicitado e expressa sentimentos.

A percepção da psicóloga, em relação à família do P2, é de que ela é uma família adequada, que não demonstra superproteção, dificuldades em perceber as deficiências, rejeição e indiferença. Mas, é parcialmente uma família ansiosa. A expectativa da família quanto à Equoterapia é de que melhore o equilíbrio emocional, a concentração, a autoconfiança e a disciplina. Sobre a síntese do caso a psicóloga descreve a partir do relato da mãe que P2 desde 1 ano de idade apresentava inteligência a cima da média, demonstrada no vocabulário, criatividade e memória: “Aos 3 anos decorava as histórias dos livros que eram lidas pela família e depois recontava sem ainda saber ler. Compõe músicas, decora poesias e apresenta inteligência considerada a cima da média”. Ainda foi observado que a “sua hipersensibilidade auditiva resulta em heteroagressividade quando fica muito incomodado com o ambiente, tendendo a empurrar, nestes momentos apresenta déficit na coordenação motora fina”. (Psicóloga, ANDE-BRASIL. 12 de outubro de 2017).

Já na sua avaliação fisioterápica, o diagnóstico clínico é colocado como Transtorno do Espectro Autista. Sobre a história gestacional é descrito que ele é o 1o filho. Sua mãe teve uma gestação tranquila, e que dias depois do nascimento, teve leve icterícia, é uma criança que tem disputa entre irmãos dentro da normalidade. Até o 1o ano, tudo normal. A busca de um primeiro diagnóstico foi realizado após os dois anos, foi para a escola com quase 3 anos. A professora e a mãe observaram isolamento e agressividade. Mas só com quatro anos que o seu diagnóstico foi concluído. Foram feitos exames de crânio, ressonância e eletro radiograma, mas tudo normal. Sobre a saúde geral de P2, não faz uso de medicamentos, não tem constipação, nem refluxo gastroesofágico e nunca teve convulsões. Entretanto, teve catarata com um ano

de idade, tendo que passar por intervenção cirúrgica. Atualmente usa óculos, tem miopia e hipermetria.

Sobre a sua forma de comunicação, a fisioterapeuta descreve que com um ano e nove meses ele apresentou vocabulário complexo para a idade. Sobre os tratamentos que fazia, descreve-se que é acompanhado por fonoaudióloga, psicóloga, faz terapia ocupacional e natação. Sobre a idade das aquisições motoras, diz que sustentou a cabeça com três meses, sentou com seis meses, engatinhou/arrastou com nove meses e andou com um ano. É repetido nessa ficha, em comparação com a avaliação psicológica, que a queixa principal é o equilíbrio emocional (labilidade), a concentração e a autoconfiança. Sobre o quadro atual da locomoção, foi descrito que tem locomoção independente. O seu tônus muscular é normal, o seu equilíbrio estático/dinâmico são excelentes; pula de dois pés e em um, corre, brinca de amarelinha. Sobre a sua coordenação motora, é excelente. Sua pressão voluntária é de pinça.

No dia 26 de junho de 2017, foi feito o estudo de caso deste praticante. O estudo de caso apresenta dificuldade de atenção, hipersensibilidade auditiva, inteligente a cima da média e alergias. O ATEC inicial é o seguinte:

As sugestões feitas, no estudo de caso, se relacionam à categoria saúde/aspectos físicos/comportamento e apontam a necessidade de se trabalhar a percepção corporal, as habilidades motoras e a condução de forma

lúdica. Já na área psicológica, a equipe sugere, que se adeque a autoconfiança, a autoestima e a autonomia. Já nas áreas pedagógicas e fonoaudiológica foi proposto que faça jogos com o cavalo e equitação lúdica. A sugestão de cavalo foi para o Guevara, o encilhamento é a sela inglesa e o lateral que começou a nos acompanhar nas sessões deste praticante foi um educador físico , além de um guia de cavalo.

Percebe-se no ATEC (Tabela 8), que os campos que mais precisam de desenvolvimento durante os tratamentos são: saúde, aspectos físicos e comportamento. Após o acolhimento de dados e das quatro primeiras sessões, este praticante foi encaminhado para o Grupo 1 Arte_Equoterapia. O P2 esteve presente em treze das dezesseis sessões aproximadamente oferecidas no primeiro semestre de pesquisa. O programa de Equoterapia escolhido para ele foi o de educação/reeducação. O praticante demonstrou muito prazer em fazer as atividades relacionadas a Arte, apresentando interesse e criatividade. Os objetivos foram, parcialmente, alcançados. Percebe-se no preenchimento das atividades, em seu bloco, que ele não realizou todas as tarefas. Porém, realizou às vezes/com ajuda e satisfatoriamente as atividades que foram propostas.

O Praticante 2 teve bastante interesse em todas as atividades que continham materiais de arte e objetos de aprendizagem. Ele também teve bastante facilidade com atividades complexas, como a utilização do aplicativo

book creator, onde conseguiu até fazer desenhos com o cavalo. Caso fosse

possível continuar com o praticante, incentivaria as atividades do grupo 1 Arte e Equoterapia. Principalmente, tentando adequá-lo às regras de convivência e trocas, para recompensas positivas, pois muitas as vezes o praticante nos

testava, não querendo fazer de outra maneira o que era proposto. Relembro que esse praticante, desistiu de participar da pesquisa quando se encerrou o semestre, pois se mudou para outro país.

Figura 14 - Praticante 2 realizando um desenho no app book creator instalado em tablet. Momento da atividade 103 - objeto de aprendizagem tecnológico artístico. Fonte: Arquivo pessoal.