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Objetos de pesquisa: envelhecimento, idoso e rejuvenescimento Torna-se importante definir o envelhecimento, uma vez que

SUMÁRIO INTRODUÇÃO

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.6. Objetos de pesquisa: envelhecimento, idoso e rejuvenescimento Torna-se importante definir o envelhecimento, uma vez que

esse estudo se propõe a estudar o conhecimento socialmente compartilhado a respeito desse fenômeno, diferenciando-o da velhice, que embora seja um fenômeno próximo, não deve ser considerado sinônimo. Para Papaleo Netto (2002) a velhice é definida enquanto etapa do desenvolvimento humano e o envelhecimento como processo que transversalmente ocorre nestas etapas. Diferente desta concepção Greller e Simpson (1999) acreditam que o envelhecimento não deve ser visualizado como um processo que percorre grande parte da vida, porque este processo não se apresenta de forma linear, caracteriza-se mais como uma série de discretas transformações do que um processo contínuo de declínio.

Coudin (2002) afirma que embora a velhice seja definida comumente através da idade cronológica (a partir de 60 anos), também existe a idade psicológica e a biológica. Segundo a mesma autora, a idade cronológica não considera fatores como o gênero e a classe social, mas é um importante indicador para a avaliação da capacidade funcional. Diante disso, a velhice é definida como o resultado da interação de dimensões biopsicossociais do processo de envelhecimento que se desenvolve ao longo da vida.

Embora existam divergências na orientação da linearidade do envelhecimento no ciclo vital, existe o consenso de que o envelhecimento caracteriza-se como processo enquanto que a velhice se caracteriza como etapa do desenvolvimento. O processo de envelhecimento é determinado por múltiplos fatores e atinge maior amplitude na fase da velhice. E a velhice por sua vez é conseqüência

desse processo de envelhecimento (Coudin, 2002; Greller & Simpson, 1999; Papaleo Netto, 2002).

Para a Organização Mundial de Saúde (2002) o período de 1975 a 2025 caracteriza-se como a Era do Envelhecimento. Os países com maior número de habitantes idosos estão localizados no continente europeu, com pouca expectativa de mudança até 2025, quando os idosos constituirão aproximadamente 1/3 da população de países como Japão, Alemanha e Itália, embora os países da América Latina também estejam vivenciando um rápido processo de envelhecimento populacional (Noronha & Andrade, 2005).

Carvalho e Garcia (2003) esclarecem as diferenças entre o aumento do envelhecimento populacional e da longevidade. A longevidade se refere à média de idade de mortalidade dos indivíduos (expectativa de vida), enquanto que o envelhecimento populacional possui maior amplitude, este não se refere aos indivíduos ou a uma determinada geração, caracteriza-se por uma mudança demográfica estrutural. Ainda para os mesmos autores, no Brasil, a estabilidade da pirâmide etária conquistada na década de 60 (mortalidade declinante, fecundidade constante, taxas de crescimento crescente e estrutura etária constante), está se modificando porque o peso populacional relativo de idosos vem aumentando, devido principalmente ao rápido e sustentado declínio da fecundidade (Veras, 2009).

O envelhecimento assume características que não envolvem apenas o aspecto físico ou biológico concernente à maturação natural do organismo das pessoas. Existem dificuldades em contemplar todas as dimensões concernentes ao envelhecimento. No entanto, os estudos realizados na área da gerontologia apresentam concordâncias quanto à divisão do fenômeno “envelhecimento” em três aspectos principais: físicos, psicológicos e sociais.

3.6.1. Envelhecimento e idoso: aspectos físicos, psicológicos e sociais.

O envelhecimento pode ser definido como um processo biológico que atinge o corpo humano de maneiras e em momentos diferentes. A partir dos 25 anos, o metabolismo gradualmente diminui o ritmo, a massa muscular também diminui e a gordura acumula-se com maior facilidade. As alterações metabólicas e funcionais provocam o aparecimento de rugas e a diminuição de atividade das glândulas sebáceas, diminuindo a elasticidade da pele e atingindo o sistema imunológico cutâneo, deixando-o mais susceptível a alergias, infecções e lesões. Nas mulheres, após os 30 anos, a capacidade reprodutiva

diminui progressivamente e para os homens o envelhecimento associado a fatores externos, como o estresse e a obesidade, também contribuem para a diminuição da capacidade reprodutiva. As artérias cardíacas perdem a elasticidade, tornando-se mais vulneráveis aos danos provocados pelo fluxo sanguíneo, além disso, a renovação celular também se reduz. Após os 40 anos o cristalino dos olhos normalmente enrijece e perde a capacidade de focalizar objetos próximos (Papaleo Netto, 2002).

É impossível ignorar que algumas enfermidades tornam-se mais freqüentes a partir do envelhecimento, no entanto, envelhecer e adoecer não são sinônimos (Gatto, 2002). A visão e a audição progressivamente diminuem, os problemas cardíacos, reumáticos e articulares limitam as atividades e diante disso, a condição física exerce muita influência sobre o estado mental, especialmente durante a velhice. Durante o envelhecimento as habilidades verbais, como a capacidade de leitura, o conhecimento dos significados das palavras e sua utilização, permanecem com pouca ou nenhuma alteração. A capacidade aritmética permanece estável, enquanto que a memória secundária ou recente que necessita do aprendizado, declina gradativamente. Em geral existem dificuldades cognitivas relacionadas à fase da velhice, principalmente no que diz respeito às capacidades de memória, linguagem e atenção (Luders & Storani, 2002).

A manifestação de perda da memória, como ocorre na doença de Alzheimer, pode progredir rapidamente na velhice (Argimon & Montes, 2004). Luders e Storani (2002) afirmam que muitas vezes as características e sintomas da doença de Alzheimer não são percebidos pela família do idoso porque envolvem comportamentos socialmente esperados para a velhice, como esquecimentos, apatia, cansaço, até mesmo o isolamento e a ausência de ocupação. Para Sommerhalder e Nogueira (2000) esses comportamentos esperados pela sociedade são muito influenciados pelos instrumentos midiáticos, televisivos, impressos ou digitais, que poderiam transmitir modelos mais positivos da velhice, na intenção de diminuir estereótipos e preconceitos. O relacionamento entre gerações é a maneira mais eficiente de construir percepções e atitudes positivas da velhice, desconstruindo expectativas sociais negativas acerca do idoso. Coudin (2004) explica ainda que mesmo os cuidadores das pessoas com Alzheimer não compreendem as necessidades afetivas e sociais que os portadores da doença apresentam, especialmente se estes são idosos.

Rahman (2003) afirma que além dos aspectos físicos ou biológicos, existem diversas formas de explicações para o processo de

envelhecimento. Para a Teoria dos Radicais Livres, o envelhecimento consiste na ação bioquímica das moléculas reativas derivadas do oxigênio que atingem o DNA8, essas moléculas associadas ao ambiente, assim como a doenças e ao processo intrínseco do envelhecimento poderiam acelerar o processo de envelhecer. Além disso, outras teorias, a exemplo da Teoria dos Mecanismos de Reparação ou da Teoria da Restrição das Matrizes Celulares, diminuem a importância dos radicais livre, constituindo uma vulnerabilidade maior ou menor para envelhecer de acordo com o DNA de cada indivíduo, que pode diminuir ou aumentar a capacidade para sintetizar proteínas.

Estudos longitudinais sobre aspectos neurológicos, cognitivos e neuropsicológicos buscam compreender a dimensão do declínio global das pessoas a partir da etapa da velhice. O Estudo sobre Envelhecimento de Maastricht (MAAS) na Holanda (Meijer, 2006; Mol, 2007) e o Estudo Longitudinal Interdisciplinar sobre Envelhecimento na Alemanha (Moor, Zimprich, Schmitt & Kliegel, 2006), reúnem várias pesquisas e refletem a centralidade deste fenômeno para a comunidade científica na Europa.

Embora a caracterização física do envelhecimento seja a mais visível, o referido fenômeno também possui aspectos psicológicos e sociais (Neri, 2001a), além dos aspectos espirituais que não são previstos ou reconhecidos por todos os autores. Para Freire (2003), as dimensões física, psicológica, social e espiritual devem ser consideradas, e uma boa qualidade de vida implica em um indivíduo autônomo e independente, com boa saúde física, com senso de significado pessoal, desempenhando papéis sociais e permanecendo ativo. Os fatores psicológicos refletem a percepção subjetiva do indivíduo e sua avaliação da situação, estes fatores são importantes na adaptação à incapacidade, funcionam como recursos de enfrentamento, atenuando a adversidade de situações estressantes e auxiliam no manejo do ambiente social e físico (Rabelo & Neri, 2005).

Estudos de revisão de literatura realizados por Siqueira, Botelho e Coelho (2002) com pesquisas sobre envelhecimento, indicam que o fenômeno é discutido segundo vários enfoques. Na perspectiva biológico/comportamentalista, os idosos aparecem como portadores de múltiplas doenças sobre as quais os indivíduos e a sociedade devem procurar retardar. Na economicista as investigações preocupam-se em situar o lugar dos idosos na estrutura social produtiva, centrando as

8 Acido desoxirribonucléico, identificador do código genético nos seres humanos.

análises na questão da ruptura com o mundo produtivo do mercado de trabalho, especificamente, na questão da aposentadoria. A perspectiva sócio-cultural argumenta que, embora as questões demográficas e/ou econômicas sejam plausíveis como justificativa de reformulações de políticas públicas dirigidas à população idosa, elas são insuficientes para revelar e explicar a totalidade dos fatos que emergem do envelhecimento como categoria analítica. Para a abordagem transdisciplinar, o envelhecimento é percebido como fenômeno natural e social que se desenvolve sobre o ser humano, único, indivisível, que na sua totalidade existencial, defronta-se com problemas de ordem biológica, econômica e sócio-cultural que singularizam seu processo de envelhecimento.

De acordo com Wong e Carvalho (2006), devido à transição na estrutura etária, novos desafios emergem relacionados à expansão da população idosa. Para os referidos autores, se a atual transferência financeira per capita do governo brasileiro for mantida constante, a diferença entre receitas e despesas aumentará, provocando um insuportável déficit fiscal. Portugal (2005) revela a força das relações informais diante da fragilidade das relações formais (Estado de Direitos), exemplificando a situação encontrada em 1997 na Europa, quando mais da metade das despesas sociais se dividiam entre gastos com doenças (26,8%) e com os idosos (39,5%), considerando que 28,2% do Produto Interno Bruto (PIB) da Europa estava direcionado para despesas sociais.

Eventos inesperados relacionados à saúde, que ocorrem com mais freqüência na velhice, exigem um grande esforço adaptativo da pessoa e propõem uma demanda à personalidade individual, orientando- a ao enfrentamento dos desafios provenientes de um evento não desejado e ao ajustamento psicológico e social; por isso acionam intensamente os recursos emocionais e cognitivos, sendo o sucesso na adaptação das demandas exigidas pelo evento, um importante indicador de bem-estar (Fortes & Neri, 2004) Nesse sentido, quanto mais desenvolvidos os mecanismos de ajustamento psicológico, maior a chance de adaptação, presumivelmente sem grande declínio na qualidade de vida do idoso (Coudin, 2002). Segundo Neri (2001), as perdas funcionais (independência física e autonomia) não impedem necessariamente a continuidade do funcionamento cognitivo e emocional, e como qualquer ser humano, o idoso consegue ativar mecanismos compensatórios para lidar com as perdas, esta perspectiva refere-se ao paradigma teórico do lifespan.

A psicologia do envelhecimento foi muito influenciada pelo paradigma da teoria lifespan (Neri, 2001), que corrobora com as

contribuições de Erikson que foram descritas anteriormente (Neri, 2006). A perspectiva teórica lifespan abrange não apenas o desempenho cognitivo, mas também a influência dos contextos situacionais sociais e aspectos culturais, além dos aspectos afetivos. De acordo com a referida teoria, também é preciso considerar as diferenças intra e interindividuais que caracterizam diferentes processos psicológicos na fase da velhice. Mas, sobretudo, o paradigma lifespan contribui para a psicologia do envelhecimento através da perspectiva de que o desenvolvimento ocorre durante toda a vida.

Segundo Baltes (1987) esse paradigma pressupõe que o envelhecimento faz parte do desenvolvimento e que, mesmo na presença das limitações de origem biológica, os processos psicológicos já estabelecidos se mantêm e, se o ambiente cultural for favorável, a pessoa continuará se desenvolvendo durante a velhice. Mais recentemente Baltes, Reuter-Lorenz e Rösler (2007) organizaram uma obra buscando compor as relações e influências ocorridas neste desenvolvimento ao longo da vida, diante disso, Shu-Chen Li (2007) descreve que esta teoria engloba pelo menos três aspectos integrados: (a) plasticidade cognitiva e comportamental (contexto situacional social, comportamento e cognição individual), (b) plasticidade evolucionária e cultural (co-evolução e aspectos culturais) e (c) plasticidade genética e neurológica (desenvolvimento epigenético).

Baltes (1987) afirma que o paradigma do desenvolvimento lifespan implica no estudo das mudanças no comportamento, desde a concepção até a morte, assumindo uma perspectiva ontogenética. O objetivo desta forma de estudo do desenvolvimento humano é obter conhecimentos sobre as diferenças interindividuais e as similaridades, assim como as condições individuais de mudança e a plasticidade do desenvolvimento. Neste ponto, percebe-se que não se trata apenas do crescimento e progressão ao longo da vida, mas sim o equilíbrio entre ganhos e perdas, de um processo limitado por influências genéticas e biológicas que determinam uma recíproca direta, onde quanto mais avançada é a velhice maior seria a dependência dos recursos externos ambientais.

Baltes (1987) apresenta considerações a respeito do interesse crescente pelo envelhecimento nos estudos desenvolvidos pela psicologia do envelhecimento, são eles: (a) envelhecimento demográfico da população; (b) a expansão da gerontologia como campo de estudo e (c) o “envelhecimento” dos próprios sujeitos participantes e pesquisadores de estudos longitudinais realizados para compreender o desenvolvimento infantil entre as décadas de 20 e 30. Neri (2006)

acrescenta que os movimentos sociais americanos que defendiam os direitos das minorias também contribuíram para a expansão dos estudos sobre o envelhecimento e a velhice, isto porque ao defender mulheres e idosos, os movimentos passaram a se interessar pela identificação de fatores que contribuíssem para a satisfação diante das perdas trazidas pela velhice.

Ainda de acordo com Baltes (1987) o desenvolvimento lifespan prevê um processo multidirecional, que supera a perspectiva de crescimento e declínio, pois em todas as etapas, há ganhos e perdas, inclusive na velhice. De acordo com as condições de vida, experiências individuais ou mesmo com o contexto social, histórico ou cultural; pode modificar o curso do desenvolvimento, explicando a perspectiva de plasticidade que permeia o desenvolvimento. Segundo o mesmo autor existem três formas de influência inseridas no desenvolvimento humano denominadas de Trifactor Model: (a) Influências normativas graduadas pela idade, definidas pelos determinantes biológicos e ambientais, relacionando-se com a idade cronológica; (b) Influências normativas graduadas pela história, se relacionam com o tempo histórico, definido pelo contexto social e cultural da “época” em que os indivíduos se desenvolvem, marcados por fases, momentos ou acontecimentos históricos; e, (c) Influências não normativas, que se relacionam com a ocorrência, padrão ou seqüência de acontecimentos que não se aplicam a maioria dos indivíduos. Segundo Neri (2001) o paradigma do desenvolvimento lifespan é o mais influente da psicologia do envelhecimento e na teoria do envelhecimento bem sucedido.

De forma resumida o paradigma lifespan prevê que o desenvolvimento é um processo contínuo, com múltiplas dimensões e direções, e influenciado por aspectos genéticos, biológicos, sociais e culturais, de forma normativa e não-normativa, permeado por ganhos e perdas, além de ser resultado da interação entre indivíduos e sua cultura. O paradigma lifespan considera as mudanças ocasionadas pela idade, mas também considera as influências graduadas pela história (processo de socialização) e as influências não-normativas (aspectos não previstos de alterações biológicas e sociais) (Baltes, 1987, Néri, 2006).

O envelhecimento ativo corrobora com o envelhecimento denominado de bem-sucedido, mas o conceito de envelhecimento bem- sucedido compreende vários estudos. O estudo de Mac Arthur realizado por Rowe e Kahn (1998) considerava principalmente o baixo risco de doenças, a preservação do funcionamento mental e físico, além do envolvimento ativo com a vida. Os estudos realizados por Featherman, Smith e Peterson (1991) discutem o sucesso da velhice através da

produtividade, principalmente na força de trabalho e nas atividades de lazer. No entanto, o modelo psicológico de envelhecimento bem- sucedido desenvolvido por Baltes e Baltes (1990), propõe a superação das perdas sofridas com o envelhecimento e considera esse fenômeno como processo, diferente dos estudos que consideram a etapa de desenvolvimento, ou seja, a velhice, corroborando com as perspectivas teóricas do paradigma lifespan e da teoria psicossocial de Erikson.

Baltes e Baltes (1990) confirmam a possibilidade de manutenção de competências através dos mecanismos psicológicos de seleção, otimização e compensação. As pessoas em processo de envelhecimento poderiam selecionar as suas capacidades ainda preservadas, buscando aperfeiçoá-las, o que ocasionaria a compensação das perdas. Esse modelo se relaciona com a rede de apoio social, em especial com a família e os amigos, a capacidade funcional, o suporte psicossocial, além da auto-percepção de saúde e bem-estar. Ainda sobre a rede de apoio social Heenan (2010) indica que os aspectos mais importantes para a constituição desta rede é a confiança, reciprocidade e cooperação nas relações sociais estabelecidas, inclusive com a família. De acordo com Moraes e Souza (2005) a manutenção da independência para as atividades da vida diária, autonomia e satisfação com relacionamento familiar e amizades são fatores preditivos independentes do envelhecimento bem-sucedido, tanto para homens como para mulheres. Este modelo estuda o desenvolvimento e a exploração das capacidades de reserva da velhice, considerando aspectos sócio-culturais e psicossociais. O desenvolvimento humano é concebido como um processo complexo e multidirecional, caracterizado pela ocorrência de aumento (ganhos), diminuição (perdas) e manutenção (estabilidade) da capacidade adaptativa, variando de acordo com os indivíduos e o contexto histórico-cultural. O envelhecimento bem-sucedido refere-se à permanência da atividade funcional da pessoa que envelhece, nos seus aspectos físicos, psicológicos e sociais, relacionando-se especialmente com o equilíbrio entre perdas e ganhos trazidos com o envelhecimento.

Em Berlim, Lövden, Ghisletta e Lindenberger (2005) constataram que a participação social somada a vida mais ativa influencia a diminuição do declínio da percepção cognitiva entre idosos e pessoas centenárias. O referido estudo verificou ainda que a atividade, não necessariamente física, o que inclui a atividade mental, pode amenizar o declínio cognitivo entre idosos. Mol (2007) estudou problemas de memória e esquecimento entre idosos holandeses, e verificou que estas situações não precedem o declínio cognitivo, embora façam parte do mesmo. Meijer (2006) concluiu através do seu estudo,

que o gênero e a escolaridade dos idosos são fatores influenciadores no processamento de informações. Nesse estudo a pesquisadora verificou que os escores negativos no processamento de informação foram alcançados pelos indivíduos mais velhos, homens e com baixo grau de escolaridade.

De fato, o envelhecimento populacional somado ao aumento da prevalência de doenças crônicas tem aumentado as taxas de incapacidades físicas e/ou mentais entre os idosos brasileiros (Chaimowicz, 1997). A incapacidade funcional é a maior conseqüência das condições crônicas, além de influenciar o status psicológico e o uso de serviços de cuidado de longa permanência (Rabelo & Néri, 2005). Benedetti, Petroski e Gonçalves (2006) pesquisaram as condições de saúde dos idosos de Florianópolis, verificando que os idosos de ambos os sexos têm percepção positiva quanto ao seu estado de saúde. Para Pereira et. al. (2006) as avaliações subjetivas da qualidade de vida devem preocupar-se com o que acontece ao indivíduo nas diferentes etapas do envelhecimento, desde mudanças físicas até a desvalorização social conseqüente da aposentadoria, considerando qual o sentimento e entendimento dessas situações por parte da pessoa que envelhece, avaliando seus ganhos e perdas psicológicas, suas frustrações e aspirações.

A Segunda Assembléia Mundial sobre o Envelhecimento (Fernández, 2002) preconizou o envelhecimento ativo das populações. O envelhecimento ativo (Organización Mundial de la Salud - OMS, 2002) é o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança com a finalidade de buscar a qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem. Este documento considera como pressupostos: a) a saúde como um bem-estar físico, mental e social, conforme a definição da OMS; b) o termo ativo remetendo a participação contínua das pessoas e não apenas ao aspecto físico; e, c) o envelhecimento como um fenômeno transversal que percorre etapas do ciclo vital.

Diante do que foi exposto, percebe-se que embora o envelhecimento seja um processo que envolve o ciclo de vida da espécie humana, grande parte dos estudos sobre envelhecimento, na realidade estuda a velhice ou o idoso, ou seja, a etapa do desenvolvimento ou a pessoa “velha”. Além disso, embora existam vários aspectos que compõem o envelhecimento, os aspectos físicos e cognitivos são os mais estudados, em detrimento dos aspectos sociais e psicológicos. A seguir serão abordados e discutidos estudos realizados sobre o “rejuvenescimento”.

3.6.2. Rejuvenescimento: aspectos físicos, psicológicos e sociais

O rejuvenescimento tem sido uma temática bastante atual. Mas, embora as pessoas reconheçam que ter uma alimentação adequada, fazer exercícios regularmente e ter comportamentos preventivos mais específicos, como uso do filtro solar, por exemplo, interferem de forma decisiva sobre o estado de saúde, alguns estudos indicam que a melhor forma de “convencimento” das pessoas não está na aquisição e manutenção da saúde, mas principalmente na manutenção da jovialidade e beleza. Fazer esforços para ter saúde é muito difícil, mas para se ter beleza, nenhum esforço é demais (Perricone, 2009).

O mesmo autor citado descreve um dos processos do envelhecimento físico, os produtos finais da glicação avançada, também chamados de AGE (Advanced Glycation End-Products), que são moléculas heterogêneas vinculadas à ação da glicose e que certamente não indiscriminadamente remetem a velhice, idade (age em inglês). Os AGEs podem modificar de forma irreversível as propriedades químicas e funcionais das mais diversas estruturas biológicas (Barbosa, Oliveira & Seara, 2008).

De Grey (2003) professor do departamento de genética da Universidade de Cambridge, explica através de uma série de estudos que a medicina anti-envelhecimento e mais precisamente a biogerontologia tem evoluído na busca pela diminuição da morbidade entre idosos. Por causa do desenvolvimento da medicina, as pessoas estão vivendo cada