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4.3 DESCRIÇÃO DOS CARGOS DAS PESSOAS QUE

4.4.11 Olívia – Empresa Nethorn

Tem 43 anos de idade, solteira, ensino médio completo. Faixa salarial de 1.500,0 reais, residência alugada e mora sozinha. No que se refere ao estilo de vida não é fumante, não consome bebida alcoólica e não faz exercícios físicos.

Começou a trabalhar com 20 anos em uma cooperativa de alimentos da região, onde permaneceu até os 25 anos. Com 25 anos começou a trabalhar em casas de famílias, como empregada doméstica e babá e, permaneceu em atividades como estas até os 35 anos. Com 36 anos começou a trabalhar na empresa Nethorn onde permanece há sete anos. Iniciou na função de beneficiadora e atualmente ocupa o cargo de Revisora. A mudança de cargo ocorreu após retorno do ultimo afastamento devido à necessidade da empresa.

“Comecei a trabalhar com vinte anos em uma cooperativa de carne perto de casa, fiquei lá até meus vinte e cinco, depois comecei a trabalhar em umas casas como doméstica e cuidando de crianças […] faz sete anos que comecei aqui, quando vim pra cá eu entrei no beneficiamento, depois me passaram para revisora por que não tinha ninguém” (sic).

Ao avaliar as condições de saúde anterior a doença pela qual ocorreu o afastamento do trabalho declara que se sentia bem, sempre teve boas condições de saúde. Estava satisfeita em trabalhar na empresa, pois tem bom relacionamento com colegas de trabalho e gosta das atividades inerentes ao cargo que exerce.

“Antes do meu problema, eu me sentia bem, não tinha problema de saúde [...] sempre gostei de trabalhar aqui, gosto das pessoas e do meu trabalho, disso, não tenho do que reclamar” (sic). Em 2012 sofreu acidente de trabalho, ao erguer um rolo de renda torceu o braço e o tecido caiu sobre sua mão fraturando a ulna. Ficou afastada do trabalho por três meses. Após retorno ao trabalho não sentia dores na mão lesionada e continuou na mesma função.

“A primeira vez que eu me afastei foi por que fui erguer um rolo de renda do chão e o rolo virou, quando virou torceu minha mão e quebrou, isso foi em 2012 [...] fiquei afastada três meses e voltei boa, não sentia dor” (sic).

Em 2013 começou a sentir dores na região abdominal, foi ao médico, fez exames e foi diagnosticada com Neoplasia Maligna do colo do útero. Foi afastada do trabalho durante seis meses. Neste período fez radioterapia e sessões de radioterapia e quimioterapia. As medicações lhe causavam mal estar e muita tristeza. Foi submetida a cirurgia e retornou ao trabalho.

“Em 2013 comecei sentir umas dores na barriga, fui no médico e eu tava com câncer no útero [...] fiquei seis meses sem trabalhar fazendo radioterapia e depois quimioterapia [...] era um sofrimento, eu passava mal, enjoava, ficava tonta, sem falar na angustia e tristeza que dá [...] passa tanta coisa na cabeça” (sic).

Relata que neste período sentia-se bem fisicamente, mas perdeu a vontade de sair, conversar e trabalhar. Queria ficar em casa e não conversar com ninguém. Foi ao médico que diagnosticou transtorno depressivo, passou a fazer uso de medicação contínua.

“Enquanto fiquei afastada, eu comecei a me sentir triste e sozinha, como moro sozinha eu não tinha com quem conversar, mas também eu não queria falar com ninguém [...] tenho até vergonha de falar, mas algumas vezes quando aparecia alguém lá em casa pra me visitar, eu ficava bem quietinha pra dizer que eu não tava em casa e não atendia [...] fui ao médico por que minha mana me levou; daí ele falou que eu tava com depressão e me deu remédio [...] os remédios que ele me receitou? Eu não lembro o nome, mas era pros nervos faixa preta” (sic).

Em janeiro de 2014 ao fazer exame de rotina descobriu que a neoplasia havia voltado. Foi novamente afastada do trabalho, com diagnóstico de Neoplasia Maligna do colo do útero (CID C 53) com comorbidade Transtorno depressivo recorrente, episódio leve (CID F33.0). Permaneceu em afastamento por quatro meses, período em que fez sessões de radioterapia e novos exames que detectaram a ausência da doença.

“Quando voltei a trabalhar depois de ficar afastada em 2013 eu não tinha mais nada, mas neste ano, quando fui fazer exames; que tem que ficar fazendo exames direto; o câncer tinha voltado [...] a novela foi a mesma, radio, remédio, médico [...] agora graças a Deus estou curada, só continuo tomando um outro remédio para depressão, mas mais fraco”(sic).

No momento da coleta de dados havia retornado ao trabalho há três meses. Ao retornar do último afastamento, surgiu uma oportunidade de mudar de setor e passou a exercer a função de revisora. Relata que as dores e mal estar passaram, mas continua fazendo uso de antidepressivo. Descreve que o trabalho exige esforço físico, a demanda de trabalho é grande e exige muita responsabilidade. Faz hora extra para compensar o volume de trabalho que não consegue finalizar no horário de trabalho normal. Julga que tem boa capacidade de resposta para as demandas psicológicas do trabalho e percebe-se apta para a função que exerce. “Eu gosto do meu trabalho e me sinto bem nele, mas como tem bastante tecido pra revisar e sou só eu de revisora no meu setor eu tenho que fazer hora extra pra dar conta de revisar tudo” (sic).

Pondera que a estrutura física do ambiente de trabalho é ruim, pois não oferece iluminação e ventilação suficiente. Relata que modo de gestão é ruim, pois não tem bom relacionamento com a chefia imediata.

“[...] é o lugar onde eu trabalho não é muito bom, tem dias que fica escuro, principalmente quando o tempo está nublado por que não entra muita luz de fora [...] no verão é muito quente, você nem imagina, chego pingar de suor […] o meu chefe! Nem adianta reclamar das coisas, ele nunca resolve nada, as vezes eu reclamo que tem muito tecido estragado e é o mesmo de não falar nada […] estes dias atrás a gente (ela e o chefe) andou meio que batendo boca” (sic).

Os dados obtidos por meio do ICT revelam que algumas vezes precisa diminuir o ritmo de trabalho ou mudar os métodos de trabalho. Não está certa se terá capacidade para o trabalho daqui há dois anos, mas tem conseguido apreciar suas atividades diárias, se sentido ativa e alerta e com esperança futura. O escore obtido foi 41, que corresponde a boa capacidade para o trabalho.

Os dados obtidos por meio do Checklist da CIF apontam que no componente Funções e Estruturas do Corpo, no domínio (b2) Funções Sensoriais de Dor possui deficiência ligeira relacionada a visão (b210.1). No domínio (b7) Funções Neuromusculoesquelética e funções relacionadas com movimento apresenta deficiência ligeira relacionada a funções do Músculo e do movimento; e deficiência moderada na Estabilidade das Articulações (b715.2) e na Resistência Muscular (b740.2).

Não apresenta deficiência no que se refere a (b1) Funções Mentais; (b3) Funções da Voz e da Fala; (b4) Função do Aparelho Cardiovascular, sistema Hematológico, imunológico e do Aparelho Respiratório; (b5) Funções do Aparelho Digestivo e do Sistema Metabológico e Endócrino e (b6) Funções Geneto Urinarias e Reprodutiva.

No componente Atividade e Participação, no domínio (d1) Aprendizagem e Aplicação do Conhecimento apresenta dificuldade ligeira no que se refere a Dirigir a Atenção (d116.1). No domínio (d4) Mobilidade apresenta problema ligeiro no que se refere a Manter a Posição do Corpo (d415.1).

Não possui dificuldades relacionadas a (d2) Tarefas e Exigências Gerais; (d3) Comunicação; (d5) Auto Cuidados; (d6) Vida Domestica; (d7) Interações e Relacionamentos Interpessoais e (d8) Principais Áreas da Vida e (d9) Vida Comunitária, Social e Cívica.

De posse dos dados obtidos por meio dos distintos instrumentos (Quadro 31) esses indicam que percebe como muito boa sua capacidade, e a capacidade para o trabalho de forma geral é boa. Possui incapacidade para atividades relacionadas às funções Neuromusculoesquelética que demandam esforço físico e movimentação corporal. Possui funcionalidade relacionada a atividades que não demandam esforço físico, com destaque para funções de interação social.

Quadro 31 - Síntese das Informações de Percepção, Capacidade, Funcionalidade e Incapacidade (Olívia – Empresa Nethorn)

Percepção de Capacidade para o trabalho Capacidade Para o Trabalho Incapacidade Funcionalidade

Muito Boa Boa

Relacionada a atividades que demandam esforço

físico e movimentação corporal ligadas as funções Neuromusculoesquelética Atividades que não demandam esforço físico e movimentação corporal

Fonte: Análise conjunta das Informações fornecidas pelos instrumentos de pesquisa (Entrevista, ICT e CIF).

5 APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO