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Um dos fenômenos de maior impacto no início deste novo século é o envelhecimento da população mundial, que impõe mudanças profundas nos modos de pensar e viver a velhice na sociedade (ALEY, 2007; BRASIL, 2010).

Usualmente, o envelhecimento populacional é conceituado como a mudança na estrutura etária da população, o que produz um aumento do peso relativo das pessoas acima de determinada idade, considerada como definidora do início da velhice (BRASIL, 2010).

Para a OMS, nos países em desenvolvimento, como o Brasil, é considerada idosa a pessoa com 60 anos ou mais, enquanto que nas nações desenvolvidas idoso é aquele que possui 65 anos ou mais (BRASIL, 2010).

Entretanto, é importante lembrar que existem basicamente quatro tipos de idade: cronológica (mensura a passagem do tempo decorrido em dias, meses e anos desde o nascimento); biológica (considera as modificações corporais e mentais que ocorrem ao longo do processo de desenvolvimento, iniciando antes do nascimento), social (infere-se à obtenção de hábitos e status social pelo indivíduo para o preenchimento de muitos papéis sociais ou expectativas em relação às pessoas de sua idade, em sua cultura e em seu grupo social) e psicológica (relação que existe entre a idade cronológica e as capacidades psicológicas, tais como, percepção, aprendizagem e memória, as quais prenunciam o potencial de funcionamento futuro do indivíduo ou habilidades adaptativas dos indivíduos para se adequarem às exigências do meio) (HOYER; ROODIN, 2003; NERI, 2008; SCHNEIDER; IRIGARAY, 2008).

Mediante o exposto, Nunes (2004) alerta para o problema em conceituar quem é idoso a partir do marco cronológico, pois diferenças individuais dificultam, se não impedem, a associação do envelhecimento à idade cronológica. Esta fornece uma aproximação do processo de envelhecimento, mas o organismo humano nem sempre respeita essa idade, sendo comum encontrar pessoas “idosas” com físico e intelecto “mais jovem” e vice-versa. Para esse mesmo autor,

Fatores associados à qualidade de vida de idosos adscritos no Distrito Sanitário Noroeste de Belo Horizonte, Minas Gerais

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o envelhecimento é associado a um processo biológico de declínio das capacidades físicas, relacionado a novas fragilidades psicológicas e comportamentais. Então, o estar saudável deixa de ser relacionado com a idade cronológica e passa a ser entendido como a capacidade do organismo de responder às necessidades da vida cotidiana, a capacidade e motivação física e psicológica para continuar na busca de novos objetivos e conquistas pessoais e familiares (p. 428).

Dessa forma, pode-se dizer que a associação do envelhecimento à idade cronológica aproxima-se também do conceito de longevidade, entendida como o número de anos vividos por uma pessoa ou ao número de anos que, em média, os indivíduos de uma mesma geração ou coorte viverão, definindo-se como geração ou coorte o conjunto de recém-nascidos em um mesmo momento ou mesmo período de tempo (CARVALHO; GARCIA, 2003). Ademais, essa associação permite, somente, uma percepção grosseira do processo de envelhecimento, além de desconsiderar a sua feição social e a sua condicionante histórica, até mesmo porque o processo de envelhecimento individual assume diferentes particularidades (ALBUQUERQUE, 2005).

Figueiredo e Tonini (2006) fazem considerações semelhantes acerca do processo de envelhecimento, o qual é visto como delimitador de mudanças expressivas de ordem individual, familiar e social, cada uma com seus significados e relevâncias. Para essas autoras, ao envelhecer, tanto o idoso quanto sua família se modificam, adquirindo determinados direitos legais e perdendo outros pelas dificuldades orgânicas e mentais decorrentes do envelhecimento.

Na tentativa de classificar os indivíduos de idade mais avançada, considerando a complexidade que permeia o processo do envelhecer, outras expressões ganham destaque na atualidade como a do “envelhecimento ativo”, proposto pela OMS que define o envelhecimento como uma experiência positiva. “Envelhecimento ativo é o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas” (WHO, 2005, p. 13).

Ressalta-se que, para a OMS, o termo “ativo” alude à participação continuada do idoso nas questões socioeconômicas, culturais, espirituais e civis, e não apenas à capacidade de estar fisicamente ativo ou de fazer parte da força de trabalho. Portanto, o envelhecimento ativo visa elevar a esperança de uma vida saudável e a

qualidade de vida para todas as pessoas que estão envelhecendo, inclusive as frágeis, fisicamente incapacitadas e que requerem cuidados (WHO, 2005).

Posto isso, a OMS também delineou os principais fatores determinantes do “envelhecimento ativo” os quais se encontram esquematizados na FIG. 1 (WHO, 2005).

Ao analisar a FIG. 1, observa-se que o envelhecimento ativo depende de uma variedade de fatores “determinantes”, os quais têm em comum a convergência na cultura e no gênero, englobando indivíduos, famílias e países. A compreensão das evidências que se tem sobre esses fatores contribuem no delineamento de políticas e programas nessa área (WHO, 2005).

Destaca-se que não é possível atribuir uma causa direta a qualquer um dos fatores determinantes; no entanto, as evidências substanciais sobre o que determina saúde sugerem que todos estes fatores e a interação entre eles são bons indícios de como indivíduos e as populações envelhecem (WHO, 2005).

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FIGURA 1 - Os determinantes do envelhecimento ativo Fonte: WHO, 2005, adaptado pelas pesquisadoras.

Envelhecimento ativo Determinantes

econômicos

(Renda; proteção social; trabalho)

Serviços sociais e de saúde

(Promoção da saúde e prevenção de doenças; serviços curativos;

assistência a longo prazo; serviços de saúde mental)

Determinantes comportamentais

(Tabagismo; atividade física; alimentação saudável; saúde oral; álcool; medicamentos; iatrogenia;

adesão comportamental) Determinantes pessoais (Biologia e genética; fatores psicológicos) Ambiente físico

(Moradia segura; quedas; água limpa, ar puro e

alimentos seguros)

Determinantes sociais

(Apoio social; violência e maus tratos contra o

idoso; educação e alfabetização)