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CAPÍTULO 3 – NORMALIZAÇÃO DOCUMENTAL E O CONTEXTO

3.2 O Sistema Português da Qualidade (SPQ) e o Instituto Português da

Segundo o seu mais recente enquadramento jurídico17, o Sistema Português da Qualidade (SPQ) é a estrutura organizacional que engloba, de forma integrada, as entidades envolvidas na qualidade e que assegura a coordenação dos três Subsistemas – da Normalização, da Qualificação e da Metrologia. O SPQ tem como principal objectivo a garantia e o desenvolvi- mento da qualidade através das entidades que, voluntariamente ou por ine- rência de funções, congregam esforços para estabelecer princípios e meios, bem como para desenvolver acções que permitam de forma credível o

17 No âmbito legislativo o enquadramento genérico da qualidade em Portugal foi iniciado com a publi-

cação do Decreto-Lei n.º 165/83, de 27 de Abril, que criou, na dependência do então Ministério da Indústria, Energia e Exportação, o Sistema Nacional de Gestão da Qualidade (SNGQ). Aquele enqua- dramento foi alterado, dez anos depois, pelo Decreto-Lei n.º 234/93, de 2 de Julho, que mudou a sua designação para Sistema Português da Qualidade (SPQ), mantendo a sua dependência do Ministério da Indústria e Energia. Já em 2002, assiste-se a nova alteração do enquadramento jurídico do SPQ pelo Decreto-Lei nº 4/2002, de 4 de Janeiro, que atribui ao Ministério da Economia a tutela do SPQ.

alcance de padrões da qualidade adequados e a demonstração da sua

obtenção efectiva, tendo em vista o universo das actividades, seus agentes e resultados nos vários sectores da sociedade.

O SPQ rege-se pelos seguintes princípios:

Credibilidade e transparência: o funcionamento do SPQ baseia-se em regras e métodos conhecidos e aceites a nível nacional ou estabe- lecidos por consenso internacional, e é supervisionado por entidades representativas;

Horizontalidade: o SPQ pode abranger todos os sectores de activida- de da sociedade;

Universalidade: o SPQ pode abranger todo o tipo de actividade, seus agentes e resultados em qualquer sector;

Transversalidade da dimensão de género: o funcionamento do SPQ visa contribuir para a igualdade entre mulheres e homens;

Co-existência: podem aderir ao SPQ todos os sistemas sectoriais ou entidades que demonstrem cumprir as exigências e regras estabeleci- das;

Descentralização: o SPQ assenta na autonomia de actuação das entidades que o compõem e no respeito pela unidade de doutrina e acção do Sistema no seu conjunto;

Adesão livre e voluntária: cada entidade decide sobre a sua adesão ao SPQ.

O SPQ é composto pelo seguinte quadro institucional:

Conselho Nacional da Qualidade (CNQ): é o órgão de informação e consulta do Governo no âmbito da política da qualidade e de desen- volvimento do SPQ. Todos os projectos legislativos que visem a cria- ção ou alteração de sitemas de sectoriais da qualidade são obrigato- riamente submetidos à apreciação prévia do CNQ.

Observatório da Qualidade (OQ): é a entidade do SPQ que estabe- lece uma ligação directa com o Primeiro-Ministro, competindo-lhe o estudo, a supervisão e o relato do desenvolvimento das actividades de promoção e manutenção da qualidade em Portugal.

Organismo Nacional Coordenador do SPQ (ONC-SPQ): é a entida- de responsável pela coordenação do SPQ, assegurando o seu desen- volvimento e a sua unidade de doutrina e acção. O ONC do SPQ é o Instituto Português da Qualidade (IPQ).

Conselhos Sectoriais da Qualidade (CSQ): são órgãos consulta e informação dos ministérios ou área governativa no âmbito no âmbito

da política da qualidade e do desenvolvimento do SPQ nas suas áreas

específicas de governação.

Conselhos Regionais da Qualidade (CRQ): são órgãos de consulta e de informação dos Governos Regionais das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, no âmbito da política da qualidade e do desen- volvimento do SPQ nas suas áreas específicas de governação.

O SPQ, como já foi dito, está organizado, por sua vez, nos subsistemas de Normalização, Qualificação e Acreditação. O Subsistema da Normaliza- ção, que é aquele que nos interessa aprofundar no âmbito deste trabalho, visa apoiar a elaboração de normas e outros documentos de carácter norma- tivo de âmbito nacional, europeu e internacional. Toda a actividade de nor- malização é planeada pelo Organismo Nacional de Normalização (veremos, mais adiante, que o ONN, em Portugal, é o Instituto Português da Qualida- de), que tem como incumbência geral a gestão do Subsistema de Normali- zação. No entanto, a actividade de normalização pode ser desenvolvida por outros organismos de normalização sectorial reconhecidos para o efeito pelo ONN. As Normas Portuguesas (NP) são editadas pelo ONN e terão que estar de acordo com as directivas e com as recomendações do CNQ aplicá- veis e homologados pelo ONN. A adopção de normas europeias e interna- cionais como Normas Portuguesas (NP) deve respeitar os acordos estabele- cidos a nível europeu e internacional e seguir as metodologias do SPQ.

Remetendo para a legislação mais recente, o Instituto Português da Qualidade18 (IPQ), é um instituto público dotado de personalidade jurídica, com autonomia administrativa e financeira, que exerce a sua actividade sob

18 Com o Decreto-Lei nº183/86, de 12 de Julho, foi criado o IPQ e aprovada a sua lei orgânica. O Insti-

tuto sucedeu à Direcção-Geral da Qualidade e absorveu as funções anteriormente cometidas aos então extintos Centro de Normalização e Comissão Electrotécnica Portuguesa. Por via do Decreto- Regulamentar nº56/91, de 14 de Outubro, procedeu-se a alguns ajustamentos orgânicos do Instituto, relacionados com o relevo crescente atribuído internacionalmente à qualidade, quer ao nível da produ- tividade e competitividade económicas, quer ao nível da sua importância para a qualidade de vida dos cidadãos. Desde então, foram crescendo as responsabilidades atribuídas ao IPQ no âmbito da res- ponsabilização do Estado pela promoção do tecido empresarial nacional, dando origem a nova refor- mulação legal, através do Decreto-Lei nº113/2001, de 7 de Abril, alterado pelo Decreto-Lei nº324/2001, de 17 de Dezembro. Em cumprimento do Programa do XV Governo Constitucional, atra- vés da Lei nº16-A/2002, de 31 de Maio, foram extintos o Conselho Nacional da Qualidade (CNQ), criado na dependência do Primeiro-Ministro, e o Observatório da Qualidade (OQ), sendo a competên- cia de ambos transferida para o IPQ. Neste sentido, em 2004, o IPQ iniciou um processo de reestrutu- ração, com o DL nº 140/2004, de 8 de Junho, e os seus estatutos foram aprovados pela Portaria nº 261/2005, de 17 de Março. Já em 2005, os estatutos do IPQ são aprovados e os seus órgãos defini- dos através da Portaria nº261/2005, de 17 de Março.

a tutela do Ministério da Economia e da Inovação19. O IPQ tem a incumbên-

cia de gerir e coordenar o SPQ e outros sistemas que lhe forem conferidos por lei, da mesma forma que terá que promover actividades que contribuam para que os agentes económicos possam melhor desempenhar a sua activi- dade e demonstrar a sua credibilidade, por intermédio da qualificação de pessoas, produtos, serviços e sistemas. Cumpre, pois, a missão de contri- buir para o desenvolvimento económico, por via do aumento da produtivida- de e da competitividade, através da gestão do Sistema Português da Quali- dade (SPQ) nos seus três subsistemas: Normalização, Metrologia e Qualifi- cação20. No âmbito da normalização em concreto, o IPQ é responsável pela coordenação e acompanhamento dos trabalhos de normalização nacional desenvolvidos pelos Organismos de Normalização Sectorial21 (ONS), Comissões Técnicas (CT) de normalização e outras entidades qualificadas no contexto do SPQ. Também será da competência do IPQ a elaboração e promoção de Normas Portuguesas (NP), executando os processos (aprova- ção dos projectos de normas, promoção dos respectivos inquéritos públicos e homologação, difusão, edição e venda de normas) que conduzem à sua integração no acervo normativo nacional. Também é garante do IPQ a actualização e coerência deste último. Como Organismo Nacional de Norma- lização22 (ONN), o IPQ também deve dar resposta às obrigações de Portugal enquanto membro efectivos de organizações europeias e internacionais de normalização, participando nos trabalhos daí decorrentes, na promoção do inquérito público, na votação e difusão das normas e sua integração no acervo normativo nacional.

19 Na verdade, o IPQ é uma atribuição cometida ao Ministério da Economia e da Inovação, sob supe-

rintendência e tutela do respectivo ministro, tal como referido no Artigo 5º do Decreto-Lei nº208/2006, de 27 de Outubro, que aprova a orgânica do respectivo Ministério.

20 A Acreditação foi, entretanto, separada por imperativos comunitários, tendo sido criado o IPAC-

Instituto Português de Acreditação, pelo DL nº 125/2004, de 31 de Maio, continuando no entanto o IPQ, enquanto gestor e coordenador do SPQ, a definir as políticas e estratégias do Subsistema da Qualificação onde a Acreditação se inclui.

21 Entidades, públicas ou privadas, nas quais o IPQ, enquanto ONN, pode delegar funções de normali-

zação técnica em sectores específicos da actividade

22 Entidade à qual o Estado Português confere, por lei, as atribuições relativas às actividades de nor-

Em matéria de participação internacional, o IPQ assegura a represen-

tação nacional em inúmeras estruturas europeias e internacionais relevantes para a sua missão23.

Ao nível nacional, cabe ao IPQ congregar as diferentes partes interes- sadas na construção da qualidade. O IPQ como gestor do SPQ, terá que se assumir como dinamizador de novas parcerias e pólo de desenvolvimento de todo o processo de divulgação e implementação da Qualidade em Portugal e dos conceitos que lhe estão associados, promovendo-a em todas as suas vertentes, nos mais diversos sectores, tanto económicos como da sociedade civil, daí advindo uma cultura de "Qualidade" a todos os níveis na nossa sociedade.

A estrutura do IPQ pode ser esquematizada no seguinte organograma:

Figura 4 - Estrutura orgânica do IPQ. Fonte: http://www.ipq.pt

O Gabinete Coordenador do SPQ tenta simplificar e operacionalizar todas as actividades no âmbito do SPQ, aproximando-o à realidade actual do país e envolvendo a sociedade numa representação activa. Neste senti- do, a missão do Gabinete Coordenador é o desenvolvimento e a articulação

23 Designadamente no European Committee for Standardization (CEN), no European Committee for

Electrotechnical Standardization (CENELEC), na International Electrotechnical Commission (IEC), na Conference General des Poids et Mésures (CGPM), na International Organization for Legal Metrology (OIML), e na International Organization for Standardization (ISO).

do SPQ com outras entidades (públicas, privadas, do sector cooperativo ou

social) que demonstrem interesse pela política nacional da Qualidade. O Gabinete promove a colaboração com diversos sectores da sociedade por- tuguesa, descentralizando a actividade do Sistema e criando condições favo- ráveis à convergência de práticas que melhorem a qualidade de vida dos portugueses.

3.3 A BIBLIOTECA NACIONAL (ONS), A COMISSÃO TÉCNICA