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SUMÁRIO INTRODUÇÃO

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.6. Procedimento de coleta de dados

Após a aprovação do CEP e o contato com as instituições, foi realizada uma primeira visita para familiarização com o ambiente e captação de informações a respeito da dinâmica de realização da pesquisa. Em todos os estudos realizados na presente pesquisa o número de participantes foi pareado quanto ao sexo e ao grupo etário.

4.6.1. Procedimento do primeiro estudo – Questionário e EAEE

Os participantes do primeiro estudo como demonstra a figura 4, responderam ao questionário de forma auto-aplicada em situação coletiva. Antes de respondê-lo, todos os participantes receberam explanações sobre os objetivos da pesquisa e aspectos éticos

13 Duas palavras-estímulo na mesma folha, dividida exatamente em duas metades iguais (De Rosa, 2005).

necessários, além da informação sobre a possibilidade de participação no segundo ou terceiro estudo mediante aceitação comunicada por escrito através de uma enquete entregue juntamente com o TCLE. Os questionários foram aplicados durante os dois semestres de 2008 e no primeiro bimestre de 2009.

Figura 4. Procedimento do primeiro estudo.

Como foi explanado anteriormente, durante os dez pré-testes foi possível verificar que as pessoas com pouca escolaridade apresentaram maiores dificuldades de compreensão do questionário e por isso, necessitavam de mais auxílio para respondê-lo, este fato agravou-se quando o respondente era idoso. Por isso, houve um controle do número de participantes na aplicação coletiva, no entanto, entre os idosos com maior escolaridade, a aplicação do questionário ocorreu da mesma forma que entre adolescentes e adultos, todos em contexto de sala de aula. O tempo de aplicação variou de trinta minutos até uma hora e meia, dependendo do grupo etário e escolaridade dos participantes.

Após o preenchimento do questionário o participante levantava a mão e entregava o mesmo para a aplicadora, juntamente com o TCLE preenchido e o aceite ou não de participação para os outros estudos. 4.6.2. Procedimento do segundo estudo – Grupo focal

Participaram do segundo estudo 40 pessoas, sendo divididas em oito grupos com cinco integrantes. As atividades realizadas em grupo variaram de uma hora até uma hora e quarenta minutos. No grupo focal o papel do moderador foi facilitar a discussão e apresentar as atividades a serem realizadas, pois segundo Gaskell (2002) utilizar materiais como fotografias ou cartões de palavras como recurso para a atividade em grupo é uma forma interessante de acessar estereótipos e crenças populares sobre o tema escolhido pelo moderador. O grupo focal envolveu a temática “idoso” e a atividade foi desenvolvida numa sala com uma mesa grande que possibilitasse aos participantes sentarem-se em círculo de modo que houvesse um contato face a face entre os mesmos.

Este estudo partiu de quatro pressupostos: (1) qualquer trabalho empírico voltado para as questões cognitivas dos estereótipos tem que ser considerado num contexto de relações intergrupais (Nascimento- Shulze, 1996); (2) a percepção dos membros do in-group sobre o out- group deve envolver conflito intergrupal com base em percepções coletivas e não individuais; (3) os grupos tendem a favorecer o próprio grupo em detrimento dos demais; (4) o grupo externo (out-group) é percebido como mais homogêneo (Tajfel, 1982). A partir desses pressupostos foram desenvolvidas as seguintes hipóteses:

a. Há diferenças nos estereótipos do idoso entre grupos etários diferentes.

b. O efeito do favoritismo integrupal ocorre no grupo de idosos.

c. O efeito de homogeneidade do out-group ocorre em todos os grupos com exceção dos idosos.

Nos dias 27 de fevereiro e 30 de março de 2009 foram realizados dois pré-testes para avaliar a adequação do procedimento, do material e também para mensurar o tempo estimado para a realização da atividade. Através dos pré-testes foi possível verificar que o número mais adequado para a constituição do grupo seriam cinco membros, preservando o vínculo entre eles, de forma que o grupo não fosse constituído por desconhecidos, mas que também houvesse o mínimo de heterogeneidade que fomentasse a discussão. Além disso, observou-se a

necessidade de garantir que as variáveis, grupo etário e sexo, fossem consideradas para a constituição dos grupos, uma vez que nos pré-testes foi possível perceber que mesmo no grupo de adultos, os mais velhos influenciavam as respostas dos mais jovens. Isto justificou a divisão do grupo de adultos entre adultos-jovens (19 até 25 anos) e adultos de meia idade (26 até 59 anos).

Neste estudo, a escolha dos participantes não foi intencional, mas considerou como critérios de inclusão a aceitação de participação através da enquete no TCLE, o local onde respondeu o questionário, o sexo e o grupo etário. Buscou-se compor os grupos focais de maneira que se constituísse uma díade e uma tríade de pessoas dos mesmos contextos, ou seja, grupos etários provenientes dos mesmos locais, garantindo que as atividades ocorressem com suficiente profundidade, reflexão e debate. Ainda segundo Gaskell (2002) quando o grupo entra em acordo sobre uma categorização, os critérios desta escolha são discutidos e explicados, de forma que o conjunto de estímulos age como “catalisador para a discussão sobre aspectos do tópico” (p. 81).

No primeiro momento, os participantes assinaram o TCLE e responderam uma ficha de caracterização individual, constando de características sócio-demográficas, freqüência de contato com idosos e questões fechadas referente às fases de desenvolvimento. Antes da realização das tarefas foi realizada uma dinâmica de apresentação entre os membros do grupo, uma vez que algumas pessoas não se conheciam. A atividade desenvolvida se caracterizou pelo modelo one-way (Kerlinger, 1980), uma vez que não houve grupo controle, não se tratando, portanto, de um modelo experimental. Além disso, o grupo etário atuou como variável independente e os estereótipos surgidos com a atividade realizada atuaram como variáveis dependentes, seguindo o delineamento descrito na figura 5.

Figura 5. Procedimento do segundo estudo.

A primeira atividade pretendeu iniciar o grupo no processo de categorização, mas buscou também identificar se o processo de categorização realizado pelos mesmos utilizava o critério das categorias primitivas e, além disso, se havia uma hierarquia dessas categorias. Para tanto, cada grupo recebeu 12 fotografias de pessoas, divididas de forma pareada por sexo, etnia e grupo etário, depois da visualização de todas as fotos, os participantes foram solicitados a agrupar as fotos de acordo com um critério que deveria ser estabelecido pelo grupo, o mais rápido possível. Ao final, os mesmos nomeavam as categorias formadas e descreviam o critério escolhido pelo grupo.

Na segunda atividade os mesmos grupos receberam 70 cartões contendo adjetivos escritos de forma legível em cada um deles, como explanado anteriormente na sessão “instrumentos” desta pesquisa. Novamente os grupos deveriam agrupar os cartões em pelo menos duas

pilhas diferentes, conforme o critério escolhido pelos integrantes dos grupos (semelhança, por exemplo), buscando apresentar características dos idosos, seguindo a seguinte consigna: Gostaria que vocês agrupassem em pilhas as características de idosos a partir desses cartões. Não existem características consideradas certas ou erradas apenas gostaríamos de saber a opinião de vocês enquanto grupo. Se uma característica escrita no cartão pertencer a mais de uma pilha isso deverá ser anotado por um dos membros do grupo e se alguma característica escrita não pertencer a nenhuma pilha, esta deverá ser colocada no local que chamaremos de pilha mista. A única condição é que precisa haver mais de uma pilha de cartões. Ao final vou pedir que vocês atribuam um nome para cada pilha que vocês construíram e vocês deverão me informar qual o critério estabelecido pelo grupo para fazer os agrupamentos.

Após a realização da atividade os integrantes dos grupos entregavam uma lista com todas as palavras informando quais foram agrupadas, quais foram excluídas, quais foram consideradas em mais de um agrupamento e qual o tema escolhido para cada pilha de cartões. Além disso, classificavam as palavras que compuseram as categorias em positivas ou negativas, através da tomada de decisão no grupo.

4.6.3. Procedimento do terceiro estudo – Entrevistas e redes associativas No terceiro estudo que utilizou entrevistas individuais semi- estruturadas, os participantes foram avisados sobre o uso de gravador de voz e mediante sua aceitação, foram solicitados a assinar o TCLE e falar livremente sobre as temáticas do estudo. Durante os pré-testes foi verificado que a realização da entrevista em ambiente conhecido era menos ansiogênico para o participante, no entanto, o ambiente familiar (casa) inibiu o participante, portanto, o ambiente escolhido para a realização das entrevistas foi a instituição a qual o participante estava vinculado, com controle de possíveis variáveis intervenientes como: barulho, iluminação e disposição do espaço (Figura 6).

Figura 6. Exemplo do local de realização das entrevistas.

A consigna da entrevista buscou informar sobre os objetivos da pesquisa, mas enfatizou a característica não diretiva da mesma, de forma que o entrevistado se sentisse acolhido para estabelecer uma interação social de confiança. As perguntas foram monotemáticas e ao final da entrevista foram feitas as perguntas relativas às características dos participantes.

Conforme demonstra a figura 7, 60 participantes foram entrevistados e destes 36 responderam à rede associativa, divididos de forma pareada por sexo e grupo etário.

Figura 7. Procedimento do terceiro estudo.

Assim como as entrevistas, a rede associativa também foi administrada individualmente, no entanto, os respondentes com pouca escolaridade, especialmente os idosos tiveram dificuldade para respondê-la, sendo assim, buscando preservar o emparelhamento da amostra, algumas redes associativas foram descartadas, de modo que ao final 36 redes foram consideradas. Esta situação revelou a necessidade de considerar os resultados advindos das redes associativas como complementares aos outros estudos, sendo necessário considerá-los no contexto dos mesmos, uma vez que o pequeno número de participantes limita a análise dos resultados a partir do enfoque da abordagem estrutural das representações sociais.

A rede associativa foi aplicada antes da entrevista como prevê os procedimentos indicados por De Rosa (2005) que indica que em pesquisas com mais de um instrumento, a rede associativa deve ser o primeiro instrumento utilizado, de modo a preservar as evocações livres dos participantes. Diante disso, a aplicação da rede seguiu as seguintes etapas: (a) instruções para o respondente sobre a construção da rede associativa, solicitando que este atribuísse palavras e indicasse a ordem

em que cada palavra foi pensada; (b) solicitação de que o respondente interligasse as palavras através de setas, conforme a aproximação que este acreditasse que elas pudessem ter; (c) solicitação de que o respondente atribuísse um significado positivo (+), negativo (-) ou neutro (0) para cada palavra da rede; e, (d) solicitação de que o respondente atribuísse a ordem de importância para cada palavra (I, II, III, etc.).