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CAPÍTULO 5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5.2 Conclusões do estudo

5.2.2. Que Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) são usadas pelos alunos

de aprendizagem de Matemática?

Considerando a importância que as TIC adquiriram nos nossos dias a escola busca cada vez mais enquadrar a utilização das TIC na sala de aula, respondendo às orientações e sugestões metodológicas dos programas escolares, o que faz com que os professores cada vez mais usem esses recursos na sua prática pedagógica de modo a favorecer a aprendizagem dos seus alunos de conteúdos matemáticos. Da análise dos dados recolhidos deste estudo, as TIC que são mais referidas por alunos do ensino médio, da cidade de Fortaleza, e do ensino secundário, da cidade de Braga, são a calculadora, o computadore e a Internet.

Calculadora. Quanto à acessibilidade dos alunos do ensino médio às calculadoras nos seus estudos de casa, verificou-se que a maioria dos alunos 266 (76,2%) possui este recurso tecnológico. Os alunos brasileiros fazem referência à utilização da calculadora, para a realização de procedimentos de cálculo na resolução de problemas e de exercícios, em detrimento de evidenciarem as potencialidades gráficas da calculadora. Nas atividades matemáticas realizadas na escola, aproximadamente 52 alunos em cada 100 usam este recurso nas aulas de Matemática. Os resultados indicam que os alunos brasileiros utilizam a calculadora na sala de aula para efetuar cálculos, resolver exercícios e problemas. Uma vez por outra usam este recurso tecnológico na realização de tarefas de investigação, de testes de avaliação, na construção de gráficos e na apresentação de resultados à turma. De um modo geral, a utilização

da calculadora pelos alunos do ensino médio acentua-se à medida que avançam na escolaridade, provavelmente pelo acentuar da complexidade das tarefas que lhes são propostas. Como refere Rocha (2000), o tipo de tarefas aplicadas aos alunos influenciam o modo como a calculadora gráfica pode ser utilizada. Porém, como as potencialidades gráficas tendem a substituir as rotinas mentais e de escrita utilizadas para representar um gráfico, não se deve esperar que os alunos compreendam os gráficos intuitivamente apenas porque dispõem de uma calculadora.

Em relação aos alunos do ensino secundário das escolas de Braga, a acessibilidade às calculadoras está praticamente presente em todas as tarefas de matemática durante os três anos de escolaridade. Cerca de 439 (98%) alunos afirma ter este recurso tecnológico para realizar as suas atividades matemáticas. Estes resultados vêm confirmar a importância que este recurso tem nos programas de matemática. Nos três anos de escolaridade, os alunos portugueses evidenciam o uso da calculadora gráfica para efetuar cálculos, resolver problemas, tarefas de investigação, exercícios e apresentar resultados à turma. Verificou-se uma utilização aproximada do uso da calculadora pelos alunos dos três anos escolares, o que sustenta as recomendações dos programas de Matemática destes anos: “as calculadoras gráficas, que cada vez mais se utilizam correntemente, devem ser entendidas não só como instrumentos de cálculo, mas também como meios incentivadores do espírito de pesquisa, sendo de uso obrigatório” (Ministério da Educação, 2002, p. 34)

Computador. Constatou-se que este recurso tecnológico está presente nas escolas do ensino médio de Fortaleza, pois cerca de 253 (72,5%) alunos brasileiros referem que as escolas onde estudam possuem computador. Porém, o seu uso raramente é feito na sala de aula de Matemática, o que esporadicamente acontece para aceder à Internet e para resolver problemas, exercícios e tarefas de investigação. Dos resultados obtidos, a variação da utilização do computador entre os alunos do ensino médio não é expressiva. Entre os alunos do ensino médio os que mais usam o computador nas suas atividades são os do 3.º ano, embora raramente para aceder à Internet e para usar a Folha de Cálculo no estudo de Probabilidade e Funções. Na realização dos seus estudos em casa, os alunos brasileiros referem que usam raramente o computador para resolver problema, exercícios e tarefas investigativas. Finalmente, verificou-se que o uso do computador para aceder à Internet é aproximadamente o mesmo pelos alunos dos três anos do ensino médio. Também se verificou que os alunos do 1.º ano e do 2.º ano

raramente utilizam este recurso para resolver problemas, enquanto os alunos do 3.º ano já o utilizam algumas vezes na resolução de tarefas de investigação e de exercícios. A pouca expressão que a utilização do computador tem nas atividades da disciplina de Matemática dos alunos do ensino médio não proporciona oportunidades para que, tal como defende o NCTM (2007), visualizar melhor as ideias matemáticas, compreender, organizar e analisar os conceitos matemáticos.

Entre os alunos do ensino secundário, o computador aparece como o segundo recurso tecnológico mais utilizado para a realização de atividades matemáticas. Verificou-se que 338 (75,4%) alunos portugueses dizem que as suas escolas possuem computador para serem utilizados na exploração dos conteúdos matemáticos. Estes alunos enfatizam que raramente usam este recurso tecnológico para aceder à Internet. Verificou-se que não existe variação quanto ao uso do computador à medida que os alunos avançam na escolaridade. Relativamente à utilização do computador nas atividades de casa, os alunos dos três anos do ensino secundário recorrem muitas vezes para aceder à Internet, resolver problemas, exercícios e algumas vezes para realizarem tarefas investigativas. De acordo com Rodrigues (2000) o computador deverá ser um mediador entre a atividade e a aprendizagem. Esta autora enfatiza a importância das interações sociais na aprendizagem da matemática uma vez que é através dessas interações que se desenvolve o processo de raciocínio, que se argumenta, que se constrói o conhecimento matemático, salientando que os sistema cognitivo e social são proporcionados pelas atividades, pelas pessoas em ação e em interação, como também pelos recursos mediadores das atividades.

Internet. O acesso à Internet é uma realidade entre os alunos do ensino médio das escolas de Fortaleza. Cerca de 195 (55,9%) alunos acedem a este recurso em casa. Estes alunos não apresentam valores muito favoráveis quanto ao acesso da Internet na realização das atividades matemáticas. Os alunos brasileiros apontam que no acesso à Internet, apenas o fazem para comunicar com os seus colegas por meios eletrónicos, algumas vezes para tirar dúvidas com os colegas de sala, muito raramente para trabalhar em grupo, mais raramente

usam este recurso para fazer pesquisas sobre temas matemáticos, tirar dúvidas com o

professor, resolver tarefas investigativas, como também para explorar softwares para realizarem as suas tarefas matemáticas. Entre os alunos dos três anos do ensino médio, os do 3.º ano têm um maior destaque na utilização que dão a este recurso, embora não seja muito expressivo.

Para Borba (2010), a Internet possibilita a produção e construção do conhecimento matemático em diferentes contextos de sala aula. Dos resultados deste estudo verificou-se que o Telemóvel aparece como o segundo recurso tecnológico mais utilizado nas atividades matemáticas pelos alunos brasileiros, talvez porque este recurso permita aos alunos aceder à Web para fazer pesquisas sobre temas matemáticos ou para fazer cálculos numéricos.

No caso dos alunos do ensino secundário, 419 (94%) alunos afirmam aceder à Internet em casa. Os alunos do 10.º ano referem que acessam a Internet para pesquisar informações e explorar recursos que permitam mostrar e visualizar conceitos matemáticos. Verificou-se que os alunos do ensino secundário muitas vezes acessam a Internet apenas para comunicar com os colegas (nos três anos de escolaridade), algumas vezes para tirar dúvidas e trabalhar em grupo com os colegas. Deste resultados pode inferir-se que raramente os alunos portugueses usam a Internet para tirar dúvidas com o professor e pesquisar temas matemáticos e muito pouco para explorar softwares na resolução de tarefas de estudo ou discutir assuntos matemáticos em fóruns. No geral, o acesso à Internet ainda não é muito explorado pelos alunos das escolas do ensino médio da cidade de Fortaleza e do ensino secundário da cidade Braga. Bentes (1999) enfatiza que o acesso a Internet contribui para oferecer “novas formas para representar, apresentar e trocar informação e ideias” (p. 247).

Quadro Interativo. Os alunos brasileiros e portugueses raramente utilizam este recurso, embora alguns deles já o experimentaram para resolver problemas, exercícios, apresentar resultados à turma de suas atividades e elaborar composições sobre temas matemáticos. Entre os alunos do ensino médio, o uso do quadro interativo aumenta de acordo com o ano de escolaridade. Entre os alunos portugueses, são os do 12.º ano que utilizam mais este recurso do que os alunos de outros anos de escolaridade, principalmente na resolução de problemas e na leitura de textos matemáticos. Tais resultados contrariam a aposta política que se assiste em Portugal em equipar as salas de aula de muitas escolas do ensino secundário com o QI. A concretização de estratégias de ensino que potenciem a aprendizagem colaborativa entre os alunos, através deste recurso, não se torna possível provavelmente por falta de formação de alguns professores, por falta de referências de como rentabilizar este recurso na aula de matemática e pela conceção de ensino ainda enraizada em alguns professores de Matemática de que ensinar consiste em transmitir aos alunos a formação de conceitos matemáticos. Não se

torna assim possível de inferir se o QI tem impacto na aprendizagem dos alunos, como foi constatado no estudo de Fitas e Costa (2008).

Plataforma Moodle. No que respeita ao uso do Moodle, a maior parte dos alunos do ensino médio, das escolas de Fortaleza, como do ensino secundário, das escolas de Braga, recorrem pouco a este recurso nas suas atividades de matemática. Os alunos brasileiros pouco

utilizam o Moodle na realização de trabalhos com colegas, de testes online e para aceder a

fóruns de discussão sobre assuntos matemáticos. Já os alunos do ensino secundário recorrem ao Moodle para aceder a textos da escola, do seu professor e algumas vezes para resolver testes online, como também para realizar trabalhos com os seus colegas. De entre os alunos brasileiros, os do 3.º ano do ensino médio apontam que recorrem muito poucas vezes e acedem a este recurso para realizar as suas atividades de casa. Relativamente aos alunos do ensino

secundário, constata-se que utilizam o Moodle nas suas tarefas de casa. Atendendo aos

resultados obtidos, pode inferir-se que as escolas de Fortaleza ainda não estão preparadas para

utilizar a plataforma Moodle, enquanto as escolas secundárias de Braga possuem salas

equipadas com diversos recursos tecnológicos, como por exemplo o computador. Porém, os alunos do ensino secundário usam muito pouco a Plataforma Moodle, talvez porque os professores ainda não se sentem muito à vontade para utilizar este recurso na sua prática pedagógica (Cruz, 2012).

Em relação à forma como as TIC são usadas na sala de aula, os alunos do ensino médio das escolas de Fortaleza apontam que raramente estes recursos são usados pelo professor na introdução de conceitos e na explicação de conteúdos matemáticos. Já no que diz respeito ao desenvolvimento das atividades, alguns alunos utilizam as TIC para resolver exercícios e problemas, apresentar trabalhos, pesquisar informação e apresentar à turma as suas resoluções. Relativamente aos alunos do ensino secundário das escolas de Braga, as TIC são utilizadas algumas vezes pelo professor para introduzir e explicar conceitos matemáticos. Em relação aos alunos, estes usam as TIC para resolver exercícios e problemas e apresentar soluções. Entre os alunos portugueses, raramente fazem uso dos recursos tecnológicos para estabelecer regras e propriedades, pesquisar informação sobre assuntos matemáticos e para apresentar os trabalhos nas aulas de matemática. De acordo com Martins e Reis (2008), as TIC favorecem o desenvolvimento da capacidade do aluno construir e partilhar o conhecimento de uma forma colaborativa.

Dos resultados obtidos, verificou-se que os alunos do ensino secundário das escolas de Braga, recorrem mais aos recursos tecnológicos para realizarem as suas atividades de Matemática do que os alunos do ensino médio das escolas de Fortaleza. Mas, salienta-se que o telemóvel é o segundo recurso tecnológico que os alunos brasileiros mais utilizam no desenvolvimento de suas tarefas matemáticas.

Em jeito de síntese, constata-se que os resultados revelam que as TIC ainda não são devidamente exploradas pelos alunos brasileiros e portugueses nas suas atividades de modo a envolvê-los na construção do conhecimento matemático.

5.2.3. Quais as vantagens e limitações que os alunos brasileiros e portugueses