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4.2 Apresentação do projeto

4.2.3 Objetivos da concessão patrocinada: serviços adquiridos pelo

O projeto ora analisado tem como objetivo a exploração do trecho rodoviário descrito acima, mediante prestação de serviços pela concessionária, compreendendo, nos termos do Contrato:

(I) a execução e a gestão dos serviços delegados, que são os serviços a serem prestados pela Concessionária, compreendidos aqueles necessários à prestação do serviço objeto da concessão patrocinada.

(II) o apoio na execução dos serviços não delegados, que correspondem aos serviços de competência exclusiva da Administração Pública, não compreendidos no objeto da concessão patrocinada.

(III) a gestão e fiscalização dos serviços complementares, que são os serviços considerados convenientes, mas não essenciais, para manter o serviço adequado em toda rodovia, a serem prestados por terceiros ou pela Concessionária.

4.2.3.1 Serviços delegados: serviços/atividades objetos do contrato de concessão patrocinada

Os serviços delegados compreendem o atendimento às condições

operacionais mínimas da rodovia, as intervenções obrigatórias, as obras de melhoria e ampliação de capacidade e as atividades de operação da rodovia e

de conservação da rodovia, segundo cláusula 1 do contrato (Das definições).

Segundo o Anexo VI (Diretrizes para apresentação de metodologia de execução) do Edital de Licitação, as condições operacionais mínimas da rodovia incluem a recuperação funcional e a restauração da rodovia. A recuperação

funcional da rodovia trata-se de dotá-la das condições de conforto e segurança

adequadas ao tráfego, considerando-se para este fim, o estado do pavimento e dos acostamentos e a existência, em bom estado, dos dispositivos de sinalização (vertical e horizontal), de segurança e de drenagem superficial. O objetivo principal da recuperação funcional refere-se, em linhas gerais, à minimização de problemas emergenciais existentes na rodovia que possam apresentar riscos pessoais e materiais iminentes, além do aprimoramento visual da rodovia.

A recuperação funcional será composta pelos seguintes grupos de atividades: limpeza das pistas e acostamentos, restauração preliminar do pavimento (restauração de defeitos locais), restauração dos dispositivos de sinalização, iluminação e instalações elétricas, restauração das vias marginais, trevos, entroncamentos e retornos, restauração preliminar das obras-de-arte, etc.

A restauração da rodovia é definida como o conjunto de todas as intervenções físicas que a Concessionária deverá realizar para reconduzir o sistema rodoviário existente de plena condição de utilização segundo os padrões do Edital de Licitação. Embora a restauração da rodovia possa ter início, de certa forma, com alguns dos serviços previstos na recuperação funcional, sua efetiva implementação deverá ocorrer a partir da cobrança do pedágio, estendendo-se até a data limite definida nos cronogramas do Edital. A restauração será composta por atividades relacionadas aos seguintes itens: pavimento (reforço ao pavimento existente, se necessário, reconstrução de segmentos, completando o trabalho realizado na fase de recuperação funcional), obras-de-arte especiais, dispositivos de segurança,

sinalização, sistemas de drenagem, marginais, entroncamentos, vias de acesso e retornos, etc. O Anexo VI do Edital de Licitação detalha os requerimentos para cada uma dessas atividades.

As intervenções obrigatórias são as obras e instalações que deverão ser obrigatoriamente executadas pela Concessionária durante o prazo da Concessão. O Anexo VI apresenta quadro listando as obras requeridas e seus prazos de conclusão.

As obras de melhoria e ampliação de capacidade referem-se

principalmente à execução de obras de duplicação do trecho entroncamento BR-262 (Juatuba) até Divinópolis, novas obras-de-arte especiais, interseções em níveis diferentes, correções geométricas ao longo dos segmentos entre outras obras que levem à melhoria da fluidez do tráfego, (as obras estão listadas nos quadros das p. 20-47 do Anexo VI do Edital de Licitação).

O Anexo VI define três regimes em que as atividades de operação da

rodovia poderão ocorrer: regime de operação normal, regime de operação

extraordinária-programada e regime de operação de emergência-não programada. O primeiro corresponde à atuação padrão da Concessionária, que inclui acessos à rodovia livres e descongestionados, sinalização e sistemas de comunicação em pleno funcionamento. O segundo, é o regime em que a rodovia opera em níveis de serviços inferiores ao padrão normal, devido a situações previstas pela Concessionária, tais como, execução de obras, intervenções programadas, aumento do volume de tráfego em determinadas horas do dia ou períodos da semana, influenciado por feriados, festas especiais, etc. Nesse caso, a Concessionária deverá informar aos usuários sobre as áreas problemáticas, além de indicar rotas alternativas, se for o caso. Por fim, o terceiro regime refere-se às situações em que a rodovia opera abaixo do nível padrão de serviço devido à ocorrência de eventos não previsíveis pela Concessionária, tais como acidentes de grandes proporções, vandalismo, etc. Nessas condições, o Anexo VI alega que a Concessionária deve estar preparada para minimizar os problemas para os usuários.

O Anexo VI do Edital de Licitação prevê a constituição de um modelo operacional em que a operação da rodovia deverá compreender um conjunto de ações desenvolvido, necessariamente, sob o domínio de uma única coordenação central. Essas ações operacionais deverão visar à manutenção de um padrão de

serviço adequado, eliminando ou minimizando eventuais problemas que pode comprometer a qualidade dos serviços prestados aos usuários. Segundo esse modelo, a Concessionária deverá implementar um Centro de Controle Operacional (CCO). O CCO é a unidade responsável diretamente pela operação rodoviária, 24 horas por dia ao longo de todo o período da concessão, entre outras coisas, essa unidade é responsável por coletar dados sobre as atividades operacionais da rodovia, prestar apoio ao socorro médico a ser prestado às vítimas de acidentes pelo Corpo de Bombeiros83, remoção de quaisquer elementos que possa contribuir para reduzir a fluidez do tráfego, tais como remoção de animais mortos ou cargas que tenham caído na pista, combate a fogo na vegetação da faixa de domínio. Além disso, essa unidade será responsável pela implementação de um sistema de comunicação com o usuário, através da instalação de telefonia com discagem gratuita (DDG 0800).

O CCO será parte de um sistema gerencial maior, controlado pela Concessionária, que centralizará em uma única unidade, conforme exigência contratual, as atividades de operação e gerenciamento da rodovia. Essa unidade, ou Centro de Operações da Concessionária (COC), segundo o Anexo VI, centralizará as atividades relacionadas à segurança de trânsito, relações institucionais, acompanhamento da evolução do tráfego (segundo as especificações do DER/MG), arrecadação de pedágio, implantação e administração de sistema de pesagem, operações de guarda e vigilância (com objetivo de assegurar integridade física do patrimônio e a segurança do pessoal da Concessionária).

Por fim, existem as atividades de conservação e manutenção da rodovia que compreendem o conjunto de ações da Concessionária direcionado aos aspectos físicos do sistema rodoviário, quanto às condições do pavimento das pistas, do sistema de drenagem, da sinalização vertical e horizontal, além da limpeza das pistas e acostamentos.

Deve ser observado que o Poder Público continuará exercendo o poder de polícia na rodovia, competindo-lhe a imposição de multas, sanções e medidas administrativas aos usuários infratores. A Concessionária deverá colaborar com a

83 Os veículos de resgate, para utilização do Corpo de Bombeiros, serão fornecidos pela Concessionária, segundo quantidade e especificações determinadas pelo Anexo VI do contrato de concessão patrocinada.

Polícia Rodoviária em com os demais agentes públicos ou privados designados pelo Poder Público para assegurar a fiscalização do trânsito de veículos na rodovia84.

A figura abaixo sintetiza os itens que compõem os serviços delegados, objeto da presente concessão patrocinada.

Figura 6: Simplificação da definição dos serviços delegados

Fonte: Anexo VI do Edital (UNIDADE PPP, 2006, online) Elaborado pela autora

4.3 Estratégias de Alocação de Riscos do Projeto de Concessão Patrocinada