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O Segundo Plano Quinquenal de Desenvolvimento Econômico (2º PQDE)

3. A década de sessenta: a aceleração da economia sul-coreana

3.4. O Segundo Plano Quinquenal de Desenvolvimento Econômico (2º PQDE)

responsável pela solução de problemas como a desigualdade regional e a desigualdade de renda pessoal e funcional.

Segundo o Korean Overseas Information Service (1973: 54-55) durante o primeiro plano (1962-66), a capacidade de produção no setor de cimento, por exemplo, aumentou 194%. De forma semelhante, por volta de 1966, 70% da demanda doméstica por fertilizantes já eram atendidas pelas principais firmas químicas coreanas, com uma capacidade de produção de 956.000 M/T. No setor de transportes, as instalações do setor de construção naval foram expandidas ao mesmo tempo em que se criavam plantas industriais no setor automobilístico e de motores a diesel. Na indústria leve, o maior progresso ocorria no setor têxtil, papelão e madeira compensada. O índice de produção industrial passou de 100,0 em 1961 para 201,5 em 1966. A taxa anual de formação bruta de capital aumentou 82,7% durante o primeiro período. Apesar de todos esses surpreendentes resultados, os investimentos ficaram abaixo da meta (22.6% conforme Tabela 6).

3.4. O Segundo Plano Quinquenal de Desenvolvimento Econômico (2º PQDE)

A decisiva vitória do Presidente Park nas eleições de 1967 conferiu a estabilidade política necessária para a implementação do Segundo Plano Qüinqüenal de Desenvolvimento Econômico, cujos princípios norteadores foram (a) buscar a autossuficiência em alimentos (a escassez de gêneros alimentícios era de fato um sério problema a ser enfrentado); (b) renovar a estrutura industrial, tendo por setores líderes o químico, o siderúrgico e de máquinas e equipamentos; (c) melhorar o balanço de pagamentos (o que seria feito através do estabelecimento de metas mais ambiciosas de expansão das exportações - US$700 milhões – e promoção de importações); (d) aumentar o volume do emprego e melhorar o planejamento familiar; (e) melhorar o padrão de vida da população, especialmente do setor rural (através de diversificação da agricultura e do emprego nas entressafras); (f) incentivar a ciência e a tecnologia, a fim de melhorar os padrões da indústria coreana e fomentar novos processos tecnológicos e investir fortemente em educação.51

164 Tabela 7 Coréia do Sul

Composição e Crescimento do PNB 1966-1971

Setores 1966 1971 Variação total

na composição 1966/1971 Variação média anual no crescimento 1966/1971

Atividades Primárias (a) 38,9 26,5 - 31,8 2,3

Atividades Industriais 15,9 24,4 50,3 20,3

Atividades de Infraestrutura 9,0 12,9 32,4 18,7

Atividades Outras 36,2 36,2 0,0 10,4

Totais 100,0 100,0

Fonte: Hasan and Rao, 1979. p. 15. Notas:

(a) Inclui Agricultura, Pesca e Extração Vegetal. (b) Inclui a Indústria de Mineração e a de Transformação

(c) Inclui transporte, construção, armazenamento, comunicação, energia elétrica, água e serviços sanitários. (d) Inclui comércio, banca, seguros, imobiliário, de propriedade de habitações, de defesa da administração

pública e outros serviços e rendimentos líquidos de fatores no exterior.

A Tabela 7 mostra que de modo mais acelerado que no 1º PQDE, no segundo as atividades primárias reduzem seu peso no PNB no valor de 31,8% e cresceram apenas 2,3%; por outro lado, as atividades industriais aumentavam seu peso relativo em 50,3% e cresceram em 20,3%, isto significa que a economia realizou um forte trade-off entre atividades primárias e atividades industriais, ou seja, a economia passou por um processo de desprimarização ainda mais vigoroso no 2º PQDE; por outro lado, as atividades de infraestrutura aumentaram sua participação no produto nacional de 32,4%, um pouco menor que no 1º PQDE (47,3%), o que parece indicar que o essencial em infraestrutura foi produzido no período 1962-1966, mesmo assim o crescimento do setor de infraestrutura foi de 18,7%; as outras atividades permaneceram com a mesma participação no produto, entretanto apresentaram um crescimento de 10,4%. È importante ressaltar que no 2º PQDE crescendo mais de 20%. Em termos de participação no Produto cresceu mais de 100%.

Segundo Song (1992) as exportações coreanas apresentam um dinamismo que auxilia na explicação para o amplo e permanente crescimento no quantum das importações. De fato, a elevação das importações foi provocada pelas próprias exportações. Há, também, um problema de competitividade de muitos insumos, mais baratos no mercado internacional do que no doméstico.

165 Tabela 8 Coréia do Sul Exportação e Importação

1966-1971

(Em milhões de Dólares americanos) Ano Valor das

Exportações (X) Taxa de Variação em relação ao ano de 1966 Valor das Importações (M) Taxa de Variação em relação ao ano de 1966 Saldo (X-M) 1966 251 - 716 - - 465 1967 321 27,8 996 39,1 - 675 1968 457 82,0 1463 104,3 - 1006 1969 624 148,6 1824 157,7 - 1200 1970 836 233,0 1984 177,0 - 1148 1971 1067 325,1 2394 234,3 - 727

Fonte: Banco Mundial

Ao se analisar o segundo Plano Quinquenal (Vide Tabela 8), observa-se que as Exportações cresceram 325,1%, enquanto as Importações aumentaram 224,3%, medidos em relação ao ano-base de 1966. Em todos os anos o balanço apresentou déficit de comportamento irregular, isto é, aumenta até 1969, para depois se reduzir em 1970 e 1971. De todo modo o crescimento das exportações foi significativo e o aumento das importações indica que a economia para crescer dependia de importados, fato comum em países em esforço de desenvolvimento. Contudo é preciso cautela, pois enquanto as exportações aumentaram por um multiplicador de 26 vezes; as importações foram ampliadas por um multiplicador de apenas 7 vezes, o que desmistifica algumas análises que consideram o caso da Coréia do Sul como destituído de base política sólida para outros países, dado que aquele país asiático nunca passou de uma plataforma exportações. Fazendo a leitura adequada dos multiplicadores de comércio exterior percebe-se, claramente, um forte processo de substituição de importações.

Nos anos sessenta, quando se divide o produto industrial entre indústria leve e indústria pesada e química, observa-se que no início da década a indústria leve representava 82,0% do produto industrial, enquanto a indústria pesada e química ficava com 18%. No final da década a

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primeira indústria, ainda, possuía um peso relativo de 60%, enquanto a segunda havia elevado sua participação para 40%.

Segundo Yoon & Souza (2001) o padrão coreano pode ser explicado pelos modelos de crescimento desequilibrado de Hirshman e de crescimento com oferta ilimitada de mão-de-obra de Lewis. Este trabalho considera o modelo de Lewis como passível de muitas críticas, a começar pelo conceito de elasticidade infinita da força de trabalho, considera, ainda, que o referido modelo tinha pouca aderência nos anos sessenta, mesmo na empobrecida Coréia. O modelo de Hirshman merece permanecer como marco explicativo. Contudo, prefere-se citar os autores acima:

No início do processo, crescem mais as indústrias intensivas em mão-de-obra, como chapas de madeira, perucas, têxtil, calçados etc. Essas indústrias absorvem a mão-de- obra abundante e barata das áreas rurais. Dessa forma, na Coréia do Sul, foram gerados lucros e acumulados capitais, mais tarde investidos nas indústrias pesada e química, em resposta aos estímulos do governo, diversificando a indústria nacional. Segundo vários estudos, nesse processo, políticas econômicas ativas, consistentes e persistentes, tiveram um importante papel no crescimento coreano. (YOON & SOUZA, 2011: 338).

Como mostra a Tabela 9, durante o período do Segundo Plano o crescimento foi novamente superior à meta traçada (5,5% e 7,0%), mas agora também o investimento superou a meta em mais de sete pontos percentuais (26,1 e 19,0). Observa-se que a poupança interna efetiva superou a planejada de 4,5 pontos percentuais (16,1 – 11,6), enquanto o investimento externo efetivo superou o planejado de 2,7 pontos percentuais (10,2 – 7,5). O período foi marcado também por uma mudança na estrutura industrial com transferência de participação da indústria leve para a pesada (incluindo petroquímica, indústria mineral, de aço e mesmo indústrias tecnologicamente intensivas, tais como a de químicos e máquinas).

167 Tabela 9 Coréia do Sul

Taxas ou Valores: planejados e desempenho efetivo Primeiro Plano Quinquenal

1962-66