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2 A SUPERVISÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO ATUAL: HÁ

2.4 A estruturação e organização do trabalho de coordenação

2.4.3 A supervisão educacional na Escola 3

2.4.3.2 Organização da supervisão educacional na escola

Essa escola apresenta um quadro organizacional bem definido e hierarquizado. As supervisoras pedagógicas são subordinadas à coordenação de segmento/ turno, que, por sua vez, está subordinada à coordenação pedagógica geral da escola, que responde à direção e vice-direção da instituição. Além disso, a equipe diretiva é subordinada à ordem religiosa mantenedora da escola.

Durante o período de observações, foi possível perceber que, embora a direção geral e vice-direção pedagógica se esforcem para estar ao máximo presentes nos diversos segmentos da escola e acompanhar o trabalho que está sendo desenvolvido, o tamanho da escola e sua estrutura organizacional acabam por permitir-lhes apenas uma visão geral do processo. A presença de dois níveis de coordenação, um no comando das diretrizes pedagógicas e outro nos segmentos de ensino, situados hierarquicamente entre a equipe de direção e a supervisão pedagógica, faz com que a relação entre estes seja formal. Além disso, essa distância entre os profissionais que executam e a gestão pedagógica geral faz com que os avanços no trabalho sejam lentos, não propiciando discussões e decisões coletivas verdadeiramente participativas. As idéias e necessidades dos professores são relatadas pela supervisora de cada segmento ao seu respectivo coordenador,

VICE-DIREÇÃO PEDAGÓGICA COORDENAÇÃO GERAL PEDAGÓGICA COORDENAÇÃO DO SEGMENTO DE 1a.à 4ª SÉRIE COORDENAÇÃO DO SEGMENTO DE 5a.à 7ª SÉRIE COORDENAÇÃO DA 8ª SÉRIE E ENSINO MÉDIO COORDENAÇÃO DO ENSINO PÓS-MÉDIO SUPERVISÃO PEDAGÓGICA VICE-DIREÇÃO ADMINISTRATIV COORDENAÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL COORDENADORES DE ÁREA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL COORDENADORES DE ÁREA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL COORDENADORES DE ÁREA DIREÇÃO GERAL MANTENEDORA

que fica incumbido de levá-las às reuniões que acontecem entre os mesmos, a coordenação pedagógica geral da escola e a equipe de direção. Esse trâmite retira praticamente toda a autonomia da condução pedagógica das mãos do coletivo de professores, supervisores e orientadores, o que estabelece relações verticalizadas de poder no interior da escola.

(...) Em seguida, as professoras solicitam alterações no processo de recuperação. A supervisora explica que algumas mudanças na escola já estão acontecendo, mas aos poucos, devido à mudança da vice-direção, que agora tem uma pedagoga de “cabeça aberta” no cargo, e pede paciência a elas. Lembra que já conseguiram pequenas alterações, como entregar o material de recuperação aos alunos em julho, para fazerem as provas em agosto. Termina o atendimento. Pergunto à Vilma por que a escola ainda trabalha por bimestres. Ela explica que as mudanças na escola são lentas, mas que agora começaram a ocorrer da forma mais contínua. Diz que conseguiram, para 2005, a mudança nos valores dos bimestres, que antes eram: primeiro bimestre = 20 pontos/ segundo bimestre = 20 pontos/ terceiro bimestre = 30 pontos/ quarto bimestre = 30 pontos, para: primeiro bimestre = 20 pontos/ segundo bimestre = 30 pontos/ terceiro bimestre = 20 pontos/ quarto bimestre = 30 pontos. Considera essa alteração um avanço e um sinal de novos tempos. (Diário de Campo - Escola 3 - 18/05/05)

É uma relação muito tranqüila. Eu não tenho muito contato direto com a direção, porque realmente aqui o tempo me absorve, e porque também a escola tem uma hierarquia muito organizada, que eu não preciso chegar até a direção para fazer as minhas coisas. O que eu preciso, eu vou à coordenação de turno, que vai à coordenação pedagógica. Então, meu acesso à direção é por intermédio de outros funcionários, de outros setores. Aqui na escola, isso é muito definido, as funções, o que cada um faz. Então, se eu preciso de alguma coisa, ou eu procuro a vice-direção, que hoje atua na coordenação pedagógica também, ou a coordenação de turno. A direção é só em último caso. Mas isso não significa que ela não esteja a par do que está acontecendo. É uma pessoa que me dá muita autonomia, que me dá plenos poderes, confia muito no meu trabalho, valoriza. (Fragmento da entrevista com a Supervisora Vilma - Escola 3)

A autonomia da supervisão refere-se à organização do seu trabalho com a sua equipe de professores (acompanhamento em sala de aula, reuniões, planejamentos, projetos de trabalho, atividades de campo, etc.) e à organização das reuniões de estudo do segmento para formação continuada dos professores. No entanto, até mesmo esse planejamento pode estar sujeito a alterações solicitadas pelas coordenações de segmento e equipe diretiva da escola, sempre que julgarem

necessário. Pelo que foi possível constatar, há uma atitude passiva no comportamento da equipe de supervisão da escola, que não luta, pelo menos explicitamente, por sua maior participação e escuta nas decisões pedagógicas amplas. No meu modo de entender, o medo de perder o emprego pode ser o principal fator que explica essa postura, talvez pela característica de gestão ainda bastante centralizadora da instituição.

No início de 2005, houve uma mudança no cargo de vice-direção da escola, que, até então, era exercido por uma única pessoa que se dedicava especialmente aos assuntos administrativos gerais da instituição. A pessoa que ocupava o cargo de Coordenação Pedagógica Adjunta (uma espécie de braço pedagógico da direção) foi promovida para a Vice-direção, que passou a ser dividida em 02 setores: o administrativo e o pedagógico. Conforme foi possível observar, essa mudança foi muito bem recebida pelos supervisores e orientadores da escola, que vislumbraram, com isso, a possibilidade de uma gestão mais compartilhada, uma vez que a Vice- direção pedagógica passou a ser exercida por uma pedagoga, habilitada em Supervisão Escolar e Orientação Educacional, bastante aberta às necessidades de avanço da organização pedagógica da escola e detentora de um bom canal de escuta com a equipe de especialistas.

Apesar da ainda pequena participação da supervisão nas decisões estruturais da escola, há a intenção e um discurso de valorização desse profissional, além do reconhecimento de sua importância na articulação das ações educativas, demonstrados por meio de sua dedicação quase que exclusiva aos processos pedagógicos45 do segmento de ensino no qual trabalha. Dessa forma, as supervisoras não substituem faltas de professores (que, aliás, são raras); não

cuidam de atrasos e de registro de ponto dos professores; da compra de materiais para uso dos professores ou alunos; da organização dos funcionários na entrada ou saída dos alunos; de questões disciplinares; da organização logística das festas; etc.. Dedicam-se ao acompanhamento e enriquecimento das aulas, atividades e projetos pedagógicos, em que conseguem implementar, como no caso de Vilma, uma proposta de trabalho mais articulada com as transformações educacionais, sem deixar de considerar e valorizar a filosofia que sustenta a escola. Acompanham também o desenvolvimento do trabalho dos professores, o rendimento dos alunos e as relações estabelecidas entre ambos no processo ensino-aprendizagem. Esse acompanhamento se dá por meio da presença constante da supervisão em sala de aula (vista como positiva pelos professores, por não ter um caráter de fiscalização, mas de ajuda); das reuniões mensais por série, feitas com os professores; pelas conversas informais no recreio; pelos atendimentos individuais aos professores nos horários de aulas especializadas dos alunos; pelo acompanhamento dos planejamentos, do material impresso produzido pelos docentes e das avaliações formuladas e seus resultados; etc..

Eu acho que a supervisão faz a diferença porque ela é quem faz esse movimento com o professor. Se não tem essa supervisão, a coisa fica solta, fica perdida. E o supervisor, no meu ponto de vista, é o eixo para o trabalho do professor com o aluno, para a referência desse trabalho para os pais. (...) A supervisão, para mim, é a ‘mola mestra’ dentro da escola, e dentro do pedagógico ela não pode faltar. Eu não consigo pensar na escola sem a atuação desse supervisor. É como a gente fala: o pedagógico é o coração da escola, e o supervisor faz esse coração bater, junto com o professor e com o alunado, mas eu não consigo tirar o supervisor desse lugar. É um lugar que é dele e que eu acho que ele tem propriedade, ele tem condições de assumir isso, de desenvolver o trabalho. E sabemos que as escolas que não estão com essa equipe pedagógica, com essa formação na frente, vão se atropelar. (...) E as pessoas precisam realmente respeitar, valorizar e reconhecer o papel desse supervisor, que não é uma pessoa qualquer, é uma pessoa que tem uma formação e que tem feito muitas mudanças dentro da educação. Quando a gente vai verificar, a mudança vem é do supervisor, ela vem é de quem está dentro da área educacional, muito mais até do que do professor. É o supervisor quem vai desbravando e vai querendo buscar cada vez mais inovar, entender que escola é essa, que diferencial é esse que eu tenho que prover. Essa busca é do supervisor. O professor vai, quem vai conduzir isso é o grupo de supervisoras. (Fragmento entrevista com a vice-diretora Amélia - Escola 3)

As atribuições da supervisão estão definidas no Regimento da escola, entretanto as supervisoras assumem outras tantas tarefas não previstas. Há um investimento prioritário nos encaminhamentos pedagógicos, mas há também uma grande dedicação de tempo e energia da supervisora à resolução de questões burocráticas e logísticas que permeiam o pedagógico e o administrativo. Apesar do incômodo que essas tarefas administrativas causam, há, por parte de Vilma, uma visível predileção pelos afazeres pedagógicos e, com isso, um investimento redobrado, para que as primeiras não se sobreponham aos últimos, sem deixar de cumprir as atividades que lhe são delegadas.

A SUPERVISÃO PEDAGÓGICA NO REGIMENTO DA ESCOLA: “TÍTULO V

DOS SERVIÇOS PEDAGÓGICOS CAPÍTULO II

DA SUPERVISÃO E COORDENAÇÃO PEDAGÓGICAS SEÇÃO I

DAS FINALIDADES

Art. 49 - Os serviços de supervisão e coordenação têm por finalidade planejar, organizar, coordenar, controlar e avaliar todo o trabalho pedagógico desenvolvido no colégio.

SEÇÃO II

DA CONSTITUIÇÃO E ATRIBUIÇÕES

Art. 50 - Serão atribuições do serviço de Supervisão:

I - Elaborar, junto à diretoria do colégio, todo planejamento educacional do estabelecimento, visando sempre maior eficiência na educação que responda às necessidades do momento e, para tanto, deverá manter contato permanente com as diversas organizações, participar de seminários, grupos de reflexão que estudem uma permanente renovação da educação nacional.

II - Garantir o desenvolvimento de projetos pedagógicos.

III - Realizar a seleção de professores, colaborar no preparo profissional, bem como lhes proporcionar condições pedagógicas de trabalho produtivo.

IV - Assistir aos alunos de modo que encontrem sempre melhores condições de rendimento escolar e possam beneficiar-se de todas as oportunidades educacionais do colégio ou de outros centros de formação, devendo para isso manter estreita colaboração com o Serviço de Orientação Educacional.

V - Coordenar as ações pedagógicas na construção do conhecimento, no desenvolvimento das competências e habilidades a partir da interdisciplinaridade e contextualização.

VI - Obter uma crescente participação dos pais na ação educacional do colégio por meio de Conselho de Pais, de ciclos da Escola de Pais ou de qualquer outra equipe familiar que vise colaboração na educação.

§1º - A Supervisão será exercida por especialista, com habilitação prevista em lei e designada pelo Diretor geral do estabelecimento.

§2º - O cargo de Supervisor poderá incidir com o de Vice-Diretor.

§3º - Quando o número de turmas for muito elevado, a Direção do colégio poderá admitir mais de um supervisor”.

(Regimento Escolar da Escola 3, p. 13-14, 1999)

No que se refere ao projeto de enturmação dos alunos, a participação da supervisão é pequena, mas não pouco importante. Quem encaminha o processo é o Serviço de Orientação Educacional (SOE) da escola e as coordenações de cada segmento, que procuram respeitar as necessidades dos alunos e professores. De acordo com a filosofia da escola, é muito valorizada a construção de laços de amizade e de relações saudáveis, e toma isso como uma das referências da enturmação. Assim, aqueles alunos que se sentem oprimidos, inibidos ou descontentes no grupo em que estão são encaminhados para outra turma, onde possam construir novas relações. O mesmo acontece quando o aluno apresenta rendimento inferior ao esperado ou quando é considerado um líder negativo na turma. Outro critério usado é o do rendimento escolar. Como o referencial do processo é o aluno, a escola busca enturmá-lo de forma que possa apresentar os melhores resultados possíveis, contando, para isso, com um ambiente favorável na turma. A supervisão aqui se restringe a dar sugestões e opiniões a título de contribuição.

Quem realmente encaminha o processo é a Orientação Educacional, junto com a coordenação de turno. A orientadora pede para as professoras fazerem um levantamento dos casos dos alunos. Se for problema com deficiência na aprendizagem, ou alguma questão comportamental, ou com uma liderança positiva ou negativa, casos de alunos que têm parentesco, então a professora faz um levantamento de todos esses casos, e, a partir disso, fazemos uma seleção, mas assim, misturando. (...) Ela (a orientadora) me pede uma ajuda, porque, como a gente está em sala, ela também pede minha opinião nesse sentido. Então, a enturmação é feita dessa forma. Não fazemos uma enturmação por nível de aprendizagem. Não colocamos assim: turma A, B, C, dependendo, boa, média, ruim, nada disso. Inclusive os pais até perguntam quando eles vêem: “A 1a. série A significa que a turma é adiantada?”. Então, a gente deixa claro que não existe isso. As turmas são heterogêneas. A gente olha mais a questão de relacionamento.(...) Normalmente, fica um grupo-base, que é o grupo que a professora não citou porque não teve nenhum tipo de observação mais

específica, e fazemos alteração com os outros. Mas a enturmação é feita especificamente pela orientação e coordenação. Eu ajudo nesse final, eu vejo a turma, pra dar mais uma opinião. (Fragmento da entrevista com a Supervisora Vilma - Escola 3)

O sistema de avaliação geral dessa escola é definido pela instituição por meio de seu Regimento Escolar. Apesar de os educadores gozarem de alguma autonomia na definição dos instrumentos avaliativos e na forma de construí-los, o momento de aplicá-los e a estrutura geral do processo são determinados pela instituição e adaptados nos segmentos, de acordo com as especificidades de cada um. Há a busca, por parte dos educadores, por inovações nesse campo, com a apresentação de novas propostas avaliativas, mas a base somativa do processo permanece ainda inalterada.

Pelo que pude observar, a avaliação ainda é um ponto delicado de discussão dentro da escola e, talvez por isso, seja um entrave poderoso às transformações desejadas, conforme explicitado por Vilma:

A avaliação, para mim, é o “nó” da educação. Nunca achamos que estamos fazendo o que devemos e sempre temos o desejo de fazer diferente, mas nunca achamos o caminho. Então, realmente o impasse fica e aquela sensação de que as coisas não avançam. Avançamos muito em práticas, em estratégias, mas na avaliação continuamos muito retrógrados, vamos dizer assim. Nós estudamos e trabalhamos livros variados: A prova

operatória; trabalhamos com: Avaliação: momento privilegiado de estudo,

do Vasco Moretto; Avaliação, do Perrenoud, mas a gente acaba que está engatinhando ainda. Temos muito que mudar. Existe uma proposta agora, que também partiu da coordenação, de mudarmos para etapas, para ver se isso vai facilitar, até que ponto isso vai melhorar o trabalho. (...) A sugestão de três etapas amplia mais tanto o tempo como a forma de trabalhar, e já é um passo para nós tentarmos mudar um pouco o momento de avaliação e vislumbrar novos horizontes. (Fragmento da entrevista com a Supervisora Vilma - Escola 3)

K: Mas no sistema de avaliação inteiro da escola? Elas têm algum tipo de fala, de atuação junto à direção? Elas podem opinar nisso?

Eu acredito que agora, em cima do projeto político-pedagógico, elas vão ter condições, não é? Nós escutamos muito, apesar de que é uma batalha que eu sei que é constante das professoras; são solicitações constantes, de que a gente possa deixar essa avaliação mais aberta. Um sonho que eu acredito que nós vamos chegar lá, mas ainda há, além da questão da tradição da escola, também o processo de comparação de um turno com o

outro. Então, em função disso, a escola ficou mais fechada. No sentido de não dar uma defasagem de conteúdos de um turno para o outro, foi pedido que elas fizessem um trabalho mais de parceria, mais em conjunto. Então, de repente, isso também formatou que a avaliação tem que ficar dentro desse processo de caminhar junto e de avaliar da mesma forma. Mas muito se tem refletido a respeito disso. (...) Eu acho que a equipe já conquistou muita coisa, já vem ganhando muita coisa, e eu acredito que agora, dentro da construção desse projeto, a gente tem que dar um pontapé diferente aí nessa história. (Fragmento da entrevista com a vice-diretora Amélia - Escola 3)

A escolha dos livros didáticos é bastante criteriosa e levada muito a sério na escola. Toda vez que a equipe de professores se mostra insatisfeita com o livro didático que está sendo adotado, a coordenação pedagógica geral e a supervisão do segmento os incentivam a fazer uma seleção e análise das opções que existem no mercado editorial, ao longo do ano letivo, para que, até o mês de outubro daquele ano, a decisão seja tomada e possa ser implantada no ano seguinte. Para isso, a supervisão organiza momentos de interação dos professores com os autores dos livros selecionados e reuniões para estudo e discussão dos critérios que serão usados na avaliação e escolha desses livros.

Esse trabalho é realizado de maneira coletiva, com a participação efetiva de todos os professores do segmento. A supervisão, nesse processo, é atuante, pois organiza e coordena todos os passos do trabalho e, caso não haja um acordo entre os professores, cabe-lhe a responsabilidade da decisão final, exigida pela instituição, sempre baseada nos componentes curriculares da escola e em argumentação sólida e apresentada ao coletivo do segmento.

Pude observar que o trabalho de supervisão, nessa escola, estrutura-se muito em função dos professores. Assim, grande parte de suas ações é destinada a eles, direta ou indiretamente.

As relações pessoais e profissionais que se estabelecem, pelo que foi possível observar, são tranqüilas e abertas. Há uma confiança mútua no trabalho

que é desenvolvido, e Vilma procura dar o máximo de autonomia possível aos professores, ouvindo e respeitando suas opiniões. Apesar disso, não há como negar que a supervisão ocupa um lugar de autoridade no grupo, e o uso dessa autoridade lhe é cobrado pela instituição e pela própria equipe de professores, em determinados momentos. Conforme foi observado, há uma certa dificuldade por parte da supervisora em assumir a liderança do grupo, caso isso signifique algum tipo de conflito. Mesmo assim, quando necessário, Vilma mostra aos professores os problemas que estão apresentando em seu trabalho e os orienta para que sejam solucionados.

K: Mas você acha que em determinados momentos elas esperam de você uma atitude de comando, da “antiga” supervisora?

Sim. Eu sinto isso. E é um ponto que eu não tenho muito trabalhado. E isso é interessante, porque a pessoa fala que não quer, mas eu sinto que elas querem. Muitas coisas elas vêm e falam: “E agora? Decide!”, e eu tenho essa dificuldade dessa postura, dessa coisa meio impositiva, porque eu prefiro lidar com as coisas no consenso, mas elas me pedem e muitas vezes me colocam também numa posição assim, de que estou aqui pra fazer o que elas precisam na hora, para servi-las. (Fragmento da entrevista com a Supervisora Vilma - Escola 3)

Ultimamente, Vilma tem enfrentado algumas dificuldades com o grupo de professores da 4ª série, que, sob a influência de uma das colegas, tem resistido às orientações dadas pela supervisão e tornado a relação tensa. Esse fato tem incomodado não só a supervisora, mas a orientadora também, que já presenciou várias vezes esse tipo de atitude. Segundo Vilma e Rosa, a intenção dessas pessoas é minar a liderança da supervisão, colocando-a em posição defensiva e frágil perante o grupo. Atitudes mais incisivas têm sido tomadas com essas pessoas, de forma que suas intenções não sejam bem sucedidas e não atrapalhem o andamento do trabalho na escola.

Chega uma mãe bastante aflita, pedindo orientações sobre um trabalho pedido pela professora da 4ª série: “A história do Brasil contada em versos”. O trabalho foi dado em março, para ser apresentado em agosto,

mas só agora esse aluno o apresentou aos pais. Vilma explica toda a proposta à mãe do aluno e, após a saída da mesma, faz um desabafo quanto à atitude de algumas professoras que insistem em passar trabalhos oralmente para os alunos. A orientação dada pela supervisão é de que todo trabalho deve ser passado por escrito aos alunos, para evitar mal- entendidos, mas tal orientação não tem sido seguida por todos os

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