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Objetivo 5: verificar a ocorrência de estresse no trabalho entre os

6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS E RESULTADOS

6.2 ANÁLISE DOS DADOS DE ACORDO COM OBJETIVOS DA

6.2.5 Objetivo 5: verificar a ocorrência de estresse no trabalho entre os

Esse objetivo é o que nos permitiu verificar a ocorrência de estresse nos colaboradores, informação de grande importância para toda a pesquisa e objetivos anteriores.

Para tanto, aplicamos um formulário para descobrir a ocorrência de sintomas de estresse com base em Lipp e Rocha (1996), pois conforme Lipp (1999) quando o indivíduo não consegue mais lidar com a tensão emocional, o corpo e a mente dão sinais de alerta. O momento em que os sinais e sintomas aparecem, marca o limite da resistência. O formulário aplicado está disponível no APÊNDICE F.

Para fazer a análise da ocorrência do estresse seguimos as orientações dados por Lipp e Rocha (1996) e que estão descritas no item 5.9 (procedimento para análise dos dados). Em resumo, os colaboradores entrevistados que apresentarem de 1 a 12 sintomas estão no 1º estágio do estresse e 13 ou mais no 2º estágio.

Apesar de não ser nosso objetivo avaliar o nível de estresse apresentado, mas apenas sua ocorrência, nos preocupamos com o fato do intervalo do 1º estágio ser tão dilatado (12 itens). Sabemos que ao “fazer um diagnóstico do estresse é necessário considerar o estágio do processo presente, pois [...] muitas vezes se diagnostica que a pessoa está estressada independentemente da seriedade ou de onde se situa na reação complexa do estresse” (LIPP, 2004, p. 56). Por esse motivo, resolvemos investigar de forma superficial o “nível” de estresse percebido, a qual comentaremos mais a frente.

Os resultados da aplicação do formulário foram tabulados e apresentados na Tabela 7. A partir da avaliação da quantidade de sintomas relacionados à ocorrência de estresse, podemos determinar a ocorrência de estresse no quadro de colaboradores.

TABELA 7 - QUANTIDADES DE SINTOMAS CITADOS RELACIONADOS À OCORRÊNCIA DO ESTRESSE

SINTOMAS COM OCORRÊNCIA NOS ULTIMOS 30 DIAS E COM MAIS DE 3 OCORRÊNCIAS NA ULTIMA SEMANA

ESCRITÓRIO OBRA CONSOLIDADO CATEGORIAS f % f % f % zero estresse controlado 3 50,00% 7 70,00% 10 62,50% 1 a 12 1º estágio de estresse 3 50,00% 3 30,00% 6 37,50% + de 12 2º estágio de estresse 0 0% 0 0% 0 0% TOTAL 6 100,00% 10 100,00% 16 100,00%

Fonte: elaborado pelo autor (2006).

Os números na Tabela 7 que estão em negrito indicam colaboradores apenas com estresse em 1º estágio, com os seguintes dados: 37,50% do total da empresa, sendo 50,00% no escritório e 30,00% nas obras. Acreditamos que os colaboradores do escritório estejam mais estressados do que os da obra, em virtude da alta demanda psicológica que se dá no escritório, local que concentra o acompanhamento do cumprimento dos prazos e custos envolvidos nas obras e onde se concentram também os gerentes e supervisores. Nas obras estão os encarregados e operários, onde a demanda física sobressai sobre a mental.

Ao aplicarmos as categorias descritas no modelo de administração de estresse “Demanda-Controle”, temos que os colaboradores do escritório podem ser tanto do tipo “ativo” (alta exigência e alto controle, diretor e gerentes), como do tipo de “muita tensão” (alta exigência e baixo controle, demais colaboradores), sendo esse último o predominante nas obras. Considerando o modelo “Desequilíbrio entre Esforço e Recompensa”, temos que as situações de alto custo/esforço são estressoras, independente da recompensa. Acreditamos que a demanda, especialmente a psicológica, é maior no escritório do que na obra, onde o esforço físico necessário sobressai. Tal situação confirma o resultado citado na Tabela 7.

Apesar do resultado apresentar um quadro de maioria dos trabalhadores sem estresse (62,50%) , a percepção que temos é que o instrumento usado não foi capaz de captar a situação de estresse dos colaboradores de modo realista, ou seja, acreditamos que existem sutilezas em relação ao fato de 37,50% apresentarem-se no 1º estágio de estresse e buscamos fundamentar nossa opinião.

Se compararmos com resultados de algumas pesquisas sobre estresse no trabalho, o quadro da empresa é muito positivo, segundo a pesquisa anual sobre estresse realizada pela

Isma-BR (International Stress Management Association) com 752 profissionais de empresas brasileiras ao final de 2004, os resultados revelam que 65% dos entrevistados consideram seu nível de estresse de regular a péssimo (FOLHA DE SÃO PAULO, 2006).

É importante lembrar que os questionários dos modelos de administração do estresse adotados nessa pesquisa (D/C e ERI) ainda não foram traduzidos e validados para o português e o inventário de sintomas de estresse de Lipp (1999), no qual nosso formulário se baseou, é o mais usado em pesquisas dessa natureza.

Consideramos a disponibilidade de dados que o formulário permite e buscamos aprofundar a análise dos mesmos de modo a compreender melhor em que nível o estresse detectado (1º estágio) se apresenta, visto que o intervalo de 12 sintomas nos pareceu muito amplo para a classificação proposta.

De acordo com Lipp (2002), em um questionário com 10 sintomas, quem apresenta de 1 a 3 sintomas, pode ser classificado como tendo um estresse leve, quem apresenta de 4 a 8 um estresse alto e acima de 8 um estresse agudo. Como nosso formulário apresenta 20 sintomas, fizemos uma adaptação, de modo a mostrar a equivalência entre os dois instrumentos citados - Lipp e Rocha (1996) e Lipp (2002) – conforme pode ser visto na tabela 8.

TABELA 8 – EQUIVALÊNCIA ENTRE INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO DE NÍVEL DE ESTRESSE

LIPP ( 2002) ADAPTAÇAO DE LIPP E ROCHA (1996) COM BASE EM LIPP (2002)

Nº SINTOMAS ESTRESSE NÍVEL DE Nº SINTOMAS ESTRESSE NÍVEL DE

1-3 LEVE 1-6 LEVE

4-8 ALTO 7-16 ALTO

9-10 AGUDO 17-20 AGUDO

Fonte: elaborado pelo autor (2006).

A partir dos dados coletados no formulário aplicado (LIPP; ROCHA, 1996), elaboramos outra tabela que pudesse revelar de forma detalhada o número de sintomas percebidos pelos colaboradores estressados e com base na Tabela 8 determinar outra classificação para o nível de estresse percebido.

TABELA 9 – NÍVEL DE ESTRESSE DOS COLABORADORES SEGUNDO LIPP (2002) NÍVEL DE ESTRESSE Nº COLABO- RADORES ESTRESSADOS SINTOMAS % ENTREVISTADOS ESTRESSADOS LEVE (1 a 6) ALTO (7 a 16) AGUDO (17 a 20) 3 1 18,75% 3 0 0 0 2 0,00% 0 0 0 2 3 12,50% 2 0 0 1 4 6,25% 1 0 0 6 TOTAL 37,5% 6 0 0

Fonte: elaborado pelo autor (2006).

Ao analisarmos os resultados da Tabela 9 temos 3 colaboradores com apenas 1 sintoma de estresse (18,75%), 2 colaboradores com 3 sintomas (12,50%) e 1 colaborador com 4 sintomas de estresse (6,25%). Isso significa que pelo método proposto em Lipp (2002) e adaptado na Tabela 8, todos os 37,50% colaboradores em 1º estágio de estresse, podem também ser classificados com um quadro de estresse leve. Relevante o fato de que 18,75% dos trabalhadores apresentam apenas 1 sintoma, ou seja, algo realmente leve.

Para concluir nossa avaliação, desenvolvemos uma última tabela para mostrar a baixa amplitude de sintomas relacionados à ocorrência do estresse, como forma de reforçar nossa percepção de que a empresa possui um quadro de colaboradores com baixo nível de estresse.

TABELA 10 - SINTOMAS MAIS CITADOS RELACIONADOS À OCORRÊNCIA DO ESTRESSE

CONTINUA...

Mais de 3 ocorrências na última semana SINTOMAS RELACIONADOS À OCORRÊNCIA DO

ESTRESSE MAIS CITADOS

f %

1º 3. Dores musculares e/ou articulares (Tensão muscular) 4 25%

2º 6. Ansiedade 2 13%

3º 1. Dificuldade em adormecer 1 6%

3º 2. Dores de cabeça 1 6%

3º 4. Cansaço ao levantar 1 6%

3º 8. Sensação de fadiga, mal estar, cansaço ou fraqueza 1 6%

3º 10. Sono agitado ou interrompido 1 6%

3º 15. Tensão, inquietação, dificuldade em relaxar 1 6%

3º 16. Mudanças bruscas de humor 1 6%

5. Irritabilidade excessiva 0 0%

7. Esquecimento de coisas corriqueiras 0 0%

CONCLUSÃO...

11. Sensação de incompetência 0 0%

12. Sensação de que nada vale a pena 0 0%

13. Trabalhar sem motivação 0 0%

14. Hiperacidez estomacal ( azia) s/ causa aparente 0 0%

17. Apatia ou desinteresse anormais 0 0%

18. Fumar e/ou beber mais do que o habitual 0 0%

19. Dificuldade de concentração 0 0%

20. “Pavio curto” 0 0%

TOTAL 13

Fonte: elaborado pelo autor (2006).

O fato das dores musculares ou articulares terem maior número de citações, pode indicar sintomas relacionados ao fato de trabalhadores das obras terem um nível de atividade física muito desgastante, típico do setor da construção civil. O mesmo pode se dizer da ansiedade, visto que é um setor muito susceptível a pressão por prazos e metas como já citados anteriormente.

A conclusão a que chegamos é que a empresa possui um quadro de colaboradores com reduzido nível de estresse em termos qualitativos (estresse leve) e com uma amplitude pequena de sintomas.