• Nenhum resultado encontrado

Capítulo VI – Metodologia

6.2. Objetivos do estudo empírico

O objetivo geral deste projeto consiste em analisar a importância das atividades baseadas no contacto com a natureza para as pessoas com incapacidades sensoriais e motoras. Concretamente, pretende-se verificar se existem diferenças em termos de variáveis relacionadas com a prática de atividades em turismo de natureza, de acordo com o tipo de incapacidade.

Esta investigação pretende assim ser útil em termos teóricos, bem como em termos práticos. Deste modo, a literatura atual subjacente ao turismo acessível vai ficar mais enriquecida com os resultados desta investigação. Estes resultados, uma vez aplicados na prática, vão procurar auxiliar os agentes turísticos na criação e no desenvolvimento de bens e serviços melhor ajustados às necessidades das pessoas com incapacidades permanentes (sensoriais e motoras).

Posto isto, a primeira pergunta a que esta investigação pretende dar resposta consiste em saber o seguinte: “Quais os motivos que conduzem as pessoas com incapacidades a realizar atividades na natureza?”. Com base em estudos de vários investigadores, foi possível agrupar estas motivações em três grandes categorias, recordando, uma vez mais, o desejo de enriquecimento pessoal, a necessidade de fuga em relação às rotinas, bem como o entusiasmo pela aventura (Anderson et al., 1997; Chikuta et al., 2017; Jaquette, 2005; McAvoy et al., 1989; McAvoy et al., 2006; Robb et al., 1987).

Seguidamente, este projeto visa dar resposta à questão: “que benefícios procuram os visitantes com incapacidades permanentes obter durante a realização de atividades de turismo de natureza?”. Com esta questão, pretende-se efetivamente responder a um dos objetivos específicos deste projeto, isto é, identificar as perceções formadas pelas pessoas com incapacidades acerca dos benefícios que esperam obter em contacto com a natureza. De facto, considerando estudos empíricos de diversos investigadores, ficou comprovado que estas perceções tendem a variar ao longo do tempo, estando sujeitas à existência de fenómenos ou elementos, muitos deles imprevisíveis e incontroláveis pelo próprio Homem (Chen et al., 2013; de Bloom et al., 2009; de Bloom et al., 2010; de Bloom et al., 2011; Etzion, 2003; Gilbert et al., 2002; Kühnel et al., 2011; Nawijn et al., 2010; Nawijn 2011; Rodiek, 2002; Strauss-Blasche et al., 2005; Westman et al., 1997; Zhang et al., 2017).

A terceira pergunta que se almeja responder é a seguinte: “que constrangimentos são vivenciados pelas pessoas com incapacidades sensoriais e motoras no âmbito das atividades em turismo de natureza?”. Por um lado, podemos verificar que existem quatro grandes categorias de constrangimentos vividos pelas pessoas com incapacidades motoras, recordando, mais uma vez, os físicos, os estruturais, os intrapessoais, bem como os interpessoais (Bengtsson et al., 2006; Brascamp et al., 2002; Kearney et al., 2006; McAvoy et al., 2006; Rappe et al., 2006; Stoneham et al., 1997; Taylor et al., 1996).

A quarta questão que se pretende ver esclarecida é: “que benefícios foram obtidos pelas pessoas com incapacidade que integraram a amostra deste estudo empírico no contexto da realização de atividades em contacto com a natureza?”. Na verdade, esta questão encontra- se associada a um objetivo específico deste projeto, ou seja, identificar os benefícios obtidos pelas pessoas com incapacidades no âmbito da realização de atividades na natureza. Atualmente, existem diversos investigadores que têm desenvolvido estudos em torno deste tipo de benefícios (Bergier et al., 2010; Blichfeldt et al., 2011; Caldwell et al., 1990; Goodwin et al., 2009; Hood et al., 2007; Jakubec et al., 2014; Moura et al., 2012; Przeclawski, 1995; Reuter et al., 2011; Rodiek, 2002; Zhang et al., 2017).

Assim, tendo como referência a literatura existente em termos de benefícios obtidos pelas pessoas com incapacidades no contexto das atividades na natureza, foi possível agrupar estes benefícios em cinco categorias, nomeadamente os psicológicos, os físicos, os cognitivos, os espirituais e os sociais (Bergier et al., 2010; Caldwell et al., 1990; Jakubec et al., 2014; Przeclawski, 1995; Reuter et al., 2011; Rodiek, 2002; Zhang et al., 2017).

69

Por outro lado, constatamos igualmente que as pessoas com incapacidades auditivas e visuais são confrontadas com numerosos constrangimentos no contexto das atividades na natureza, nomeadamente os pessoais, os sociais, os ambientais, bem como os de divulgação de informação/programação (Lieberman et al., 2003; Prellwitz et al., 2007; Shields et al., 2016; Sit et al., 2002; Stuart et al., 2006; Tsai et al. 2005).

A quinta e sexta questões que se pretendem ver esclarecidas são: “quais são as atividades já praticadas pelas pessoas com incapacidades em contacto com a natureza?” e, além disso, “quais as atividades mais desejadas por este público?”. Investigadores verificaram que, no cômputo geral, a percentagem de pessoas com incapacidades que já realizaram atividades na natureza é consideravelmente inferior à percentagem que representa as pessoas com as mesmas limitações que desejam realizar o mesmo tipo de dinâmicas. Exemplos dessas atividades são os passeios todo-o-terreno, passeios a cavalo, bem como os percursos pedestres/montanhismo (Kastenholz et al., 2010).

A sétima e última pergunta a que este projeto visa dar resposta consiste no seguinte: “existem diferenças em termos de motivações, benefícios procurados, constrangimentos, benefícios obtidos, atividades praticadas, bem como atividades desejadas de acordo com o tipo de incapacidade?”. Na verdade, existem muito poucos estudos que exploram, em simultâneo, grupos de pessoas com incapacidades auditivas, motoras e visuais, comparando-os em termos de motivações, benefícios procurados, constrangimentos, benefícios obtidos, atividades praticadas, bem como atividades desejadas em turismo de natureza (Anderson et al., 1997; Chikuta et al., 2017; Moura et al., 2012; Sit et al., 2002). Este é, sem dúvida, um dos objetivos nucleares do presente projeto.