• Nenhum resultado encontrado

Dos procedimentos metodológicos

No documento adrianaimaculadafernandes (páginas 188-191)

CAPÍTULO III A luta pela redução da jornada de trabalho

3.3 Tempo de trabalho e tempo livre: pesquisa com os servidores da Universidade

3.3.2 Dos procedimentos metodológicos

Para atender aos objetivos propostos, optei por realizar pesquisa de campo de cunho qualitativo por meio de entrevistas semiestruturadas, envolvendo os servidores TAE’s, independente de participação nas discussões diretas sobre o processo de flexibilização. Como há pontos de vista divergentes sobre como se deu esse processo, entrevistei também dois membros da comissão responsável por analisar os planos de flexibilização: um membro da atual direção do SINTUFEJUF e um membro da atual gestão da Administração Superior. O objetivo geral da pesquisa foi analisar as concepções desses servidores acerca do processo de regulamentação da flexibilização da jornada de trabalho e os reflexos da jornada de seis horas diárias para seu trabalho e sua vida pessoal.

A técnica de pesquisa escolhida foi a de amostragem por saturação ou saturação teórica. Com o uso de tal técnica, os entrevistados são escolhidos de forma aleatória sem determinação prévia do tamanho de amostra. Quando os dados obtidos através das entrevistas passam a ser redundantes, ou seja, quando há, na avaliação do pesquisador,

reincidência de informação, cessa a coleta de dados, já que a inclusão de novos participantes na pesquisa pouco acrescentaria ao material já coletado (FONTANELLA, RICAS e TURATO, 2008).

As entrevistas foram baseadas em perguntas abertas, com o objetivo de nortear as informações relevantes para a pesquisa, mas também permitindo maior liberdade dos indivíduos entrevistados para discorrer acerca dos temas tratados.

As técnicas de pesquisa serão abordadas com mais detalhes a seguir.

3.3.2.1 A amostragem por saturação em pesquisa qualitativa

Uma questão recorrente que permeia pesquisas qualitativas é relacionada ao tamanho da amostra, ou melhor: por quanto tempo o pesquisador deve permanecer coletando dados em campo até que obtenha uma amostra significativa do universo a ser pesquisado. Segundo Falqueto e Farias (2016, p. 561),

A formulação dessa amostra transcorre paralelamente à de outros elementos cruciais de validação da amostra: o desenho da pesquisa, o recorte do objeto, a formulação do problema, dos pressupostos ou hipóteses, a escolha dos instrumentos de coleta de dados e as referências bibliográficas que serão utilizadas na interpretação dos resultados.

Diferente da pesquisa quantitativa, onde o tamanho da amostra é calculado através de cálculos estatísticos, na pesquisa qualitativa, o pesquisador deve ter em mente o que deseja obter junto aos participantes do estudo através das entrevistas, pois, nesse caso, a qualidade das informações obtidas predomina sobre o tamanho da amostra. Os dados, as informações a serem obtidas é determinam o momento em que o pesquisador pode considerar que houve saturação e pode interromper a coleta de dados.

Porém, ainda assim, é necessário ter em mente um número médio de entrevistas a serem realizadas, ainda que somente durante a pesquisa de campo, a partir da transcrição e análise do conteúdo das falas dos trabalhadores, seja possível constatar que houve saturação das informações coletadas. Falqueto e Farias (2016), apontam que, na literatura, é possível encontrar recomendações de um número mínimo de oito e máximo de doze entrevistas. Os autores descrevem uma pesquisa acerca do processo de implantação de planejamento estratégico na Universidade de Brasília, quando foram entrevistados alguns dos gestores envolvidos nesse processo. Algumas das categorias

estudadas foram saturadas a partir da nona entrevista, outras, somente a partir da décima-segunda entrevista (FALQUETO e FARIAS, 2016, p. 566).

O que se busca com as entrevistas é, em último grau, o aperfeiçoamento teórico da discussão de uma categoria, ou de um conjunto de categorias. Dessa forma, a saturação pode ser constatada a partir do momento em que novas entrevistas pouco contribuem para esse aperfeiçoamento, mostrando o momento de encerrar o trabalho de campo.

3.3.2.2 A entrevista

A entrevista é enquadrada como método de pesquisa de cunho qualitativo onde se busca, a partir da seleção de determinada fonte, escolhida com base em seu conhecimento, explorar um assunto ou aprofundá-lo. O que se busca, com a entrevista, é analisar o relato de pessoas selecionadas, sem que seja possível, com isso, dar tratamento estatístico às informações ou mesmo testar hipóteses; o pesquisador irá a campo munido de pressupostos ou de suposições que orientarão seu trabalho (DUARTE e BARROS, 2012).

A entrevista é um dos meios mais utilizados para a coleta de dados e sua preparação é de fundamental importância para o sucesso do objetivo almejado. É possível descrever a entrevista como:

A técnica mais pertinente quando o pesquisador quer obter informações a respeito do seu objeto, que permitam conhecer sobre atitudes, sentimentos e valores subjacentes ao comportamento, o que significa que se pode ir além das descrições das ações, incorporando novas fontes para a interpretação dos resultados pelos próprios entrevistadores (RIBEIRO, 2008, p. 141 apud JÚNIOR e JÚNIOR, 2011, p. 239).

Trata-se, portanto, de uma técnica flexível e dinâmica. Para fins desse trabalho, optamos pela escolha de entrevistas semiestruturadas, onde o entrevistador dirige a entrevista tendo por base poucas questões diretas, um roteiro-base que guiará a entrevista, e deixa o entrevistado falar de forma livre, mas sempre se reportando às pautas relacionadas ao objeto de pesquisa. As perguntas são amplas, de forma que as respostas ampliam as interrogativas, suscitando novas questões ou ampliando o escopo daquelas previamente elaboradas, mas sem redundâncias. Esse tipo de pesquisa é interessante, pois permite a criação de uma estrutura para comparação de respostas e estabelecimento de conexões de resultados, sistematizando informações obtidas junto a entrevistados distintos (DUARTE e BARROS, 2012).

Em se tratando de pesquisa com seres humanos, como é o caso, é importante ter em mente a questão ética. Sendo assim, a pesquisa foi submetida à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa e os entrevistados concordaram em assinar o termo de consentimento livre e esclarecido, documento onde foi exposto o objeto da pesquisa e que ficarão arquivados conosco por um período de cinco anos, como determinado pela Resolução Nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (Anexo IV).

No documento adrianaimaculadafernandes (páginas 188-191)

Documentos relacionados