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Olha, eu tento tratar da mesma forma, porque às vezes dá vontade de ser menos rígido Eu acho que ainda tenho

ANEXO F: AS ENTREVISTAS COM OS PROFESSORES

N.- Olha, eu tento tratar da mesma forma, porque às vezes dá vontade de ser menos rígido Eu acho que ainda tenho

dificuldade de entender o que essas crianças conseguem aprender, sobretudo, numa sala com mais 40, para mim fica quase inviável, mas eu vou tentando. Eu estou com uma aluna no momento e a gente tem sempre que ficar pensando de urgência o que fazer para prender a atenção dela. Todas as crianças querem ficar em volta dela e isso atrapalha um pouco a aula, eu tenho que designar sempre alguém para ficar ao lado dela aqui na frente para sala fazer as atividades. Eu costumo separar alguns jogos pedagógicos e dou para algum colega que já acabou a lição fazer com ela, às vezes, eu mesma chamo aqui na mesa e a gente fica fazendo alguma coisa.

Entrevistador: Ao desenvolvimento dos conteúdos/ currículo

N. – Tento distribuir a mesma atividade para todo mundo e ela imediatamente pega a folha que eu dei e rabisca e faz um monte

de coisas do jeito dela que não tem nada a ver com o que eu pedi. Ela faz como os outros, vem me mostrar como os outros, eu recebo, guardo, colo no caderno, só que ás vezes as outras crianças terminam primeiro e pedem para ajudar a Cibele, aí eu deixo, eles ajudam, pegam na mão, mas na maioria das vezes não dá.

Entrevistador: Então o que a senhora faz é quando é uma atividade que ela não consegue acompanhar a senhora oferece uma outra atividade também pedagógica para ela fazer na carteira dela?

N. - sim e muitas vezes eu vou fazer com ela. Entrevistador: E ela está conseguindo aprender a ler?

N. - Não, eu acho que o problema é o começo, eu acho que eles já são mais lentos, então eu nunca ia pensar que ela ia sair

daqui lendo ou escrevendo, ela melhorou bastante, interage com os colegas, antes ela estava lá no fundo, em outra, não estava nem aí. Agora muitas vezes ela presta atenção, até senta para ouvir, nas atividades de educação física, ela brinca, obedece, ela dançou na festa junina, antes ela fugia dos ensaios, arranjei alguém para me ajudar com a sala e dei mais atenção para ela, ensaiei junto. Agora, ela está o tempo todo no grupo, esse é meu objetivo, mas agora ela já faz a letra A, consegue achar o nome dela, as letras eu mostro o tempo todo, associo com desenhos, as crianças fazem com ela e ela acompanha, associa certinho a letra com o desenho.

Entrevistador: Então a senhora também usa materiais diferenciados como uma estratégia? N. - Sim, a criançada adora, eu uso muito, fiz alfabeto móvel.

Entrevistador: Para alguns esses materiais diferenciados são importantes não é mesmo?

N. - Sim, não adianta ficar só aqui na frente falando, o negócio é pegar, colocar na mão deles e fazer junto. Entrevistador: E com relação à família?

N. - Algumas coisas que eu vejo que são produtivas eu mando para casa, para ela pesquisar o bicho com a letra tal e isso ela

faz, mas atividades que tem que ler no livro aí eu nem mando.Porém, no geral, não dá para contar com as famílias, tem mãe que faz cara feia, fala que não tem tempo, que não é papel dela, é difícil viu?

Entrevistador: Essa aluna faz algum reforço?

N. - Ela começou agora, eu até mandei um relatório.

Entrevistador: É uma SAAI?

N. - é tipo uma Sapine, uma atividade mais individualizada. Entrevistador: Quem sentiu essa necessidade?

N. -A escola. Conversei com a coordenação que fez o encaminhamento. Entrevistador: Então essas salas ajudam?

N. - Sim, é um trabalho mais individualizado, vai ser só ela. As escolas encaminham, mas tem pai que não vai atrás, não se

interessam e o processo fica parado, mas no caso da Cibele é uma mãe super dedicada.

Entrevistador: Tem algum espaço regular para a troca com esses profissionais das salas especializadas?

N. - Não, por enquanto não. De certa forma, fica fragmentado, infelizmente as coisas públicas são assim, então se a família

não corre atrás não rende nada.

Entrevistador: Nos últimos dois anos a senhora teve alguma oportunidade de participar de cursos relacionados à inclusão? N. - Não, não tive oportunidade, quando você é adjunto você quase não tem oportunidade, as poucas vagas que aparecem são

muito tarde e longe e quem não tem carro não tem como ir. Eu já li muito sobre a inclusão, no curso de psicopedagogia, mas curso específico não, o que me ajudou foi a psicopedagogia.

Entrevistador: Quais são as maiores dificuldades com relação à educação como um todo?

N. -Eu sinto falta de uma auxiliar, porque, por exemplo, a turma é muito heterogênea, você tem que puxar ritmos diferentes e

então eles perdem o interesse, começam a brigar, chutar, bagunçar. A auxiliar ficaria para ajudar os quem têm maior dificuldade, poderia circular, aí eu conseguiria concluir melhor as atividades.

Entrevistador: E com relação à inclusão, quais seriam os maiores impeditivos?

N. - O número de alunos e a falta de apoio da própria escola, se eu estou com um aluno de inclusão e ele pede para ir ao

banheiro não tem ninguém para acompanhar, se eu mando um colega junto, ela não volta, ela foge no meio do caminho e aí me chamam para falar que ela está em outra sala e se acontecer alguma coisa vem todo mundo em cima de mim.

Entrevistador: Agora na prefeitura tem os Cefais, vc. já teve esse apoio?

N. - Por enquanto não, não tive nenhum tipo de ajuda, o que tem muito são cobranças, listas de crianças silábicas, pré-

silábicas, etc..apoio mesmo quase não tem. É tudo mentiroso essa coisa bonita de inclusão, eu faço minha parte, mas falta suporte. Eu como professora, jamais deixaria meu filho numa escola desse tamanho para ficar jogado na hora do recreio, você encontra criança especial lá no canto, sabe lá quem está vendo, pode vir alguém até e abusar, ela não sabe se defender, não sabe falar.

Entrevistador: Alguma outra colocação? N-Não acho que é só.

ENTREVISTA 9 Entrevistada: E.A.

Nome: E. A.

Data da entrevista: 09/08/07

Horário de início: 18 horas

Horário de término: 19:30

Local onde se realizou: sala de aula

Primeiras impressões sobre a entrevista: E. é uma professora jovem e bem informada, além disso, mostrou-se

animada com o trabalho e não acomodada como a maioria dos entrevistados. Quando conversei com a coordenadora pedagógica, ela foi a primeira professora a ser citada, tem fama de boa professora na escola e também fama de gostar de trabalhar com alunos problemáticos. Foi uma das melhores entrevistas com relação ao tema específico da entrevista;

apresentou as estratégias que utiliza e também algo muito importante que é gostar de trabalhar com essa

população. Um outro elemento interessante da entrevista foi o comentário acerca de um curso de formação que realizou há alguns anos e o motivo de ter aproveitado o mesmo, pois partiu da prática, ou melhor, de situações problemáticas do cotidiano da sala de aula.Apesar de ser professora adjunta, foi a primeira fala positiva sobre sua posição. “mas eu gosto de ficar com essas salas”. Mostro não ser acomodada e correr atrás de ajuda ou de conteúdo para realizar um bom trabalho.

• Data de nascimento: 11/01/67

• Formação escolar: Magistério, pedagogia e psicopedagia • Escola em que se formou: 1990 Magistério: 1991 • Término pedagogia: 1997

• Tempo de atuação: 17 anos • Trabalha em quantas escolas: 1 • Número de aulas semanais:

• Número de alunos por sala: em média 40 • Número de alunos com deficiência: em média 2

Entrevistador: A sua experiência de aula para crianças com NEE é de quanto tempo?

E. -7 anos, trabalhei 5 anos numa escola especial, depois eu fui para prefeitura de Barueri e apareceu uma criança

cadeirante, com paralisia cerebral na primeira série e aí fica naquela: professor fulano de tal não quer porque já tem muitos alunos, então eu falei : eu quero. Eu trabalhei com essa criança na sala regular, primeira série, alfabetização, depois disso, eu trabalhei com criança PC, aqui na prefeitura de São Paulo, na EMEF Paraisópolis, uma menina cadeirante também PC, inclusive a mãe vinha para ajudar na hora do lanche, uma menina que já tinha 14 anos e para carregar para o banheiro era difícil, os coleguinhas dela também ajudavam, levavam o prato na hora do recreio, brincavam com ela no intervalo, é muito gratificante. E nessa mesma escola no ano seguinte tinham vários casos de crianças DM, vários e aí, ficava naquelas, os professores diziam que não queriam porque não sabiam trabalhar, e como eu era professora titular eu pedi para ficar com todas essas crianças na minha sala, porque eu comecei a perceber que essas crianças ficavam esquecidas no fundo da sala. Trabalhei com eles, usando diversas estratégias, o rendimento escolar deles às vezes frustra para o professor que está acostumado com outro tipo de crianças ditas normais, mas eu acho muito mais fácil trabalhar com crianças especiais, a gente começa a adaptar tudo. Nessa escola eu trabalhei com um aluno SD na primeira série e com dois SD na segunda série. Atualmente eu estou com alguns casos na sala de PIC, que são aquelas crianças de ensino fundamental com dificuldade de aprendizagem, crianças com histórico de derrota escolar, todos colocados numa sala só. Foi difícil para mim, a gente tem que dar o sangue. Eu me coloquei no lugar de uma professora que acabou de se formar e está numa sala de PIC, se para os mais experientes é difícil, eu imagino para quem está iniciando agora, os titulares não escolhem essa sala, mas sim os adjuntos.

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