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SÃO LOURENÇO DE MATA

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este capítulo apresenta os resultados da pesquisa, incluindo o diagnóstico situacional dos resíduos sólidos urbanos da RMR, as emissões emitidas, os resultados dos cenários para mitigação das emissões de GEE e a análise comparativas das emissões como NDC Brasileira.

4.1 DIAGNÓSTICO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

O diagnóstico situacional dos resíduos sólidos urbanos da RMR, mais especificamente os resíduos domiciliares, tem como referência o período de 2006 a 2018.

4.1.1 A Gestão dos resíduos sólidos

A gestão integrada de resíduos sólidos na RMR busca a efetivação dos 3 RS definida no Plano Metropolitano de Resíduos Sólidos (2011) e revisado em 2018, cujos municípios estão geograficamente distribuídos em três aglomerados:

a) O Norte Metropolitano, composto dos municípios de Abreu e Lima, Araçoiaba, Goiana, Ilha de Itamaracá, Igarassu, Itapissuma, Olinda e Paulista;

b) O Oeste Metropolitano, formado pelos municípios de Camaragibe, Moreno e São Lourenço da Mata;

c) Sul Metropolitano, abrangendo os municípios de Cabo de Santo Agostinho, Jaboatão dos Guararapes, Ipojuca e Recife.

O Sistema Metropolitano traz uma configuração para a gestão de forma que as unidades de manejo venham atender os requisitos da legislação vigente, prevendo a existência de unidades de triagem, estações de transbordo, unidades de compostagem e aterros sanitários energéticos, tendo a possibilidade do aproveitamento energético conforme o artigo 9o da PNRS (BRASIL, 2010).

Atualmente o sistema é composto por duas centrais de tratamento, a Central de Tratamento de Pernambuco, localizada em Igarassu, com vida útil estimada até

2032, com tratamento mecanizado e produção de combustível derivado de resíduos (CDR), estando em fase de instalação a unidade de geração de energia a partir do biogás do aterro sanitário. A Central de Tratamento Candeias, localizada em Jaboatão dos Guarapaes, com vida útil prevista até 2033, com geração de energia a partir do biogás. E o aterro controlado de Ipojuca, em processo de licenciamento ambiental para operar como aterro sanitário público. Foram elaborados estudos para a instalação de um aterro sanitário energético, no município de São Lourenço da Mata, no Oeste Metropolitano.

Existem 27 organizações de catadores de materiais reciclados, 01 estação de transbordo, diversos Pontos de entrega voluntária – PVs, e 02 unidades de compostagem tradicional sem aeração.

Os municípios possuem, na sua estrutura, órgão de gerenciamento dos serviços públicos. No entanto a operação da coleta convencional e o transporte na maioria dos municípios, é terceirizado. Na Figura 33, apresentam-se os locais de disposição dos resíduos em 2018.

Figura 33 - Locais de disposição dos RSU na RMR (2018)

4.1.2 Geração de resíduos

A estimativa de geração de resíduos sólidos urbanos pressupõe a utilização de índices de geração per capita compatíveis à realidade de cada município. Na Tabela 30, são encontramos dados de população, resíduos domiciliares coletados e geração per capita dos resíduos em 2018.

Tabela 30 - População, RSU coletado e geração per capita (2018)

Municípios População

estimada - hab.

RSU coletado (t/ano)

Ger. per capita (Kg/hab/dia)

Abreu e Lima 99.622 33.089,44 0,91

Araçoiaba 20.312 6.524.21 0,88

Cabo de Santo Agostinho 205.112 65.133.32 0,87

Camaragibe 156.736 49.771.52 0,87 Goiana 79.455 26.370.97 0,91 Igarassu 115.640 36.721.48 0,87 Ilha de Itamaracá 25.836 8.298.52 0,88 Ipojuca 94.709 31.457.94 0,88 Itapissuma 26.390 8.478.72 0,88

Jaboatão dos Guararapes 697.636 231.719.79 0,91

Moreno 62.253 20.680.66 0,91

Olinda 391.835 132.147.95 0,91

Paulista 329.117 109.316.21 0,91

Recife 1.637.834 627.699,88 1,05

São Lourenço da Mata 112.362 35.680.55 0,87

RMR 4.054.866 1.423.091,16 0.91

Fonte: Elaborado a partir de: IBGE (2018) e SNIS (2017)

É necessário ponderar que o volume de resíduos sólidos gerados nas áreas urbanas não corresponde exatamente ao volume coletado. No entanto, tendo em vista que em todos os municípios da RMR a coleta ocorra quase a totalidade das áreas urbanas, 92% (SNIS, 2017), pressupõe-se, que todo o resíduo gerado seja coletado. No entanto, na prática não é bem assim.

Desta forma, sabe-se que o volume de resíduo produzido é maior que o volume coletado e com disposição em aterro. Entretanto, não é fácil estimar esse volume e a disposição irregular acaba por subestimar a geração de resíduos por município.

Embora, nos municípios em que a coleta é mais eficiente e ocorre com maior regularidade, a massa de resíduos gerada e a quantidade coletada e disposta nos locais de aterramento se assemelham.

Neste contexto, considerando-se os dados da Tabela 30, a geração estimada para a RMR, em 2018, foi de 1.423.091,16 t/ano, onde o município do Recife, o mais populoso, com 40,4% da população, concentra aproximadamente 629.699,88 t/ano dos resíduos gerados na região. Seguida de Jaboatão dos Guararapes, cuja população representa 17,2%, com 321.719,79 t/ano, e Olinda, que gera aproximadamente 132.147,95 t/ano.

Por outro lado, segundo as informações disponibilizadas pelas centrais de tratamentos e municípios, a quantidade de resíduos dispostos no solo, no ano de 2018, foi de 1.214.756,41 t/ano, conforme pode ser visto na Figura 34.

Figura 34 – Resíduos dispostos por categoria de manejo (t/ano)

Fonte: Autora (2020)

De fato, em uma análise comparativa dos resíduos estimados em função da massa per capita, 1.423.091,16 t/ano em 2018, e os dispostos informados pelas centrais de tratamento e municípios, verifica-se que 85,36 % dos resíduos gerados, equivalente a 1.214.756,41t, tiveram sua disposição nas unidades de manejo na RMR, e que 14,64 %, equivalente a 208.334,35 t, se coletados, foram colocados em locais diversos daqueles estudados ou dispostos no solo aleatoriamente pela população.

4.1.3 Coleta seletiva e inclusão social dos catadores

A coleta seletiva praticada na Região Metropolitana do Recife - RMR em termos quantitativos é incipiente, estando estimado em 2 a 3,5 % do potencial de materiais recicláveis. A Figura 35, representa o potencial em termos percentuais de materiais recicláveis nos municípios da RMR.

Figura 35 - Percentuais de materiais recicláveis na RMR

Fonte: Pernambuco (2018b)

De acordo com levantamento realizado pelo Projeto Rescate, executado pela Secretaria de Trabalho, Emprego e Empreendedorismo, com apoio da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Pernambuco, 2018a), existem 391 catadores de materiais recicláveis organizados em cooperativas e associações, e 3.183 não organizados, totalizando 3.574 catadores na RMR. Entre os municípios da RMR, apenas no lixão de Serro Azul, em Camaragibe, ainda ativado, foi constatada a presença de catadores.

Segundo o referido estudo a produção mensal em t/mês, das cooperativas/associações, representa um valor relativo médio de apenas 0,58% do potencial existente de materiais recicláveis na RMR, isto, considerando a estimativa da produção atual levantada diretamente nas cooperativas e associações (Projeto Rescate, PE(a) 2018) e a composição gravimétrica dos resíduos sólidos obtida no Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS, 2012), o que indica uma demanda