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O universo de pesquisa e a pesquisa empírica

No documento adrianaimaculadafernandes (páginas 191-200)

CAPÍTULO III A luta pela redução da jornada de trabalho

3.3 Tempo de trabalho e tempo livre: pesquisa com os servidores da Universidade

3.3.3 O universo de pesquisa e a pesquisa empírica

Atualmente, a UFJF conta, em seus campi de Juiz de Fora e Governador Valadares, com um total de 1520 servidores técnico-administrativos em educação, distribuídos em diversos cargos nos níveis de classificação C, D e E36. Abaixo colocamos a distribuição desses servidores de acordo com a escolaridade mínima dos cargos:

Quadro 1 – Servidores ocupantes de cargos efetivos da Carreira de Técnico-

Administrativo em Educação (TAE) da UFJF

Nível de Classificação C D E Total Servidores Efetivos 201 822 497 1520

Fonte: http://www.ufjf.br/progepe/links/quadro-de-referencia-dos-servidores-taes-da-ufjf/. Elaboração própria.

A pesquisa qualitativa foi realizada, inicialmente, com sete servidores da UFJF, escolhidos de forma aleatória, a partir dos critérios tempo de trabalho na UFJF e pretensão em permanecer na carreira TAE. A partir do critério tempo de trabalho na UFJF, busquei entrevistar tanto servidores empossados recentemente, com menos de dois anos no cargo (servidores 1 e 5), como também servidores há mais de vinte anos na instituição (servidores 4 e 7). A partir do relato de um dos servidores, chamado servidor 6, que além de membro do sindicato, participou das discussões sobre a construção tanto

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De acordo com a Lei 11.091/2005 (PCCTAE), o nível de classificação se refere ao conjunto de cargos com mesmo nível de escolaridade e responsabilidade, classificando-os nos níveis A, B e C (ensino fundamental incompleto ou completo, de acordo com o cargo), nível D (ensino médio completo, acrescido de ensino profissionalizante ou técnico, de acordo com o cargo) e nível E (ensino superior completo e registro no conselho profissional, de acordo com o cargo).

da portaria de flexibilização da jornada de trabalho quanto da que regulamenta a implantação do controle eletrônico de frequência, entendi ser importante entrevistar também um membro da comissão que representasse a Administração Superior, e assim o fiz. Esse entrevistado, que chamarei de servidor 8, pertence à categoria docente e foi entrevistado para que fizesse um relato do histórico do processo, desde o início da nova gestão na Reitoria até o momento de aprovação de ambas as portarias.

Com relação ao interesse em permanecer no cargo ou carreira, entrevistei servidores que, no momento, pretendem se aposentar no cargo ou carreira atual (servidores 1, 2, 4, 6 e 7) e, ainda, servidores “concurseiros”, que continuam estudando para outros concursos, os servidores 3 e 5. Nesse caso, busquei investigar como esses últimos conciliam sua jornada de trabalho com os estudos e com o tempo livre. Os quadros abaixo contêm os dados dos entrevistados, ano de ingresso na UFJF e pretensão em se aposentar no cargo atual:

Quadro 2 – Servidores entrevistados: idade, sexo, estado civil, cor, ano de

ingresso na UFJF e pretensão em se aposentar no cargo efetivo atual

Servidor

Entrevistado Idade Sexo Estado Civil Cor Ingresso na UFJF

Pretende se aposentar no cargo atual?

1 31 F Casada Branca Março de 2017 Sim

2 53 F Casada Parda Junho de 2014 Sim

3 31 M Solteiro Parda Janeiro de 2010 Não

4 57 M Solteiro Branca Dezembro de 1985 Sim

5 30 M Solteiro Branca Junho de 2016 Não

6 40 M Solteiro Branca Dezembro de 2010 Sim

7 59 F Casada Branca Junho de 1981 Sim

Quadro 3 – Servidores entrevistados: bairro de residência, número de pessoas no

domicílio, renda familiar e participação na renda familiar

Servidor Entrevistado Bairro onde reside Possui casa própria Número de pessoas no domicilio (incluindo o servidor) Renda Familiar Aproximada Participação na Renda

1 Estrela Sul Sim 3 R$ 11.000,00 10%

2 Alto dos Passos Sim 4 R$ 10.000,00 30% 3 Granbery Não 1 R$ 6.500,00 100% 4 Bairu Sim 3 R$ 20.000,00 60% 5 Centro Não 2 R$ 3.500,00 70%

6 São Pedro Sim 1 R$ 6.000,00 100%

7

Nossa Senhora

das Graças Sim 2 R$ 7.000,00 70%

Fonte: Elaboração própria.

Dentre os servidores entrevistados, três são do sexo feminino e quatro do sexo masculino; as participantes do sexo feminino são casadas, os entrevistados do sexo masculino são solteiros. Vale colocar que o estado civil não foi um critério para a escolha do entrevistado, que foi selecionado pelos critérios acima elencados.

Em relação à cor, cinco se declararam brancos e dois pardos. Em relação à renda, os dados apresentados no quadro 1 mostram que cinco dos entrevistados tem participação na renda familiar de mais de 50%, entretanto, dentre os cinco, dois são solteiros e moram sozinhos, arcando com a totalidade de suas despesas; outros dois se declaram solteiros, mas moram com outras pessoas da família, com quem dividem despesas (o servidor 4 mora com os pais idosos e o servidor 5 mora com a tia). A servidora 7 é casada e tem maior participação na renda total familiar que seu cônjuge .

Com relação à casa própria, cinco dos entrevistados declararam ter casa própria. Entretanto, os servidores 2 e 6 afirmaram que possuem casa própria, mas atualmente não moram em seus imóveis, e sim em imóveis alugados.

Todos os servidores entrevistados trabalham no campus universitário e em relação à distância entre o local de moradia e o trabalho, os servidores 4 e 7 são os que moram em bairros mais distantes, ambos a cerca de 7 km do local de trabalho. A respeito do deslocamento para o trabalho, os servidores relataram que gastam algum tempo no trajeto, principalmente quando há retenções no trânsito:

“(...) a gente não pode falar que Juiz de Fora tem congestionamento, Juiz de Fora tem retenção de trânsito. A gente não para em Juiz de Fora, a gente anda mais lento... mas, assim, é bem tranquilo” (S2).

“(...) Eu gasto cerca de... vamos colocar uma hora diária (...) me atrapalhar não atrapalha (...). Porque eu sei que no meu tempo eu tenho que considerar essa questão do transporte” (S5).

Essa questão foi enfatizada pela servidora 7, a servidora entrevistada que mora mais distante do local de trabalho e faz o trajeto de transporte público:

“... o trânsito é mais complicado (...). Quando eu saio às quatro, eu chego em casa cinco horas, quando eu saio às cinco, eu costumo chegar sete horas, por aí, em razão dos ônibus, trânsito, tudo...” (S7).

Sobre o cargo que ocupam na UFJF, os servidores 3 e 6 são Administradores (nível E), os demais são Assistentes em Administração (nível D). Todos os servidores entrevistados trabalham no ambiente administrativo, sejam em secretarias de unidades acadêmicas, sejam em setores administrativos.

Quanto à formação profissional, todos os entrevistados, com exceção do servidor 5, possuem curso superior. O servidor 5 está cursando graduação em nível tecnólogo em uma universidade particular da cidade e tem curso de técnico em segurança do trabalho, com o que trabalhava antes de ingressar na UFJF. Os servidores 1, 2 e 7 possuem especialização (pós-graduação stricto sensu); os servidores 3, 4 e 6 possuem mestrado.

Os motivos de escolherem prestar concurso para o cargo que ocupam são os mais variados. A servidora 1 atuava como psicóloga na iniciativa privada, mas procurava um trabalho mais estável, pois afirma que o mercado de trabalho para a área de psicologia na cidade é muito concorrido e, como tem família já estabelecida na cidade (é casada e tem uma filha), decidiu tentar o concurso da UFJF:

“[Sou] assistente em administração. Eu trabalhava como psicóloga, mas não tinha ainda conseguido alguma coisa que eu gostasse, que eu me identificasse tanto dentro da psicologia e eu tava procurando uma coisa mais fixa (...) aqui em Juiz de Fora é muito complicado essa área...concorrido, enfim...e aí eu queria uma coisa mais certa e aí que eu optei pelo concurso público. E aí eu nem me preocupei em ser nível médio porque na verdade meu interesse era uma coisa mais certa mesmo” (S1).

Quando questionada sobre se pretende se aposentar no cargo que exerce, afirma que, até o momento, pretende sim, mas que pode mudar de ideia futuramente:

“Pensando hoje em dia sim. Pelo fato de eu não almejar, não ter pretensão de ter um cargo maior ou ganhar mais porque não é o meu objetivo. Meu objetivo é trabalhar e ganhar o meu dinheiro, enfim... Então, assim, pensando hoje sim, mas eu não sei o dia de amanhã, se eu voltar a trabalhar na minha área, quem sabe, se eu tiver oportunidade, pode ser que eu mude de ideia” (S1).

A servidora 2 era servidora pública antes de ingressar na UFJF, tendo trabalhado durante quinze anos em um banco estadual. Após pedir demissão do banco durante um plano de demissão voluntária para investir em sua formação, passou em concurso e trabalhou durante três anos como assistente de biblioteca no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais (IF Sudeste). Ao sofrer um acidente de percurso e ter ficado com sequela, decidiu fazer o concurso para assistente em administração da UFJF, concorrendo a uma vaga para deficiente físico:

“(...) quando surgiu esse concurso aqui pra Universidade (...) o que me levou mais a fazer o concurso pra assistente em 2014 foi que eu já era funcionária pública lá do Instituto Federal, e lá eu era auxiliar de biblioteca, e aconteceu um acidente comigo, eu quebrei meu cotovelo, fiquei com uma diferença do braço (...) foi no percurso trabalho-casa (...) e eu tava afastada do Instituto Federal na época do concurso fazendo o tratamento (...) e na época do concurso tinham oito vagas pra deficiente físico (...) e aí eu resolvi fazer o concurso pra assistente, porque aí eu saí de auxiliar de biblioteca para assistente em administração” (S2).

Sobre aposentadoria, afirma que presente se aposentar no seu cargo atual, pois trabalha desde os quatorze anos e já tem cerca de trinta anos de contribuição. Diz estar desestimulada para tentar novos concursos ou mudar de carreira, já que, inclusive, seu marido aposentou-se recentemente.

O servidor 3 atua na UFJF como Administrador e diz ter escolhido o cargo porque quando havia terminado a graduação, em 2009, saíram diversos concursos para Universidades e, além de ter prestado concurso em IFES, estava estudando para diversos concursos diferentes. Considera que não foi exatamente uma escolha, foi mais uma questão de oportunidade e também de necessidade:

“(...) eu já via essa questão de concurso pra mim como algo que eu queria, essa estabilidade que o concurso te dá (...) pelo final do terceiro, quarto ano [da graduação] eu comecei já a pensar nessa questão de concurso mesmo (...) Foi uma coisa prática, quando eu terminei a graduação, eu fiz alguns concursos pra outras universidades também (...) saiu concurso aqui, eu falei ‘ah, vou fazer’ (...) foi meio que um encaixe mesmo, eu acabei de fazer a graduação, pintou o concurso, eu tava estudando pra concurso... não foi bem uma escolha, na verdade, foi a situação” (S3).

Para o servidor, áreas como educação e saúde não são valorizadas pelo Estado, principalmente no atual governo, que tem promovido reformas e precarizado ainda mais essas áreas. Afirma que não pretende se aposentar no cargo atual, já que pensa na carreira acadêmica, mas diz que também pensa em se preparar para concursos em carreiras que considera serem mais valorizadas pelo Estado:

“Pela minha questão de ter feito mestrado, eu penso muito na carreira acadêmica também, me interesso bastante, e também penso nos concursos também que são carreiras mais de Estado mesmo, tipo Auditoria, Banco Central até hoje me atrai, é um concurso que até hoje eu queria fazer, entendeu?... Não que eu ache ruim aposentar aqui não, acho que não, eu acho que tá tendo essa precarização maior agora do trabalho com esse governo” (S3).

Para o servidor 4, a escolha do cargo também não foi exatamente uma escolha, mas sim uma questão de oportunidade. Ele afirma que tinha pensado em nem fazer a prova, mas acabou sendo convencido por sua namorada na época:

“Eu comecei a estudar novo aqui na Universidade e me formei em 1985 em Comunicação Social (...) aí eu tava com uma menina, namorando, e ela foi fazer o concurso (...) ela me chamou pra fazer, e eu fiz a prova, aí passei e ela foi reprovada. Aí nesse tempo, eu fui morar nos Estados Unidos, mudei pra lá pra fazer o sonho americano naquela época, e aí minha mãe me liga e fala ‘o concurso te chamou, a Universidade de te chamou’, aí eu voltei” (S4).

Com relação à aposentadoria, diz que pretende se aposentar no cargo atual, por já estar trabalhando há muitos anos. Tem planos de se mudar do país após sua aposentadoria para trabalhar com ensino de idiomas:

“Com os ataques, assim, do governo, agora de aposentadoria e tal, eu já tô com 32 anos [de trabalho], eu tenho férias prêmio, então conta pra 33 anos... meu foco é estudar mais inglês, que eu tenho uma proposta de ir morar na Holanda. Todo ano eu tô indo pra Europa e eu conheço muita gente na Holanda e tem um curso de idiomas que eles precisam de uma pessoa que fale inglês e português” (S4).

O servidor 5 trabalhou durante quatro anos como técnico de segurança do trabalho antes de ingressar na UFJF. Fez o curso em Juiz de Fora, mas saiu para trabalhar em outros locais, pois afirma que o campo de atuação na cidade é restrito. Trabalhou em uma empresa de manutenção ferroviária e quando o contrato terminou, ficou um ano e meio estudando para concursos; chegou a prestar vários concursos e ficou classificado

em alguns. Como não foi chamado, voltou a trabalhar na área de segurança do trabalho até que foi convocado a assumir o cargo de assistente em administração na UFJF:

“(...) na época eu tava em Juiz de Fora estudando, nesse período que eu saí da ferrovia eu voltei pra Juiz de Fora (...) e nisso, como eu tava na cidade, eu vi que saiu o concurso da UFJF. Aí eu pesquisei, assim, vi várias pessoas que já trabalharam aqui na UFJF e falaram da instituição, vi pela cidade também, a cidade é uma cidade que eu gosto (...) seria muito bom pra mim também, que tava perto de família e tal, aí eu resolvi fazer (...) foi por impulso, por já estar engajado em meio de concurso, fazendo provas e provas, é a oportunidade que surgiu, e também por esse fato de eu gostar da cidade” (S5).

O servidor não pretende se aposentar no cargo e continua estudando para outros concursos:

“(...) eu pretendo continuar estudando pra outros concursos porque eu acho que a pessoa, nós temos obrigação de sempre pensar mais alto, dar novos rumos e pensar mais alto na nossa vida, na nossa carreira. (...) se a gente vai conseguir ou não já é outro caso, mas eu tento dar voos mais altos, né?” (S5).

O servidor 6 também considera que a escolha do cargo que ocupa foi uma oportunidade, que se deu por ser o cargo compatível com a sua formação. Quando questionado se pretende se aposentar no cargo que ocupa hoje, afirma que sim, ainda que, com as mudanças no direito à aposentadoria que afetam também a maioria dos servidores públicos, não tenha isso como algo certo:

“Aí quando eu fui fazer o concurso, como eu sou formado em Administração, era o curso que eu podia concorrer, vaga de Administrador, se eu quisesse uma vaga do nível E da carreira, era de Administrador, aí eu fiz o concurso e entrei em 2010(...) Eu tô satisfeito com o meu trabalho, com a instituição, com o que eu faço, e não tenho planos de mudar não. É claro que, teoricamente, aposentadoria tá bem longe, se ela ainda existir no futuro, mas (...) não tenho nenhum plano de mudar de instituição ou de carreira, pelo menos hoje eu não tenho” (S6).

A servidora 7, que trabalha na UFJF há 34 anos, afirma que sempre quis ser servidora pública por causa da estabilidade. Ingressou em 1985 no cargo de Datilógrafo e, no mesmo ano, fez concurso interno pra Agente Administrativo, cargo denominado atualmente Assistente em Administração:

“Foi porque eu sempre tive vontade de ser servidor público, por causa da estabilidade, tudo, aí foi a oportunidade que surgiu do concurso que eu fiz” (S7).

A servidora já possui todas as condições para se aposentar, por isso, não pensa em mudar de carreira. Lembra que quando entrou na UFJF, o regime de trabalho era regido pela CLT e o salário era pouco atrativo. Além disso, a jornada de trabalho era de oito horas diárias:

“Quando eu entrei, era regime CLT, que foi alterado em 88... com a Constituição... tudo era CLT quando eu entrei e depois passou pro Regime Jurídico Único que melhorou muito financeiramente, porque o salário era bem menor, era pouco mais que o salário mínimo... e o regime era oito horas... eu trabalhava de oito às dezoito e tinha horário de almoço entre onze e uma hora...” (S7).

Por sua vivência na Instituição, seu relato a respeito do trabalho como servidora é muito interessante. Desde que ingressou na UFJF, há trinta e quatro anos, trabalha no mesmo setor administrativo, que até 2002 funcionava no prédio da Reitoria, localizado na Rua Benjamin Constant, onde hoje funciona o Museu de Arte Murilo Mendes. Até que seu setor fosse transferido para o campus, a jornada de trabalho era de oito horas diárias, seguindo a jornada de todos os servidores da Reitoria, ainda que no campus os servidores, inclusive de setores administrativos, já cumprissem jornada reduzida:

“(...) e depois a Reitora [Margarida Salomão] estendeu isso pra todos os demais, porque aqui [no campus] já tinham alguns lugares que faziam seis horas, mas não era nada oficial” (S7).

A servidora lembra também que, ao ingressar na UFJF, registrava o cumprimento de sua jornada em um relógio de ponto. Disse não se lembrar de quando acabou o registro em relógio de ponto, por já ter muitos anos, mas, pelo seu relato, é possível notar que o registro era bastante rigoroso e inflexível, dado que a tolerância era de somente cinco minutos. Um dia, ao passar dois minutos da tolerância estabelecida, teve um terço de seu dia de trabalho descontado, já que o seu chefe à época se recusou a abonar seu pequeno atraso:

“... usava um relógio de ponto... tinha que assinar o ponto... era um relógio mesmo, aí tinha uma bobina de papel, você apertava e ele marcava o horário e você tinha que assinar... então você colocava na hora que você chegava, na hora que você saía pro almoço, na hora que você retornava e na hora que você saía, era quatro vezes por dia. Quem controlava era o departamento [de] pessoal... e você tinha tolerância de cinco minutos, se passasse de cinco minutos, você tinha que pedir uma anuência do chefe pra ele justificar, pra abonar o seu ponto, se ele não abonasse... aconteceu comigo um dia, descontou um terço do meu dia de trabalho, porque eu cheguei acho que era oito e sete” (S7).

A servidora também passou por significativas mudanças em seu trabalho, já que viu o computador como instrumento de trabalho ser implantado na instituição, o que mudou significativamente a forma de desenvolver suas atividades:

“Quando eu entrei não tinha computador, era máquina de escrever (...) a gente tinha muito contato com fornecedor, porque era tudo convite, carta convite... era tudo presencial... o mapa comparativo era tudo batido à máquina, com carbono, então era um sistema bem arcaico, as contas feitas tudo na máquina de calcular... mudou muito. (...) No principio foi até bem difícil... a gente não tinha noção de nada. Quando foi implantar lá o computador, a gente foi até fazer um curso... se eu não me engano na [Faculdade de] Engenharia ou no ICE, porque a gente nem sabia o que era o mouse, não sabia nada, então teve que familiarizar” (S7).

Quando questionados sobre os pontos positivos de seu trabalho, de uma forma geral, todos os entrevistados apontaram o relacionamento com os colegas de trabalho. Alguns também citaram o público atendido pelo setor em que trabalham. Isso mostra a importância, para os servidores, do relacionamento interpessoal no trabalho:

“... também gosto do ambiente de trabalho em que eu estou inserida, gosto das pessoas... eu gosto de trabalhar com pessoas. Então, assim, como no setor tem bastante gente, né? Como eu me dei bem [com as pessoas], isso facilita no dia a dia” (S1).

“Eu gosto da dinâmica, das pessoas, de todo o dia ter gente lá visitando. Eu gosto de lidar com o público. Gostaria de lidar até mais, pra te falar a verdade, porque a secretaria não te proporciona esse embate direto com todos os tipos de público que frequentam lá. Mas, assim, tá legal (...) o ambiente é bom, eu não tenho nada a reclamar da chefia... então, assim, tá bom o ambiente” (S2).

“As pessoas que eu trabalho também, que eu lido mais... é um ponto positivo também” (S3).

“Olha, o que eu mais gosto, eu acho que o próprio ambiente que a gente tá no trabalho, acho que o ambiente tem que ser o mais leve, o mais descontraído e sério também (...) porque isso ajuda a aliviar. A gente trabalha com a tensão de responsabilidade muito grande (...). Então, acho que o que eu mais gosto é poder contar, no ambiente que eu tenho de trabalho, com essa questão da equipe, né? De estar em um ambiente legal, descontraído e quando tem que pegar e fazer, a gente (...) se une e faz” (S5).

“Ah, o que eu mais gosto é o ambiente, das pessoas que trabalham lá, da própria comunidade como um todo da faculdade, os técnicos, os professores, os estudantes, é um clima bem legal” (S6).

“Eu gosto do que eu faço, eu não acho ruim, não. O que eu gosto mais lá, assim, é do pessoal mesmo, do ambiente de trabalho, das pessoas” (S7).

O servidor 3 citou, ainda, a questão da flexibilidade, tanto de horário quanto em

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