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3 METODOLOGIA

3.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1.2 O sistema WebQualis

Cada vez mais, são necessárias formas de avaliação e de qualificação dos veículos de divulgação da produção científico-epistemológica, a fim de que a comunidade acadêmica e todos os interessados em geral tenham clareza da qualidade que os permeia e, relevantemente, daqueles que têm maior importância para uma área do conhecimento (BARBALHO, 2005). A avaliação, e respectivas classificações, também contribui para que pesquisadores tenham parâmetros e referenciais de escolha para publicação de seus trabalhos, assim como para agências financiadoras de pesquisas, bem como jus científico ao próprio periódico científico e possível patrocínio para os programas de pós-graduação aos quais se vinculam.

No Brasil, conforme Severino (2007 [1996]), a avaliação e, posteriormente, classificação dos periódicos científicos é atribuição da Capes, uma fundação do MEC cuja principal responsabilidade é a de consolidar e expandir cursos de pós-graduação stricto sensu. Para tal, ela se vale do Qualis: ―[...] classificação de veículos de divulgação da produção intelectual (bibliográfica) dos programas de pós-graduação stricto sensu, utilizada pela Capes para fundamentação do processo de avaliação da pós-graduação nacional por ela promovido.‖ (CAPES, 2008a, p. 4). Ou seja, o Qualis concerne ao conjunto de procedimentos/critérios definidos por uma das 48 áreas de avaliação da Capes utilizados para estratificação dos periódicos científicos. Especificamente, a avaliação dos periódicos é tarefa do WebQualis33. Esse sistema classifica os periódicos que têm trabalhos que representam/se vinculam a algum programa de pós-graduação brasileiro por meio do Qualis.

Para a avaliação, a Capes utiliza o Sistema de Coleta de Dados, que tem como função elementar a coleta de informações acerca de programas de pós-graduação stricto sensu em

33 Para se ter acesso ao WebQualis, bem como suas informações, basta acessar esta URL:

<http://qualis.capes.gov.br/webqualis/principal.seam>. Lá, pode-se ter acesso a, no item ‗consultar‘, (1) critérios

Qualis por área, esta por triênios e área de escolha, e à (2) classificação, esta por ISSN do periódico, por título,

nível nacional, ou seja, do conjunto de cursos de mestrado e doutorado de Instituições de Ensino Superior (IES) do Brasil. Ele reúne dados sobre os programas, dentre eles os de suas publicações científicas. Com esses dados, o WebQualis – sistema/aplicativo de caráter externo ao Sistema de Coleta de Dados da Capes – consegue ―[...] classificar os veículos de divulgação da produção científica dos programas de pós-graduação no Brasil, notadamente os periódicos científicos, visando ao aperfeiçoamento dos indicadores que subsidiam a avaliação do Sistema Nacional de Pós-Graduação – SNPG.‖ (CAPES, 2008b, p. 4). Além disso, por fim, o sistema compartilha as informações das avaliações com a comunidade científica.

A avaliação da Capes do SNPG tem sido trienal. Desde a implantação desse instrumento para avaliação dos programas de pós-graduação stricto sensu do Brasil em 1998 até hoje, foram cinco avaliações, ou seja, cinco triênios com veículos da produção científica avaliados: (1) 1998-2000, (2) 2001-2003, (3) 2004-2006, (4) 2007-2009, (5) 2010-2012 (CAPES, 2015). Segundo a Capes (2015), desde a quarta avaliação, existem oito possíveis estratos nos quais os periódicos podem ser classificados: A1 (excelente para uma área, peso 100), A2 (85), B1 (70), B2 (55), B3 (40), B4 (25), B5 (10) e C (baixo impacto para uma área, peso 0).

O sexto período de avaliação abrangerá os anos de 2013 a 2016, ou seja, realizado quadrienalmente e não mais de três em três anos. Conforme a Diretoria de Avaliação (DAV) da Capes (BRASIL, 2014), a adoção de quatriênios é justificada em virtude de a Capes compartilhar os resultados de suas avaliações apenas no ano subsequente ao último ano de um período de análise. A classificação geral do quatriênio 2013-2016 será realizada 2 a 26 de maio de 2017, conforme informou a equipe da DAV/CGI34. Contudo, listas anuais já podem ser acessadas.

Neste ponto, esclarece-se que os dados do triênio 2010-2012 (atualizados em 2015), compartilhados pelo WebQualis, são os que foram utilizados para análise nesta proposta de dissertação. No momento em que se iniciou a pesquisa, os dados da sexta avaliação, correspondente ao quatriênio 2013-2016, ainda estavam em processamento.

Em suma, portanto, compete à Capes coletar dados para avaliação de programas de pós-graduação do Brasil. Ela faz isso por meio do Sistema de Coleta de Dados. Com os dados recebidos por esse sistema, o WebQualis classifica e disponibiliza uma lista de todos os periódicos científicos de um triênio, impressos/eletrônicos e nacionais/internacionais, que têm

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Dia 22 de agosto de 2016, a equipe da DAV <qualis@capes.gov.br> respondeu a um e-mail em que o pesquisador questionava o porquê certos periódicos não se encontravam na lista do WebQualis e sobre a classificação dos periódicos do quatriênio 2013-2016.

publicações associadas a algum programa de pós-graduação brasileiro, bem como critérios para classificação e seus estratos35.

Assim, a lista de periódicos do WebQualis não é exaustiva, isto é, ela não relaciona todos os periódicos existentes. A listagem corresponde apenas a periódicos efetivamente utilizados por acadêmicos e docentes da pós-graduação stricto sensu brasileira para publicarem seus artigos científicos em um determinado período. Logo, um periódico somente aparecerá em uma lista do triênio, com respectiva classificação, se um programa de pós- graduação indicar tal periódico como veículo de divulgação de sua produção naquele período de três anos.

3.1.2.1 Critérios de seleção e exclusão de áreas de avaliação do WebQualis

Até 2012, a Capes, por meio da DAV, avaliava os programas de pós-graduação trienalmente. A partir de 2013, a avaliação passa a ser realizada em quatriênios (2013-2016). Para facilitar esse processo, a Capes separa os cursos de mestrado e doutorado, agrupando áreas afins em Colégios ou Grandes áreas. Portanto, há áreas de avaliação e não áreas do conhecimento.

Nesse aspecto, segundo a Capes (2014), existem três Colégios e nove Grandes áreas. E as grandes áreas abarcam subáreas, que podem ser observadas no Anexo A. No colégio das Humanidades, das subáreas que compõem a área das Ciências Humanas, selecionaram-se (1) Psicologia e (2) Educação. Da área Letras, Linguística e Artes, selecionou-se a subárea (3) Letras/Linguística. Essas três subáreas foram as contempladas para análise de periódicos inclusos nelas, a fim de se observar a recorrência de aspectos psicolinguísticos em artigos científicos eletrônicos.

Como visto, em essência, a concretização deste trabalho dependeu de publicações eletrônicas com assunto em leitura da perspectiva psicolinguística. E das 48 subáreas, Psicologia e Letras/Linguística são aquelas que mantêm relação direta com leitura em nível

35 Para esclarecimento, dia 23 de março de 2014, houve lançamento de uma nova forma de compartilhamento

externo de dados do SNPG – a Plataforma Sucupira. Projetada desde 2012 pela Capes e pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), recebeu este nome para homenagear Newton Lins Buarque Sucupira, autor do Parecer nº 977 (1965), que configurou a pós-graduação brasileira. A Plataforma Sucupira engloba atividades de coleta de dados de programas de pós-graduação brasileiros (antes a cargo do Sistema de Coleta de

Dados) e divulgação externa de informações de avaliações (antes a cargo do WebQualis). Ou seja, a Plataforma Sucupira corresponde à integração de alguns dos módulos que a Capes já dispunha, hoje responsável pelas

etapas de pré e pós-avaliação dos programas de pós-graduação brasileiros. Com a Plataforma Sucupira, agora, o envio de informações à Capes pelos responsáveis de cursos da pós-graduação passa a ser contínuo e online. Ou seja, a qualquer momento pode-se submeter uma informação (produção intelectual, matrícula) à Capes assim que ela for concretizada.

linguístico-cognitivo. Em virtude disso, foram selecionadas. E a subárea de Educação foi selecionada por manter relação indireta com leitura. As três subáreas podem, de forma mais evidente quando comparadas às demais, ter periódicos com publicações com assunto em leitura.

3.1.2.2 Critérios de seleção e exclusão de periódicos científicos

Após a seleção das três áreas supracitadas, passou-se a definir o corpus de periódicos para investigação. Como este trabalho privilegia a apreciação de publicações eletrônicas, foram excluídos periódicos publicados em formato impresso. Como a pesquisa não se restringe à análise de periódicos científicos apenas do contexto brasileiro, a tentativa de reunião de periódicos impressos para apreciação tornaria inviável a efetivação dos objetivos, principalmente quando considerados os internacionais. Haveria limitações de recursos financeiros e restrição para a coleta de dados e, consequentemente, esses fatores interfeririam na concretização da pesquisa. Também, excluíram-se periódicos cujos focos e escopos têm relação fechada e direta com áreas como Literatura, Análise de Discurso, Psicologia Social, Gestão Escolar, dentre outras, que não contemplam a leitura a partir do viés linguístico- -cognitivo.

Integraram o corpus de periódicos os de formato eletrônico. Optou-se pelos eletrônicos, primeiro em relação ao pesquisador, porque a utilização da internet melhor viabiliza a coleta de dados de periódicos científicos quando se trata de apreciação de centenas/dezenas deles, tanto do contexto nacional quanto do internacional. Segundo, em relação à editoração, porquanto os periódicos eletrônicos, quando comparados aos impressos, têm melhor difusão e visibilidade, principalmente visto que a internet rompe com barreiras de acesso: a virtualização de trabalhos implica maiores possibilidades de acesso a trabalhos científicos.

Igualmente, selecionaram-se dos periódicos eletrônicos aqueles que possuem focos e

escopos relacionados diretamente com o campo de leitura na perspectiva linguístico- -cognitiva. Ou seja, foram incluídos aqueles que têm relação com áreas como a

Psicolinguística, Psicologia Cognitiva, Neurociência, Letras, Linguística, que se atêm, de modo mais direto ou indireto, ao processo de reconstrução da significação textual, bem como a aspectos subjacentes à leitura.

Por fim, integraram o corpus de periódicos aqueles que são classificados em mais36 de uma das três áreas de avaliações do WebQualis contempladas nesta pesquisa (Letras/Linguística, Psicologia, Educação). No entanto, foram contabilizados apenas em uma das três áreas, visto que tais periódicos e seus conteúdos (artigos) são os mesmos. O diferente é a relevância (fator de impacto) para cada área.

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