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3. Revisão de literatura

3.2. O tipo de divulgações voluntárias feitas

Os tipos de divulgações voluntárias feitas pelas empresas são vários (tabela 4), os autores estudaram: as más notícias, as divulgações oportunas e informativas, as informações prospectivas, as divulgações ambientais, as fontes de comunicação das empresas, a variedade, a natureza e a extensão das divulgações feitas (Skinner, 1994; Sengupta, 1998; Kent e Ung, 2003; Villiers e Staden, 2006; Branco e Rodrigues, 2008; Kumar et al., 2008; Chen e Bouvain, 2009; Kang e Gray 2011).

Skinner (1994) referiu o facto do anúncio de notícias negativas que sejam inesperadas aumentar a probabilidade de acções judiciais por parte dos accionistas. Assim sendo, segundo o autor, os gestores divulgam voluntária e antecipadamente más notícias com o objectivo de manter as boas relações com os accionistas.

A fim de fornecer capital a uma empresa, os investidores tentam saber o risco de incumprimento com toda a informação disponível (Sengupta, 1998). Neste sentido, o estudo de Sengupta (1998) fornece evidências de que as empresas com ratings de divulgação de alta qualidade, dados pelos analistas financeiros, têm um custo menor de emissão de dívida. Segundo o autor, os utilizadores de informação financeira consideram que as empresas que fazem consistentemente divulgações oportunas e informativas são aquelas que têm uma menor probabilidade de reter informação relevante e desfavorável e, por consequência, exigem um menor custo na dívida que subscrevem.

Kent e Ung (2003) chegaram à conclusão de que as empresas maiores, possivelmente devido à sua estabilidade, são as mais propensas a divulgar informações prospectivas nos relatórios anuais.

Villiers e Staden (2006) analisaram relatórios anuais de empresas cotadas na bolsa de África do Sul com o objectivo de identificar as tendências na divulgação ambiental. Concluíram que os gestores consideram as divulgações gerais menos ameaçadores que as divulgações

específicas. De acordo com os autores, os gestores apontam a falta de requisitos legais, como a principal razão para a não divulgação de informação.

Branco e Rodrigues (2008) optaram por comparar a internet e os relatórios anuais das empresas portuguesas como meios de divulgação da responsabilidade social e analisar os factores que influenciam as divulgações. Os resultados sugerem que as empresas portuguesas preferem os relatórios anuais como meio de divulgação, comparativamente com a internet. Contudo, os factores que influenciam a divulgação voluntária de informações sobre a responsabilidade social das empresas portuguesas não diferem significativamente dos factores que influenciam as práticas de divulgação de responsabilidade social em países com mercados de capitais mais desenvolvidos (Branco e Rodrigues, 2008).

Kumar et al. (2008) examinaram as divulgações voluntárias feitas pelas empresas de origem asiática cotadas nos Estados Unidos da América (EUA) com o objectivo de recolher provas empíricas sobre as divulgações voluntárias (nos EUA) feitas pelas empresas asiáticas cotadas. Concluíram que as empresas que têm um regime que exige menos divulgação obrigatória, divulgam mais informação de forma voluntária para atender às expectativas dos utilizadores nos EUA.

Chen e Bouvain (2009) utilizaram software de análise textual para comparar os relatórios de responsabilidade social das empresas em diferentes países. Comparando os resultados obtidos os autores chegaram a várias conclusões, entre elas: a) nos países onde o mercado de capitais é mais desenvolvido as empresas têm de divulgar mais informações de maneira a satisfazer as necessidades de um público mais vasto; b) nos países em que o consumidor é mais atento a questões éticas as empresas dão mais enfâse aos clientes nos relatórios de responsabilidade social; c) a multinacionalidade das empresas tem um efeito significativo na divulgação de informações sobre o meio ambiente, mas não nas outras questões (como por exemplo questões éticas), e d) o país em que a empresa está sediada é um factor chave influente na natureza e na extensão das divulgações feitas.

Kang e Gray (2011) examinaram o conteúdo das divulgações voluntárias de informações sobre activos intangíveis feitas por empresas líderes mundiais nos mercados emergentes. As empresas da amostra relatam uma variedade de informações quantitativas e qualitativas sobre os activos intangíveis, com diferentes graus de extensão. Os resultados indicam que a variedade, a natureza e a extensão das divulgações voluntárias observadas diferem consoante o tipo de normas de contabilidade adoptado e o tipo de sector. No entanto, o tamanho da

empresa ou o facto de serem cotadas em mercados externos não afectam as divulgações voluntárias sobre activos intangíveis.

Tabela 4 Estudos sobre divulgações voluntárias de informações

Autores Tipo de Estudo/ Teoria Subjacente

Amostra Principais conclusões

Skinner (1994) Empírico / Teoria de Custos de Propriedade 93 empresas cotadas no NASDAQ

Os anúncios de grandes surpresas negativas aumentam a probabilidade de acções judiciais dos accionistas; Os gestores têm incentivos para se antecipam a divulgar voluntariamente grandes surpresas negativas (mas não as positivas);

Quando as empresas estão a fazer relativamente bem os gestores fazem divulgações de notícias boas para distinguir as empresas das que fazem menos bem.

Sengupta (1998) Empírico Empresas

cotadas nos EUA

A importância das divulgações é maior em situações onde há maior incerteza no mercado;

Às empresas que fazem divulgações oportunas de modo consistente é cobrado um menor prémio de risco; A não divulgação de informação é entendida como um indicador de que a empresa provavelmente entre em incumprimento. Kent e Ung (2003) Empírico 100 empresas australianas cotadas

As empresas fornecem principalmente informações positivas;

As grandes empresas tendem a divulgar mais informações prospectivas. Villiers e Staden (2006) Empírico / Teoria da Legitimidade 140 empresas cotadas na Johannesburg Securities Exchange

Após um aumento num período inicial, as empresas começaram a divulgar menos informação ambiental específica;

Os gestores citaram como principal razão para a não divulgação de informações a falta de requisitos legais; As empresas consideram as divulgações gerais menos ameaçadores do que as divulgações específicas.

Branco e Rodrigues (2008) Empírico / Teoria da Legitimidade 49 empresas portuguesas cotadas em bolsa

As empresas atribuem maior importância aos relatórios anuais do que à internet como meio de divulgação;

As empresas com maior visibilidade apresentam maior preocupação para melhorar a sua imagem através de divulgação de responsabilidade social.

Kumar et al. (2008) Empírico 84 empresas de nove países asiáticos cotadas nos EUA

As empresas onde os países de origem têm regimes de divulgação obrigatória menos rigorosos são mais susceptíveis de divulgar mais informação

voluntária;

A cultura dos países de origem apenas afecta as divulgações voluntárias nos EUA num pequeno grau.

Kang e Gray (2011) Empírico 200 empresas líderes mundiais dos mercados emergentes

O tipo de normas de contabilidade e o sector de actividade afectam a variedade, a natureza e a extensão das divulgações voluntárias;

O tamanho da empresa ou o facto de serem cotadas em mercados externos não afectam as divulgações voluntárias. Chen e Bouvain (2009) Empírico / Teoria Institucional Empresas de

vários países O país em que a empresa está sediada mostrou ser influente na natureza e na extensão das divulgações