• Nenhum resultado encontrado

A sociedade da informação baseia-se nas tecnologias de informa- ção e comunicação que envolvem a aquisição, o armazenamento, o processamento e a distribuição de informação por meios electrónicos, como rádio, televisão, telefone e computadores, entre outros. Essas tecnologias não transformam a sociedade por si só, mas são utilizadas pelas pessoas nos seus contextos sociais, económicos e políticos, crian- do uma nova comunidade local e global: a sociedade da informação.

Mais recentemente, atendendo ao carácter meramente funcional da informação, foram surgindo novas propostas para designar os fenóme- nos sociais associados à sociedade da informação. A informação supor- ta reduz a incerteza da decisão, mas não se traduz na própria acção. A importância do conhecimento e das pessoas como motores do desen-

38

NEGÓCIO ELECTRÓNICO – CONCEITOS E PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO

volvimento e produção de informação e realizadores/concretizadores da acção leva a que surja o conceito de sociedade do conhecimento, ou sociedade da informação e do conhecimento. Embora actualmente se utilize com maior frequência uma destas duas últimas designações, os conceitos associados e as propostas no plano teórico apresentadas para a sociedade da informação mantêm-se válidos.

A sociedade da informação é um conceito utilizado para descrever uma sociedade e uma economia que fazem a melhor utilização possí- vel das tecnologias de informação e comunicação no sentido de lidar com a informação e tomá-la como elemento central de toda a activi- dade humana (Castells, 2001).

Numa sociedade da informação, as pessoas aproveitam as vanta- gens das tecnologias em todos os aspectos das suas vidas: no traba- lho, em casa e no lazer. Exemplos dessas tecnologias são não só a utilização de caixas automáticas para levantar dinheiro e outras ope- rações bancárias, telemóveis, teletexto, serviço de telecópia (fax), mas também outros serviços de comunicação de dados, como a Internet e o correio electrónico e, mais recentemente, os sistemas de videovigi- lância, serviços de controlo de tráfego e bilheteiras associados aos transportes públicos, estádios de futebol e outros espaços de utiliza- ção controlada.

Apesar de tudo, o elemento crucial não é a tecnologia, mas sim o que ela pode tornar possível nas relações entre pessoas e pessoas e organizações.

Sociedade da informação: «Sociedade que recorre predo- minantemente às tecnologias da informação e comunicação para a troca de informação em formato digital, suportando a interacção entre indivíduos e entre estes e as organizações, recorrendo a práticas e métodos em construção permanen- te» (Gouveia e Gaio, 2004).

As características da sociedade da informação são: • a utilização da informação como recurso estratégico;

• a utilização intensiva das tecnologias de informação e comuni- cação;

• o facto de ser baseada na interacção predominantemente digi- tal entre indivíduos e organizações;

• o facto de recorrer a formas diversas de «fazer as (mesmas e novas) coisas», baseadas no digital.

CAPÍTULO 1 • A PERSPECTIVADE QUEM USA

39

A construção da sociedade da informação é feita tendo em aten- ção os indivíduos, fomentando as suas competências, nomeadamente as associadas à informação, comunicação e obtenção de uma cultura digital. A sociedade da informação é encarada como uma sociedade em que a interacção entre pessoas e entre estas e as organizações é maioritariamente realizada com mediação das tecnologias de infor- mação e comunicação, e tem uma base digital.

As redes baseadas nas comunidades locais, consideradas como um dos elementos agregadores da sociedade da informação, apre- sentam, segundo Castells (2001), três características gerais comuns, embora a sua formação e o seu desenvolvimento tenham diferentes motivos:

• Facultam a informação sobre as autoridades locais, bem como as associações cívicas e assumem-se como sofisticados siste- mas de informação do dia-a-dia das comunidades locais; • Facilitam e organizam a interacção electrónica e a troca de in-

formação entre os elementos da comunidade, num sentido mais alargado, podendo estas ser temáticas e à escala global; • Possibilitam a integração de sistemas de base electrónica de

empresas e pessoas que, noutros contextos, dificilmente pode- riam aderir a sistemas deste tipo.

Embora na sociedade da informação os recursos sejam a informação e as tecnologias associadas à informação e comunicação, os aspectos essenciais associados a este novo paradigma de sociedade devem ser analisados em função dos produtores e consumidores de informação – as pessoas. O papel das tecnologias é essencialmente mediador, o que é ainda reforçado na transição para a sociedade do conhecimento, em que a interacção entre seres humanos adquire um papel de maior relevo.

Desta forma, importa tomar uma perspectiva de satisfação de pro- cura na análise do impacto das tecnologias e das suas aplicações. Em mui- tas tecnologias emergentes, verifica-se que só se conhece o seu potencial após a apropriação por parte das pessoas. Essa apropriação nem sem- pre corre de acordo com o esperado ou planeado, mas é o resultado das práticas, das características culturais e do conhecimento do utilizador ou grupos de utilizadores. Desta forma, diferentes locais possuem natural- mente tipos diferentes e variados de apropriação à tecnologia.

A lógica associada à apropriação da tecnologia é também uma lógica de mercado, em que a oferta tem necessariamente de seguir a procura, que é, no limite, quase individualizada e resultado da percepção que

40

NEGÓCIO ELECTRÓNICO – CONCEITOS E PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO

cada indivíduo possui de como pode resolver os seus problemas. Ape- nas em infra-estruturas muito específicas se poderá esperar que um investimento orientado para a oferta possa ter os resultados esperados. Sempre que se pretende envolver mudança, novas práticas e novos com- portamentos, é essencial observar, analisar e responder à procura.

Assim, os mecanismos de oferta têm de garantir diferentes graus de sofisticação e fazer, de forma diferenciada, propostas de valor. Estas são utilizadas numa lógica de resolução de problemas individuais – o registo central da oferta de serviços públicos é o de permitir o self-

-service por parte dos indivíduos, de forma a reinventar tempos, es-

paços e locais de interacção.