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2 REVISÃO LITERÁRIA

2.1 O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO E METROPOLIZAÇÃO E AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

A população mundial cresce constantemente, sobretudo nas cidades e nas

metrópoles. A Urbanização é um fenômeno que está ligado ao crescimento

populacional e territorial das cidades, somados aos fluxos migratórios, principalmente das populações rurais num êxodo rural TODA MATERIA (2018).

Com o crescimento acelerado das cidades metropolitanas e com seus processos de conurbação, problemas urbanos como os de transportes, água, esgotos, limpeza urbana, manejo dos resíduos sólidos, uso do solo, dentre outros, não devem ser tratados isoladamente em cada cidade, mas em conjunto. Daí o surgimento da definição de áreas ou regiões metropolitanas como um conjunto de municípios contíguos e integrados socioeconomicamente à uma cidade central, com serviços públicos e infraestruturas comuns (ALGOSOBRE, 2018).

A hegemonia da cidade sobre o campo ocorre num processo de urbanização e metropolização crescente. Estima-se que até dois terços da população mundial devem viver em cidades até 2050 (TODA MATERIA, 2018). Esse processo de metropolização consiste em um processo de integração de território a partir de uma cidade-núcleo, configurando um território ampliado, em que se compartilha um conjunto de funções de interesse comum (IPEA, 2010).

A metropolização tem sido uma das mais profundas tendências socioeconômicas demográficas nas últimas décadas, particularmente em regiões menos urbanizadas e desenvolvidas, estando associada ao aumento da renda, que por sua vez, os rendimentos urbanos mais elevados estão correlacionados com maior consumo de energia e emissões de gases de efeito estufa/GEE ( IPCC , 2014)

Outro aspecto a ser considerado é que o desenvolvimento econômico, a urbanização e o aumento dos padrões de consumo apontam para o crescimento na quantidade e complexidade dos resíduos sólidos urbanos (RSU), como subprodutos

inevitáveis da atividade humana. Este fato favorece ao aparecimento de graves problemas sanitários, principalmente nos países em desenvolvimento (DIAS et al., 2012).

Para lidar com a crescente pressão populacional, serão necessários investimentos em infraestrutura. Segundo as Nações Unidas mais de quatro bilhões vivem nas cidades e em 12 anos terão mais 1,5 bilhão de pessoas (UNEP, 2010). As metrópoles e megacidades já estão hoje chegando aos seus limites, e o maior afluxo de pessoas será vivenciado nas aglomerações com até cinco milhões de habitantes.

Forma urbana e infraestrura urbana estão fortemente interligadas, assim padrões do uso da terra, padrões de consumo e produção, escolha de transporte, habitação e comportamento, são estratégias de mitigação efetivas das mudanças climáticas, envolvendo políticas que se reforçam mutuamente.

As diferenças no nível de desenvolvimento econômico entre países e regiões afetam seu nível de vulnerabilidade às mudanças do clima, bem como à sua capacidade de adaptação ou mitigação (IPCC, 2014). Ao mesmo tempo, as disparidades entre e dentro das regiões diminuem as oportunidades que os países têm de empreender políticas de mitigação efetivas.

Segundo IPCC (2014), as opções de mitigação das questões das mudanças climáticas nas áreas urbanas variam de acordo com as trajetórias de urbanização e metropolização.

2.1.1 Urbanização e metropolização do Brasil

O processo de urbanização no Brasil teve início no século XX, sobretudo com o êxodo rural, ou seja, com o deslocamento de pessoas do campo para as cidades em busca de melhores condições de vida, provocando um aumento da população em zonas urbanas em detrimento das zonas rurais.

A urbanização da sociedade brasileira foi marcada por um processo migratório intenso. A princípio, as migrações predominantemente eram do tipo rural- urbano, mas, a partir da década de 70, intensificaram-se os deslocamentos “urbano- urbano”, destacando-se os movimentos populacionais para os grandes aglomerados urbanos, com a formação das regiões metropolitanas (SERRANO, 2009).

Outro fator de relevância para a urbanização brasileira foi o processo de industrialização dos centros urbanos, que trouxe maiores ofertas de trabalho, causando um aumento populacional significativo nos centros urbanos.

A questão metropolitana aparece, pela primeira vez no Brasil, na Constituição Federal de 1967, art. 164.

A União, mediante Lei complementar, poderá, para realização de serviços comuns, estabelecer Regiões Metropolitanas constituídas por municípios que, independentemente de sua vinculação administrativa, façam parte de uma mesma comunidade sócio – econômica (CF, 1967).

Por definição, no Brasil, pela Lei Complementar Federal 14/1973, são consideradas Regiões Metropolitanas as regiões de entorno das grandes capitais: São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, Curitiba, Belém e Fortaleza. Além disso, os estados brasileiros consideram aglomerações urbanas e microrregiões, agrupamentos de municípios limítrofes, conurbados ou não, que demandam integração de políticas de interesse comum (SERRANO, 2009).

Neste sentido, com a promulgação do Estatuto das Cidades, Lei 10.257/2001(BRASIL, 2001), diversos instrumentos de caráter urbanístico que possibilitam a redistribuição do acesso à cidade e o reequilíbrio dos interesses coletivos foram disponibilizados em oposição a interesses meramente individuais, ligados à propriedade e aos processos de acumulação de capital.

Desta forma, o tamanho, a complexidade e a intensa conurbação das metrópoles brasileiras compõem um panorama socioeconômico e político de tal ordem que análises intra-urbanas não podem abstrair-se de informações microlocalizadas (FURTADO, 2009). MENDONÇA (2001) completa que a industrialização, a produção, circulação e consumo de mercadorias, dentre outros fatores ou fatos, e a concentração populacional nas cidades que se intensificou nos dois últimos séculos, tanto promoveram a explosão urbana quanto introduziram paulatinamente a geração de resíduos e a degradação dos ambientes urbanos. Esta realidade moderna passou então a exigir, do Estado Brasileiro, iniciativas no sentido de ordenar o desenvolvimento dos aglomerados humanos e a intervenção no equacionamento dos problemas daí decorrentes.