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CAPÍTULO 2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO

2.6. O quadro Interativo na aprendizagem de matemática

O Quadro Interativo (QI) é um dispositivo de apresentação de informação, cuja imagens ligadas a um computador são projetadas por um projetor digital (Fitas & Costa, 2008). O QI permite o controlo dos programas do computador, possui software que permite o registo do que vai sendo escrito ou desenhado. Mas, também permite escrever de maneira livre e espontânea com a caneta como se fosse um quadro habitual. Com este recurso tecnológico é possível escolher e selecionar imagens de fundo que servem de base para o que se pretende escrever ou

desenhar, trabalhar com formas, fazer rotações, ampliações oureduções e possui bibliotecas de

recursos que podem ser utilizados no QI (Torres, 2008). Este equipamento tecnológico permite criar, modificar, visualizar uma determinada informação ou controlar um computador recorrendo apenas a um dedo, uma caneta ou outra tecnologia similar (Silva & Torres, 2009).

Cada vez mais o Quadro Interativo está a ser introduzido no processo de ensino e de aprendizagem. Entretanto, já suscitou interesse não só de investigadores como também da comunidade educativa e do Ministério da Educação no âmbito do Plano Tecnológico da Educação. O QI proporciona aos professores com as suas múltiplas potencialidades pedagógicas e didáticas uma interatividade entre os seus alunos e auxilia na exposição dos temas a serem estudados (Fitas & Costa, 2008). Possibilita a exploração de documentos em vários formatos, tais como ficheiros ppt e e-books, de software específico de Geometria — como o Cabri3D,

Cinderella, GeoGebra, GSP ou Poly —, Funções — como o Nucalc ou o Winplot — e até applets, jogos e testes interativos — como os QuizFaber ou HotPotatoes.

O Quadro Interativo é dos recursos tecnológicos mais recentes e que aspira transformar a prática de sala de aula dos professores, captar a atenção dos alunos com as suas potencialidades e melhorar o ensino-aprendizagem (Ball, 2003; Meireles, 2006; Santos & Carvalho, 2009; Silva & Torres, 2009). Vários estudos apontam resultados positivos sobre a utilização do QI na sala de aula, tais como o aumento da motivação e do interesse dos alunos fazendo com que estes participem mais e as metodologias usadas pelos professores com o QI proporcionam uma melhoria nos resultados de aprendizagem dos alunos (Fitas & Costa, 2008). Apesar do investimento financeiro que representam, estes recursos tecnológicos têm ganho alguma importância nas comunidades escolares, derivado à sua integração no Plano Tecnológico Nacional (Silva & Torres, 2009). De acordo com Meireles (2006), o uso deste tipo de tecnologia possibilita a utilização de diversos recursos. Os professores podem elaborar as suas aulas em formato eletrónico, utilizar vídeos, imagens, gráficos durante a aula, podem também utilizar várias ferramentas de apoio aos conteúdos específicos do ensino, como por exemplo a folha de cáculo, o software do QI (transferidor virtual, o reconhecimento automático de figuras, templates específicos), assim como possibilita a interação com conteúdos que se encontram na Internet (Fitas & Costa, 2008). Com o quadro interativo é possível gravar tudo o que é feito na aula, podendo ser retomado em aulas futuras.

Segundo Ball (2003), o QI pode apresentar efeitos positivos com a sua utilização no ensino da disciplina de Matemática. Toda a turma e o professor centram a sua atenção numa tela e a atenção do professor está centrada na resposta dos alunos em vez de estar a pensar em colocar a próxima pergunta. Ainda para esta autora, o QI vem influenciar positivamente o ensino da matemática na medida em que a imagem é partilhada numa sala de aula, o que favorece a discussão entre aluno-aluno e aluno-professor e permite que os alunos apresentem e discutam os seus trabalhos. Estes aspetos fazem com que os professores preparem atividades interativas para as suas aulas, reduzam o tempo gasto a escrever, a desenhar e a repetir explicações, o que eleva a uma melhor compreensão pelos alunos dos conteúdos matemáticos. Para Silva e Torres (2009), o QI pode ser um suporte válido para mais facilmente esquematizar, explicar uma ideia, demonstrar um raciocínio, gravar situações da aula e rever momentos indo de encontro ao ritmo que é necessário implementar. Torres (2008) considera que o professor deve aproveitar o auxilio

que este recurso tecnológico oferece, possibilitando o registo e envio de materiais, permitindo também que o aluno tenha um papel mais participativo e atuante, podendo até proporcionar aulas mais dinâmicas.

De acordo com Kent (2006), o QI está inserido numa pedagogia centrada na atividade do aluno. Para que se possa tirar proveito desta tecnologia no ensino da disciplina de matemática, é necessário melhorar a prática de sala de aula através de uma vasta gama de possibilidades que a utilização deste recurso tecnológico proporciona ao ensino e à prendizagem desta disciplina. O uso do QI possibilita ao professor a capacidade de ligar a aprendizagem em sala de aula à vida quotidiana e aos interesses dos alunos. Por exemplo, situações reais obtidas através de uma câmara digital ou da Internet proporcionam no ambiente de sala de aula um discurso suportado pela tecnologia de modo a promover a qualidade intelectual e favorecer um trabalho colaborativo (Kent, 2006). Um estudo realizado por Ferreira (2009), relativo à forma de potenciar as características do Quadro Interativo com o intuito de melhorar o ambiente de aprendizagem e proporcionar uma melhoria na qualidade das aprendizagens ao nível da disciplina de Matemática, confirma a importância da utilização deste recurso tecnológico no estudo da Estatística. Esta tecnologia é vista como um auxilio pedagógico na medida em que é favorável à implementação de processos de interação, reflexão e discussão, motivação para a realização das tarefas, o que proporciona um ambiente de sala de aula dinâmico, favorável à participação ativa dos alunos, como também à compreensão dos conteúdos trabalhados na sala de aula.

Na utilização do Quadro Interativo no processo de ensino da Matemática, Smith, Higgins, Wall e Miller (2005) afirmam que a particularidade deste tipo de recurso tecnológico está na forma interativa com que o professor o utiliza tendo por base dois sentidos: o modo de interação técnica com o equipamento e o modo de interação com os seus alunos. Estes autores referem também a preferência no uso deste recurso por parte de professores e alunos. O QI deve ser utilizado com originalidade e criatividade de modo a potenciar as suas características e ir para além do que se costuma fazer num quadro normal. Porém, ainda quanto ao contributo que este recurso tecnológico pode trazer para a aprendizagem, Ferreira (2009) defende que a utilização do QI na sala de aula pode promover mudanças nas atitudes dos alunos em relação ao estudo dos conteúdos matemáticos, facilitar o desenvolvimento de uma aprendizagem colaborativa na construção e elaboraração de gráficos e na interatividade entre os alunos nas tarefas

investigativas. A utilização do QI proporciona métodos de ensino que valorizem a realização de atividades desafiadoras e interativas. Mas, Silva e Torres (2009) alertam para o facto de este recurso tecnológico servir apenas como um auxílio, devendo ser explorado de maneira significativa para que possa aumentar a participação dos alunos, a sua motivação, concentração e capacidade de aprender.