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CAPÍTULO 5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5.2 Conclusões do estudo

5.2.3. Quais as vantagens e limitações que os alunos brasileiros e portugueses atribuem à

Em relação às vantagens da utilização das TIC nas atividades de matemática foram apontadas pelos alunos do ensino médio, das escolas de Fortaleza, as seguintes: a aprendizagem fica mais fácil e prática, maior informação e interação, maior compreensão dos conteúdos matemáticos. O email, o chat e os fóruns permitem recorrer ao professor ou aos colegas para clarificar dúvidas sobre conteúdos que não entenderem na sala de aula. Para os alunos brasileiros as resoluções das tarefas ficam mais rápidas, como também aumenta a informação sobre os temas estudados com a realização de pesquisas. Estes alunos consideram que as TIC facilitam o desenvolvimento do raciocínio e a resolução de testes.

Relativamente aos alunos do ensino secundário, das escolas da cidade de Braga, verificou-se que ao usarem recursos tecnológicos os conteúdos matemáticos ficam mais fáceis, a resolução de problema se torna mais rápida e o interesse pela Matemática aumenta. Maior parte dos alunos tende a considerar que as TIC favorecem a compreensão dos conteúdos explorados na sala de aula e o desenvolvimento do raciocínio. Borba (2010) e Ponte (2000) consideram que o uso das TIC desenvolve novas atitudes no aluno em relação à disciplina de Matemática, tais como a confiança e autorealização, e a perceção do significado de conteúdos matemáticos.

No geral, verificou-se que os alunos brasileiros e portugueses são favoráveis à utilização das TIC para melhorarem os seus desempenhos na disciplina, referem que ao usarem recursos tecnológicos aumenta os seus conhecimentos matemáticos e proporciona uma maior interação entre professor-aluno e aluno-aluno, principalmente através da comunicação através da Internet.

Relativamente às desvantagens da utilização das TIC nas atividades de Matemática pelos alunos do ensino médio são: para cada 100, cerca de 20 dizem que os alunos ficam distraídos, aproximadamente 16 consideram que ficam com menos capacidade de raciocinar, aproximadamente 8 esquecem de usar o lápis e o papel para realizarem os seus cálculos, cerca de 7 afirmam que não se pode confiar totalmente nos recursos tecnológicos, 4 apontam que nem todos os alunos têm acesso às TIC.

Já para os alunos portugueses, as desvantagens são: para cada 100, cerca de 31 alunos consideram que a utilização das TIC os distrai, aproximadamente 18 afirmam que diminui a capacidade de raciocínio, 6 apontam que nem todos têm acesso às TIC, 5 dizem que não se pode confiar totalmente nos recursos tecnológicos e que é preciso também aprender a desenvolver os cálculos com lápis e papel, 3 acham que a falha na Internet e o uso para outros fins podem atrapalhar na compreensão dos conteúdos, 3 alunos referem que as TIC fazem os alunos esquecerem de usar o lápis e o papel.

Em relação aos resultados obtidos neste estudo observou-se que as desvantagens justificadas pelos alunos do ensino médio e do ensino secundário estão mais associadas a fatores sociais do que ao uso das TIC na realização de suas atividades matemática.

5.2.4 O desempenho dos alunos brasileiros e portugueses à disciplina de Matemática repercute-se nas suas perspectivas sobre a utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação na aprendizagem da Matemática?

Este estudo revelou que a utilização das TIC favorece a aprendizagem da disciplina de Matemática quando esses recursos são usados pelos alunos para facilitar a compreensão dos diversos temas matemáticos. Os alunos das escolas de ensino médio, mediante os aspetos atitudinais, revelam que a utilização de recursos tecnológicos favorece a autoconfiança (64 alunos em cada 100), mas por outro lado os distrai (57 alunos em cada 100). No aspeto relacionado com a aprendizagem, a maioria dos alunos brasileiros raramente usa estes recursos para desenvolver a capacidade crítica e do raciocínio, como também para desenvolver a capacidade de comunicar matematicamente. Verificou-se que resolvem melhor os problemas e compreendem melhor os conceitos matemáticos quando utilizam recursos tecnológicos. No aspeto da acessibilidade das TIC na realização das suas atividades, aproximadamente 55 alunos em 100 afirmam ter usado algumas vezes recursos tecnológicos nas atividades de avaliação.

Para os alunos do ensino secundário, no que se refere aos aspectos atitudinais, a maioria deles destaca a autoconfiança (aproximadamente 67 alunos em 100) na utilização de recursos tecnológicos nas suas atividades, embora algumas vezes as TIC os distraiam (aproximadamente 54 em 100). Em relação à aprendizagem, assim como os alunos brasileiros, os portugueses afirmam que raramente utilizam esses recursos para desenvolver a capacidade crítica e de raciocínio. Estes alunos consideram que o uso de recursos tecnológicos desenvolve a capacidade de comunicar matematicamente. Os alunos do ensino secundário fazem alusão à utilização das TIC para facilitar a resolução de problemas e compreender os conceitos matemáticos. Já no caso da acessibilidade das TIC na realização das suas atividades, usam os recursos tecnológicos muitas vezes para resolver as atividades avaliativas (76 alunos em 100).

Em termos de significância estatística, os alunos do ensino médio das escolas de Fortaleza não apresentam grandes diferenças entre os dois grupos de desempenhos (médio e bom). Em cinco itens, observa-se que os alunos brasileiros de desempenho médio têm uma média ligeiramente superior no que diz respeito à influência da utilização das TIC na promoção da autoconfiança nas atividades de aprendizagem de matemática, na resolução de problemas, na compreensão dos conceitos matemáticos – o que tendem a considerar que aprendem mais com as TIC do que com apenas o papel e lápis – e na resolução de testes de avaliação. Já nos seis itens restantes, são os alunos brasileiros de desempenho bom que têm uma média superior, quer nos que diz respeito à promoção da aprendizagem — o que se traduz na motivação para a aprendizagem de matemática, em os desafiar a pensar, no desenvolvimento da capacidade de comunicação matemática —, quer no que se refere ao fator de dístração nas suas atividades e de inibição do desenvolvimento da sua capacidade crítica e de raciocínio. Em termos de significância estatística, não se verificou diferenças estatisticamente significativas entre as respostas dos alunos dos níveis de desempenho considerados.

Para os alunos portugueses, a análise de desempenho mostra que na maioria dos itens não há grandes diferenças entre as médias nos três grupos (fraco, médio e bom). Em sete itens verifica-se que os alunos de desempenho fraco têm uma média ligeiramente superior à média dos alunos médios e dos alunos bons nos seguintes itens: na promoção da motivação para aprender matemática, o que tendem a reconhecer que favorece a aprendizagem a esta disciplina, e a desafiá-los a pensar, da capacidade de comunicação matemática e na melhor compreensão dos conceitos matemáticos do que com apenas o papel e lápis. Os alunos

portugueses de desempenho fraco consideram que as TIC tendem a distraí-los nas suas atividades e a prejudicar o desenvolvimento da sua capacidade crítica. Os alunos de desempenho médio apresentam uma média ligeiramente superior às médias dos alunos fracos e dos alunos bons na utilização das TIC na promoção da autoconfiança nas atividades de aprendizagem de matemática, na resolução de problemas, mas é um fator de inibição ao desenvolvimento da sua capacidade de raciocínio. Apenas no item sobre o uso das TIC nos testes de avaliação, são os alunos com média de desempenho bom que fazem mais alusão dessa utilização.

Entre os alunos portugueses, verificou-se diferenças estatisticamente significativas em três itens: “prejudica o desenvolvimento da minha capacidade crítica”, obtiveram-se diferenças estatisticamente significativas entre os alunos de desempenho médio e bom (p<0,05); “desenvolve a minha capacidade de comunicação matemática” e “faz com que compreenda melhor do que quando uso apenas papel e lápis”, apesar das diferenças entre os três grupos, não se obtiveram diferenças estatisticamente significativas entre quaisquer dois dos grupos de desempenho.

Alguns autores, como por exemplo Reed et al. (2010), consideram que os alunos tendem a melhorar as suas atitudes em relação à disciplina de Matemática quando utilizam as TIC para resolverem as suas atividades, mesmo aqueles que apresentam um desempenho fraco. Os autores consideram que, de um modo geral, os alunos são recetivos à utilização destes recursos, o que se traduz na melhoria do seu desempenho na aprendizagem de conceitos matemáticos.

Num outro estudo, realizado por Gonçalves (2011) com alunos do 7.º ano no ensino e na aprendizagem de Estatística com tecnologia, a autora verificou que os alunos com desempenho fraco evidenciaram mais o papel da tecnologia no desenvolvimento das atividades da sala de aula, como por exemplo no despoletar da discussão no trabalho de grupo, do que os melhores alunos. Para esta autora, esta diferença de perspetivas deve-se, como também refere o NCTM (2007), ao fator motivacional que o ambiente com tecnologia tem nos alunos mais distraídos e com dificuldades em procedimentos básicos e de organização. Neste estudo, os alunos com desempenho fraco revelaram que aprendem melhor Estatística quando usam tecnologia do que os alunos com bom desempenho. A reação destes alunos poderá dever-se ao desenvolvimento das suas estruturas de aprendizagem a partir de estratégias de ensino

centradas sobretudo na atividade do professor, o que resulta na resistência à inovação (Ponte et al., 1998). Os seus esquemas de aprendizagem tornam-se estáveis e capazes de responder com sucesso às exigências da avaliação externa. A alteração da forma como o professor dinamiza as atividades de aprendizagem na sala de aula e extra sala de aula poderá fazer com que os alunos de diferentes níveis de desempenho valorizem a utilização das TIC na exploração dos diferentes tipos de tarefas que lhes são propostos (Mariotti, 2002).