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5. ANÁLISES E RESULTADOS

5.4. Análise dos documentos

5.4.1. O Projeto Político Pedagógico (PPP)

O Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola consiste num conjunto de ações pedagógico-administrativas planejadas coletivamente a serem coordenadas e colocadas em prática no decorrer do ano letivo. Essas ações devem ser elaboradas a fim de que se proponham situações didáticas necessárias à formação dos estudantes, em todos os níveis de aprendizagem. O PPP é ainda, o registro físico de momentos que apresentam o educador como instrumento de transformação da sua comunidade e da sociedade a partir da “sistematização constante do trabalho desenvolvido, com a participação de todos os envolvidos” (VILLAS BOAS, 2002a, pág. 123).

O PPP da escola cita a importância da avaliação para as aprendizagens, o que significa que nesta perspectiva os estudantes devem se sentir sujeitos de suas aprendizagens, a partir dos instrumentos e meios diversos que o professor utilizar para a avaliação formativa deles (VILLAS BOAS, 2013). No entanto, houve 10 citações no documento relacionadas à qualidade do ensino e da aprendizagem e nenhum dos projetos arrolados mencionava objetivos ou estratégias relacionados à composição da avaliação formativa.

Relacionado à organização do trabalho pedagógico com vistas à realização das avaliações em larga escala, o documento traz o quadro “Dimensão Pedagógica” no campo “objetivos / metas”, contendo vários objetivos, dentre eles os que seguem:

“Diminuir a retenção por faltas ao final do ano letivo.” (p.32)

“Atender às defasagens de aprendizagens dos alunos sempre que identificadas, no intuito de diminuir a retenção no 3º e 5º ano e elevar os índices do IDEB com excelência.” (p. 33)

Tais metas possuem relevância, haja vista que a composição do IDEB é obtida a partir das notas dos alunos com os indicadores relacionados ao fluxo escolar. Os indicadores de fluxo possuem ligação inversamente proporcional ao IDEB da escola: quanto mais alto o índice de retenções, menor o índice final da instituição. Já o objetivo

“Planejar, implementar, acompanhar e registrar o processo de avaliação nos níveis: aprendizagem e institucional” (p. 37)

Traz no campo “Ações” a ele relacionadas:

Análise das avaliações diagnósticas, Organização/retorno dos encaminhamentos feitos nos Conselhos de Classe;

Análise dos resultados das avaliações de larga escala: Prova Brasil e Provinha.

Ou seja, a análise coletiva dos resultados obtidos em todo o conjunto de avaliações (da aprendizagem/ sala de aula e em larga escala) serviria como meio de detecção de fragilidades a serem trabalhadas, a fim de manter os trabalhos voltados para as avaliações nos níveis da aprendizagem e institucional.

Por fim, este documento trouxe ainda o seguinte objetivo: “Aumentar índice do IDEB de 6,0 para 6,5” (p. 38)

Tendo como ações:

Organizar o trabalho pedagógico e identificar as fragilidades na aprendizagem, analisar nos conselhos de classe com intervenções pontuais.

Ao analisar este objetivo, há que se observar quais foram as dimensões adotadas pela escola em suas estratégias de organização para as avaliações em larga escala: se ela contempla a dimensão reguladora, ou a dimensão emancipadora, uma vez que ambas se contrapõem.

Houve uma preocupação geral no início do ano letivo com a Avaliação Diagnóstica Inicial de todos os estudantes da escola, para que todos as professoras e a direção pudessem ter um panorama geral das aprendizagens por etapas.

Nas turmas de educação infantil os grafismos infantis foram analisados, a partir das abordagens teóricas sobre o tema. Para as turmas de 1º ano, as professoras aplicaram Aula Entrevista, que consiste em uma anamnese do estudante de forma individualizada, contendo 10 tarefas, que permitem identificar os conhecimentos em leitura e escrita de letras, palavras, textos e associação de letras com palavras e associação de unidades linguísticas (GEEMPA, 2010, p. 13). As aulas-entrevistas foram realizadas conforme cronograma repassado pela direção da escola, uma vez que sua aplicação demanda tempo e exige uma logística diferente de uma avaliação convencional.

Nas turmas do 2º ao 5º ano, as professoras planejaram a aplicação do teste das 10 palavras, que consistia na avaliação dos níveis de leitura e escrita dos estudantes conforme os pressupostos pós-construtivistas de Emília Ferreiro e Ana Teberosky.

Um dos objetivos específicos relatados no PPP da escola refere-se à realização do Projeto Interventivo, que se trata de reunir os alunos da escola de acordo com o nível de aprendizagem da escrita em que se encontram, a fim de diagnosticar dificuldades de aprendizagem e trabalhá-las. Porém não há menção a nenhum projeto que possua o mesmo protocolo com a mesma finalidade, voltada para a matemática.

Nota-se ainda que as diagnoses privilegiam a avaliação da leitura e da escrita, em detrimento da avaliação diagnóstica do conhecimento matemático. Para este conteúdo, as professoras realizam exercícios diversos nas classes, como meio de “relembrar” os assuntos abordados no ano anterior.

No PPP também estava previsto que ao iniciar e finalizar cada bimestre letivo, as professoras deveriam realizar a avaliação diagnóstica da aprendizagem dos estudantes, na perspectiva da avaliação para as aprendizagens, conforme previsto nas “Diretrizes de Avaliação Educacional: Aprendizagem, Institucional e em Larga Escala - 2014 – 2016”, da SEDF. Segundo Flórez e Sammons (2013), a avaliação para as aprendizagens originou-se como uma resposta à necessidade de uma avaliação coerente com tendências pedagógicas voltadas para as abordagens de ensino e aprendizagem construtivistas, o que permite ir além das tradições psicométricas e behavioristas de avaliação, que se concentram em medir o desempenho dos alunos individuais em domínios específicos.

Muito se falou sobre a necessidade de manter a qualidade da educação, contudo estima-se que mais esforços ainda podem ser envidados, apesar de um sem-número de professores buscar a formação continuada como meio de ressignificar suas estratégias e romper com os limites da alienação, resultante do trabalho docente submetido às condições capitalistas (SILVA, 2011).