Para restabelecer o desenvolvimento econômico do território de Sergipe del Rey, que havia antes da invasão holandesa, a Coroa portuguesa não modificou a estrutura produtiva existente e, mais uma vez, contou com a prática de entregar a terceiros a tarefa da recuperação, como a doação de sesmarias que garantiria mais uma vez a conquista, segurança e consequentemente recolhimento de impostos. Essas novas propriedades vinham com a condição de reorganização, de defesa do território contra inimigos externos e internos e como revigoramento do comércio entre as capitanias da América portuguesa.
É importante frisar que a continuidade da política de doações para atividades criatórias em Sergipe del Rei contribuía como umas das soluções dos agravantes pelo qual a Coroa portuguesa passava na segunda metade do século XVII: finanças deficitárias, contingente populacional diminuído e exército debilitado e mal treinado. Mesmo diante dessas condições, a pecuária se expandiu, pois não exigia investimentos de capital alto como a da cana de açúcar, por ser economia que utilizava basicamente
87
Essa afirmativa pode ser conferida nas obras de Maria Thetis Nunes, Felisbelo Freire e em BEZERRA, Felte. Etnias sergipanas: contribuição ao seu estudo. Aracaju: Gráfica Editora J. Andrade, 1984. p. 50.
88
CARTA do capitão mor da capitania de Sergipe del Rei Francisco da costa ao rei comunicando que andava um homem fazendo minas para descobrir ouro em Itabaiana. AHU, Sergipe del Rey, Cx. 06, doc. 21 e 23. 29/12/1742.
89
CARTA do capitão mor da capitania de Sergipe del Rei Francisco da Costa ao rei comunicando que andava um homem fazendo minas para descobrir ouro em Itabaiana. Doc. Cit.
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mão de obra indígena.90 Dessa forma, doando sesmarias como passo inicial, a Coroa garantia que os colonos dessem continuidade ao processo de expansão colonial.
As sesmarias doadas entre as décadas de 1650 e 1670, variavam em tamanho e de acordo com a necessidade da localidade. Assim, quando a petição estava indicando um local com a presença de nações indígenas que dificultava o acesso e os caminhos entre capitanias, a extensão passou a ser maior que em áreas já densamente povoadas como se pode ver no quadro seguinte.
Quadro 03
Sesmarias doadas em Sergipe del Rey na década de 1650
NOME ANO LOCALIDADE TAMANHO FUNÇÃO
Pe. Antônio
Pereira 1654
Rio São Francisco, Jacobina até o rio Salitre.
20 léguas
Estabelecer currais com a criação de gado. Era região de índio “bravo”. Pe. Antônio Pereira, Catarina Folgaça, Francisco Dias D’Ávila, Bernardo Pereira. 1657 Rio de São Francisco da parte de cima. 40 léguas (sendo 10 para cada um).
Estabelecer currais com a criação de gado. Era região de índio “bravo”.
Fonte: Dados elaborados por Luís Siqueira a partir dos pedidos de sesmarias existentes nos Documentos Históricos da Biblioteca Nacional, Vol. XIX da Série E XVII. pp. 123-125; 442-458.
De acordo com o quadro 03, os solicitantes receberam grandes lotes para manter suas fazendas com a criação de gado. Tais glebas situavam-se às margens do rio São Francisco. Nos pedidos dessas sesmarias constam que os agraciados eram residentes na capitania baiana e eram pessoas de “grandes cabedais”.91 Nas justificativas apresentadas em prol de seus agraciamentos, costumava-se enfatizar que a localidade era ocupada por índios considerados bravos e que a ocupação seria benéfica para a Coroa, uma vez que se poderia resolver o problema da submissão desses povos,
90
FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. 26 ed. São Paulo: Cia da Editora Nacional, 1997, pp. 58-59.
91
Grandes cabedais significavam, no contexto da solicitação, condições materiais e financeiras para se empreender o projeto de construção de currais e fazendas.
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aumentar o patrimônio real com o pagamento de impostos e garantir o território em nome do rei.
Se as doações dessas sesmarias na parte sul da capitania foram extensas, as doadas no raio de proximidade da cidade de Cristóvão, centro administrativo da capitania, foram de tamanho reduzido. Esses novos lotes de terra foram solicitados na década de 1660 por moradores já residentes na capitania sergipana, como se pode perceber no próximo quadro.
Quadro 04
Sesmarias doadas em Sergipe del Rey na década de 1660
NOME ANO LOCALIDADE TAMANHO FUNÇÃO
Manuel da Rocha Pitta
1664 Rio Vasa-Barris
até Itabaiana
1 légua e meia Criar gado. Balthazar
Lourenço Pacheco
1665 Rio Sergipe pela
parte norte. 1 légua
Criar gado e outras “criações”. Baltazar Lourenço Pacheco e José Leitão de Barros
1665 Não aparece 2 léguas Montar engenho.
Pedro d’Abreu Lima
1665 Rio São Francisco 3 léguas Criar gado e
mantimentos. Domingos
Dias
1665 Rio Siriri 1 légua Criar gado.
Fonte: Dados elaborados por Luís Siqueira a partir dos pedidos de sesmarias existentes nos Documentos Históricos da Biblioteca Nacional, vol. XXII p. 53-60; 67-71;172-176.
Se se comparar os quadros 03 e 04, pode-se perceber que os lotes doados posteriormente eram menores, mesmo que, em sua maioria, solicitados igualmente para a criação de gado. Nesses novos pedidos e confirmações, constavam as seguintes justificativas: a participação na guerra holandesa e nas tropas de ordenanças;92 o tempo de moradia na capitania; o retorno para a capitania depois da fuga provocada pela guerra
92
REGISTRO de Carta de Sesmaria do capitão Manuel da Rocha Pita de meia légua de terra no rio Piabassu e a metade pelo rio Vazabarris abaixo e a outra metade para cima. DHBN. Vol. XXII. 29/12/1664. p. 58.
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dos holandeses; e a condição do direito de herança.93 No caso destas duas últimas razões, na verdade, o que se efetivou foi a reconfirmacão da posse. A última solicitação de sesmaria indicada na documentação sobre esse século data de 1670, cujo lote foi dado ao ex-capitão mor Matheus Marinho Leão, também para a criação de gado.94
Um dado que chamou a atenção nas concessões de sesmaria foi a pressa e o cuidado da Coroa portuguesa em repovoar os espaços ou termos que compreendiam o raio de proximidades da cidade de São Cristóvão. Desse modo, o solicitador que recebesse tal lote dentro do limite solicitado seria bonificado com privilégio de não pagar “foro nem tributo algum e somente dizimos que se deve ordem de nosso senhor Jesus Cristo, com as condições e obrigações do foral dado das terras na forma da Ordenação do quarto Livro das Sesmarias”.95
A economia da pecuária, além de garantir posse do território, também contribuiu, de forma indireta, com a defesa militar da capitania, pois quando o número de soldados era insuficiente ou demorasse a chegar a São Cristóvão, eram os curraleiros que faziam a proteção da capital sergipana.96 Essa atitude contributiva em prol da salvaguarda local começou a cair em desobrigação à medida que tropas pagas foram enviadas pelo governador geral, isentando os criadores de realizarem a defesa do território.97 Era responsabilidade da Câmara de Vereadores o sustento dessas tropas, cujo pagamento provinha da cobrança de impostos sobre a criação de gado e da importação de gêneros alimentícios.
Além da função de defesa territorial, a pecuária contribuía para eliminar problemas de ordem social provocados pela fome que muitas vezes assolava a capitania. Com a escassez de alimentos, no início da década de 1650, o governador geral determinou o envio de trezentas cabeças de gado para alimentar a população local, o que incluía também o pagamento em espécie das tropas de soldados que se destacavam
93
REGISTRO de uma Provisão por que se deu de sesmaria a Balthazar Lourenço Pacheco e seu irmão Urbano Pacheco e José Leitão de Barros, de duas léguas de terras no rio de Sergipe de El-Rei. DHBN. Vol. XXII. 10/02/1665. p. 53.
94
REGISTRO de uma Provisão de data de terras a Matheus Marinho Leão na capitania de Sergipe d’El- Rei. DHBN. Vol. XXIV. 22/12/1670. pp. 72-74. No documento não parece a localidade dessa sesmaria, consta apenas nomes de outro sesmeiros que faziam limites com o lote do solicitante.
95
REGISTRO de outra sesmaria do padre Antônio Pereira e mais pessoas nella conteúdas. DHBN. Vol. XIX da Série E XVII. 08/10/1657. p. 454.
96
CARTA em que se respondeu às propostas dos officiaes da Camara da capitania de Sergipe Del Rei em 08/07/1651. DHBN. Vol. III da Série E I, p. 125.
97
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na localidade.98 Provavelmente o preço da carne bovina e de seus derivados era negociado a valores módicos para moradores de menor condição econômica. Tal atitude eliminava possíveis focos de assaltos às fazendas de gado, bem como a fuga de soldados, ações muito frequentes então.
Outra atividade produtiva na capitania sergipana que acompanhava à pecuária e que preocupou a Coroa portuguesa foi a do tabaco. A historiografia brasileira tradicional99 com base na teoria da fronteira aberta defende que a produção tabageira esteve associada à economia canavieira, como condição de econômica subsidiária, existindo a partir das áreas reaproveitáveis dos engenhos.100 No caso de Sergipe del Rey, essa especificidade parece que não se aplica porque as unidades de produção esteve associadas de modo conjunto as fazendas de gado.101 Na capitania as áreas de plantações estavam situadas entre o rio Real, São Cristóvão e Cotinguiba,102 localidades que, no final de século XVII, passaram a ser as vilas de Lagarto e de Itabaiana, depois se expandindo para as margens do rio São Francisco. Antonil informava, no início do século XVIII, que o cultivo dessa planta para fins comerciais tinha começado há um século e “tem dado e dá atualmente grande cabedais aos moradores do Brasil”.103
De acordo ainda com Antonil, o cultivo do tabaco não necessitava de grandes investimentos de capitais, apenas uma série de cuidados em limpar a planta, capar, desfolhar, espinicar, torcer, enrolar encourar e pisar.104 Além desses cuidados, era necessário o uso do esterco do gado que se criava nas fazendas.105 Essa necessidade fez com que a cultura fumageira na capitania sergipana estivesse ligava simultânea e paralelamente à atividade criatória.
98
CARTA para os officiaes da câmara da cidade de São Cristóvão em 16/10/1651. DHBN. Vol. III da série E I. pp. 139-140.
99
As referências à atividade fumageira provém dos estudos de Caio Prado Júnior e Celso Frutado. No final da década de 1960, José Roberto do Amaral Lapa chamou atenção para a importância do estudo sobre o fumo no período colonial. LAPA, José Roberto do Amaral. Esquemas para um estudo do tabaco baiano no período colonial. Afro-Ásia, Salvador, n.6-7, jun. e dez. 1968. p. 83-84.
100
Na América portuguesa, Bahia e Pernambuco eram as capitanias com mais áreas destinadas à plantação de tabaco. As unidades produtoras pertenciam a roceiros, proprietários de escravos e sitiantes. Sobre a produção tabageira ver: LOPES, Gustavo Acioli. Negócios da Costa da Mina e o comércio Atlântico: tabaco, açúcar, ouro e tráfico de escravos (154-11760). Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo: Programa de Pós-Graduação em História Econômica, 2008.
101
A atividade econômica do tabaco em Sergipe del Rey carece de estudos mais profundados. Basicamente, as referências mais citadas na historiografia sergipana sobre a produção tabageira são as da historiadora Maria Thétis Nunes, na obra Sergipe Colonial I.
102
Essas localizações aparecem na obra de Antonil e na documentação apresentada ao longo do capítulo.
103
André João Antonil. Cultura e opulência do Brasil. Op. Cit. p. 149.
104
Idem. p. 150.
105
56
Como dito, em Sergipe del Rey, as plantações do tabaco cresceram junto com as atividades criatórias. Em carta enviada ao desembargador Bento Rebello, em 1657, o conde de Atouguia criticava a ganância dos cultivadores da capitania, que, mesmo em situação de carência de alimentos, a exemplo da farinha, davam prioridades ao cultivo do tabaco e que, por isso, não seria admitido que
não tenha esse povo com que sustentar-se ou se o não tem, que houvesse tanta ambição do tabaco que se esquecessem das roças e para castigo de seu descuido tratem de dar a infantaria o que eles buscarem por pessoas que da Bahia se lhes não ha de enviar um sirio de farinha.106
As preocupações do conde de Atouguia para com a ambição dos cultivadores do tabaco tinham como motivo a necessidade de defesa da capitania, cujo sustento dos soldados era de responsabilidade da Câmara de São Cristóvão, que, por sua vez, cobrava da população o plantio e produção de farinha, porque as tropas pagas que eram enviadas da Bahia para a capitania sergipana recebiam, como pagamento, a farinha em determinadas quantidades.
O cultivo do tabaco também atraía a atenção dos soldados pagos, enviados para realizar a defesa das capitanias vizinhas. Esses militares, muitas vezes, acabavam se tornando desordeiros ao se desaviarem de afazeres militares, fugindo de seus postos de trabalho para se dedicarem ao plantio e ao contrabando da atividade fumageira na capitania, como evidenciou o governador geral, Conde de Óbidos, em carta enviada ao capitão mor em 1664. Na missiva, o governante determinava ao capitão mor de Sergipe del Rey que os soldados que perambulassem entre capitanias sem licença de três meses “os prenda e mande com recado a esta praça fazendo particular diligencia a execução desta ordem sem estrondo para melhor se conseguir”.107
O governador geral reprovava a atuação dos soldados no plantio e no contrabando do tabaco, haja vista que tais ações mexiam com dois pontos fundamentais na dinâmica da capitania. Primeiro, a necessidade de defesa e salvaguarda territorial; segundo, essa atividade econômica contribuía para a geração de rendas e pagamentos de
106
CARTA para o desembargador Bento Rebello estando em Sergipe del Rei, em 01/03/1657. DHBN. Vol. III da Série I. p. 380. Destaque meu.
107
CARTA para o capitão mor da capitania de Sergipe del Rey. Arquivo Público do Estado da Bahia. Seção de Arquivo Colonial e Provincial. Governo Geral. Registro de correspondências expedidas para autoridades diversas. 1657-1666. n 148.
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impostos cobrados sobre sua produção. Desse modo, controlar a atuação de soldados desordeiros e contrabandistas era uma tentativa de garantir a segurança local, uma vez que a costa sergipana era visitada frequentemente por piratas de outras nações, tais como franceses e holandeses, que também tinham interesses na comercialização do produto, prática que já tinha sido denunciada pelo capitão mor Jeronimo de Albuquerque. Em 1657, Albuquerque informou que a capitania estava sem
Fortificação alguma, ha barra deste rio he bastantemente frequentada dos navios, embarcações menores do inimigo, que com as esperanças de fazerem preza nos tabacos que desta capitania vam para a Bahia senão apartam desta costa.108
A comercialização do tabaco era importante tanto para a colônia como para a metrópole e estava na pauta das exportações de Sergipe del Rey, geralmente servindo como garantia do pagamento de impostos pelos quais a capitania era obrigada a pagar. O fumo era comercializado através do porto da Bahia, na alfândega, de lá seguindo para Portugal, de onde era redistribuído para a Europa, em especial à Inglaterra. No início do século XVIII, chegavam ao porto de Lisboa “vinte e cinco mil rolos para cima”.109
Pela importância e circulação que o tabaco teve nas transações do comércio internacional que envolvia Portugal e outras nações, Antonil deu muita atenção a essa atividade, destacando os lugares por onde esse produto era consumido, citando a Grã- Bretanha, França, Flandres, Itália e outras partes da Europa.110
Segundo o cronista, do produto que aportava em Portugal, se pagava um contrato com as câmaras locais de setenta reis por rolo, sendo que deste o rei tinha direito à terceira parte, ficando os outros dois terços para o pagamento das tropas militares do exército regular instalada nos presídios das cidades111, provavelmente os de Salvador e de São Cristóvão. O cronista ainda informa que se extraíam treze mil arrobas para a navegação da costa da Mina, na África.112
Na década de 1660, a capitania de Sergipe del Rey era obrigada a pagar a Coroa portuguesa mil arrobas do produto por ano em razão do imposto de Paz da
108
CARTA do capitão mor Jerônimo de Albuquerque ao rei em 27/07/1657. AHU, Sergipe del Rey, Cx. 01, Doc. 09.
109
André João Antonil. Cultura e opulência do Brasil. Op. Cit. p. 157.
110
Idem. 159.
111
CARTA do capitão mor Jerônimo de Albuquerque ao rei em 27/07/1657. p. 157.
112
58
Holnada.113 Quando os cultivadores e comerciantes sonegavam, não enviando a quantidade esperada, a cobrança tornava-se insistente e passava de um capitão mor para outro devido ao acúmulo de saldos restantes. Através de várias cartas, os governadores gerais pressionavam a Câmara de vereadores de São Cristóvão, na insistência de reaver o que era devido.114 Essa nova forma de pagamento fora indicada pelo capitão mor Manuel de Abreu Soares, ao perceber que os lavradores pela escassez de dinheiro “padecem da mesma falta dele algumas miserias na dita capitania, por cuja causa se arrematam os escravos e alguns bens e raiz por muito menos preço”, e que, por isso, o governador deveria mandar “aceitar o pagamento nas especies que tiverem pelo preço da terra”.115
Ao que tudo indica, a proposta do governante de Sergipe del Rey fora aceita pelos conselheiros do Conselho Ultramarino. Na década de 1680, a produção na capitania foi alta e, de acordo com os informes do Conselho Ultramarino, cada embarcação que saía com destino a Portugal contava com 20 a 22 mil rolos de fumos.116
A produção e a circulação de tabaco em Sergipe del Rey na segunda metade XVII empolgava os comerciantes, mas era motivo de reclamações para com o governador geral, porque, ao que parece, havia obrigação de que o comércio deste produto fosse realizado no porto de Salvador.117 Na tentativa de eliminar essa determinação, os cultivadores, em 1672, através do capitão mor de Sergipe del Rei, solicitaram liberdade para poder embarcar o produto em porto além do da Bahia e sem a obrigação de pagar o imposto pelas passagens dos rios.118 Tal solicitação foi atendida naquele mesmo ano, haja vista o governador Afonso Furtado de Castro Mendonça, através de carta, ter deferido a concessão para os solicitantes que passaram a negociar suas produções também no porto de Recife.119
113
Em decorrência da escassez de moeda na América portuguesa, a cobrança do imposto em espécie substituía o valor em moeda.
114
CARTA para o capitão mor da capitania de Sergipe del Rey em 09 de junho de 1664. APEBA. Seção de Arquivo Colonial e Provincial. Governo Geral. Registro de correspondências expedidas para autoridades diversas. 1657-1666. n. 148.
115
Idem. p. 176.
116
CONSULTA do Conselho Ultramarino- 1673-1683. DHBN. Vol. LXXXVIII. 24/09/1680. p. 185.
117
As fontes informam que a obrigação de comercializar o tabaco na alfândega, em Salvador tinha como objetivo controlar a produção e o comércio clandestino na América portuguesa, especialmente em Sergipe del Rey.
118
CARTA que se escreveu ao capitão mor de do rio de São Francisco sobre os moradores poderem navegar os tabacos para onde tiverem mais conveniência, em 17/02/1672. DHBN. Vol. X da Série E VIII. p. 36-37.
119
CARTA que se escreveu ao governador de Pernambuco Fernão de Sousa Coutinho sobre os tabacos dos moradores do rio de São Francisco, em 17/02/1672. DHBN. Vol. X da Série E VIII. p. 40-41.
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Nas duas primeiras décadas do século XVIII, a produção do tabaco foi intensificada na capitania, com especial destaque para vila de Lagarto.120 Nesse momento, o Conselho Ultramarino reclamava providências em relação à negociação e à circulação do produto, porque as liberdades concedidas aos comerciantes dificultavam o comércio de escravos realizado na costa da Mina por reterem o produto tornando escasso nas relações comerciais no continente africano.121 A solução apontada pelos conselheiros recaia na redução de isenções, no controle das exportações e na maior eficácia e combate ao contrabando.
O tabaco, como produto voltado para o mercado externo, gerou riqueza nas mãos de produtores e negociantes residentes na capitania sergipana. As fontes pesquisadas não oferecem informações detalhadas sobre a quantidade produzida e os valores acumulados, mas é certo que, dos portos da Cotinguiba, Rio Real e de São Cristóvão, muitos rolos seguiram para destinos internacionais, movimentando, dessa forma, o sistema econômico colonial.
A farinha foi outro produto que contribuiu para dinamizar o comércio de alimentos em Sergipe del Rey. O cultivo da mandioca como atividade típica da colônia122 teve importância econômica e política fundamental no período que compreende a segunda metade do século XVII e a primeira do seguinte. Essa prática agrícola garantiu articulação colonial com o comércio, ao mesmo tempo em que fixou colonos nas localidades garantiu sustento das tropas militares regulares que realizavam a defesa do Estado do Brasil. Inicialmente cultivada pelos indígenas que habitavam a região, logo foi adaptada à culinária dos colonizadores como alimento básico.
O cultivo da mandioca tornou-se obrigatório principalmente para os colonos que pretendiam montar engenhos de açúcar. Através da Provisão de 24 de abril de 1642,