• Nenhum resultado encontrado

OLIVIER E VIVIËN

No documento José Manuel Lopes Casquilho RESUMO (páginas 64-77)

6 CASOS COMPARÁVEIS ENTRE AS DUAS OBRAS

6.1 OLIVIER E VIVIËN

Olivier e Viviën são personagens muito semelhantes, não só a nível da sua caracterização social e psicológica, como no que diz respeito ao papel que desempenham a nível da narrativa.

Ambas as personagens se salientam pela sua capacidade bélica e são elogiadas pelas suas proezas enquanto cavaleiros e defensores da causa cristã. No caso de Olivier, este aspeto é referido, por Rollant, aquando da sua morte, o qual não só menciona as suas origens nobres, como refere o importante papel da personagem na preservação do Bem, em detrimento do Mal, facto que nos leva a associar Olivier a uma espécie de zelador da harmonia social, de acordo com a conduta exigida a um verdadeiro cavaleiro:

“Ço dit Rolland: “Bels cumpainz Oliver, Vos fustes filz al riche duc Reiner Ki tint la marche de cel val de Runers; Pur hanste freindre, pur escuz peceier, Pur orgoillos e veintre e esmaier E pur prozdomes tenir e cunseiller, E pur glutun e veintre e esmaier,

En nule tere n’ad meillor chevaler”. (Roland, 163, v. 2207-2214)

Relativamente a Viviën, este aspeto é referido várias vezes ao longo da narrativa, quer por si, quando inicialmente propõe a Tedbald que solicite o apoio de

Willame na batalha aos pagãos (mencionando que, enquanto cavaleiro, só Willame o supera), quer pelo próprio Willame, ao deparar-se com o corpo de Viviën no campo de batalha:

“Viviën sire, mar fustes unques ber, Tun vasselage que Deus t’aveit doné! N’ad uncore gueres que tu fus adubé, Que tu plevis e juras Dampnedeu Que ne fuereies de bataille champel; Puis covenant ne volsis mentir Deu

Pur ço iés ore mort, ocis e afolé”. (Guillaume, CXXXIII, 2001-2004)

De acordo com a passagem transcrita, Willame enaltece também a fidelidade de Viviën à cruzada cristã. De facto, as mortes das duas personagens estão claramente associadas à sua relação com o divino, para que as suas perdas, enquanto cavaleiros e cruzados, não deixem de remeter para aquela que seria a promessa de salvação eterna ao serviço da causa cristã. Perto do momento da morte, Olivier e Viviën confessam as suas culpas e pedem a Deus que lhes dê entrada no Paraíso. No caso de Viviën, este aspeto adquire uma conotação simbólica ainda maior, visto que a personagem só morre após ter comungado:

“Ferut vos ai? Car le me pardunez! Rollant respunt: “Jo n’ai nïent de mel;

Jo l’vos parduins ici e devant Deu”. (Roland, 149, v. 2005-2007)

”Merci! Criad, si li pardonad Deus. Deus, mei colpe, des l’ore que fui nez,

Del mal que ai fait, des pecchez et dé lassetez! Uncle Willame, un petit m’en donez!

A, dist le cunte, a bom hore fus nez! Qui ço creit, já nen ert dampnez.” Il curt a l’eve ses blanches mains a laver, De s’almosnere ad trait le pain segré, Ens en la boche l’en ad un poi done

(…) L’ame s’en vait, le cors I est remés”. (Guillaume, CXXXIII, v. 2042-2052) Por outro lado, tanto Olivier como Viviën se apresentam, ao longo da narrativa, como duplos dos dois protagonistas, Rollant e Willame. Em ambos os casos, tratam-se de duplos que completam a figura heroica. Em relação a Olivier e Rollant, as duas personagens agem frequentemente em conjunto, sendo que o primeiro se apresenta como um complemento do segundo, acrescentando-lhe a poderação e a razão que lhe parece faltar19. No segundo caso, Viviën ocupa, na primeira parte da obra20, o lugar de Willame, assumindo a liderança na batalha, na impossibilidade da presença do protagonista. A reação dos heróis, Rollant e Willame, perante a morte dos seus duplos, carece também de uma atenção especial. O drama experienciado pelos protagonistas perante a morte de Olivier e de Viviën assume uma condição trágica que ultrapassa a reação expectável num cenário de morte de um ente querido. Trata-se, nos dois casos, da perda de uma parte integrante do seu ser, como se Rollant e Willame perdessem um elemento estruturante de si. O primeiro agarra Olivier nos seus braços, aperta-o contra o seu coração e geme pela perda do seu amigo. O segundo lamenta a perda de Viviën, da sua coragem, ardileza e sabedoria. Sofre por uma perda do amigo, ainda muito jovem:

“Rollant s’en turnet, le camp vait recercer, Sun cumpaigun ad truvét, Olivier.

Cuntre sun piz estreit l’ad enbracét”. (Rolland, 163, v. 2200-2202)

“Viviën sire, mar fu, juvente bele, Tis gentil cors e ta teindre meissele! Jo t’adubbai a mun paleis a Termes: Pur tue amur donai a cent healmes,

E cent espees e cent targes novels”. (Guillaume, CXXXII, v. 2001-2005)

Em conclusão, podemos constatar que o percurso destas duas personagens heroicas se estabelece numa lógica de crescimento espiritual, que passa pelo alcance

19

Ver subcapítulo 4.2. Rollant, Ganelon e Olivier.

20 Definimos como primeiro momento da obra, a ação que se desenrola sem a participação direta de Willame.

da plenitude incorpórea, através do martírio, em prol da causa social e religiosa, o que lhes permite cumprir a sua missão de cavaleiros e de cruzados. Ambos se apresentam perseverantes na batalha, apesar das dificuldades sentidas relativamente à desproporção do seu exército em relação ao do inimigo. No entanto, enquanto Viviën morre para que se concretize a consolidação da identidade de Willame, a morte de Olivier contribui para acentuar a culpa de Rollant, para que este se confronte com o seu fracasso e exorcize o seu erro, aspeto que constitui, até ai, um entrave à sua construção heroica.

6.2

TEDBALD E GANELON

Estas duas personagens têm em comum o facto de se desenvolverem textualmente através de um processo de desvalorização social, moral e cavaleiresca. Ambas são inicialmente reconhecidas pela sua condição social, de nobres e cavaleiros. Todavia, este aspeto que, à partida, poderia ser indicador de um comportamento adequado a tal condição, vai sendo posto em causa através de um conjunto de peripécias e atitudes que permitem questionar as imagens inicialmente apresentadas.

Ganelon e Tedbald estão na origem do conflito desenvolvido nas duas obras e fazem-no ambos através da traição à fé cristã e ao compromisso de vassalagem para com o seu senhor.

Tendo em conta a análise realizada anteriormente destas duas personagens, no contexto narrativo em que cada uma se insere, parece-nos interessante que o trabalho comparativo entre Ganelon e Tedbald, neste capítulo, incida alguns aspetos simbólicos, com incidência na dialética Luz/ Sombra, que parecem ser comuns ao percurso das duas personagens.

Num caso e no outro, a descrição feita pelo narrador acerca da sua preparação para o encontro com o inimigo dá-nos a imagem de verdadeiros cavaleiros, por todo o ritual que se estabelece à sua volta e pela beleza e riqueza do equipamento bélico que enveredam (associado à luz, através do ouro ou de pedras preciosas21), ainda que,

21 Em algumas passagens verifica-se também uma relação entre os pagãos e o campo simbólico da luz, através da descrição do seu armamento ou vestuário, o que está, de forma geral, associado ao

posteriormente, se verifique que as suas atitudes se mostram contrárias à simbologia deste aparato, o que terá repercussões individuais e coletivas negativas.

Parece-nos, assim, interessante estabelecer uma análise comparativa do percurso de Tedbald e Ganelon, tendo em conta várias analogias simbólicas à sua passagem da luz às sombras, que apontam para a desconstrução da imagem social e física destas personagens (que não é senão a consequência do erro cometido):

“ Ganelon li quens s’en vait a sun ostel, De guarnemenz se prent a cunrëer, De ses meillors quë il pout recuvrer: Esperuns d’or ad en ses piez fermez, Ceinte Murgleis s’espee a sun costéd.

En Tachebrun sun destrer est muntéd”. (Roland, l 27, v. 342-347)

“[Tedbal] Armes demande, l’em li vait aporter. Dunc li vestent une broine mult bele,

E un vert healme li lacent en la teste;

Dunc ceint s’espee, le brant burni vers terre, E une grant targe tint para manvele;

Espé trenchant out en sa main destre,

E blanche enseigne li lacent tresque a tere”. (Guillaume, XII, v. 132-138) Em ambos os casos, é referido o caráter resplandecente do ouro do armamento que envergam o que, de acordo com Gilbert Durand, se associa a uma pureza e brancura que, como sabemos, será manchada ao longo do percurso literário destas personagens:

“Essayons de ne prendre en considération que l’or en tant que reflet, et nous voyons qu’il constele avec la lumière et la hauteur et qu’il surdétermine le symbole solaire. C’est dans ce sens qu’il faut interpréter les nombreuses images de lumière dorée qui foisonnent dans La Chanson de Rollant (…). Le doré est donc synonyme de blancheur”. (Gilbert Durand, 1984: 166)

esplendor e riqueza inerentes à sua posição social e não tanto à simbologia Bem/ luz, Mal/ sombra, como acontece em relação às personagens em análise.

Verifica-se claramente uma transição das duas personagens do campo da luz para o das sombras, através de vários indícios que vão mostrando que os seus comportamentos, que constituem falhas inquestionáveis nas suas condições de nobres cavaleiros, são acompanhados por referências cromáticas ao claro e ao escuro, simbolicamente associados ao Bem e ao Mal, respetivamente.

No caso de Tedbald, o que referimos parece adquirir uma concretização mais objetiva, através de três referências que remetem para esta passagem simbólica. Em primeiro lugar, tenhamos em conta a constatação do narrador acerca da fuga de Tedbald e de alguns dos seus homens, a qual analisa recorrendo a uma metáfora que remete para a diferença entre ouro e prata e que parece contrastar com a descrição da personagem transcrita inicialmente:

“Si cum li ors s’esmere fors de l’argent s’en turne, Si s’en eslistrent tote la bone gent:

Li couart s’en vont od Tedbald fuiant”,

Od Vivien remistrent tut li chevalier vaillant”. (Guillaume, XXVIII, 328-331) Não é menos interessante o facto de, na laisse XXX, Viviën reaver o escudo, bordado a ouro, que até então pertencera ilegitimamente a Tedbald. O facto de ser retirado à personagem este objeto, símbolo, por um lado, da vitória sobre o paganismo e, por outro, da “pureza”, fidelidade cavaleiresca e cristã que Tedbald já não possui, é um indício da desconstrução da personagem:

“Puis tendit sa main juste la Tedbald gule, Si li toli sa Grant targe duble;

D’or fu urlé envirun a desmesure,

De l’or de Arabe out en mi li bocle”. (Guillaume, XXX, v. 370-373)

Por fim, Tedbald é perseguido por um carneiro cinzento: “Par mi la herbe l’en avint a fuïr,/ En sun estriu se fert un motun gris” (Guillaume, XXXI, v. 395-397). Este aspeto permite também observar o declínio da personagem e a sua associação ao imaginário do Mal.

Relativamente a Ganelon, a sua transição da luz às sombras, do Bem ao Mal, dá-se, num primeiro instante, no momento em que estabelece aliança com o rei

pagão, o que, só por si, se constitui como um aspeto bastante negativo a nível da caracterização da personagem. A traição de Ganelon é realizada curiosamente à sombra de um pinheiro, onde está sentado, num trono coberto de seda de Alexandria, o rei Marsile, rodeado pelos seus homens. Este facto permite associar, mais uma vez, o rei pagão e o seu exército à simbologia da escuridão e, por analogia, também Ganelon:

“Un faldestoet out suz l’umbre d’un pin, Envolupét d’un palie alexandrin:

La fut reis ki tute Espaigne tint,

ut entur lui vint milie Sarrazins”. (Roland, 31, v. 407-410)

No entanto, a forma como Ganelon é, no final da narrativa, castigado pela sua traição, parece ser também simbolicamente significativo neste contexto, tendo em conta que a personagem é presa e torturada por um cozinheiro e pelos seus ajudantes, numa cozinha, espaço simbolicamente associado ao inframundo. Por outro lado, o facto de Ganelon ser sacrificado como um urso é também interessante, sobretudo se tivermos em atenção aquilo que Helder Godinho refere a este propósito, citando Walter:

“Le sacrífice de l’ours, chez les Giliaks comme chez les autres peuples sibériens, est rationalisé d’une manière diferente de celle qui est classique dans le reste du monde. Ce n’est pas une offrande faite aux dieux ou à Dieu, c’est un moyen de communication: l’ours est le porte – parole des hommes. Avant de le tuer ils disent ce qu’ils veulent faire savoir au Grand Dieu, puis l’âme de l’ours mort est censée transmettre leurs souhaits, ainsi que les offrandes et dons qui lui ont été confiés (les sacrífices druidiques eux aussi semblent avoir fait jouer à la victime un rôle de porte – parole plutôt que d’offrande). (…) Nous voyons ainsi que les ressemblances sont frappantes entre les divers rituels de l’ours et ce que les garçons de la cuisine font à Ganelon et que cette coutume populaire d’Arles-sur-Tech d’origine pré-historique, a pu arriver jusqu’à nos jours” (Walter, apud Godinho, 1989: 66, 67).

A morte de Ganelon, tal como nos é apresentada, remete para uma reafirmação da união entre os cristãos e o seu Deus, a qual se estabelece simbolicamente através da personagem que terá contribuído para a corrupção do laço estabelecido entre uns e outro. Por outro lado, o ritual sacrificial da personagem

marca a conclusão de um ciclo e o início de outro, através da purificação e esconjuro do Mal.

Em suma, tanto no caso de Tedbald como no de Ganelon, percebemos que o afastamento das duas personagens parece ser a única forma de restabelecimento da ordem quebrada por elas. O seu percurso culmina com a sua marginalização, como forma de exemplo social e penalização pelos comportamentos desviantes ocorridos.

CONCLUSÃO

O termo “duplo”, utilizado para nos referirmos à questão literária sobre a qual incide a nossa análise, é de complexa interpretação, na medida em que aponta para um campo muito abstrato da construção textual. Porém, esta temática, tal como a analisámos, numa perspetiva de duplicação do sujeito literário, duplicação essa intrínseca ou extrínseca a cada personagem, complementar ou desviante22, é uma questão que tem sido recorrente ao longo da História da Literatura e da História das Mentalidades (e que se encontra já presente nos textos clássicos), ainda que só a partir do século XVIII tenha ganhado maior destaque, nomeadamente através de Jean-Paul Richter que avança, pela primeira vez, com o termo Doppelgänger23 (Jean-Paul Richter, 1796), o qual encerra em si a noção de Duplo Psicológico e de Duplo Fantástico:

“On pourrait parler de “doble psychologique”, puisqu’il concerne le moi, ou de “double fantastique”, puisque sa manifestation est perçue comme une anomalie dans l’ordre des choses”. (Pierre Jourde e Paolo Tortonese, 2005: 3)

Na canção de gesta, a inter-relação que se estabelece entre a figura do duplo e a do herói (coletivo ou individual) está intimamente ligada à tradição judaico-cristã, visto que se estrutura sobretudo no paralelismo dicotómico Bem/ Mal, Deus/ Diabo. O herói é aquele que realiza o seu percurso de depuração, através do sacrifício, ao serviço do ideal religioso e social, também numa perspetiva de penitência cristã. A figura heroica está associada, assim, a uma condição inicial de imperfeição, de fragmentação, que a personagem deve ultrapassar através do seu percurso de heroicidade. É nesta perspetiva que o duplo adquire significado no processo de construção da imagem heroica, na medida em que contribui sempre para a sua aprendizagem e elevação, quer através de um processo de complementaridade, quer porque permite estabelecer uma comparação entre si e o herói, num plano de confrontação de opostos, o que leva o leitor-ouvinte a valorizar o herói por oposição

22 Ver Capítulo I, “A importância do duplo na construção da identidade do herói”. 23

ao seu contrário. Outro aspeto a ter em conta é a figura do anti-herói. Os diferentes casos de personagens enquadradas nesta tipologia, que referimos ao longo deste trabalho, são exemplos de duplos do herói que, por terem assumido um comportamento desviante, que resultou num erro crasso, se opõem ao herói, não enquanto elementos complementares, mas como figuras antagónicas que contribuem, através do seu comportamento desviante e da imagem social negativa que desenvolvem, para a construção do arquétipo do herói, enquanto modelo positivo que repõe a ordem quebrada pelo anti-herói.

As definições que adotámos relativamente ao herói, ao duplo e ao anti-herói baseam-se na análise dos dois textos estudados e na dinâmica que estas figuras incutem nas duas obras. Apesar de existirem ligeiras divergências no que diz respeito ao tratamento dado, numa e noutra, a estes três tipos de personagens, verifica-se, no geral, uma semelhança relativamente à situação de cada herói ter associada a si a questão da duplicação de identidade. Não menos relevante é o facto de, em alguns casos, herói, duplo e anti-herói coexistirem na mesma personagem. Trata-se, por exemplo, do caso de Guischard, em La Chanson de Roland, o qual, apesar de inicialmente estar associado ao paradigma da figura heroica, pelo seu comportamento, bravura e ética moral, desenvolve, ao longo da texto, uma condição dupla, divergente, que o coloca numa perspetiva descendente relativamente ao percurso de heroicidade que iniciara e, por renegar a fé cristã, numa atitude desviante (por uma questão de orgulho e revolta face às exigências dos objetivos que lhe tinham sido propostos), acabará por corresponder à imagem do anti-herói, na medida em que o seu erro crasso, de heresia, é irreversível e põe em causa o bem comum.

Este trabalho surge, assim, da necessidade encontrada em abordar, numa perspetiva comparativa, a forma como estas figuras literárias se estruturam nos textos analisados e definir pontos de convergência ou de oposição entre o tratamento que cada obra lhes dá. Conscientes de que a riqueza do tema proposto não está esgotada, acreditamos que a análise realizada avança com uma perspetiva crítica, que poderá contribuir para o desenvolvimento de uma reflexão literária futura acerca das questões abordadas por nós.

BIBLIOGRAFIA

CORPUS

(2008). La Chanson de Guillaume. Paris: Le Livre de Poche, coll. Lettres Gothiques. (1990). La Chanson de Roland, Edição crítica com tradução e notas de Ian Short. Paris:

Librairie Générale Française, Le Livre de Poche, coll. Lettres Gothiques.

BIBLIOGRAFIA CRÍTICA

Akkari, Hatem (2004). Le Héros et son double dans la chanson de geste. Paris: Université Paris – Sorbonne. Mémoire.

Aramburu, Francisca (1980). El heroe y el cosmos. Murcia: Universidade de Murcia. Bargalló Carraté, Juan (1994). “Hacia una tipología del Doble. El doble par fusión, por

fisión y por metamorfoses”, in Juan Bargalló Carraté (ed.), Identidad y alteridade: aproximación al tema del Doble. Sevilla: Ediciones Alfar: 11-25.

Bédier, Joseph (1912). Les Légendes Épiques, Recherches sur la formation de chansons de geste. Paris: Champion, Vol. III.

Bennett, Philip E. (1985). “La Chanson de Guillaume, poème anglo-normand?”, Au Carrefour des routes d’Europe: la chanson de geste. Aix-en-Provence: Publications de l’Université de Provence: 259-281.

Besnardeau, Wilfri (2007). Représentations littéraires de l’étranger au XIIe siècle. Des chansons de geste aux premières mises en roman. Paris: Champion.

Boissonnade, P. (1923). Du nouveau sur la "Chanson de Roland": la genèse historique, le cadre géographique, le milieu, les personnages, la date et l'auteur du poème. Paris: Champion.

Boutet, Dominique (2006). “Chevalerie et chanson de geste au XIIe s.: essai d’une définition sociale”, Revue des langues romanes: 35-56.

_______________ (1993). La chanson de geste. Paris: Presses Universitaires de France, coll. Écritures.

________________ (1999). Formes Littéraires et conscience historique: aux origines de la littérature français 1100-1250. Paris: Presses Universitaires de France, coll. Moyen Age.

Burger, André (1977). Turold poète de la fidelité: essai d’explication de la chanson de Roland. Genève: Droz.

Buschinger, Danielle (1975). Guillaume et Willehalm: les épopées françaises et l’oeuvre de Wolfram von Eschenbach. Université de Picardie, Centre d'études médiévales, actes du colloque des 12 et 13 janvier, Göppingen, Kümmerle (Göppinger Arbeiten zur Germanistik, 421): 171.

Campbell, Joseph (1980). El héroe de las mil caras: psicoanálisis del mito. Mexico: Fondo de Cultura Económica.

Carlyle, Thomas (1922). Les héros: le culte des héros et l’héroïque dans l’histoire. Paris: Armand Colin.

Corbellari, Alain (2011). Guillaume d’Orange, ou la naissance du héros medieval. Paris: Klincksieck.

Delbouille, Maurice (1954). Sur la genèse de la Chanson de Roland. Bruxelas: Palais des Académies.

Duggan, Joseph (1976). A Guide to Studies on the Chanson de Roland. Londres: Grant & Cutler.

Frappier, Jean (1955). Les Chansons de geste du cycle de Guillaume d’ Orange. Paris: SEDES: I.

Godinho, Hélder (1989). Em torno da Idade Média. Lisboa: Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas.

Jourde, Pierre; Tortonese, Paolo (1996). Visages du double: un thème littéraire. Paris: Nathan, coll. Littérature.

Keller, Hans-Erich (2003). Autour de Roland, Recherches sur la chanson de geste. Paris:

No documento José Manuel Lopes Casquilho RESUMO (páginas 64-77)

Documentos relacionados