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E DISCUSSÃO DE PROBLEMAS TEÓRICOS

C. M.: Si, fue la Fundación Naumann, fundación Alemana que es la fundación que ayuda a los grupos liberales la que financió mi viaje y la que

3.4. C ONSTRUÇÕES APARENTADAS

Nesta seção, discuto algumas construções que foram analisadas como construções de clivagem em algum momento, porém neste trabalho são consideradas construções focais não clivadas.

3.4.1. Relativas focalizadoras

Como discuti acima, Kato et alii (1996) consideram construções como (70) abaixo como construções de clivagem, tendo o núcleo da relativa preenchido:

29 Ver Toribio (2002) para a justificativa de considerar “X sí que...” como uma CI. Embora apresente uma

análise diferente da minha, Toribio (2002) apresenta uma análise unificada para diversas construções focalizadoras como:

(i) a) Uno hace eso es para enfatizar algo. b) Yo aprendí español en Dominicana fue. c) Nosotros hablamos inglés sí.

d) Ellos no piensan volver para acá no.

(TORIBIO, 2002, p. 1)

Ver a parte relevante da análise de Toribio (2002) no primeiro capítulo desta Dissertação.

30

Observe-se que, de fato, as regras de fonológicas de Zubizarreta (1998, 1999) não são de todo incompatíveis com as propostas das periferias da sentença: quando esta regra é ativada, as línguas devem checar seus focos informativos na periferia interna retirando todos os outros elementos que restarem nas projeções mais baixas, caso contrário, a sentença é agramatical. Ver a discussão sobre o VSO no espanhol e no italiano na seção 3.5.1 a seguir.

(70) Foi você a pessoa que eu vi.

Da mesma estrutura que (70) podem ser derivadas orações como (71) a seguir:

(71) a. Fuiste tú el alumno que contestó bien a la pregunta. b. Son ellos los muchachos que llegaron temprano. c. Era mi madre la mujer a quien veías siempre. d. Yo era el tipo que te enviaba flores antiguamente. e. María es la chica que me gusta.

No entanto, considerando a análise proposta por Brito e Duarte (2003) para as relativas, essas sentenças podem ser consideradas como construções focais não clivadas tendo em vista que uma relativa restritiva equivale a um adjetivo:

(72) a. ESSES são [DP os professores [CP que se responsabilizaram pelo processo]].

b. ESSES são [DP os professores [AdjP responsáveis pelo processo]].

c. São ESSES [DP os professores [CP que se responsabilizaram pelo processo]].

d. São ESSES [DP os professores [AdjP responsáveis pelo processo]].

A partir dos exemplos de (72), pode-se notar que o DP “os professores que se responsabilizaram pelo processo” é equivalente ao DP “os professores responsáveis pelo processo”, e que o DP modificado pelo adjetivo como em (72b) e (72d) não constituem uma construção de clivagem. No entanto, somente as relativas restritivas podem ser consideradas como um adjetivo tendo em vista seu caráter de modificador nominal. As relativas livres das pseudo-clivadas, como assinalou Modesto (2001), têm o valor de um elemento nominal referencial e não podem ser substituídas por um adjetivo no teste ilustrado em (72).31

Assim, a estrutura (considerando apenas a parte relevante) que proponho para (70-71) é a estrutura ilustrada em (73), seguindo a análise que Brito e Duarte (2003) propõem para as relativas32:

31 Essa propriedade de que uma relativa livre equivale a um DP, e não pode ser substituída por um

adjetivo, fica evidente através da discussão dos exemplos (33-36) acima.

32 Em tempo, considerar que Brito e Duarte (2003) estabelecem diferenças estruturais entre as relativas

(73) VP | V’ qp V DP ser qp DP D’ (83) você (84) esses

a pessoa [ForceP quei [IP eu vi ti]]

os professores [AdvP responsáveis pelo processo]

os professores [ForceP quei [IP ti se responsabilizaram pelo processo]]

Ou seja, as construções que Kato et alii (1996) consideram como construções de clivagem porque contêm uma relativa com núcleo preenchido com um nome genérico são analisadas aqui como uma copulativa focal não clivada já que o predicado da mini- oração é um DP formado por uma relativa com cabeça e não um CP formado por uma relativa livre.

Neste grupo, são classificadas as orações como as ilustradas em (74):

(74) a. Lo único que no hice en mi vida fue CASARME Y TENER HIJOS (ARG.E.03)

b. Madre: Vos lo único que querés es HEREDARME.

Hijo: No... yo lo único que quiero es UNA HIJITA IGUAL A VOS. (ARG.F.02)

c. Lo primero que yo iba a estudiar era MEDICINA (CUB.E.13)

As diferentes configurações de ordem entre (70), (71), (72) e (74) derivam de quem se move para a posição de SpecTP, como nas sentenças copulativas equativas:

(75) a. El profesor es Juan. b. Juan es el profesor.

Em (75), tanto o DP “o João” como o DP “o professor” podem ser alçados para a posição SpecTP. Esse é o mesmo caso de (70), (71), (72) e (74): tanto a relativa como o DP podem ocupar dita posição.

3.4.2. Clivada-sem-cópula

Encontram-se nos dados as chamadas clivadas-sem-cópula (CSC) como ilustrado em (76) abaixo:

(76) a. DE AHÍ que la palabra clave para aumentar productividad en México es inversión. (MEX.E.01)

b. POR ESO que por cada manifestante de mikel Buesa habia mil con Otegi. (ESP.E.06)

Seguindo as análises de Kato e Raposo (1996) e Kato e Ribeiro (2005) para o português, pode-se dizer que, nestes casos ilustrados em (76), não há uma construção de clivagem propriamente dita. Kato e Ribeiro (2005) comentam que a derivação pára antes da inserção da cópula (ver os comentários da análise formal de KATO e RIBEIRO; 2005, que

fiz no primeiro capítulo). Esse tipo de construção pode ser entendido como uma construção focal em que o núcleo Fº vem realizado morfologicamente por concordância dinâmica33, a fim de satisfazer o Critério-Foc estabelecido por Rizzi (1997). Assim, a estrutura proposta para sentenças do tipo de (76) é a de uma oração simples, com o especificador do CP[+F] preenchido pelo elemento focalizado e o núcleo realizado

morfologicamente pelo marcador focal “que”, como comentam Kato e Raposo (1996), conforme ilustrado em (77) abaixo:

(77) CP/FocP

qp

XP[+F] C’/Foc’

os meninos2 qp

ali2 C[+F]/Foc TP

o livro de inglês2 que

amanhã2 t2 chegaram

eu nasci t2

o Pedro comprou t2

você vai fazer isso t2

Como atestado por diversos autores e mostrado no capítulo anterior, o espanhol da Espanha não apresenta construções clivadas. Mas, como mostrado em (76b), apresenta

clivada-sem-cópula, o que indica que a clivada-sem-cópula não pode ser derivada da

estrutura da clivada, com apagamento da cópula. Assim, a diferença entre (78a) e (78b) abaixo reside no fato de que (78a) tem um elemento nulo ocupando o núcleo Fº e (78b) tem um marcador morfológico realizado:

33 Ver Mioto e Kato (no prelo) para uma análise semelhante com relação às interrogativas WhSV do PB

(78) a. VOCÊ Ø fez isso. b. VOCE que fez isso.34

Toribio (2002) propõe uma análise unificada das construções focais, estabelecendo que “si”, “no” e “es” estão ocupando a mesma posição, de Σº. Então, desta mesma estrutura em (77), podem ser derivadas construções focais marcadas com o adverbio de afirmação, como ilustrado em (79) abaixo:

(79) Marco: Puedo llamarlo por telefono?

Recepcionista: Usted no... pero ÉL sí puede llamarle a usted. (ESP.F.02)

3.4.3. Deslocadas à direita

O exemplo ilustrado em (54d) repetido abaixo em (80)

(80) It was A BOOK, what I bought.

é considerado gramatical por Lambrecht (2001) como uma deslocada à direita. Ribeiro (2005) também mostra que o português arcaico admitia este tipo de deslocada à direita.

Seguindo as propostas de periferia interna da sentença de Belletti (1999; 2002; 2003), seria possível considerar (80) como uma sentença pseudo-clivada extraposta como tendo a estrutura representada em (81), cujos detalhes são omitidos:

(81) [TP pro foi [FocP João [TopP quem chegou…

A estrutura em (81) mostra, simplificadamente, que a oração WH, que contém a pressuposição, está em TopP da periferia interna e o elemento focalizado está em FocP da mesma periferia interna.

No entanto, como proposto por Belleti (2003), o ToP da periferia interna está associado a curvas entonacionais diferenciadas, como ilustrado no exemplo (82) retirado de Belletti (2003), o que não acontece com as PCE:

34

Voltar à observação feita na nota 14 sobre o que diz Belletti (2005): no caso do PB, pode-se considerar que o sujeito pré-verbal, como em (78a) está na periferia esquerda tendo em vista a possibilidade de outros elementos focalizados nessa posição. Veja-se

A: você deu o livro pra quem? Pro João ou pro Marcelo? B: PRO MARCELO que eu dei o livro.

(82) a. *Lui verrà Gianni Ele virá Gianni b. Lui verrà, Gianni

Ele virá, Gianni (BELLETTI, 2003, p. 16-17)

Como não é possível atribuir interpretação semântica diferente em LF para estruturas sintáticas iguais, não é possível considerar a análise ilustrada em (82), para as pseudo-

clivadas extrapostas, porque se teria a mesma estrutura para duas interpretações

semânticas diferentes. Assim, as análises propostas em (62) são corroboradas e o preenchimento de TopP da periferia interna fica reservado para os casos de deslocada à direita, que apresentam uma entonação diferenciada, como comentado por Lambrecht (2001) e Ribeiro (2005)

Nesta seção, discuti alguns pontos formais sobre as construções de clivagem e construções aparentadas. Propus uma análise mais econômica do ponto de vista derivacional para as CL e PCE e reanalisei construções que vinham sendo tratadas como construções de clivagem como construções focais não clivadas. Na próxima seção, promovo uma rápida discussão sobre as outras duas estratégias de focalização discutidas no segundo capítulo desta Dissertação.