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A JUVENTUDE E A IMPRENSA NA HISTÓRIA DO BRASIL

I. 1 O surgimento do jovem enquanto sujeito político

A visibilidade sobre a questão da juventude constitui-se como produto da sociedade moderna, associada a novos valores, capazes de transformar a sociedade. Logo se partiu do pressuposto de que, o sentido de juventude varia conforme o tempo e o espaço, sendo considerada categoria histórica, cultural e socialmente construída.

As transformações ocorridas nas relações familiares impulsionadas pelo mundo do trabalho no desenvolvimento da sociedade ocidental, a partir do século XVII, acarretaram novas formas de sociabilidade e consequentemente o desenvolvimento da vida privada, de forma que as famílias passaram a delegar à escola a função de socializar e educar suas crianças. Essas mudanças passaram a dar notoriedade ao fenômeno de transição entre a infância e a idade adulta, agregando atenção ao período da adolescência e juventude na sociedade moderna.

Nesse cenário merece destaque o importante papel da instituição escolar na preparação do jovem para a idade adulta, além do fato desta contribuir para o reconhecimento social desta etapa da vida ao separar os estudantes, de acordo com suas faixas etárias (ARIÈS, 1981).

A partir do século XVIII e, principalmente, após a Segunda Guerra Mundial, a prática de estar na escola passou a sinalizar a condição juvenil. Dessa forma, a concepção moderna de juventude foi mediada pelo processo de escolarização, como importante etapa de passagem para a maturidade e construção de identidades (DAYRELL, 2003).

Nesse período de preparação e de relativa segregação do universo adulto, os seus pares, como os colegas da escola exercem significativa influência na formação e na atuação do comportamento da juventude.

No entanto, deve-se atentar ao fato de que, a idade não é critério único para definir a juventude, já que se entende que o cenário sócio-cultural e econômico tem o poder de influenciar as fases da vida humana. Sendo esta também “[...] uma representação e uma situação social simbolizada e vivida com muita diversidade na realidade cotidiana, devido a sua combinação com outras situações sociais” (GROPPO, 2000, p.15).

Nessa perspectiva se considera a juventude como categoria de grande relevância para o conhecimento sobre a sociedade moderna. Logo suas representações variam de acordo com cada contexto, como resultado de um processo de construção histórico-social, dependente da diversidade das condições sociais, culturais, dentre outros valores presentes neste. Pois “[...] a juventude, o jovem e seu comportamento mudam de acordo com a classe social, o grupo étnico, a nacionalidade, o gênero, o contexto histórico, nacional e regional etc” (GROPPO, 2000, p.9-10).

O jovem é caracterizado nesse estudo enquanto sujeito histórico, cultural, político e social, o qual responde às demandas do tempo e espaço onde se encontra inserido, constituindo-se em importante ator social a ser valorizado pela história. Do mesmo modo, salienta-se a necessidade de análise sobre as representações produzidas em torno deste.

Entende-se que a juventude estudantil no Brasil e a história de sua participação política é um fenômeno que merece atenção por parte da História da Educação. Em várias ocasiões da vida nacional os estudantes participaram ativamente em importantes lutas sócio- políticas, desempenhando papel fundamental para mudanças e também para a manutenção de estruturas políticas e sociais.

Logo se destaca, de acordo com a perspectiva defendida por Dayrell (2003), a ocorrência de uma visão romântica de juventude, incidente principalmente na década de 1960, em que esta foi vista por adultos, como fase de liberdade, de prazer e de experimentação de comportamentos exóticos, marcados pela irresponsabilidade que acarretaria a aplicação de sanções sobre esta.

Nesse sentido, ressaltam-se brevemente relevantes acontecimentos que representam momentos privilegiados na história da participação política estudantil, caracterizada por distintas fases.

De acordo com Mendes Jr. (1981), estudioso sobre tal temática, o período que corresponde ao Brasil Colônia até os primeiros tempos do Império destaca-se como “fase de atuação individual” dos estudantes, pois não existia ainda nenhuma organização para a reunião e atuação dos mesmos, não podendo ainda se falar em movimento estudantil.20

Durante a passagem do Segundo Império e da Primeira República até o início do Estado Novo (1937) presenciou-se a “fase de atuação coletiva” dos estudantes (MENDES JR., 1981). Nesse momento, surgiram as Sociedades Acadêmicas representadas por importante elite intelectual brasileira que desempenhou papel significativo nas grandes causas nacionais da época, como a Campanha Abolicionista e o Movimento Republicano. Essas campanhas se deveram em grande parte pela fundação da Faculdade de Direito no Largo de São Francisco, em São Paulo no início do século XIX, a qual se constituiu como importante marco para o desenvolvimento da participação política dos estudantes.

No início do século XX teve destaque a criação da Federação de Estudantes Brasileiros, além da participação ativa discente na Campanha Civilista de Rui Barbosa; Campanha Nacionalista de Olavo Bilac; Liga do Voto Secreto de Monteiro Lobato; Aliança Nacional Libertadora (ANL); e o envolvimento dos universitários paulistas no Movimento Constitucionalista de São Paulo em 1932.

20 Em 1710 se tem o registro da primeira manifestação de estudantes no Brasil, que aconteceu no período

colonial, com a participação de alunos dos colégios jesuítas contra a invasão de soldados franceses ao Rio de Janeiro (POERNER, 1995).

As ações estudantis nesse período já eram amplamente noticiadas pela imprensa escrita, principalmente pelo jornal Correio da Manhã, de ampla circulação na então capital brasileira (POERNER, 1995).

A “fase de atuação organizada” dos estudantes teve início com a fundação da União Nacional dos Estudantes (UNE) no ano de 1937 no Rio de Janeiro, consolidando-se em importante marco para a organização política da juventude (MENDES JR., 1981). Nesse ano, Getúlio Vargas decretou o Estado Novo, ditadura que teve vigência até o ano de 1945, em um momento em que reduzida parcela da população jovem brasileira tinha acesso ao ensino superior, representando assim os universitários parte da elite intelectual do país. 21

Na criação da UNE, destaca-se a atuação da jovem estudante Ana Amélia Queirós Carneiro de Mendonça, como grande propulsora dessa entidade que se originou por meio da organização da Casa do Estudante do Brasil (CEB), a qual tinha o objetivo de dar apoio aos discentes que vinham de outras localidades. O novo órgão estudantil representante dos estudantes de todo o país começou a partir de 1937 a organizar congressos anuais para a discussão de assuntos gerais de interesse do estudantado.

No entanto, o caráter político da UNE somente foi delineado após a separação da entidade CEB, na ocasião do II Congresso Nacional dos Estudantes realizado no Rio de Janeiro em 1938, com a participação de dezenas de organismos estudantis provenientes de todo o Brasil. Desde então, a UNE participou ativamente dos principais movimentos políticos do país como entidade ativa na mobilização estudantil.

O surgimento do jovem enquanto sujeito político é considerado como aspecto central para a consolidação do movimento estudantil, como fenômeno decorrente de ideários e ações que circulam em determinado espaço educativo (FRANCO, 2014). 22

A estrutura organizacional do movimento estudantil, no período em discussão, se revestiu basicamente de características políticas em um monopólio de legitimidade presente nas entidades discentes provenientes principalmente das camadas médias urbanas. De acordo com Albuquerque (1977), o Centro Acadêmico, porta-voz das reivindicações estudantis destacou-se pelo seu caráter partidário.

21 Foi somente a partir da Revolução de 1930 que levou Getúlio Vargas ao poder e finalizou o domínio das

oligarquias agrárias representadas por São Paulo e Minas Gerais durante a Primeira República (1889-1930), que a demanda por escolarização da população brasileira começou a crescer, em decorrência do projeto econômico de industrialização do país. Já que era necessária mão de obra minimamente qualificada para a passagem do modelo agrário-exportador para o urbano-industrial (PALMA FILHO, 2010).

22 Contrastando com os movimentos juvenis do século XIX, a maior visibilidade política e legitimidade

sociocultural da juventude foram conquistadas no século XX, principalmente na década de 1960 (GROPPO, 2000).

Na década de 1940, na ocasião da Segunda Guerra Mundial, os estudantes se posicionaram em campanha contra o nazifascismo desencadeando-se a luta pela redemocratização do Brasil e fim do Estado Novo. 23 A derrota na guerra dos países que representavam essa corrente política totalitária renovou os ideias de liberdade da juventude brasileira.

Nesse cenário foi lançada no Rio de Janeiro em 1947 a Campanha “o petróleo é nosso” tratava-se de “[...] uma das mais formidáveis mobilizações de opinião pública já ocorridas no Brasil” (MENDES JR., 1981, p. 53), contou com o apoio da UNE, trabalhadores, intelectuais e até militares da ala nacionalista, dando início a criação da Petrobrás.

Durante o período de redemocratização da sociedade brasileira (1945-1964), de acordo com Poerner (1995), a UNE se destacou pelas seguintes fases de liderança política: hegemonia do Partido Socialista (1947-1950); aproximação com a União Democrática Nacional (UDN), período que se caracterizou como conservador (1950-1956); recuperação democrática da entidade (1956-1961); e a ascensão católica na UNE, que se iniciou em 1961, em que parcela dos estudantes defendia uma espécie de “socialismo cristão”, porém não condizente com o modelo soviético.

A partir dos anos de 1950 intensificaram-se as representações sobre a juventude estudantil na imprensa em geral, passando esta a se constituir como preocupação para a sociedade, devido ao maior engajamento político dos estudantes.

Durante a década de 1950 os discentes passaram a assumir uma postura política ativa. Logo se ressalta a participação destes em diversas campanhas políticas. Assim como na ocasião do apoio da União Metropolitana de Estudantes (UME) do Rio de Janeiro a “Liga da Legalidade”, em favor da posse de Juscelino Kubitschek à presidência do país. Momento em que a oposição liderada por Carlos Lacerda tentou impedir sua posse, devido a acusações de que este não teria conseguido a maioria absoluta dos votos. No entanto, a posse do presidente eleito foi garantida pelo general Lott, então Ministro da Guerra (ARAÚJO, 2007).

Na conhecida “fase de recuperação democrática da UNE”, 1956 a 1961, a parcela estudantil começou a contrariar os interesses dos setores dominantes economicamente e dos dirigentes políticos que visavam infiltrar entre os estudantes ideologias favoráveis ao

23 Nazifascismo é um termo que exprime a articulação de duas doutrinas políticas autoritárias a partir do final da

primeira guerra mundial, de um lado o fascismo italiano, comandado por Benito Mussolini e de outro o nazismo alemão, sob o regime de Adolf Hitler e do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães. Suas principais características se concentravam no nacionalismo, totalitarismo, militarismo, antissemitismo, idealismo, superioridade racial, dentre outras marcas (PAXTON, 2007).

imperialismo norte-americano no Brasil, através do o próprio Ministério da Educação e Cultura (MEC) (POERNER, 1995).

Os famosos “anos dourados”, que compreenderam a década de 1950, foram marcados por uma intensa efervescência cultural, de forma que:

No cinema o povo lota as salas para rir das chanchadas de Oscarito, Grande Otelo, Dercy Gonçalves, Zé Trindade e Mazzaropi como Jeca Tatu. Muitos artistas faziam críticas de costumes no teatro de revista. Esses famosos artistas do rádio e do teatro só podiam ser vistos nas pequenas cidades do interior do país através do cinema. Na música, João Gilberto cantando

Desafinado inicia o movimento chamado de bossa nova. As bienais de arte,

em São Paulo, ganham projeção internacional [...] O teatro nessa década, como o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), de São Paulo era elitista, dava atenção aos sucessos de Paris ou de Nova York. Era muito mais voltado para o entretenimento do que para a denuncia social. Mas algo estava mudando ao surgir o Arena, interessados em representar a nossa realidade social incorporando o feito na temática de mostrar o país [...] Surgia um público interessado nesse tipo de espetáculo, principalmente o segmento estudantil. O país respirava cultura e era mais democrático. O Partido Comunista, mesmo clandestino, atuava intensamente [...] Em São Paulo, uma das maiores greves da década foi a dos trezentos mil, ocorrida em 1953 no governo Vargas, e a dos quatrocentos mil, em 1957, no governo de Juscelino Kubitschek (CARMO, 2010, p.18-19).

Em meio a esse novo clima cultural assinala-se o interesse de parcela da juventude estudantil pela arte de caráter crítico e politizado, no sentido de reflexão sobre o cenário vivenciado pela então sociedade brasileira.

No final da década de 1950 e início dos anos de 1960 o movimento estudantil hegemônico no Brasil viveu um período de forte influência católica nas ações estudantis. Com destaque para a Juventude Universitária Católica (JUC), que procurou orientar a participação política dos jovens com a discussão dos problemas sociais brasileiros fundamentados por uma tendência progressista. 24

Nos anos de 1960 parte dos militantes da JUC foi se radicalizando nas críticas ao sistema capitalista, discutindo a possibilidade de uma revolução socialista humanista em um movimento de “esquerda cristã”, que deu origem a Ação Popular (AP), organização não

24 Em relação à situação política do país nesse período tem destaque o governo de Juscelino Kubitschek (1956-

1961), o qual apoiou a ideologia do nacional-desenvolvimentismo e adotou um modelo econômico desnacionalizante com a vinda de empresas estrangeiras para o Brasil, promovendo o processo de “substituição das importações”. “Segundo D. Saviani essa ‘contradição’ interna entre a orientação econômica e a orientação política que marca o governo JK parecia estar sendo encaminhada nos governos seguintes, de Jânio Quadros e João Goulart, no sentido de ajustamento da política econômica ao modelo político nacionalista, com a reversão do processo de desnacionalização da economia e tentativas de abertura do mercado interno” (HILSDORF, 2005, p.122).

confessional e nem restrita aos cristãos que teve grande influência na orientação política da UNE nesse momento. Logo se destaca que:

[...] a UNE e o movimento estudantil por ela liderado estiveram genericamente à esquerda no contexto brasileiro do início da década de 60. Socialistas, comunistas e católicos progressistas – jucistas ou seguidores da Ação Popular -, apesar de algumas divergências insuperáveis entre si, mantiveram, no movimento estudantil liderado pela UNE, alianças e conchavos, em nome de uma unidade que, na prática, teve como resultado evitar que os estudantes de direita recuperassem sua hegemonia na entidade (SANFELICE, 1986, p. 64).

Nota-se que a Ação Popular defendeu um socialismo utópico, pois não conhecia a doutrina científica marxista, não possuindo uma estratégia claramente definida para se chegar à revolução.

O movimento estudantil possibilitado nesse período pelo ingresso de pequena parcela do jovem brasileiro na universidade se abriu como uma nova forma de participação política desse sujeito, representando possíveis manifestações da insatisfação juvenil. Nesse sentido, convém ressaltar que:

O movimento estudantil resulta, no plano da universidade da confluência de três fatores, dissociáveis analiticamente, mas conjugados no plano histórico e social. Há que destacar, em primeiro lugar, a problemática da juventude que constitui o seu embasamento fundamental e permanente. A necessidade de independência e auto-expressão marcam essa etapa da vida com um comportamento de rebelião, passível de revestir-se de formas extremadas de expressão social. A reação à autoridade, seja ela definida em moldes de geração, de categorias sociais ou de sistemas de dominação, é vivida em moldes de uma relação de recusa (FORACCHI, 1972, p.74).

A descontinuidade em aderir aos padrões adultos não se constitui em um conflito aberto de gerações. Mas o comportamento radical representado pelo movimento estudantil, principalmente na década de 1960, pode ser entendido em decorrência das crises vivenciadas pela sociedade como um todo, com destaque para a tensão vivida pela classe média urbana, desejosa de ascensão social em um país subdesenvolvido e dependente economicamente.

Em decorrência do crescimento demográfico e do processo de urbanização dos anos de 1950 e 1960, o país vivenciava o problema da escassez de vagas para os estudantes em condições de ingresso na universidade. De forma que, a movimentação política juvenil era identificada principalmente pelos universitários provenientes das classes médias, considerados

como parte da elite intelectual brasileira. Já que a grande parcela da juventude não tinha acesso sequer à educação básica, nesse período de efervescência do movimento estudantil.

Desse modo, no início dos anos de 1960 a educação brasileira apresentava precárias condições, pois não havia ocorrido nem mesmo à concretização de um amplo processo de alfabetização da população:

A instrução primária e secundária era atribuição dos municípios e dos estados, mas menos dos 10 por cento dos alunos matriculados no primeiro grau concluíam o curso primário, e apenas 15 por cento dos estudantes secundários conseguiam ir até o fim do curso. As causas incluíam recursos inadequados para contratarem professores e construir escolas, indiferenças dos pais, falta de dinheiro para pagar uniformes escolares, pressão dos pais para que os filhos trabalhassem e muitas outras. Na maior parte das cidades as melhores escolas secundárias eram particulares e atendiam os filhos dos ricos que levavam enormes vantagens nos exames de admissão às universidades federais gratuitas. Não causava surpresa o fato de as universidades do governo serem freqüentadas em sua maioria por filhos de gente bem de vida. Com mais da metade das verbas para a educação canalizadas para as universidades federais, o governo trabalhava com a ascensão social via educação (SKIDMORE, 1976, p. 31-32).

Nesse sentido, grande parte da juventude brasileira até os anos de 1960 estava fora da escola, sendo evidente o descaso público com a escolarização da população. Os investimentos no ensino superior revelavam nesse momento o intuito de formar uma elite dirigente via universidade, onde pequeníssima parcela conseguia chegar, ficando os jovens socialmente desprivilegiados excluídos desse processo.

Em dezembro de 1961 foi promulgada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) Lei 4.024, após treze anos de debates e confrontos divulgados na imprensa entre entidades educacionais, sindicais e estudantes defensores da escola pública e os privatistas. Esta lei contou com importante apoio da juventude estudantil e buscou conciliar os interesses da escola pública e da privada. 25

No início dos anos de 1960, parte da juventude na América Latina foi atraída pela política, por meio da circulação dos ideários revolucionários e contestatórios dos então jovens Fidel Castro e Ernesto Che Guevara, este último morto em 1967, expoentes de um movimento

25 “A Campanha de Defesa da escola Pública retomou o pensamento liberal norte-americano e europeu do final

do século XIX, mobilizou a opinião pública progressista, o movimento estudantil, e obteve o apoio operário [...] Nos anos 50 e 60, a defesa da escola pública, no contexto da discussão da LDB, deu continuidade ao pensamento de educadores como Anísio Teixeira, Pascoal Leme e outros e se converteu em estuário do rio cujos tributários foram: a criação da Associação Brasileira de Educação (1924), a IX Conferencia Nacional de Educação (1931), o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932), o I congresso Brasileiro de Escritores (1945), o IX Congresso Brasileiro de Educação (1945), a Universidade do Povo e os Comitês Democráticos, criados no então distrito Federal pelo PCB (Partido Comunista Brasileiro), quando de seu período de vida legal (1945-1947)” (CUNHA; GOÉS, 2002, p.13).

estudantil latino-americano amplo, que iniciaram suas carreiras políticas a frente desse engajamento.

Nesse cenário é importante sublinhar que o movimento estudantil latino-americano sempre foi ativo e marcou sua presença no contexto político, desde o início do século XX. Em uma análise sobre a participação política discente nesses países, concorda-se que:

[...] orientações definidas em função da problemática do desenvolvimento, reivindicações em nome de outros atores sociais e falta de base social definida – combinam-se no movimento estudantil latino-americano esão determinadas pelo tipo de desenvolvimento de nossas sociedades. Mostramos, com efeito, que a fraqueza das classes dirigentes, por um lado, e por outro lado, o caráter burocrático das camadas médias urbanas, definem tanto o tipo de funcionamento partidário do movimento quanto a sua implicação na problemática do desenvolvimento econômico (ALBUQUERQUE, 1977, p.76).

Logo convém destacar que as causas de luta nos diferentes países latino-americanos foram motivadas por fatores específicos, mas que apresentavam em comuns características próprias das sociedades dependentes do capital estrangeiro.

Nesse período os jovens foram responsáveis por um dos principais movimentos culturais do Brasil. Em 1961 os estudantes representados pela UNE criaram o Centro Popular de Cultura (CPC), com o intuito de participar ativamente da transformação cultural do país, por meio da arte crítica e revolucionária. Dessa forma, buscavam levar ao povo a conscientização sobre a realidade vivenciada pela sociedade.

O artigo “Vanguarda e Atualidade” do poeta Ferreira Gullar publicado pelo jornal carioca Correio da Manhã em 1967, apresentava algumas reflexões sobre as novidades