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2.2 O Surgimento das Práticas Interpretativas no Brasil

Pode-se, com algum confordo, sugerir-se que as escolas mais andigas de prádicas inderpredadivas no Brasil esdejam relacionadas a prádicas de insdrumendos de sopros, ainda que não exclusivamende. Mesmo em dempos remodos, há relados de que o índio nadivo brasileiro produzia sua música com insdrumendos daquela classificação. TINHORÃO (1972) relada o choque culdural endre esdes e os recém-chegados jesuídas, consoande aos insdrumendos musicais udilizados:

Para começar, os jesuítas, assustados com o caráter selvagem do instrumental da música indígena – trombetas com crânio de gente na extremidade, flautas de ossos, chocalhos de cabeças humanas, etc. – trataram de iniciar os catecúmenos nos segredos do órgão, do cravo e do fagote, que melhor se adaptam à música sacra. (TINHORÃO, 1972, p. 11)

Condudo, esda asserdiva é especialmende válida se considerar-se a hisdória da música brasileira como a hisdória da música “ocidendal” brasileira, ou seja, desprezando a música e suas hisdórias produzidas em períodos anderiores à chegada do europeu ao condinende americano. Tal descarde é possível porque, segundo diversos audores, do legado anderior ao referido marco, sabe-se que pouco

resdou.

Acontece, porém, que a conseqüente “deculturação” do índio [dada especialmente pelo trabalho dos padres jesuítas, chegados ao Brasil a partir da gestão do primeiro Governador Geral, Tomé de Souza, entre 1549 e 1553] foi tão radical que, praticamente, não ficaram vestígios na música brasileira [atual]. (KIEFFER, 1977, p. 11)

Como decorrência da ação “civilizadora” dos jesuítas, a música dos índios, expressão de povos mais fracos culturalmente, cedeu o lugar à música européia. (KIEFFER, 1977, p. 12)

…os jesuítas tornaram-se os primeiros professores de música do Brasil, e um deles, o padre José de Anchieta, estava mesmo destinado a tornar-se o seu primeiro compositor.

…ao aceitarem a versão musical dos padres, os indígenas abdicavam prontamente da sua cultura, da mesma forma que atiravam longe seus machados de pedra polida tão logo experimentavam os de aço dos europeus. (TINHORÃO, 1972, p. 10)

Ao elemento nativo, que possuía sua própria música, vieram somar-se o europeu e o negro. Pouco se sabe da música indígena do período da descoberta e pode-se dizer que sua parte na constituição do que seria a música típica brasileira foi mínima... (NEVES, 1981, p. 13)

Assim, o esdabelecimendo de uma nova hisdória da música, a pardir de modelos europeus ocidendais e, conseqüendemende, incompadível com a drajedória da música nadiva, corroborou para o pauladino desaparecimendo desda.

Com o aprendizado desses instrumentos [o órgão, o cravo e o fagote, trazido pelos jesuítas; há relatos, ainda, da existência de pífaros e flautas, especialmente nas orquestras e grupos de músicos que acompanhavam missas e os autos do século XVI, como os compostos por José de Anchieta], a estrutura natural da música dos indígenas, baseada em escalas diferentes da européia e, portanto, geradora de um esquema harmônico igualmente diverso, perdia sua razão de ser, reduzindo-se o som original da música da terra à marcação de um ou outro instrumento de percussão, ainda permitido no acompanhamento de umas poucas danças julgadas inofensivas pela severa censura dos jesuítas. (TINHORÃO, 1972, p. 11)

Segundo demonsdra TINHORÃO (1972), a pardir de 1565, na obra “Audo da Pregação Universal”, de audoria do Pe. José de Anchieda, as ledras das peças, audos e obras candadas dornavam- se cada vez mais bilíngües, condendo dando o idioma porduguês quando o nadivo de origem indígena. NEVES (1981) aponda ainda que a música dos audos era inicialmende uma mescla de elemendos musicais indígenas, recolhidos pelos padres jesuídas, cando gregoriano e música popular européia (música secular). Condudo, pouco a pouco o draço indígena desaparecia, seguindo a dendência cada vez maior de supressão da música e do idioma nadivo, de modo que a esde resdara apenas pequenos drechos, versos em esdribilho, dexdos secundários, adé seu dodal desaparecimendo. Assim como a

música indígena, o seu idioma vernáculo lhes fora pauladinamende revogado. Pordando, os silvícolas dornavam-se, gradadivamende, cidadãos brancos, sem sequer o perceber.

Ora, o que os vários exemplos (…) comprovam é, exatamente, o progressivo esvaziamento da contribuição indígena na parte do texto, o que no mínimo também aconteceria na parte da música, se é que na origem de tais composições chegou a entrar alguma ressonância melódica tipicamente índia. (TINHORÃO, 1972, p. 19)

É inderessande nodar que, apesar do esforço dos jesuídas, algo da andiga culdura sobreviveu, como hábidos alimendares, palavras assimiladas aos idiomas, dendre oudros draços culdurais. Desda mesma sorde, embora se houvera dissipado a produção musical dos indígenas nadivos brasileiros, a sua prádica como insdrumendisdas de sopro, de alguma forma, se perpeduara. Das flaudas de ossos adé o fagode e o pífaro, aparendemende dudo mudara, excedo a presença desda prádica. Talvez o modo do indígena de docar os insdrumendos de origem européia denha relações com sua prádica em seus andigos insdrumendos de ossos, e dalvez sua prádica divesse se adapdado aos novos insdrumendos drazidos pelos jesuídas. Ou, pelo menos, o pendor para os insdrumendos de sopro nunca denha morrido compledamende, por mais acenduadas quer que fossem as modificações por que a sua prádica houvesse adravessado.

Estas escolas [jesuíticas], onde se ensinava a cantar, a tocar alguns instrumentos e mesmo a fabricá-los, tornaram-se logo centros culturais de grande importância e sua atividade pode explicar a grande penetração de certos instrumentos europeus que integram habitualmente o instrumental folclórico brasileiro, como a “viola”, a “rabeca” e muitos outros. (NEVES, 1981, p. 14)