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Capítulo 1 Apresentação do ponto de partida: a (re)formulação de um objeto de estudo

1.3. O processo metodológico: pressupostos e operacionalização

Esta secção tem por intuito evidenciar os pressupostos que orientaram os movimentos metodológicos do percurso de investigação. Focando na descrição das escolhas metodológicas, propõe-se uma sistematização da linha das ações desenvolvidas, identificando o objeto de estudo, o problema, a pergunta de partida e os objetivos da investigação, imprescindíveis para o enquadramento do projeto. Em

seguida, explora-se a fundamentação da metodologia deste estudo e descrevem-se os métodos, as técnicas, os instrumentos e os procedimentos utilizados para a recolha de dados e sua interpretação.

O quadro do processo metodológico deste estudo foi desenvolvido a partir dos objetivos, da inquietação científica e da pergunta de partida e, pelas suas especificidades, construiu-se em constante relação com o objeto empírico, inserindo-se numa estratégia predominantemente qualitativa (intensiva). O trabalho de campo e as ações de um investigador estão diretamente ligados aos aspectos metodológicos, técnicos e analíticos, proporcionados por técnicas e métodos seguidos de forma criteriosa para que levem a resolver problemas científicos (Sá-Silva et al., 2009) e em âmbito de uma investigação de pendor qualitativo a importância desses critérios torna- se uma questão central.

A seleção de métodos e técnicas decorreu de necessidades investigativas que também surgiram com a permanência do investigador no terreno, articulando a complexidade do objeto com as reflexões e a revisão da literatura. Neste sentido enfatiza-se a importância do conceito de validade da pesquisa qualitativa (intensiva) e o papel do pesquisador enquanto “instrumento” do processo de investigação (Pyett, 2003), assumindo que os atributos individuais e as perspetivas do investigador influenciam o processo. A pesquisa qualitativa requer “auto análise” e reflexividade e tem que se balancear entre rigor e criatividade (Pyett, 2003).

Na pesquisa quantitativa (extensiva) o conceito de validade é relacionado com precisão, relevância e confiança dos indicadores de medida. Já na pesquisa qualitativa (intensiva) o conceito de validade relaciona-se à capacidade de compreensão, entendimento, representação e explicação do investigador. Priscilla Pyett (2003) evidencia que, apesar do conceito de validade não se associar diretamente ao paradigma da pesquisa qualitativa, muitos pesquisadores qualitativos evidenciam a sua importância. Na pesquisa qualitativa, há validade caso se consiguam descrever as peculiaridades do fenómeno que se entende aprofundar, explicando ou teorizando.

Para a autora, alguns parâmetros de validação assentam no rigor na amostragem e na coleta dos dados e da análise; na triangulação entre as fontes, entre os métodos, entre os investigadores (quando pertinente) e entre as teorias; na utilização de descrições densas e na escrita de relatos detalhados. É também prudente utilizar estratégias de honestidade, de abertura e de reflexividade que é aconselhado transparecer no processo de escrita.

A atenção ao processo e a sua explicitação pode-se tornar mais importante do que os resultados da investigação. Portanto, conforme Miguel Valles (2007), os critérios de qualidade que devem ser considerados em estudos de pendor qualitativo são a confiabilidade (relacionada com o uso das técnicas), a autenticidade e os critérios éticos. Para o autor torna-se relevante também a questão da transferibilidade da investigação que passa pela disponibilização do material utilizado pela recolha dos dados ao longo do processo metodológico (guião/ fichas) e que permitem ter acesso ao trabalho intelectual do autor.

Seguindo estes pressupostos foi pensada a exposição deste primeiro capítulo desde suas sessões iniciais, e que irão acompanhar o escrito todo, apresentando uma descrição da análise que refletisse também a lógica da investigação qualitativa. Considerando também a especificidade do estudo de caso, apresentado brevemente no capítulo 1.2, foca-se na especificidade das associações de caráter cultural e artístico orientadas para a inclusão social e abrem-se questões decorrentes da relação do sociólogo com os contextos específicos observados.

Neste sentido, vale a pena ressaltar a necessidade de ganhar uma relação de confiança com as pessoas envolvidas, principalmente em pesquisas qualitativas, ainda mais quando são abordadas temáticas delicadas que requerem acesso aos dados sensíveis das pessoas ou que discutem assuntos pessoais e que provocam emoções fortes aos abrangidos. As questões éticas sobre a visibilidade das pessoas envolvidas (anonimato) e o respeito das situações (evitar estigmatização/ julgamentos morais) devem acompanhar todas as fases da investigação, desde o estar do sociólogo no terreno e até a escrita final.

Como foi apontado anteriormente, o estudo de caso, que permite, metodologicamente, um raciocínio abdutivo, foi selecionado a partir da fase exploratória da pesquisa, realizada no concelho do Porto entre março e setembro de 2014 (cap 1.1). O modelo analítico do estudo de caso permite uma análise do contexto social, direcionando a compreensão em diferentes níveis (territorial, associativo, individual, relacional, discursivo dos atores envolvidos), promovendo uma compreensão do fenómeno de forma integrada, dialogando entre níveis micro e macro e evitando uma análise isolada dos seus constituintes.

Neste sentido, foram trianguladas fontes primárias e secundárias, diversas técnicas e métodos de recolha de dados, e diferentes pontos de vista dos atores sociais envolvidos. A estratégia metodológica do estudo de caso proporciona investigar um fenómeno social em profundidade, levando em consideração o contexto e, ao mesmo tempo, evidenciar e considerar suas especificidades (Yin, 2009).

Conforme salienta Miguel Valles (2007), a estratégia metodológica do estudo de caso conjuga diversas modalidades, ou seja, os estudos de caso etnográficos, os estudos de caso biográficos e outros com abordagens metodológicas singulares, como a etnometodologia e a avaliação. Nos estudos de caso etnográficos, no qual, conforme esta subdivisão, insere-se este trabalho, a técnica principal é considerada a observação participante, mas evidencia-se que outro elemento central das investigações qualitativas é a triangulação, ou seja, a combinação de diversas estratégias que incluem a documentação e fontes estatísticas com técnicas mais clássicas da vertente qualitativa como as entrevistas não ou semi-diretivas (Valles, 2007). Saindo, portanto, de uma visão dicotómica do uso das técnicas, inserindo-se num paradigma de síntese da sociologia, cruzaram-se instrumentos quantitativos e qualitativos criados ad hoc para a compreensão e a interpretação do objeto de estudo.

As questões metodológicas estão diretamente ligadas com a peculiaridade do objeto de estudo que se concretiza na análise da associação PELE. A natureza específica da associação, que assume na criação artística uma ferramenta essencial para a coesão social e territorial, levou ao debate sobre o recurso das práticas artísticas e culturais como formas de revitalização da participação democrática e combate à exclusão social

(Pinto, 1994), mostrando-se um interessante ponto de partida para compreender possíveis modalidades de mudança emancipatória, interromper os mecanismos de reprodução social além de compreender suas dificuldades de implementação (Azevedo, 2012).

Tendo em vista a especificidade do objeto de estudo, a pergunta de partida, que assenta no questionamento da realidade impulsionado por situações problemáticas, seguindo os pressupostos da Grounded Theory43 (Strauss & Corbin, 2008), propõe a compreensão de como e em qual medida os espaços de ação e participação coletiva do concelho do Porto criam novas redes de relações locais que proporcionam inclusão, conexão, solidariedade, pertença e proximidade.

A inquietação científica, ou problema, se foi afunilando ao longo da investigação e se desenvolveu a partir de três eixos temáticos, centrais na definição inicial do objeto de estudo e já presentes na fase exploratória: o território (urbano), a exclusão, ou melhor, a inclusão social, e as ações da sociedade civil. Esses três elementos, postos em diálogo entre eles, perpassam os objetivos da investigação e acompanharam o inteiro processo de pesquisa. Ao mesmo tempo, foram integrados por outros eixos temáticos que surgiram ao longo da investigação, em linha com um processo abdutivo e com a

Grounded Theory que colocam os questionamentos teóricos em diálogo com o terreno,

fonte de novos questionamentos e descobertas teóricas.

Portanto, no específico, através do estudo de caso da associação PELE, inserido no contexto territorial, social, económico e político, o objetivo geral da investigação foi analisar, através de uma perspetiva sociológica, como e em qual medida determinadas ações da sociedade civil de caráter cultural e artístico proporcionam alternativas às formas de exclusão e segregação social no concelho do Porto.

Os objetivos específicos foram: 1) compreender se e de que forma as ações da associação PELE contrastam formas de discriminação e exclusão social e revalorizam o

43 Em português teoria fundamentada em dados. A Grounded Theory é uma teoria indutiva assente na

análise sistemática dos dados. Não há uma teoria a ser testada, mas uma tentativa de entendimento de um fenómeno social. Os dados, reunidos por meio de métodos variados de coleta, informam a teoria após sua codificação, comparação e extração de regularidades. A análise dos dados e o desenho da investigação estão em constante diálogo, salientando a natureza processual e interativa da pesquisa.

espaço urbano através de uma política de revitalização da participação democrática; 2) analisar se e como as ações coletivas presentes tornam-se redes de apoio, pertença social, solidariedade e inclusão para os participantes e para a comunidade; 3) discutir desafios e alternativas possíveis acerca das políticas públicas na área de exclusão social, enfatizando a colaboração com o associativismo cultural e artístico inscrito no território.

Os objetivos estavam voltados, portanto, à compreensão e análise das relações entre as atividades da associação e o território, que consiste, no nosso caso específico, no espaço urbano; a relação entre a associação e os participantes; a relação entre a participação às atividades da associação e a inclusão social; e a relação entre a associação e outras instituições públicas.

Apesar da pesquisa se enquadrar numa dimensão micro com forte ligação com o território e concentrada numa associação específica, as relações com as políticas públicas e as dinâmicas próprias da sociedade contemporânea levam a promover uma ampliação do olhar, incluindo uma contextualização mais abrangente. Portanto, este estudo foca-se num nível de análise micro, mas também meso, com um olhar ao espaço local, a uma associação específica, perpassando pela experiência das pessoas envolvidas, dos fundadores e dos parceiros institucionais.

Para compreender o contexto, e em linha com uma sempre mais reconhecida integração entre técnicas metodológicas de linhagem diferentes, torna-se necessário promover a integração de uma análise marcadamente qualitativa com técnicas de pendor mais estatístico. Identificamos também que, mesmo sendo considerada uma superação de uma dicotomia entre metodologias opostas, já nas investigações da década de 1920 da Escola de Chicago, conhecida pela sua abordagem qualitativa e marcadamente empírica, a integração com estatísticas era presente e eram implementadas aberturas aos quadros metodológicos mistos:

Os métodos da estatística e dos estudos de caso não são conflitivos entre si; na verdade são mutuamente complementares. As comparações estatísticas e as correlações podem muitas vezes sugerir pistas para a pesquisa feita mediante estudos de caso, e os materiais documentais, trazendo à luz os processos sociais, conduzirão inevitavelmente a indicadores estatísticos mais adequados. Contudo, se quisermos que a estatística e os estudos de caso dêem sua plena contribuição

como ferramentas da pesquisa sociológica, será preciso garantir um reconhecimento equitativo e dar a cada um dos métodos uma oportunidade de aperfeiçoar sua própria técnica.” (Burgess, 1927, p.120 apud Coulon, p.119). Nas próximas páginas deste capítulo, tendo em considerações estas primeiras questões aqui tratadas, aprofundar-se-à a descrição das técnicas utilizadas ao longo da investigação.

No que diz em respeito ao quadro do processo metodológico, o estudo de caso prevê a integração de diversas técnicas e, conforme a especificidade de uma pesquisa qualitativa, visa um trabalho prolongado no terreno que se traduziu no acompanhamento das atividades desenvolvidas pela associação PELE desde outubro de 2014 e até setembro de 2017, por um total de 36 meses. Conforme Strauss e Corbin (2008), a pesquisa qualitativa se explicita em investigações que produzem resultados que não são alcançados através de procedimentos de quantificação estatística e, apesar de alguns dados qualitativos poderem ser quantificados, o grosso da análise é de interpretação:

Ao falar sobre análise qualitativa, referimo-nos não à quantificação de dados qualitativos, mas, sim, ao processo não-matemático de interpretação, feito com o objetivo de descobrir conceitos e relações nos dados brutos e de organizar esses conceitos e relações em um esquema explanatório teórico. (p.24)

As técnicas associadas às pesquisas qualitativas podem ser múltiplas e não se reduzem a fontes primárias decorrentes de observação e entrevistas, mas podem, e em certos casos devem, recorrer também a documentos e dados quantificados como os dos censos. Strauss e Corbin (2008) apontam para inúmeras questões e problemas de pesquisa que podem se beneficiar de investigações de teor qualitativo e evidenciam três componentes principais que se encontram transversalmente em qualquer tipo de análise qualitativa: 1) os dados, com proveniência de várias fontes, como observação, entrevistas, documentos, registros, filmes; 2) os procedimentos44 para interpretar, codificar e organizar os dados: “conceitualizar e reduzir os dados, elaborar categorias em termos de suas propriedades e dimensões, e relacioná-los por meio de uma série de

44 Os procedimentos são também parte do processo analítico e incluem amostragem não estatística, a

declarações preposicionais” (Strauss & Corbin, 2008, p.24); 3) os relatórios escritos e verbais como artigos científicos, palestras ou livros.

Afunilando as questões metodológicas e associando-as ao caso mais específico do nosso trabalho, Estivill (2003), que propõe um apanhado geral sobre o conceito de exclusão social45 e explica a pertinência que o mesmo ainda conserva dentro dos debates das desigualdades e situações de miséria da sociedade contemporânea, identifica modalidades de medida da exclusão social e as estratégias possíveis para enfrentá-la, apontando a necessidade de um entendimento e compreensão da exclusão social, mais do que uma medição, inserindo-a, assim, numa análise de cariz mais qualitativo:

[...] contar, medir, quantificar a exclusão conduz mais para a gestão e, até certo ponto, para a sua reprodução; enquanto compreender, explicar, pode direccionar para outras estratégias e, entre elas, a da transformação e a da erradicação. Em qualquer caso, o que interessa é um conhecimento mais completo possível sobre este problema. (p.53)

Outra temática cara a este estudo, devido às especificidades do trabalho desenvolvido pela associação em causa, pode ser verificada no trabalho sobre Portugal de Vera Borges, Pedro Costa e Susana Graça (2014) que discute as abordagens possíveis às investigações sobre as artes, e foca no caso específico do teatro, ferramenta principal nos trabalhos desenvolvidos pela PELE.

Os autores apontam que a investigação pode ser direcionada em cinco dimensões diferentes: económica; organizacional; cultural (objetivos artísticos); “social (impacto das estruturas artísticas nas redes comunitárias, na participação dos públicos)” (Borges

et al., 2014, p.958); a qualidade de vida de consumidores e pessoas envolvidas nas artes.

A nível metodológico, os autores, que apostam em observações continuadas, evidenciam como o estudo destas cinco dimensões pode ser efetuado por quadros analíticos mistos, que integram métodos qualitativos com métodos quantitativos e apontam que as técnicas quantitativas fornecem um quadro geral: “promovem uma fotografia [...] dos grupos de teatro, bem como das estruturas artísticas e culturais em

45 Ver sobre isto o capítulo 2.1

geral” (Borges et al., 2014, p.959). Já, para os autores, as entrevistas aprofundadas, a pesquisa de terreno e a observação, podem investigar questões sobre “impactos” sociais, relação entre a cultura e qualidade de vida, a coesão social e a inclusão.

As técnicas, portanto, podem integrar-se de forma harmoniosa em múltiplas modalidades, mas sempre proporcionando uma coerência com os objetivos da investigação e entre a metodologia, a teoria e a empiria. No caso específico, as técnicas utilizadas foram a análise de fontes documentais, a observação participante, o inquérito por questionário e as entrevistas semi-estruturadas, operacionalização de uma tentativa de exploração do caso, complexo e multidimensional, e saturação analítica do objeto por meio de uma multiplicidade de técnicas.

Cada técnica de recolha dos dados possuiu objetivos específicos e foi enquadrada em fases temporais distintas. No entanto, todas as técnicas e as fases da investigação convergiram num desenho coerente do estudo e acabaram também por se sobreporem e acompanharem o trabalho investigativo complementarmente, como se pode deduzir também da visão do cronograma do estudo46. E é promovendo esta integração que descrevem-se em seguida as técnicas que constituem o processo metodológico. Com objetivos de inteligibilidade e exemplificação da descrição do processo, apresentam-se esquematicamente separadas.

Os documentos constituem uma fonte de informação secundária e podem compreender dados não publicados elaborados por organismos públicos ou privados, relativos à sua atuação, e dados publicados por organismos públicos e privados: estatísticas e informes, investigações publicadas em livros e revistas e investigações não publicadas (D’Ancona, 2001).

Nesta pesquisa a análise de fontes documentais concretizou-se em análise de material audiovisual e escrito presente na página web oficial da PELE e de panfletos, programas e registos dos processos artísticos implementados por ela, recolhidos no terreno. Ajudou na compreensão da natureza da associação, das dinâmicas com as instituições e das relações entre o(s) grupo(s) e o(s) território(s). Conforme já apontado

na segunda secção deste capítulo, o primeiro passo foi analisar todo o material, escrita e vídeo, presente no site da associação e acompanhar as publicações efetuadas na página

facebook produzida pela própria PELE.

Em seguida, decidiu-se efetuar uma monitorização semanal do mesmo site que acompanhou os meses de trabalho de campo, verificando as possíveis alterações e efetuando um print das mesmas. Contemporaneamente, foram recolhidos e, após o fim do trabalho de campo, organizados e sistematizados, uma série de documentos em formato físico ao qual tivemos acesso presenciando as atividades da PELE47.

Com os objetivos de situar o presente estudo, efetuou-se também a análise sociodemográfica contextualizada do território envolvido, o concelho do Porto, a partir do levantamento de dados estatísticos48 que ajudaram na definição das tendências sociodemográficas da população.

Apesar de ser considerada a técnica de cariz quantitativo por excelência, ao longo de uma primeira fase de observação foi definida a necessidade de aplicar um inquérito por questionário (IQ) para todas as pessoas participantes das atividades com a associação PELE.

Para Ghiglione e Matalon (2005) existem quatro tipos de propósitos inscritos num IQ: 1) Estimar certas grandezas absolutas como a percentagem de pessoas que leem um certo jornal; 2) estimar grandezas relativas, ou seja, em relação à proporção interna a uma determinada população estudada; 3) descrever uma população ou subpopulação, ou seja, determinar as características de um grupo específico; 4) verificar hipóteses sob a forma de relação entre duas ou mais variáveis.

O IQ fornece agregados de informação e, no caso específico objeto deste estudo, foi aplicado com o intuito dos pontos 2) e 3). Portanto, tornou-se útil e necessário para ter uma visão geral da situação demográfica das pessoas envolvidas, ainda mais

47 Pode ser consultada a lista resumida do principal material recolhido no campo anexo 6.

48 Utilizaram-se os dados oriundos do Censo 2011 disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística

relevante à luz das tentativas de heterogeneização dos grupos apontadas por representantes da PELE e por técnicos de serviços do território entrevistados.

Decidiu-se aplicar o IQ aos participantes do projeto que, no período de entrada no campo, estava em andamento e em sua fase final. Algumas considerações foram determinantes para esta decisão: o período médio-longo49 de existência do projeto que se concretizava em encontros semanais de trabalho e convívio entre os integrantes, o seu estar numa fase final proporcionando uma visão de seu andamento e, principalmente, o seu reunir os integrantes dos diferentes grupos teatrais específicos, provenientes por diferentes territórios, numa síntese dos projetos já efetuados nos 7 anos anteriores pela associação50.

Portanto, com objetivos descritivos, para obter uma panorâmica das caraterísticas sociodemográficas dos participantes dos projetos, criou-se um inquérito por questionário51 a ser aplicado aos participantes do projeto Mapa – o jogo da cartografia52.

Além disso, o IQ tornou-se útil em vista da escolha sucessiva das pessoas a serem entrevistadas, permitindo efetuar uma seleção procurando um bom grau de diversidade interna ao grupo, com base nas respostas coletadas. A partir do IQ foram selecionados, conforme a disponibilidade das pessoas e os critérios de diversificação e