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4.3 DESCRIÇÃO DOS CARGOS DAS PESSOAS QUE

4.4.6 Otília Empresa Thirthel

Tem 31 anos de idade, ensino superior, faixa salarial de 1.800,00 e faixa salarial familiar de 4.000,00. È casada, não tem filhos, possui residência própria e mora com o esposo. Em relação ao estilo de vida não é fumante, consome bebida alcoólica eventualmente e raramente pratica exercícios físicos. Otilia trabalha na empresa Thirtel há quatro anos em funções administrativas.

Ao avaliar a condição de saúde anterior ao afastamento relata que achava ter boa condição de saúde, mas que queria engravidar e em várias tentativas não obtinha sucesso. Em conversa com o esposo decidiram ir ao médico, foi encaminhado para exames que revelaram Neoplasia Maligna do Colo do Útero (CID C53).

“Eu estava tentando engravidar, mas nunca conseguia, depois de algum tempo, eu e meu marido resolvemos marcar uma consulta para ver o que estava acontecendo [...] minha saúde estava boa, pelo menos era o que eu achava, até eu ir ao médico e receber a noticia” (sic).

Após diagnóstico teve problemas psicológicos, sentia-se triste, chorava sem motivos aparentes, sentia-se culpada por não conseguir engravidar.

“Quando o médico me falou que eu tinha esta doença, eu chorei muito [...] muitas coisas passaram na minha cabeça [...] que eu poderia morrer; que eu nunca iria conseguir ter um filho e isso me frustra muito [...] Meu sonho sempre foi ter uns quatro filhos e, não poder ter nenhum, o impacto de uma noticia destas dói muito [...] saber que o sonho de ter filhos não era só meu, mas do meu marido também me faz com que eu me sinta culpada em não poder dar um filho para ele [...] não tenho o direito de impedir que ele realize um sonho, pensei em me separar, mas eu amo ele também [...] Eu chorava e choro muito, às vezes sem motivo nenhum, simplesmente me dá um nó na garganta e não consigo segurar o choro” (sic).

Os sentimentos vivenciados acabaram ocasionando problemas no relacionamento conjugal. Otilia buscou apoio na igreja e passou e passou a frequentar semanalmente, o que segundo relato, ajudou a entender muitas coisas e a sentir-se melhor. Após diagnóstico permaneceu trabalhando por mais dois meses.

“O meu marido falou que não tinha importância se a gente não pudesse ter filhos, mas eu sei que não é verdade. Com esta situação, mais a doença

eu fiquei deprimida, não queria conversar com ninguém, me senti um nada [...] sei que mudei com meu marido, ao mesmo tempo em que ele tentava me ajudar eu achava algum motivo para brigar com ele, parece que eu estava tentando fazer com que ele pedisse a separação, talvez isso, me desse um alívio naquele momento [...] um dia minha vizinha me convidou para ir à igreja, achei que não ia me ajudar, mas eu não tinha nada a perder e fui, foi muito bom eu ter ido, a igreja me ajudou a entender várias coisas e que tudo tem seu tempo, isso me deu certo conforto [...] agora vou a igreja toda semana” (sic).

Ao ser afastada do trabalho o diagnóstico foi neoplasia Maligna com comorbidade de transtorno depressivo recorrente, com episódio grave sem sintomas psicóticos (CID F33.2). Ficou afastada por três meses enquanto fez exames e foi submetida à cirurgia.

Ao retornar ao trabalho continuou a exercer a mesma função, analista de PCP. Faz uso de medicamentos para depressão e relata que ao retornar ao trabalho os problemas psicológicos permaneceram, mas que tem buscado ajuda ao conversar com outras pessoas e ao frequentar a igreja. Considera que tinha capacidade de retornar ao trabalho, e encontra-se satisfeita com a função.

“Eu ainda tomo remédio para depressão e ainda me sinto triste, as vezes, tenho vontade de chorar,

mas estou buscando ajuda [...] faço

acompanhamento com médico, converso com algumas pessoas que confio e vou na igreja, isso tem me ajudado” (sic).

No que se refere às condições em que o trabalho é realizado considera que não há esforço físico, mas a posição corporal constante do trabalho lhe causa desconfortos.

“No meu trabalho não faço esforço físico, mas fico sentada muito tempo, ficar sentada o dia todo também incomoda [...] mas tenho a liberdade de tomar um café, dar uma voltinha em outros setores e a empresa tem ginástica laboral três vezes na semana” (sic).

O volume e demanda de trabalho é sentido como sobrecarga psicológica. Faz horas extras para finalizar atividades que não teve tempo hábil de executar. Considera que possui boa capacidade de resposta frente às demandas de trabalho.

“O meu trabalho exige muito raciocínio, pois trabalho com contas e planilhas o dia todo, isso gera cansaço, não físico, mas como posso explicar [...] a noite eu deito na cama e fico pensando no que tenho pra fazer, nem sempre eu do conta de fazer toda a programação até as seis, aí eu fico trabalhando até mais tarde [...] apesar de tudo, acho que consigo atender todas as prioridades e exigências do meu trabalho, acho que não deixo a desejar” (sic).

Os dados obtidos por meio do ICT revelam que Otília possui, em sua opinião, distúrbio emocional Severo. Algumas vezes precisa diminuir o ritmo ou mudar os métodos de trabalho. Ao avaliar a capacidade futura para o trabalho, julga improvável que tenha capacidade daqui dois anos. Tem conseguido apreciar as atividades diárias e tem se sentido ativo e alerta. Não tem sentido sempre esperança futura. O escore geral foi 37 que corresponde a boa capacidade para o trabalho.

Os dados obtidos por meio do Checklist da CIF revelam que no componente Atividade e Estruturas do Corpo apresentou Deficiência Ligeira no domínio Funções da memória (b144.1) e Deficiência Moderada nas Funções Miccionais (b 620). Nos demais domínios não apresentou deficiência no que se refere ao desempenho ou capacidade.

Não apresentou deficiência relacionada aos domínios (b2) Funções Sensoriais de Dor; (b3) Funções da Voz e da Fala; (b4) do Aparelho Cardiovascular, sistema Hematológico, imunológico e do Aparelho Respiratório; (b5) Funções do Aparelho Digestivo e do Sistema Metabológico e Endócrino e (b7) Funções Neuromusculoesquelética e funções relacionadas com movimento, o que indica capacidade relativa a estes domínios.

No componente Atividade e Participação não apresenta nenhuma dificuldade, o que corresponde a presença Funcionalidade no que se refere a todos os domínios, tanto no que corresponde ao fator de desempenho, como de capacidade. Possui melhor desempenho e capacidade avaliada pelo instrumento em (d1) Aprendizagem e Aplicação do Conhecimento; (d2) Tarefas e Exigências Gerais; (d3)

Comunicação; (d4) Mobilidade; (d5) Auto Cuidados; (d6) Vida Domestica; (d7) Interações e Relacionamentos Interpessoais; (d8) Principais Áreas da Vida e (d9) Vida Comunitária, Social e Cívica.

De posse dos dados obtidos por meio dos distintos instrumentos é possível concluir que embora apresente deficiência ligeira relacionada às funções da memória, não é impedimento ou fator que resulte em incapacidade. Percebe como muito boa a sua capacidade pessoal para o trabalho, possui boa capacidade para o trabalho. Não foram encontradas incapacidades, o que sugere capacidade e funcionalidade em relação a todas as áreas avaliadas pelos instrumentos, conforme sintetizado no Quadro 26.

Quadro 26 - Síntese das Informações de Percepção, Capacidade, Funcionalidade e Incapacidade (Otília – Empresa Thirthel)

Percepção de Capacidade para o trabalho Capacidade Para o Trabalho Funcionalidade Incapacidade

Muito Boa Boa

Atividades que envolvem funções físicas, mentais, sociais e mobilidade Não foram encontradas

Fonte: Análise conjunta das Informações fornecidas pelos instrumentos de pesquisa (Entrevista, ICT e CIF).