91EXERCÍCIOSPROPOSTOSPARAOCURSO
G ARANTIA DE Q UALIDADE NA R EDE DE L ABORATÓRIOS
5.6 C ONTROLE DE QUALIDADE NA REDE DE LABORATÓRIOS ( SUPERVISÃO INTERNA )
5.6.1 INTRODUÇÃO
Essa estratégia de controle é interna porque é feita dentro do próprio laboratório, onde tanto o supervisor quanto a pessoa supervisionada trabalham. Os laboratórios central e intermediário (regional) que tenham as facilidades e o pessoal necessários podem usar esse método.
5.6.2 OBJETIVO
Minimizar erros técnicos no laboratório.
MICROSCOPIA – MÉTODOS
1.
• O gerente do laboratório verifica cada microscópio regularmente. • O controle é feito numa amostra de lâminas selecionadas ao acaso.
• É conveniente pegar todas as lâminas positivas de três dias consecutivos e então continuar como o descrito no item 2. Se uma positiva é lida como negativa pelo supervisor, ela deve ser relida por outro microscopista experiente.
• Acumule os resultados por três meses.
• Calcule a porcentagem (P) de erros, os falsos positivos e os falsos negativos separadamente. • Compare os valores de P ao longo do tempo (tendências).
2. Resultado:
• Selecione todas as lâminas positivas de um técnico por um período de 3 a 6 dias e 10% das negativas do mesmo período. Codifique-as e misture-as. A seguir, entregue-as a um segundo técnico, para uma releitura independente.
• Sempre que o resultado for discordante, a lâmina deve se relida por uma terceira pessoa. Esse resultado será considerado definitivo.
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O controle de qualidade interno deve ser feito pelo menos duas vezes ao ano. Que medida deve ser tomada se os resultados não forem satisfatórios?
• Com respeito aos técnicos (pessoal):
• Com respeito ao equipamento e aos reagentes: Possíveis causas de erro:
• Técnicos: excesso de trabalho.
• Equipamento: qualidade do microscópio. • Reagentes: várias razões.
• Qualidade do esfregaço e da coloração. Ações possíveis:
• Recomendação do recrutamento de técnicos adicionais. • Conserto ou troca de equipamento (microscópio). • Uso de reagentes de alta qualidade.
• Treinamento e reciclagem dos técnicos. • Motivação dos técnicos no seu trabalho.
CULTURA
1. Controle do preparo do meio de cultura: • Consistência.
• Cor do meio. • Contaminação. • Umidade.
• Qualidade dos ovos. • Vidraria.
• Temperatura e tempo de coagulação. • Controle da produção rotineira. • Presença de bolhas.
• Condições de armazenamento (conservação). Problemas:
• Temperatura. • pH.
• Correlação entre os resultados da baciloscopia e da cultura. • Vidraria não esterilizada adequadamente.
• Qualidade das tampas dos tubos.
• Flutuação da temperatura do coagulador. Ações possíveis:
• Controle da temperatura do coagulador. • Controle do pH das soluções de sais.
• Garantia de que a vidraria foi corretamente esterilizada (usando indicadores de temperatura). • Verificação da qualidade das tampas e de que estão bem apertadas.
• Verificação de que os ovos não estão sujos ou quebrados.
• O coagulador deve ser equipado com um termostato que detecte flutuação entre +/- 0,5oC, e o indicador da
temperatura deve estar colocado em lugar de fácil observação.
Curso Nacional – Gerência de Rede de Laboratórios de Tuberculose
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2. Problemas na leitura das culturas:
• Dúvidas sobre as colônias e sua morfologia. • Emissão dos resultados.
Ações possíveis:
• As culturas são lidas independentemente por dois técnicos.
• Todas as culturas duvidosas devem ser confirmadas por coloração de Ziehl-Neelsen de um esfregaço da cultura. • A emissão dos resultados deve ser preparada cuidadosamente.
3. Teste de sensibilidade para drogas antituberculose: • Qualidade da droga pura (potência).
• Condições de armazenamento apropriadas para essas drogas. • Pesagem precisa (verificação de balanças).
• Diluições para as concentrações adequadas a serem adicionadas ao meio. • Inoculação da cultura.
• Leitura e interpretação dos resultados. Ações possíveis:
• Aquisição de reagentes químicos de origem confiável. • Cada lote de meio deve ter um número e a data de validade. • Condições adequadas de armazenamento.
• A solução estoque de cada droga deve ser aliquotada, colocada em flaconetes e mantida no freezer. Quando for necessário preparar as diluições para uso, apenas um flaconete deve ser tirado, a solução preparada e o flaconete descartado.
• Padronização da técnica, inclusive o diâmetro da alça, etc.
• Um técnico experiente deve fazer a leitura do testes de sensibilidade a drogas antituberculose, e os resultados devem ser cuidadosamente interpretados de acordo com os testes de proficiência.
EXEMPLOS
Microscopia:
Conseqüências de resultados falsos:
• Falsos positivos e falsos negativos. Como isso pode ser explicado aos participantes de um curso, de uma forma que impressione e motive os participantes?
• Falso positivo: custo para o paciente – sofrimento humano (social, físico e psicológico).
• Falso negativo: custo à sociedade e ao paciente, demora do diagnóstico e, para os médicos, perda da confiança na microscopia.
E
XERCÍCIO11
Prepare e conte o exemplo de uma história sobre o controle de qualidade. Objetivo: minimizar os falsos positivos e os falsos negativos.
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Suponha que sua irmã chegue um dia e diga que o marido dela está tossindo por pelo menos 3, 4 ou 5 semanas e ainda continua assim. Em seguida, ela lhe pede sua ajuda. Você aconselha seu cunhado a ir ao posto de saúde mais próximo. Ele vai e é solicitado a expectorar. Suponha que duas amostras de escarro sejam coletadas para baciloscopia.
1. Suponha que um dos dois resultados seja positivo.
A família fica muito ansiosa e preocupada, e seu cunhado imediatamente inicia o tratamento contra a TB. Nesse meio tempo, você manda a amostra para cultura. Após 3 a 4 semanas, a tosse parece ter melhorado, mas ele começa a ter outros problemas, efeitos secundários da medicação (fadiga, problemas visuais). Mais tarde, outros problemas aparecem e lhe causam maior apreensão do que a tosse. Após oito semanas, o resultado da cultura chega... e é negativo (baciloscopia falso-negativa).
Custo: sofrimento, ansiedade, custo das drogas, etc.
2. Suponha que os resultados das baciloscopias sejam negativos.
Toda a família fica feliz, seu cunhado começa a tomar um xarope e, após duas semanas, ele está melhor da tosse. Quais são as possibilidades?
a) Negativo verdadeiro. Não existe problema.
b) Mas e se for falso-negativo? Seu cunhado tem TB, mas ela não foi nem diagnosticada nem tratada. Ele vai infectar outras pessoas da família e os amigos. Ele pode até morrer. Qual poderá ser o custo? A perda para a família de sua irmã seria terrível. Há também um custo para a sociedade e para o país.