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4 TRAJETÓRIAS E POLÍTICAS PÚBLICAS: DESCREVENDO O CAMINHO PERCORRIDO PELAS POLÍTICAS PÚBLICAS E TERRITÓRIOS

4.3 TRAJETÓRIAS DOS TERRITÓRIOS RURAIS

4.3.2 O Território Sertão do Apod

100 Figura 4 – Mapa do Território do Sertão do Apodi

Fonte: Portal da Cidadania

4.3.2.1 Aspectos Gerais

O Território do Sertão do Apodi ocupa uma área de 8.297 Km², representando 15,6 % da área total do Rio Grande do Norte. O Território é constituído por 17 municípios: Governador Dix-Sept Rosado; Caraúbas; Campo Grande; Felipe Guerra; Itaú; Janduís; Messias Targino; Olho D’água dos Borges; Paraú; Rodolfo Fernandes; Severiano Melo; Triunfo Potiguar; Upanema; Rafael Godeiro; Apodi; Umarizal; Patu. O Território tem uma população de aproximadamente 155.304 habitantes, o que representa cerca de 5% da população do Estado. Sendo que residiam na zona rural cerca de 60.641 habitantes, enquanto que 94.663 residiam na zona urbana. (PTDRS APODI, 2010)

A estrutura dos serviços de saúde no Território Sertão do Apodi é composta por 105 estabelecimentos, com aptidão a prestar serviços no atendimento de patologias de baixa complexidade. Em relação ao número de estabelecimentos de saúde constata-se que embora sejam quantitativamente suficientes, apresentam-se desigualdades no tocante a sua distribuição por municípios. Além disso, o fato de no território não possuir unidades de atendimento de média e alta complexidade fragiliza muito a qualidade da saúde nos municípios do Território. Nestes casos, os pacientes em sua maioria deslocam-se para o

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município de Mossoró, onde percorrem mais de 100 km em busca de atendimento e se deparam com superlotação. (PTDRS APODI, 2010)

O Território do Sertão do Apodi, conta com 601 profissionais na área de saúde, destes, 142 são médicos. Ao considerar os padrões estabelecidos pela Organização Municipal de Saúde, que estipula a necessidade de um médico para cada mil habitantes verifica-se que há um déficit na oferta destes serviços. Além deste déficit quantitativo, outro agravante é que os médicos que atendem nesses municípios não são residentes nos mesmos. E, em geral, prestam serviços em vários outros, o que reduz a qualidade do atendimento. (PTDRS APODI, 2010)

O maior índice de mortalidade 61% encontra-se na população cuja faixa etária esta acima de 60 anos de ida de, a principal causa das mortes é a falta da assistência médica. Este elevado índice desta modalidade de óbitos deve-se a falta de infraestrutura médica que faz com que muitos pacientes sejam deslocados para outras localidades, onde muitas vezes o óbito ocorre no translado. Os pacientes deslocam-se para a cidade, sem um atendimento de pronto socorro básico, na sua quase totalidade em transportes inadequados percorrendo estradas vicinais em péssimo estado de conservação. (PTDRS APODI, 2010)

No Território Sertão do Apodi a infraestrutura e os serviços educacionais são prestados pelas esferas federal, estadual e municipal, além da iniciativa privada. No território existem 362 estabelecimentos escolares, sendo que deste total 232 localizam-se na zona rural, sendo 67 da rede estadual, 268 municipais e 27 privadas. O território do Apodi foi bastante beneficiado com o Programa de Interiorização do Ensino Superior – REUNI, o Território conta com diversas instituições de ensino superior: a Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN); Universidade Federal do Semi-Árido (UFERSA); além de unidades do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), os quais oferecem além de cursos de ensino superior, também ensino de nível médio. (PTDRS APODI 2010)

Já em relação ao analfabetismo o Território tem aproximadamente uma porcentagem 33,7% de analfabetos com mais de 15 anos, entretanto, o quadro melhora um pouco na faixa etária de 7 a 14 anos onde 96,5% da população estão matriculados em escolas regulares. Observando os dados da distorção idade-série, percebemos que a distorção é bastante elevada, sendo que nos anos finais é bem maior que nos anos iniciais. A distorção nas séries iniciais alcança o patamar de 30,54, já nas séries finais é de aproximadamente 50,34. (PTDRS APODI 2010)

102 Quadro 10 – Alguns Indicadores da Educação do Território do Sertão do Apodi

Fonte: PTDRS APODI (2010)

O Território Sertão do Apodi se constituiu em uma economia baseada na pecuária e agricultura de subsistência, tendo como principais atividades: a pecuária leiteira, a piscicultura, a ovino-caprinocultura, além de culturas de lavouras permanentes e temporárias. Entretanto, a pecuária leiteira foi desenvolvida de forma mais intensa na região do vale do Rio Apodi e seus afluentes; a ovino-caprinocultura na região da Chapada do Apodi; a piscicultura nas lagoas e açudes da região, sendo os principais a barragem de Santa Cruz e Apanha Peixe; as culturas temporárias de sequeiro distribuem-se por todo o território, por sua vez as irrigadas temporárias ou permanentes se predominam também na região do vale do Apodi. (PTDRS APODI, 2010)

O Território do Sertão do Apodi se destaca em termos estaduais por concentrar grande parte da produção de arroz, sorgo granífero, mamona e castanha. Estas culturas somadas levam o Território a responder por 33,91% da produção total do estado. O arroz produzido no Território chega a representar 89,67% em relação ao estado. Além dessas culturas merece destaque também a apicultura sendo o segundo maior produtor do Brasil. (PTDRS APODI, 2010)

103 Quadro 11- Indicadores Econômicos do Território Sertão do Apodi

Fonte: PTDRS APODI (2010)

A renda do Território de acordo com dados do IBGE, referindo-se ao ano de 2007, tinha uma renda média mensal de pouco mais de um salário mínimo. Entretanto, há uma tendência de aumento da renda populacional, uma vez que no ano de 2004 a renda média mensal equivalia a um salário mínimo. No entanto, além de ter uma renda média muito baixa o Território apresenta alto índice de concentração de renda. No coeficiente de Gini, referindo- se ao ano 2000, aparecia com um índice de 0,58. Índice semelhante ao do Brasil, de acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humana de 2007, elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, em que de um ranking composto por 180 países, o Brasil assumiu a 171ª posição. (PTDRS APODI, 2010)

Em relação ao rendimento médio mensal do chefe do domicílio, segundo informações do Censo Demográfico do Rio Grande do Norte, os dados revelaram que no ano de 2008, a população mais pobre do Sertão do Apodi correspondia a um quantitativo de 15% que dispunham de no máximo até meio salário mínimo mensal para a sua sobrevivência. Do total desta população, 87% estão sendo beneficiada com o Programa Bolsa Família. (PTDRS APODI, 2010)

O índice de desenvolvimento no Território Sertão do Apodi, ficou na média de 0,63 que é um valor baixo quando comparado com o do estado que é 0,70. A situação dos indicadores do território é preocupante, pois demonstra a estagnação que a região se encontra. (PTDRS APODI, 2010)

104 Quadro 12 – Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Território do Sertão do Apodi

Fonte: PTDRS APODI (2010)

4.3.2.2 Trajetória de formalização do território do Sertão do Apodi

A ideia de consolidação de um território na região do Apodi remarca ainda no início dos anos 1990, com a criação dos Polos Sindicais, através da FETARN, que tinha o objetivo de dinamizar as informações para os municípios. Neste caso a região foi denominada de médio-oeste e serviu como ancora para aportes de recursos do Programa de Combate a Pobreza Rural (PCPR) entre outros. Já nos anos 2000 com o MDA através do Projeto Dom Helder Câmara a região recebe à denominação de Território Sertão do Apodi. (PTDRS, 2010)

Em 2003 o Ministério do Desenvolvimento Agrário passa a articular uma nova estratégia de desenvolvimento e fortalecimento da gestão social, e então no ano de 2006 o Território Sertão do Apodi foi inserido no novo programa de desenvolvimento do MDA o Programa Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Territórios Rurais – PRONAT, o qual era o eixo orientador dos dispêndios oriundos do PROINF. Deste modo, a nova ótica de desenvolvimento adotada pelas políticas públicas das regiões rurais passa a contemplar a questão territorial, o qual o Sertão do Apodi se consolidou como um território rural composto por 17 municípios. (PTDRS, 2010)

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A gestão do Território é feita pelo Comitê Territorial do Sertão do Apodi, o qual é composto por representantes das comunidades de assentados (as) e de agricultores (as) familiares, bem como de representantes da sociedade civil, do governo federal, estadual e municipal.

O Comitê é responsável por apresentar, criar, discutir e decidir as propostas e projetos a partir das ações da comunidade, município e território. Tem como objetivo contribuir na formulação de propostas que busquem a integração das políticas de caráter territorial, articulando com as demandas dos agentes organizados no território. Assim o comitê busca constituir-se como uma instância de debate dos problemas e soluções do Território capaz de conjecturar e construir parcerias com outros programas e instituições que apoiem o desenvolvimento do Território. (PTDRS APODI, 2010)

A composição do Comitê foi feita de duas maneiras: uma para as relações com o Projeto Dom Helder Câmara, no qual a composição é feita tendo no mínimo 50% de famílias beneficiárias e o restante está distribuído em entes das esferas governamentais, bem como, das Organizações da sociedade civil. Além do mais é assegurada a cota de 30% na participação de jovens e mulheres. Por sua vez na formação do Comitê, tendo em vista o Desenvolvimento Territorial, tem sua estrutura da seguinte forma: 22 representantes do poder público, dentre estes as 17 prefeituras, representações de bancos, de secretarias estaduais de Governo e de órgãos federais. Mais 52 representações dos Sindicatos, incluindo Comissões de Mulheres e de Jovens e 14 representações dos Fóruns de Associações municipais. Ao núcleo técnico está assegurada a participação nas reuniões do Comitê Territorial, mas sem poder de voto. (PTDRS APODI, 2010)

Este colegiado formado por diversos agentes constitui-se no centro das ações territoriais, pois é onde se discute e tomam-se as decisões acerca das ações no Território. No Comitê forma-se a Comissão Executiva, a qual é responsável pelo planejamento, articulação, programação e gerenciamento das ações discutidas e decididas no Colegiado. Esta Comissão Executiva é constituída por 11 membros, sendo 05 representantes da Sociedade civil, 05 de Prefeitura Municipais e 01 representante da ULS/PDHC, o qual é o secretário executivo do Comitê Territorial e participa, mas sem direito a voto. (PTDRS APODI, 2010)

Por sua vez o Núcleo Técnico é a estrutura de apoio técnico aos projetos territoriais e aos debates. É composto pelas Câmaras Temáticas, ONG’s do território e instituições do poder público. Estas Câmaras Temáticas são espaços setoriais instituídos com o papel de propor, dialogar e articular temas específicos relacionados a eixos estratégicos para o Território, estas fazem reuniões trimestrais, com duração de dois dias. As Câmaras Temáticas

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existentes no Comitê Territorial são as seguintes: produção sustentável e agroecológica; educação, cultura e saúde; meio ambiente e convivência do semiárido; direitos sociais, gênero e cidadania; pesca e aquicultura. (PTDRS APODI, 2010)

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CAPÍTULO V

5 ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO E O PROCESSO DE FUNCIONAMENTO DO