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2 CONTEXTUALIZANDO A INFÂNCIA E O BRINCAR

3.1 O SESI nesse contexto

Resgatando a história da Educação Infantil no Sesi (Serviço Social da Indústria), encontramos na década de 50 o primeiro atendimento a crianças menores de 7 anos.

Até 1973, o objetivo do programa era a manutenção do atendimento na educação pré-escolar que assegurasse a guarda e a recreação dos filhos dos trabalhadores da indústria de 03 a 06 anos de idade. Portanto, essa preocupação refletia a visão de Educação Infantil que vigorava na época quanto ao atendimento em caráter médico-assistencial-custodial (alimentação, higiene e segurança física das crianças).

Em função desse padrão, atribuía-se à Pré-Escola a responsabilidade de desenvolver programas educacionais no sentido de compensar as carências dessas crianças, afastando-se, assim, dos seus reais objetivos psicopedagógicos.

Tomando aquela realidade e os conhecimentos infantis como ponto de partida e ampliando seus olhares, os professores começam a se posicionar no sentido de que a ação pedagógica realizada na Pré-escola devia ser voltada para as crianças no seu contexto social, favorecendo o seu desenvolvimento, o respeito e a confiança, propiciando condições para que ela viesse efetivar seu processo individual de aprendizagem.

Nesse sentido, as discussões estavam voltadas à Pré-escola para que esta não visasse a compensação de deficiências nem preparasse apenas para o ensino de 1º grau, sendo doutrinadora, guardiã , tão pouco se determinasse a integração delas no mundo dos adultos.

Os olhares estavam voltados para que se descartasse a possibilidade de educação compensatória, e se propusesse um trabalho estruturado, com função

pedagógica específica, com metodologia definida, dando condições à criança de desenvolver suas potencialidades num espaço próprio, onde ela pudesse viver plenamente essa etapa essencial e decisiva de sua existência.

Esta proposição não significava estabelecer um modelo de Pré-escola, mas clarear princípios que definissem uma função mais adequada nesse processo educativo oferecido pelo SESI, ou seja, a Pré-Escola voltada para a classe trabalhadora.

Em 1990, passou a fazer parte do quadro de técnicas no Departamento Regional em Florianópolis a Pedagoga Marlene Dozol, cuja condição de técnica lhe oportunizou observar durante o período de 1990 a 1993 todo o referencial teórico e os encaminhamentos até então desenvolvidos no Programa de Desenvolvimento Infantil.

Marlene Dozol inicia, então, sua pesquisa abrangendo o período que vai de 1977 a 1989, período este que corresponde à tentativa do Programa de aplicar a proposta do Centro Experimental Jean Piaget (CEEJP). Seu objetivo nesta pesquisa foi o estudo da interpretação conceitual de parte da teoria piagetiana, assumida pelo programa. Sua dissertação abordou o ensino Pré-escolar, tendo por opção metodológica um estudo de caso sobre o “Programa de Desenvolvimento Infantil”. Trata-se de uma análise qualitativa dos registros encontrados naquele período.

Desencadeou-se então um movimento que apontava para a necessidade de se resgatar a especificidade das áreas de conhecimento numa prática interdisciplinar, (língua-portuguesa, matemática, ciências sociais, ciências naturais e artes), sendo que, até aquele momento, os encaminhamentos metodológicos eram pautados em unidades temáticas. Concluiu sua pesquisa apresentando o reconhecimento a Lauro de Oliveira Lima por sua contribuição na introdução e divulgação das idéias de Jean Piaget, e o pioneirismo e ousadia do Programa de Desenvolvimento Infantil do Sesi, no Estado de Santa Catarina, em querer mais que a simples guarda e recreação das crianças, apostando na inteligência infantil.

A pesquisadora, além de aprofundar o referencial teórico-piagetiano, deixou como perspectivas incorporar outras escolas e tendências aos estudos, como a abordagem sócio-histórica de Vygotsky e colaboradores com vistas ao aprimoramento teórico e prático do programa.

Já em 1994, surge no Sesi a necessidade emergente de aproximar a área social e educacional, impulsionando a Educação Infantil para a construção do seu

Projeto Político-Pedagógico.

Compreendia-se, então, que todos os profissionais envolvidos na Educação Infantil deveriam repensar sua prática, a partir de reuniões de reflexões sobre os seguintes temas elencados: Ludicidade, Agressão/Agressividade, Ciências, Planejamento e Avaliação. Além disso, os estudos também foram permeados por pressupostos sociológicos e filosóficos sobre o conceito de criança, educação, e sociedade.

Em 1996, prosseguiu a construção do Projeto Político Pedagógico, naquele momento com uma preocupação em aproximar o grupo de professores aos fundamentos teórico sobre o socio-interacionismo de Vygotsky.

Aquele foi um momento em que a equipe da Educação Infantil do Sesi de Santa Catarina, estava sob a condução de novas Técnicas no Departamento Regional, dando inicio a um processo de deflagração através de um grande desafio: confrontar a teoria de Jean Piaget (teoria que até então embasava todo trabalho pedagógico a nivel da Santa Catarina, do Programa de Desenvolvimento Infantil - PDI) com a teoria de Vygotsky (abordagem histórico-cultural). Neste processo os profissionais envolvidos tentaram aproximar alguns pontos abordados por ambos os teóricos e ao mesmo tempo distanciá-los, na tentativa de compreender seus pressupostos. Como cita o Currículo do Programa de Desenvolvimento Infantil (1996, p. 5), “[...] à medida que os estudos se realizavam, percebia-se a transição teórica. Nosso currículo estava sendo sistematizado à luz da concepção histórica de educação”.

Neste cenário, acredita-se que a Educação Infantil do Sesi estaria emergindo para um significativo avanço na sua trajetória pedagógica.

Foi um processo gradativo que necessitou de inúmeros encontros com o objetivo de estudar, aprofundar e discutir o referencial em consonância com a prática desenvolvida.

Nesta ótica, o professor passou a exercer o papel de mediador durante este processo, potencializando as funções psicológicas superiores das crianças.

Uma das grandes contribuições de Vygotsky, que até os dias de hoje embasa o trabalho dos dos professores do Sesi, está na análise por ele esboçada da elaboração conceitual como prática social imersa nos contextos institucionais, explicitando o papel da mediação pedagógica e dialógica.

amplo, mas não configurou essa especificidade quanto ao lugar por ela ocupado num contexto histórico social específico

3.2 Caminhando, inovando e interagindo com professores, crianças, pais das

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