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O processo de regulação nos relatórios

CAPÍTULO 3: Análise e interpretação dos dados

3.1. Avaliação formativa e aprendizagem

3.1.2. O processo de regulação nos relatórios

Para os alunos perceberem o que se pretendia com o relatório, foi-lhes apresentado um documento de apoio que, depois de analisado e discutido, configurou a sua estrutura (Anexo XI), conforme o registo do Diário de Bordo.

Definimos a estrutura do relatório: - Tema

- Data

- Palavras-chave

- Descrição e exploração do tema - Actividades realizadas

- Dificuldades encontradas

- Conclusão e comentários pessoais

Foi acordado com os alunos que, depois de elaborados, os relatórios seriam objecto de uma primeira apreciação avaliativa do professor e devolvidos para possíveis reformulações ou reajustes. Este processo poderia ser repetido várias vezes até o professor e o aluno darem por concluída a sua realização, de modo a que cada reformulação constituísse um novo momento de aprendizagem (Pinto & Santos, 2006).

Ao longo do ano lectivo foram realizados 5 relatórios: “Processos de formação de palavras”; “Frase simples e frase complexa – elementos essenciais e acessórios da frase”; “Relações de sentido entre as palavras”; “Trabalho de Projecto: Notícias em directo”; “Relatório de avaliação do Trabalho de Projecto”. A sua classificação traduziu-se numa apreciação qualitativa na forma de comentário escrito, acompanhada da apreciação Insuficiente, Suficiente, Bom e Muito Bom. Os comentários escritos avaliativos do professor eram feitos de acordo com as seguintes expressões: “Deves

rever a explicação que dás sobre…”; “Deves reformular o significado de…”; “A explicação que dás sobre não está correcta/está incompleta…”; “ Faltaram os exemplos de…”; “O teu relatório revela esforço e vontade de fazer bem. Deves continuar assim…”.

Tendo como referência os estudos de Hattie e Timperley (2007) procurámos fazer uma regulação do progresso das aprendizagens dos alunos fornecendo um feedback que incidisse no aluno, na tarefa, no processo e na auto-regulação, como se poder verificar nos exemplos que apresentamos de seguida, relativamente às várias versões do relatório 1 do aluno K.

Relatório 1; Feedback 1; Aluno: K

Relatório 1; Feedback 3; Aluno: K

Esta regulação permitiu aos alunos a verificação dos aspectos positivos e dos aspectos que necessitavam de ser melhorados nos seus relatórios, para poderem depois desenvolver e aperfeiçoar as sucessivas versões.

O desenvolvimento das aprendizagens realizadas pelos alunos pode ser evidenciado, por exemplo, pela comparação entre a versão inicial (Figura 3) e a versão final (Figuras 4 e 4.1) do relatório “Processos de formação de palavras” do aluno K, onde se constata que a versão inicial do relatório não segue a estrutura que foi previamente determinada (ver o registo do DB de 12 Out) e que a explicação que o aluno dá sobre os processos de formação de palavras é bastante deficiente.

Figura 4.1 – Versão final do relatório 1 do aluno K.

Como pudemos verificar, esta versão final já respeita integralmente a estrutura definida para o relatório e o aluno já conseguiu explicar de forma satisfatória o processo de formação de palavras.

No questionário “Percepção dos alunos sobre a avaliação e os instrumentos alternativos de avaliação” (Anexo IX) aplicado, como já anteriormente dissemos, no final da investigação, perguntava-se na questão 3 “Qual é a tua opinião sobre os relatórios que fizeste ao longo do ano lectivo?”. No que diz respeito aos relatórios, nas suas respostas, os alunos sublinham aspectos relacionados com a memória e a compreensão, a utilização da escrita, a revisão de assuntos e a capacidade de resumir:

“Os relatórios ajudaram-nos a aprender a matéria, a estudarmos porque ao mesmo tempo que fazemos o relatório memorizamos.” – A

“São interessantes, em vez de o professor nos explicar a matéria éramos nos que aprendíamos a matéria.” – C

“Estes relatórios ajudaram-me a perceber melhor a matéria.” – D

“A minha opinião sobre os relatórios, é que fazer os relatórios ajuda-nos a compreender melhor a matéria, porque estamos a resumir o que foi feito nas aulas.” – D’

“Os relatórios fizeram-nos aprender mais, utilizar a escrita e também para não darmos erros.” – H

“Eu achei bem, porque contribuía para avaliação, e nos ajuda a perceber melhor a matéria para os testes.” – I

“A minha opinião é que os relatórios são bons porque ao fazer um relatório estamos a rever a matéria.” – K

“Ajudam-nos a perceber a matéria e aprender a fazer resumos.” – L “Achei bem porque ao estarmos a escrever estamos a aprender.” – R

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Durante a realização dos relatórios, fomos registando as nossas observações no Diário de Bordo e verificámos que os momentos da elaboração dos relatórios correspondiam, geralmente, a momentos de auto-reflexão e auto-questionamento dos alunos, o que lhes permitia criar e/ou desenvolver novas estratégias de aprendizagem e de superação de dificuldades.

Dei o primeiro feedback sobre o relatório “Formação de Palavras”.

Alguns alunos reformularam/reescreveram os relatórios sobre a “Formação de Palavras”; outros iniciaram o 2.º relatório “Frase Simples e Frase Complexa – Funções sintácticas”

DB 26 Out

Olhando para o material que os alunos têm em cima das mesas, consigo perceber o que estão a fazer e como estão a fazer. Vê-se quem é organizado, quem sabe estudar, quem procura a informação nos locais correctos.

Parece que já todos perceberam como devem trabalhar. Ninguém colocou dúvidas sobre a matéria, só sobre a organização/estrutura do relatório. Todos mostram alguma preocupação em fazer bem, em reflectir sobre o que é mais importante, por exemplo, quais as palavras-chave deste tema e que assuntos devem ser incluídos no relatório.

DB 2 Nov

Numa reflexão final sobre os relatórios, destacámos como é possível detectar as dificuldades reveladas pelos alunos assim como os progressos feitos.

Os relatórios revelam muito claramente as dificuldades dos alunos e os assuntos onde essas dificuldades são mais evidentes. Todos os relatórios foram realizados individualmente, dentro da sala de aula. Parece haver uma evolução positiva do primeiro relatório para o segundo e do segundo para o terceiro, pois todos os alunos conseguiram produzir melhores relatórios, quer nas segundas versões, quer nos relatórios subsequentes.

Em suma, podemos afirmar que os relatórios, para além de terem contribuído para o desenvolvimento das aprendizagens, como quase todos os alunos referiram, pois

ajudaram a aprender mais, a perceber melhor a matéria, a estudar, estão igualmente

associados ao desenvolvimento da expressão escrita: “fizeram-nos (…) utilizar a escrita

e (…) não darmos erros”; “aprender a fazer resumos”, como também vários alunos

referiram.

3.1.3. As interacções avaliativas nas tarefas desenvolvidas na wiki

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