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O movimento sociocultural de Natal se deu por muito tempo pelo centro da cidade, e esse é um dos maiores motivos para o berço da cultura LGBT ser os bairros da Ribeira e da Cidade Alta. Na realidade, como Cunha (2014), conclui, o período que corresponde entre os anos de 1940 e 1950 até meados dos anos 1960, Natal, mais notadamente o bairro da Ribeira, vivenciou uma fase boêmia, caracterizada por um boom socioeconômico, proveniente dos efeitos da Segunda Guerra Mundial e da presença de milhares de soldados estadunidenses com seus poderes aquisitivos.

Contudo, podemos ver em COSTA (2000, p.112) que a movimentação socioeconômica da Ribeira vem desde o fim do século anterior (XIX), quando a Ribeira torna-se um bairro mais ativo e dinâmico do que a Cidade Alta – núcleo formador da cidade do Natal onde por muito tempo foi o local que apresentava atividade mais expressiva – pelo fato de estar situado nas proximidades do cais do porto19. Porém, é no século XX, entre as décadas de 40 e 50 como Cunha (2014) ressalta, que o comércio na Ribeira aqueceu e se diversificou, podendo observar que o segmento de bares, cafés e cabarés foram o que mais ganhara expressão Ribeira, movimento assim o bairro, também, culturalmente.

O término da guerra, ainda segundo Cunha (2014), e a expansão urbana e socioeconômica da cidade de Natal nos sentidos oeste e sul, na segunda metade dos anos 1960 deixou marcas na Ribeira. Cunha (2014) informa também que foi dado início a um período de ostracismo dessas antigas ruas, seguido do abandono de grande parte dos seus casarões. Contudo no fim da década de 70 ainda é possível perceber um movimento sociocultural naquele território, e de forma mais expressiva na Cidade Alta.

Se os grandes centros do país já estavam repletos de locais exclusivos ao público gay (principalmente) na década de 70, em Natal eram raras e “camufladas”, como algo proibido. Mas na década de 80 a cena LGBT na cidade

19 O Cais do porto era a principal via de comunicação com o interior e com outras localidades fora do

já estava começando a se mostrar com as festas no Círculo Militar, na Praia do Forte onde, embora não fosse festa exclusivamente LGBT, tinha muitas pessoas do gênero.

Na rua Doutor Barata, na Ribeira, onde originalmente tinha a loja a Samaritana (loja de tecido que funcionou até a segunda guerra mundial, de acordo com o blog Brechando, 2015), localizava-se o Café Teatro Frenesi. Inaugurado em 1981, era comum no teatro a apresentação do Teatro de Revista20, as apresentações desse gênero cultural contavam com a presença de muitas transformistas, ou seja, homens que costumavam usar roupas de mulher, sobretudo, nas apresentações. Na Cidade Alta, a rua Felipe Camarão era o “point alternativo” de Natal na época, onde localizava-se diversos bares. Após os espetáculos, tanto as transformistas, quanto os demais LGBTs do teatro iam para essa rua para aproveitar a noite. Ao saber do possível público LGBT, no começo dos anos de 1980, um empresário da época, dono de outros clubes, inaugura a boate Equus, que se tornara pioneira como a primeira casa voltada especialmente para o público LGBT na capital potiguar. A Equus, localizava-se onde atualmente se encontra a livraria e papelaria Potylivros. O público da Equus era seletivo, não tinha muita aglomeração, mas a rua Felipe Camarão, em si, era um lugar de muita efervescência na época, sobretudo para a população LGBT.

O proprietário da Equus, após um ano e meio de funcionamento da boate, “se enche” da noite e passa a boate para outra pessoa que passa a administrar o local, onde logo depois muda de nome e passa a se chamar “Broadway”.

Em 1982 acontecia o concurso do mister gay de Natal, então é feito o convite para que os ensaios do evento viesse a acontecer na então Broadway, o novo proprietário não aceita, pois seria “Melhor não trazer esses 20 ou 30 candidatos porque depois do concurso vai atrair gente demais pra cá e pode virar baderna porque não é o público que normalmente frequenta a boate” (blog Papo cultural, 2017). Contudo não teve como evitar a presença do público na boate, após o evento que aconteceu no palácio dos esportes, muitas pessoas migraram para a rua onde funcionava a Broadway e uma série de barzinhos,

resultando em uma festança, afinal lá era o point alternativo onde os LGBTs costumavam ir para aproveitar a vida.

O então garçom da Broadway, em entrevista ao blog Papo Cultural (2017), relata que “perto de 1h da manhã a rua Felipe Camarão estava completamente tomada. Às 2h já faltava bebida na Broadway. Nem água tinha em qualquer bar da rua. Fechamos a boate bem antes do horário normal e fui dormir.”, porém no dia após o evento estava estampada nos jornais da tribuna como “Orgia gay na Rua Felipe Camarão”, o garçom também relata que “no subtítulo falava em tóxico, garrafa no chão, seringa jogada no terreno ao lado da boate. Tudo montagem!”, porém, como o jornal tinha forte influência sobre a vida cotidiana da época, a notícia resultou em uma diminuição do público tanto na rua, quanto da boate, nos dias que seguiram posterior à matéria. Para se reerguer, a boate, tempos depois, promoveu uma festa à fantasia no qual lotou o espaço da Broadway, porém o então proprietário deixa o ponto meses depois à festa alegando que o dinheiro arrecadado não compensava o esforço e o aluguel do local. Contudo, o “garçom da Broadway” resolve abrir o seu próprio estabelecimento, o Vice-Versa, localizado na Rua Vigário Bartolomeu, conhecida popularmente como Beco da Lama.

O Vice-versa começou como bar, em 1984. Ele funcionava de terça a sábado sempre com casa cheia e sem hora para acabar, começando assim a atrair o público gay, sobretudo no turno da madrugada, o que incentivou a mudança para boate por volta de 1988.

Promovemos também o concurso Mr. Vice-Versa, só de rapazes que desfilavam. Isso rendia muita mídia nos jornais da época. Já existiam As Kengas no carnaval, criação nossa. Mas nunca curti gueto. Eu gostava da mistura do público frequentador do Vice-Versa. Se enxergasse pelo lado mercadológico, não teria feito. A segmentação é ruim para um comércio. Mas foi algo natural. E assim começou a atrair o público gay, sobretudo no turno da madrugada. (Papo Cultural, 2017).

A boate foi a precursora nas noites LGBT de Natal. Era um local de encontro de rapazes que trabalhavam em lojas do centro durante o dia e, à noite, iam se divertir usando belos vestidos e maquiagem, alegrando a noite natalense. Contudo a decadência do cento histórico foi a gota d’água que fez

com que o proprietário fechasse a boate em 1992. Para fim de contextualização espacial, a figura 1 situa os primeiros espaços LGBT da década de 80.

As vivências e práticas do então núcleo central da cidade, foram sendo alteradas, bem como o seu significado para grande parte da população de Natal. Foi a partir de 1975 que ocorreu, de forma mais perceptível, as transformações do espaço urbano de Natal como consequência da política de habitação e programas de investimentos urbanos para obras de infra-estrutura financiadas pelo Banco Nacional de Habitação (BNH). Essa política expandiu a malha urbana de Natal, e com a criação da SUDENE (Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste), houve investimentos na infraestrutura da cidade e incentivo ao turismo, o que atraiu capitais privados, tais como hipermercados e shoppings (Costa, 2000) para os outros conjuntos habitacionais que foram criados. Essas novas atividades atraíram mão-de-obra para esses espaços novos localizados à Oeste e Sul da capital, o que culminou na migração de pessoas e lojas da Cidade Alta e Ribeira para essa localidade nova que se tornou mais atrativa. O resultado é o enfraquecimento dos antigos bairros e consequentemente da movimentação LGBT nos mesmos.

Após o fim da Vice-Versa, outras boates gays começaram a surgir em Natal na década de 90. No local onde funcionou a Vice-Versa, anos mais tarde, abriu o Giga Byte, com espaço para apresentação de transformistas/drag queens da cidade. O Avesso Clubber, Feitiço e A Vogue são exemplos de casas noturnas LGBT que abriram na década de 1990, após o fim da Vice-Versa, sendo esta última a única em funcionamento até os dias de hoje. Todas essas casas não tinham sua sede na Ribeira/Cidade Alta. A Avesso Clubber foi inaugurada em 1995 e funcionou até 2008, e era considerada uma das melhores da região e “reconhecida nacionalmente” como relata um frequentador antigo. A boate era localizada na região metropolitana de Natal, mais especificamente, em Parnamirim, próximo ao posto Dudu.

Com uma mistura de dance, disco e pop, a boate funcionava em um espaço amplo, de 9.000 metros quadrados, com ambientes mais intimistas para namoro e azaração, bem como pista de dança e até dark room, as tão concorridas cabines de pegação. O perfil de clientes que predominava era de homens, entre 22 e 25 anos de idade. (Blog Bicha Natalense, 2016).

Na avesso era comum a performance de várias drags queens, na imagem 11 podemos ver uma das drags que fazia show na casa. No local acontecia até um “concurso de transformista” que fortalecia a cultura drag – na qual será abordado mais a fundo em um outro subcapitulo –. Os concursos procuravam eleger a drag mais completa, onde os critérios mais comuns usados pelos jurados para o julgamento era a dublagem, produção, maquiagem, performance e expressão corporal das queens.

Imagem 11 – Performance de Drag Queen na Avesso

Fonte: fotolog.com/vickjackson

Outra boate que fez muito sucesso na cidade foi a já citada: Feitiço. A casa durou mais de uma década na cena noturna natalense, para ser mais exato; 14 anos. A feitiço abriu em 1998, e localizava-se no bairro de Capim Macio, Zona Sul de Natal, próximo ao CCAB Sul. O local era de fácil acesso, principalmente para quem ia de transporte público já que “só bastava descer no Cidade Jardim e atravessar a Roberto Freire” (Blog Bicha Natalense, 2016). Ainda de acordo com o mesmo blog, a casa oferecia um espaço bastante eclético para shows de música ao vivo, numa mistura de eletro, pop, mpb, samba, pagode e forró, de quinta a domingo, sempre das 18h30 às 2h, e nas vésperas de feriado, além de, assim como na avesso, os shows de transformistas (imagem 12) e um concurso chamado “Top Drag” no mesmo estilo do que acontecia na Avesso. Mesmo com o espaço pequeno e apertado da boate, o sucesso da casa era tanto que chegou a receber shows de artistas

nacionais bastantes conhecidos, como a Preta Gil e a rainha do rebolado, Gretchen. Tais shows chegaram a lotar a casa.

Imagem 12 – Drags se apresentando na boate Feitiço

Fonte: Katlyn Electra Brandão

O sucesso da casa era tanto que muitos lamentaram quando a boate fechou as portas em agosto de 2012. Alguns até lamentam com “Luto Feitiço Natal”. Em depoimento na página da Feitiço, um frequentador assíduo relata que não foi para o bota fora (nome dado para o evento que aconteceu nos dois últimos dias de funcionamento da casa) por não se sentir bem em se despedir do espaço;

A todos um muito obrigado por me fazer tão feliz esses 8anos q estou em Natal e frequento o feitiço... não tive condições de ir no bota fora em nenhum dos dois dias.... n ia me sentir bem.... ia saber q era uma felicidade quem estava acabando...nunca neguei que o feitiço era o meu lugar em natal o lugar q mais me identificava Cris d Holanda dizia que lá era meu território rsrsrs estou muito triste c o encerramento dessa magia q vcs faziam todas as quintas e todos os domingos ... preferir guardar comigo o feitiço que nunca vai sair de meu coração e cabeça... das alegrias q vivi la... entao essa é a lembrança que vou ter para sempre.... obrigado equipe por nos receber tao bem esses anos todos.... Adoro todos... Saudades sempre vou sentir... Que Deus abençoe ... (F.H, 2012).

O depoimento desse frequentador reforça o laço identitário do indivíduo com o lugar, mostrando que os espaços de sociabilidade LGBT é um território essencial para quem os frequenta, tanto para a reprodução da cultura, quanto para o bem-estar da lésbica, do gay, da bi, da trans que encontram nesses espaços um local de conforto por algum momento. Em depoimento, a equipe da boate justifica o porquê do encerramento da casa:

Feitiço fechou pq estávamos com outros projetos parados...sem condições de realizar....mas estaremos sempre por perto....se abriremos de novo?? difícil... mas quem sabe algumas festas no futuro para matarmos as saudades...(Feitiço Natal, 2012).

Contudo, ainda sobrevive nas noites LGBT potiguar, a boate Vogue. A Vogue, ou VG (nome popular dado pelos frequentadores), foi inaugurada em 1997 no bairro do Alecrim, Zona Oeste de Natal. A boate ficava no ultimo andar de um prédio próximo ao relógio da praça Gentil Ferreira. O proprietário da Vice-Versa relata que quando a Vogue abriu o publico que era da antiga boate migrou todo para a VG. O sucesso da casa sempre foi grande, tanto é que após 11 anos de vida, a boate precisa mudar de endereço devido à falta de estrutura adequada do local e a alta demanda do local. Em 2009 a Vogue passa então a funcionar no bairro Candelária, Zona Sul de Natal, onde se encontra funcionando a todo vapor até os dias atuais. O espaço dispõe de três ambientes, como a área de palco, pista para eletrônico e mesas externas. As atrações da boate são compostas principalmente por DJ’s, Bandas e Gogo Dancers. O sucesso da Vogue é tamanho que a casa possui filiais em duas cidades no Estado da Paraíba: João Pessoa e Campina Grande. Vale ressaltar que a vogue é um dos principais palcos para diversas Drags, a casa está sempre abrindo as portas para novas transformistas que desejam mostrar seu trabalho e alegrar a noite natalense.

Podemos então perceber que junto com a urbanização, a noite natalense, trouxe para o publico LGBT espaços que permitem ao público se divertirem e mostrarem todo o seu estilo irreverente. Aliás, esse é um fenômeno comum à maioria das cidades urbanas. mas a noite nem sempre foi um tempo considerado como parte da vida da sociedade, tanto é que gestores como; prefeitos, técnicos, ou pesquisadores, por muito tempo imaginaram, dirigiram ou geriram a cidade como se esta funcionasse somente dezesseis horas por

dia, e de segunda a sábado, esquecendo da noite (Manifesto da noite, 2014, p. 53).

Como um período de escuridão simbolizado pelo toque de recolher, pela interrupção de toda atividade e pelo fechamento dos portões da cidade, a noite era considerada durante séculos como um período de descanso social (Gwiazdzinski, 2015, tradução nossa)21. Contudo, com a modernização de espaços, a conquista da noite passa a ser algo praticado por muitos, em essencial, a elite, no século XVIII, devido principalmente à descoberta e a instalação de postes de iluminação nas ruas, afinal, a escuridão nunca foi considerada como algo positivo, este sempre foi o local das sombras, do mal, do perigo e das trevas. Como afirmação desse pensamento, Costa (2004) cita como exemplo a obra de Shakespeare, onde:

a tragédia Macbeth, escrita por Shakespeare em 1605, nos apresenta uma imagem bastante significativa da noite ligada ao encantamento, à magia e à religiosidade. Nela a noite é sinal de incertezas, de medo, de assassínios e traições. É quando bruxas e espectros passeiam e se sentem à vontade para fazer o mal, enquanto homens de bem se recolhem em suas casas e aposentos. (COSTA, 2004, p. 18).

A noite não foi inspiração só para Shakespeare, mas para outro poetas que viam o dia com a luz como significado do “bem”, e a noite, com ausência da luz, como a “falta do bem”, ou seja, o “mal”, tanto é que se via o dia e a noite como um embate, onde ao amanhecer o bem vencia o mal e mais uma vez a sociedade podia viver. São muitos mitos que rondam sobre a questão da escuridão, por isso a conquista do espaço noturno se deu só por volta do século XVIII.

O crescimento da iluminação pública e a afirmação do poder político permitiram a progressiva conquista da noite urbana. Em apenas alguns séculos, saímos da “cidade de plantão” (segurança, saúde) onde a atividade permaneceu como uma exceção supervisionada, para as atividades de lazer da elite (século XVIII), depois para a democratização da noite festiva e a noite toda no final do século XIX. A conquista continuou ao longo do século XX. Desde o início dos anos 90, a colonização da noite está se acelerando sob

21 As a period of darkness symbolized by curfews, by the halting of all activity and the closing of city

pressão contínua de redes econômicas e outros serviços (Gwiazdzinski, 2015 apud Gwiazdzinski, 2007, tradução nossa).22

Percebemos que quando as cidades passam a ter um formato mais urbano, o consumo da noite passa a ser evidente, ou melhor, mais democrática. A população “perde o medo” da noite e usam a cidade noturna para a sociabilidade, outras populações, outros pontos de convergência, outros limites e outras fronteiras aparecem na cidade, que se torna um espaço-tempo de investigação, criatividade e experimentação (Gwiazdzinski, 2015, tradução nossa)23. Na noite o espaço urbano passa a ter outras configurações, embora a “diurnização”, sendo esse termo utilizado para definir os “serviços diurnos” que passaram a fazer parte da noite também, levando para esse espaço-tempo atividades que antes não eram vistas n’ele. Contudo, a noite apresenta outra cara, não tem o mesmo funcionamento que a cidade tem à luz do dia, à noite o labirinto urbano se recompõe. Uma outra cidade entra em cena com suas luzes, sua decoração, seus novos atores. A mesma e, no entanto, uma outra. (Manifesto da noite, 2014 p. 59).

Entretanto, a cidade parece não estar pronta ainda para o novo modo de uso dela. Ao mergulhar na noite urbana percebemos a sua distância que ela tem da cidade projetada para viver dezesseis horas.

A oferta se reduz em número, em lugar e em quantidade. A maioria dos espaços públicos fecha. A diminuição ou a ausência de transporte limita os usos. A noite custa caro e os espaços coletivos gratuitos não são muitos. Há uma tendência em garantir a não mistura dos gêneros e a segregação dos públicos em função da idade, do sexo, dos gostos. Cada um no seu bar e na sua discoteca e uma estará assegurada (Manifesto da noite, 2014 p. 63).

22 The spread of public lighting and the assertion of political power have enabled the progressive

conquest of the urban night. Within just a few centuries, we have gone from the “city on duty” (safety, healthcare) where activity remained a supervised exception, to the leisure activities of the elite (18th century), then to the democratization of the festive night and then to the democratization of the festive night and the all-night-long in the late 19th century. The conquest continued over the course of the 20th century. Since the early 90s, the colonization of the night is accelerating under the continuous pressure of economic and other networks (Gwiazdzinski, 2007).

23 Other populations, other points of convergence, other limits and other frontiers appear in the city,

E essa relação espaço-temporal, na maioria dos centros urbanos acontecem em um período curto de 6 horas, onde por algumas horas,

uma nova geografia de atividade é criada, mostrando a divisão do espaço urbano: uma cidade que dorme; uma cidade que trabalha continuamente; uma cidade que se aproveita; uma cidade vazia, não mais do que uma concha para as atividades da cidade diurna. (Gwiazdzinski, 2015, tradução nossa).24 Assim percebemos uma configuração territorial em forma de arquipélagos, que se torna bastante excludente para muitas pessoas, além de ser difícil de ser mantida tendo em conta as condições não-facilitadoras da gestão da cidade, o que faz com que “a presumida liberdade da coruja da noite parece, portanto, bastante ilusória” (Gwiazdzinski, 2015, tradução nossa)25.

Na noite LGBT potiguar, percebemos a criação de diversas casas noturnas onde a sociabilidade homo, bi e trans se fez mais presente a partir dos anos 2000, após as primeiras casas darem a cara à tapa. Alguns desses lugares foram; a boate Galpão (av. Rio Branco), a boate Depois eu Digo (bairro Capim Macio), a Maximus (Ladeira do Sol, Ponta Negra), Zuly’s (Zona Norte), Aquarius (Praia dos Artistas), a Rainbow (bairro Neópolis), Houros (bairro Ribeira), Megga Pb (Av. Prudente de Morais), o pub Casa da mãe Joana (bairro Ponta Negra), Adadio Pub (bairro Cidade Verde), Matriz Disco Pub (bairro Ponta Negra), Crystal Club (bairro Ribeira), dentro outros que, embora alguns desses não foram espaços assumidamente destinados ao público LGBT mas, como é falado na comunidade, “fazia a linha gayfriendly” (um ambiente que se

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