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Organização do estudo e resumo dos principais capítulos

PARTE I APRESENTAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DA TESE E DA ABORDAGEM DE

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

1.6. Organização do estudo e resumo dos principais capítulos

Figura 1.1 – Organização da tese

Optámos por organizar a tese em quatro partes, que balizam claramente o seu processo de desenvolvimento, subdivididas em capítulos em número adequado à abordagem dos assuntos em causa.

A primeira parte, de apresentação da temática e discussão da abordagem de investigação, como se depreende do que já foi escrito anteriormente, iniciou-se com um primeiro capítulo, introdutório, que agora se conclui, e que percorreu sucessivamente as razões da escolha do tema de investigação e a oportunidade dessa escolha.

Segue-se um segundo capítulo, onde o contexto e natureza do tema orientarão o debate e as opções ontológicas, epistemológicas e metodológicas, pormenorizando-se como a atitude, perspectiva e opções do investigador são condicionantes ao estudo, como o problema do processo do conhecimento no turismo e na gestão se encontra ainda numa fase controversa e, sucessivamente, que papel assumem nesse contexto a revisão da literatura, as escolhas metodológicas e o design do estudo de caso que se pretende desenvolver, bem como as principais questões para o tratamento, análise e validação teórica dos dados, encerrando-se assim a primeira parte da introdução e do estudo em apreço.

Consta da segunda parte desta tese, a revisão da bibliografia e do estado da arte:

- um primeiro momento no Capítulo 3 introduzem-se conceitos e paradigmas que estão na base da própria compreensão do Turismo como actividade produtiva sujeita a processos de compreensão e de gestão;

- no Capitulo 4 faz-se uma abordagem detalhada e crítica do aparecimento e evolução do conceito de destino com origem na Geografia e a sua entrada no campo da Economia e Sociologia;

- no Capítulo 5, optou-se por separar a evolução do conceito de destino quando visto sob a óptica da Gestão e a sua apresentação articulada com os próprios modelos de gestão, revendo-se o modo como, quer a teoria, quer os sistemas reais de organização turística, desenvolveram modelos e teorias para uma gestão dos destinos turísticos. Fundamenta-se ainda esta problemática em termos dos vários paradigmas e teorias da área da Gestão que nos parecem mais determinantes para a compreensão da abordagem em causa;

- no Capítulo 6 estabelecer-se-á o quadro final conceptual de síntese, que sistematiza a nossa visão da teoria existente, reenquadra as grandes questões de investigação e detalha os nossos objectivos de investigação.

Ainda uma última observação, não menos curial, para dizer que esta ordem de apresentação destes últimos quatro capítulos é apenas discursiva. Com efeito, as quatro temáticas em causa, conceitos essenciais, conceito de destino, paradigmas teóricos e gestão dos destinos, pela sua própria evolução e emergência, entrecruzam-se num conjunto de influências recíprocas que, mais do que procurar isolar, importa sim evidenciar, corporizando-as num conjunto articulado e coerente de conhecimento produzido.

Segue-se a Parte III, Capítulo 7, onde, complementarmente ao Capítulo 2 da Parte I (a opção por uma abordagem de investigação e respectivas implicações para a tese), se descreve o desenho e a organização da investigação empírica de um modo sistemático e

exaustivo, percorrendo a forma como foram escolhidos os casos, o desenho pormenorizado da investigação, os processos previstos de recolha de dados, os processos previstos de tratamento de dados e, finalmente, o modo como os resultados finais serão apresentados. Num segundo momento, descreve-se a situação que foi encontrada no terreno; as opções feitas resultantes dessa situação e o modo como se foi ajustando os procedimentos e técnicas de recolha de dados.

Finalmente, na Parte IV apresentar-se-ão os resultados e conclusões do trabalho empírico, a saber:

- num primeiro momento, apresentar-se-á o resultado e descrições dos estudos de caso, como primeiro corpo de conhecimento produzido, no Capítulo 8 o caso local, no Capítulo 9 o caso subregional e no Capítulo 10 o caso regional;

- num segundo momento, no Capítulo 11 apresentar-se-ão as conclusões teóricas e de relativização conceptual do conhecimento produzido, como segundo output importante deste estudo; uma reflexão e avaliação de todo o processo de investigação empírica que, mais do que uma avaliação simples da metodologia e processos utilizados, no contexto das opções feitas nesta investigação, constitui (essa avaliação, dizíamos) um último

output importante de validação da própria investigação; finalmente, apresentar-se-ão as

Posfácio ao CAPÍTULO 1

Um primeiro momento de reflexão e de acerto de contas do próprio investigador consigo próprio e com o trabalho realizado. No seu devido lugar em termos de arrumação científica e metodológica, surgirão outros momentos de justificação.

Optei por manter como primeiro capítulo a essência de proposta de apresentação da tese ao Conselho Científico em Dezembro de 2001, apenas retocada aqui e ali por um outro contributo de fundamentação mais recente, precisamente para que se possa também ver todo o processo de construção da tese enquanto caminho percorrido ao longo de todo este tempo.

Dos constrangimentos e problemas iniciais…

A escolha de uma temática de tese nem sempre é tarefa fácil, mas no meu caso ela emergiu naturalmente, fruto do trabalho passado, de uma curiosidade natural e da

detecção de uma janela de oportunidade, nesta obrigação regulamentar de todos contribuirmos para a produção do conhecimento e do saber.

Assim, antes de mais, este capítulo reflecte o conhecimento que possuía na altura sobre a problemática em questão, revelando tanto um carácter disperso e pouco consolidado, como a insuficiência de livros e papers em revistas científicas existentes à época.

Apenas Davidson (1997) fornecia uma lógica de enquadramento conceptual mais ou menos coerente, mas insuficientemente aprofundada, manifestando mesmo alguma sobranceria ao afirmar que a gestão dos destinos turísticos seria apenas um problema dos países de economia e turismo amadurecidos…

Este capítulo reflectiu uma abordagem lata do tema, que encontra fundamento ainda na própria dúvida do autor que persistia em relação à sua oportunidade, com um maior grau de certeza em relação à sua pertinácia que alguns dos meus pares, nessa altura, manifestaram.

Sobressaía ainda a dúvida sobre se o campo de aplicação da tese se deveria situar num contexto regional ou nacional, dúvida esta também derivada da indecisão sobre o número de casos, ou de um eventual survey a aplicar, para uma comprovação adequada dos resultados.

Esta minha preocupação defrontava-se ainda com o nó górdio de como desatar um desejo de aplicação de uma metodologia qualitativa quando, a minha formação de partida, a tradição institucional e os paradigmas existentes na Gestão e no Turismo,

apontavam no sentido tradicional de uma comprovação quantitativa - “real men don’t

collect soft data”1

… aos desafios da acção …

A este conformismo intelectual e paradigmático procurei responder encetando um caminho próprio de validação da temática.

Comecei por participar em conferências dinamizadas pela Organização Mundial do Turismo, que acabava de constituir um working group para a Gestão dos Destinos Turísticos e que, ao mesmo tempo, com o seu comité de educação, em sucessivos

workshops ao longo de dois anos (WTO, 2003) divulgou, promoveu e discutiu esta nova

problemática, com a participação de docentes e investigadores internacionais e promoveu um grande estudo da temática da GDT (WTO, 2003) com a participação ampla de organizações turísticas de todos os continentes. Procurava lá fora o reconhecimento da oportunidade e razão de ser do meu próprio estudo. E quer as múltiplas conversas com participantes, quer o acesso à documentação fortaleceu a minha convicção da validade do meu projecto.

Ao mesmo tempo fui estabelecendo contacto com as principais personalidades na área do turismo presentes nesses encontros internacionais - Mara Manente, Chris Ryan, John Tribe, Geoffrey Crouch ou Jafar Jafari foram alguns deles, e se a oportunidade do tema foi sempre bem aceite, o facto de pretender utilizar uma metodologia qualitativa e a minha convicção inicial da pobreza das práticas de gestão do turismo nacional, parecia

colocar-me num beco sem saída. A reacção de alguns deles à problemática qualitativa, compreendo-o agora, talvez evidenciasse a minha incapacidade em apresentar essa proposta de um modo coerente e fundamentado à época, ou uma natural resistência quantitativista a um estudo que eu pretendia descritivo e compreensivo, ou mesmo etnográfico.

Aos poucos, a aposta pessoal, que estava consolidada pelo input do trabalho da WTO, foi encontrando outros suportes – o projecto do Arade2, um dos vários intervalos neste caminho da tese, veio permitir compreender pelo feedback e necessidades vislumbradas no terreno, uma dinâmica emergente que também correspondia à ideia geral da tese e, por outro lado, permitiu experimentar como se faz a Gestão dos Destinos Turísticos, desenvolvendo instrumentos que a operacionalizam em situações concretas. A proximidade com os actores no terreno durante um período alargado de tempo permitiu, igualmente, criar um enraizamento social e investigativo que se revelou fundamental para este estudo.

Finalmente, a criação institucional dos Mestrados em Turismo em especial e, mais tarde, do programa de Doutoramento em Turismo, forneceram a justificação final – a leccionação em módulos e mesmo toda uma disciplina sobre GDT permitiu corporizar a reflexão, as leituras feitas e agarrar novos contributos dos alunos quanto à valência deste espaço de reflexão disciplinar.

Esta primeira fase de consolidação da temática em estudo foi sobretudo uma busca pessoal e auto justificativa, porventura de afirmação do meu espaço de investigação.

Como diria mais tarde Richard Butler em recente seminário, uma tese cola-se por muitos anos ao corpo do investigador que a faz. Talvez demasiados, acrescento eu, já que uma tese de doutoramento devia ser vista tão só como o princípio da carreira académica e de um processo autónomo de aprendizagem de investigação.

Entre a insegurança e as certezas, fui avançando…

No contexto actual de rápida mudança e evolução do conhecimento e de internacionalização e, sobretudo, de imensa pluralidade, riqueza e vitalidade investigativa na área das metodologias qualitativas, este baptismo tem de ser visto essencialmente como um processo contínuo de crescimento e amadurecimento – “a