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4. conStrUÇÃo Do MoDeLo PreLiMinar

4.4 Organização do conjunto de critérios

Comparando as informações resultantes da revisão de literatura e dos questionários com especialistas foi possível perceber que as considerações sobre seleção tipográfica se repetiam e se complementavam. Desta forma o quadro 6, apresentado no capítulo 2, foi complementado pelas considera- ções dos especialistas. O resultado desta integração entre a revisão de lite- ratura e o questionário com especialistas é uma visão integrada de fatores relevantes para a seleção tipográfica. O quadro 8 apresenta de forma otimi- zada este resultado e a versão mais detalhada está disponível no apêndice F.

Quadro 8: Visão integrada de fatores relevantes para a seleção tipográfica – Parte 1

categorias descricão e autores

FAtoRES FoRMAIS E FUNcIoNAIS

LEGIBILIDADE A familiaridade com um tipo pode torná-lo mais legível. (FARIAS, 2013) (BEIER, 2009) As características do leitor interferem na legibilidade. (FRASCARA, 2011)

A legibilidade é imprescindível nos tipos para texto (ZAPATERRA, 2014) (ROCHA, 2012), porém a expressividade também colabora com a comunicação. (HELLER, 2004)

As serifas podem auxiliar na leitura criando a linha de apoio (FRUTIGER, 2007), mas outros fatores como tamanho, altura-x , largura, espaçamento, espessura do traço, entrelinhamento , podem ser mais relevantes para a legibilidade. (ROCHA, 2012) (FRASCARA, 2011)

Qualquer elemento que dificulte o diferenciação dos caracteres, como o uso de caixa-alta, desenhos modulares e geométricos e serifas, pode tornar a fonte menos legível. (SAMARA, 2011) (LUPTON, 2015) (FRUTIGER, 2007) (CLARK apud LUPTON, 2015)

Considerar a legibilidade em relação à mídia. (COLES*)

VARIAÇÕES DE PESO E ESTILO

Um documento editorial pode ser composto com apenas uma família, desde que ela oferece o mínino de variações: romana, itálica e negrito. (BRINGHURST, 2015) (LUPTON, 2015) (HASLAM, 2007) (FRUTIGER, 2007)

Ao selecionar uma família tipográfica observar a variação de idiomas e pesos. (COSGAYA*). É importante que sejam consistentes e que a variação de pesos seja suficiente para distinguir as letras. (FRASCARA, 2015) (BRINGHURST, 2015)

RECURSOS Além da série básica de caracteres e suas variações é desejável que uma família tipográfica que se destina ao meio editorial apresente ligaturas, numerais em estilo antigo, caracteres alternativos, entre outros recursos necessários para o projeto. (JURY, 2007) (BRINGHURST, 2015). Mas como os padrões podem variar entre os desenvolvedores é preciso sempre conferir. (ROCHA, 2012)

FAtoRES EStÉtIcoS HISTÓRIA E

CULTURA

Ao escolher a fonte observar que as associações histórias e suas conotações atuais para que estejam em harmonia com o texto. (BRINGHURST, 2015) (HENDEL, 2003) (LUPTON, 2013) (NARDI*) (KUPFERSHMID*) (CRUZ*)

A classificação tipográfica auxilia o designer a perceber as sutis diferenças entre os estilos e a fazer uma escolha tipográfica adequada. (SAMARA, 2011)

EXPRESSÃO A expressão é importante na tipografia pois reforça o conteúdo, mas a legibilidade e a funcionalidade devem ser priorizadas. (BRINGHURST, 2015) (CLARK apud LUPTON, 2015) (FONTOURA e FUKUSHIMA, 2012)

A escolha da tipografia é essencial para definir o caráter da mensagem, podendo conferir ou depreciar a credibilidade do texto e criar um significado que vai além do conteúdo textual. (SHAIKH, 2007) (LI, 2009) (SALTZ, 2010) (AMARE e MANNING, 2012)

Escolha tipográfica também está relacionada com o posicionamento da publicação e a atmosfera que se pretende transmitir. (COLES*) (KUPFERSHMID*) (COSGAYA*)

A tipografia expressiva pode substituir outros dispositivos tipográficos, artes, ou mesmo dispositivos literários, para desenvolver a história. (PHINNEY e COLABUCCI, 2010)

Quadro 8: Visão integrada de fatores relevantes para a seleção tipográfica – Parte 2

categorias descricão e autores

FAtoRES tÉcNIcoS

QUALIDADE Observar o desenho de cada caractere em relação a proposta geral considerando a personalidade do conjunto e os atributos formais de cada grupo de caracteres. (ROCHA, 2012)

As dimensões básicas que devem ser observadas para avaliar a qualidade de um tipo são altura, largura, peso e espaçamento. (FRASCARA, 2015)

A fonte precisa ser flexível, ou seja, funcionar bem tanto no corpo de texto quanto nos títulos, e consequentemente em diferentes tamanhos e pesos. (CLARK apud LUPTON, 2015)

SUPORTE Os parâmetros como espaçamento, kerning e hinting devem otimizar a visualização em tela ou impressão da fonte. (ROCHA, 2012) (LUPTON, 2015) (CLARK apud LUPTON, 2015)

A mídia interfere na aparência do texto pois os detalhes serão percebidos de acordo com o suporte. (PAMENTAL, 2014) (TARASOV, SERGEEV E FILIMONOV, 2014) (NARDI*) (CRUZ*) (COLES*) (COSGAYA*)

Um tipo feito para ser impresso não terá boa renderização no meio digital. Projetar tipos adequados a diferentes suportes requer novos conhecimentos por parte dos designers de tipos. (LUPTON, 2015)

No caso da mídia impressa, o processo de impressão também interfere na qualidade da fonte. (HENESTROSA, MESEGUER E SCAGLIONE, 2014) (BRINGHURST, 2015) (KUPFERSHMID*) As fontes adequadas a tela devem ter baixo contraste, torso grande, interiores abertos, terminais sólidos e serifas retas ou sem serifas. (BRINGHURST, 2015)

FAtoRES EcoNÔMIcoS

LICENCIAMENTO Observar a licença de uso e as permissões. (COSGAYA*) (COLES*) (HENESTROSA, MESEGUER E SCAGLIONE, 2014)

No caso de projetos para web é preciso confirmar se a fonte está disponível em Web Open Font Format (WOFF). (PAMENTAL, 2014)

INVESTIMENTO Considerar a verba de produção do projeto. (NARDI*) (COLES*)

Fonte: Elaborado pela autora a partir da revisão de literatura e da consulta aos especialistas.

Partindo destas considerações foram elaborados os seguintes critérios:

legibilidade, variações e recursos, aspectos histórico-culturais, expressão, qualidade, suporte, licenciamento e investimento, agrupados em fatores

formais e funcionais, fatores estéticos, fatores técnicos e fatores econômicos. O critério legibilidade refere-se as formas dos caracteres e sua adequação aos padrões de leitura de acordo com o público-alvo, que deve ser sempre considerado. As variações e recursos tem relação com os pesos e estilos que a família tipográfica, a qual fonte pertence, oferecem. Já os recursos são específicos da fonte, e dizem respeito aos símbolos, ligaturas, acentuação,

Os aspectos histórico-culturais constituem um critério mais relacionado as fatores estéticos e devem ser considerados principalmente quando espera- se que uma fonte represente determinada época ou região. A expressão é o critério mais subjetivo do conjunto, pois embora tenham sido identificados alguns estudos que apontam para a possibilidade de quantificar a percepção de atributos de personalidade de acordo com o desenho dos caracteres, ainda se constitui em um fator muito relativo à percepção do público. Mas as recorrentes referências à sua importância para efetivar a comunicação fazem com que seja necessário considerar o potencial expressivo dos tipos. A qualidade do desenho e a interferência do suporte foram agrupados como

fatores técnicos, pois entendem-se que o suporte, impresso ou digital, inter-

fere diretamente na qualidade do desenho. E espera-se de uma boa fonte que seus parâmetros sejam adequados para garantir uma renderização e/ou impressão adequadas.

O licenciamento e o investimento possuem uma relação direta, pois as definições de licenciamento, como número de máquinas por fonte, possibi- lidade de customização e distribuição, tem impacto no investimento neces- sário para compra das licenças.

É importante reforçar que estes critérios poderão ser mais ou menos rele- vantes de acordo com o contexto do projeto, portanto deverão ser ponde- rados, constituindo assim uma hierarquia. Por exemplo, ao selecionar uma fonte para uso nos títulos de um livro, os fatores estéticos podem ser mais relevantes que os fatores formais e funcionais. Já ao escolher a família que será aplicada em um jornal, estes mesmos fatores formais poderiam ser considerados imprescindíveis. Essa hierarquia entre os fatores, e conse- quentemente entre os critérios, fica explícita ao se atribuir pesos diferentes para cada critério na construção da matriz de avaliação, detalhada a seguir.