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Nesse ponto das atividades, foi necessário estruturar o tipo de pesquisa. Dentre as mais variadas, optei pela pesquisa qualitativa. Para Elisa Pereira Gonsalves, a pesquisa qualitativa preocupa-se com “a compreensão, com a interpretação do fenômeno, considerando o significado que os outros dão às suas práticas, o que impõe ao pesquisador uma abordagem hermenêutica” (GONSALVES, 2011, p. 70), na possibilidade de esclarecer e de interpretar.

Além de entrevistas com os possíveis praticantes da pesquisa e a coleta de dados, e considerando a pesquisa teórica, projetei e realizei atividades práticas com os sujeitos; sendo sete crianças do sexo masculino, previamente indicadas com o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Como dados produzidos, foram feitos relatórios diários de cada sessão, processo que fez parte da coleta de dados da Equoterapia37.

Ainda para Gonsalves (2011), dependendo dos objetivos, a pesquisa pode ser: exploratória; descritiva; experimental; e explicativa. Os procedimentos de coletas para as pesquisas podem ser do tipo experimento; levantamento; estudo de caso; bibliográfico; documental e participativo. A autora diz que a pesquisa, também, pode ser de campo; laboratório; bibliográfica e documental.

37 É importante relembrar que os sujeitos selecionados são denominados de praticantes. Além disso vale ressaltar que,

para a coleta de dados realizei registros fotográficos, entrevistei e conversei longamente com os pais. Também troquei experiências com os mediadores/professores da Secretaria de Educação do Distrito Federal, que fazem parte da equipe multidisciplinar da ANDE-BRASIL e que auxiliaram diretamente nos atendimentos de Equoterapia. Durante todo o processo, realizei inúmeras anotações, assim como, coletei muitos documentos, como será apresentado no transcorrer dissertação.

Os tipos de pesquisas, segundo a natureza de dados, podem ser ou quantitativa ou qualitativa.

A partir da classificação de Gonsalves, avaliei que a minha proposta de pesquisa é exploratória e explicativa, pois busquei no desenvolvimento de um “determinado fenômeno”, as suas fontes e as suas razões.

Caracterizei os procedimentos de coleta, caracterizei como pesquisa de campo, bibliográfica, documental e participativa. Para Gonsalves (2011), inicialmente, “o pesquisador precisa ir ao campo, no qual o fenômeno ocorre” e, em seguida, propor a efetiva participação da população pesquisada no processo de geração de conhecimento. Nessa modalidade de pesquisa incluí-se outras, como a Investigação-Ação (IA), que caracteriza o procedimento de coleta da minha pesquisa.

Para Coutinho et al (2009), a IA é uma metodologia de pesquisa que aborda principalmente o processo da investigação educacional:

a investigação-Ação regressa de imediato à ribalta para se afirmar como a metodologia mais apta a favorecer as mudanças nos profissionais e/ou nas instituições educativas que pretendem acompanhar os sinais dos tempos, o que só é possível quando toda uma comunidade educativa se implica em um mesmo dinamismo de ação e intervenção (Coutinho et al, 2009. Página 356).

Coutinho et al, traz importantes autores que conceituam a IA como: Jonh Dewey, Kemins, Lewis, A. Latorre e Whitehead. Tais autores consideram a IA como uma metodologia circular. Por exemplo, para Whitehead in Latorre (2003), o modelo de características mais lineares para a investigação baseada na IA, começa quando o pesquisador sente ou experimenta um problema, depois passa a imaginar a sua solução e; em seguida põe, em prática a solução imaginada. Por fim, avalia-se os resultados das ações realizadas, chegando, finalmente, ao processo de modificação da prática, para dar luz aos resultados.

Para David Tripp (2005), o termo Investigação-Ação ou Pesquisa-Ação é

uma forma de investigação colaborativa, contendo muitas pessoas dentro do processo. Normalmente, durante a aplicação da investigação, os alunos se engajam, assim como outros tipos de participantes e pesquisadores. Eles

aceitam participar da pesquisa por meio de quatro diferentes modos: obrigação, cooptação, cooperação e colaboração. Para este autor, deve-se ter como meta:

tratar de tópicos de interesse mútuo; ter como base compromisso compartilhado de realização da pesquisa; permitir que todos os envolvidos participem ativamente do modo que desejarem; partilhar o controle sobre os processos de pesquisa o quanto possível de maneira igualitária; produzir uma relação de custo-benefício igualmente benéfica para todos os participantes; estabelecer procedimentos de inclusão para a decisão sobre questões de justiça entre os participantes. (TRIPP, 2005. Pág. 455).

Destaco aqui, que além da IA, tenho como norte, no meu processo de pesquisa qualitativa, a Pesquisa Educacional Baseada em Arte – PEBA. Esse tipo de pesquisa valoriza, no presente estudo, a prática da Arte, a reflexão artística e, principalmente, trouxe novos valores humanos, como professora.

Para Rita Irwin (2013), a PEBA busca perceber os fenômenos educativos das atividades humanas a partir das Artes. Isso, significa que é possível reconhecer onde e como algum processo no quesito educação pode avançar, alterar ou variar a partir da intervenção artística. Nessa linha de reflexão, o artista passa a pensar como educador.

Para Belidson Dias (2013), a PEBA oferece a A/r/tografia como uma prática para o desenvolvimento de pesquisa. Nesse tipo de investigação, as perguntas são reformuladas durante o percurso, no qual texto e imagens podem se fundir em uma hibridação, onde as dúvidas e os papéis são cambiados a qualquer momento. Assim, ocorre que os papéis do artista, pesquisador e professor se fundem, questionando o funcionamento das práticas.

Para Rita Irwin (2013), a A/r/tografia, pode ser considerada como uma Pesquisa-Ação na prática viva. Para ela, é possível utilizar os tradicionais meios de coleta de dados e de desenvolvimento de uma comum pesquisa científica qualitativa, porém, os pesquisadores que se utilizarão da A/r/tografia, também terão outros tipos de percepção e precisarão usar o poder da criatividade e dos elementos artísticos, como - a fotografia, a pintura, a música e as palavras - para

produzir significados adicionais a sua pesquisa38. Desse modo, a Pesquisa- Ação, não só conecta, reconhece e mostra os pontos de vistas dos objetos investigados, mas, também altera e contribui para a própria vida do investigador.

Esta pesquisa envolveu muitos seres vivos, como: as crianças, os arte/educadores, os terapeutas e os cavalos. Como um importante elemento dentro do nosso processo, considerei relevante apresentar, a seguir, um pouco sobre o meu extremo e sério relacionamento com o cavalo, cuja presença, sempre foi registrada em fotografias, desenhos e estudados no envolvimento com o ser humano.