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PARTE I – PRINCÍPIOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS

CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA DA PESQUISA

3.10 Organização e dificuldades do espaço físico e tecnologias

A sala onde a aula de LEM 2 ocorreu é o Laboratório Didático, que fica no prédio denominado “Laboratório de Musicalização” do Departamento de Artes e Comunicação (DAC) da UFSCar. A sala não é muito grande e possui diversas carteiras com braço para apoio de papel para os alunos, algumas cadeiras sem braço empilhadas em um canto da sala e alguns bancos de plástico também empilhados. Há também um aparelho de som antigo (mas que funciona), dois armários de metal com porta, uma mesa e um piano de armário. Ao fundo há janelas basculantes em toda a parede. Na parede oposta às janelas há uma lousa toda branca para escrita com caneta hidrocor e uma tela para projeção de datashow ou transparências. Normalmente, as carteiras ficam alinhadas uma ao lado da outra, em fileiras, com a mesa do professor à frente, onde coloquei, em algumas ocasiões, o notebook e data-show ligados, projetando-se para a tela.

A comprovação de que a sala era muito pequena para o número de alunos da disciplina ocorreu já na aula 2. Nesse dia, apenas dois alunos faltaram, totalizando 30 alunos presentes. A sala ficou abarrotada, com os alunos muito próximos uns dos outros, e uma aluna, que chegou atrasada, teve que buscar uma carteira na sala ao lado, pois não havia mais vaga. Isso incomodou os alunos durante a disciplina. Na aula 5, por exemplo, diante do fato de que, mais uma vez, a sala estava abarrotada e com menos carteiras do que alunos, uma aluna me perguntou se seria possível mudar de sala, já que nesta não cabia todo mundo. Disse que não, pois havia outras aulas ocorrendo nos outros espaços possíveis, como o Teatro de Bolso do DAC.

Em diversas aulas faltaram carteiras para os alunos. Na aula 12, por exemplo, quando ocorreu o Trabalho 2, todos os estudantes estavam presentes e não havia carteiras disponíveis para todos. Assim, dois tiveram que fazer a avaliação na mesa do professor. Em outras ocasiões, alguns participaram da aula sentados no chão. Além do aperto e falta de carteiras, a sala não possuía ar condicionado ou ventilador, e frequentemente ficava muito quente. Nas últimas avaliações, por ocorrerem nos meses de Novembro e Dezembro, mais quentes, muitos alunos realizaram as atividades ao ar livre não apenas pelo barulho, mas também por conta do calor.

Outro fator que complicou um pouco a dinâmica das aulas é que, a partir das 16h, outra professora ministrava uma disciplina na mesma sala. Assim, eu não podia estender as aulas além do tempo previsto, e precisava desmontar todo o equipamento rapidamente, para não atrapalhar a colega. Diante disso, o coordenador de curso averiguou a possibilidade de eu ou esta professora ministrarmos as aulas em algum dos Edifícios de Aulas Teóricas (ATs), mas ambos respondemos que precisávamos de instrumentos musicais, que ficam no prédio do DAC. Diante disso, busquei sempre encerrar a aula no horário, e a professora em questão não se importou em esperar alguns minutos em alguns dias. Por fim, outra dificuldade sentida em relação ao espaço físico foi a ausência de pautas na lousa. Frequentemente, eu precisava escrever notas, e ter que desenhar as linhas do pentagrama atrapalhava um pouco a dinâmica da aula.

Assim, esses pontos sobre o espaço físico dificultaram muito que se organizasse a sala de maneiras diferentes. Na aula 3, quando solicitei que os alunos ficassem em roda, isso quase não foi possível, porque a sala simplesmente não comportava todos os alunos nessa formação. Alguns, inclusive, tiveram que se sentar fora da roda, atrás dela. Por conta disso, acabei optando por deixar que organizassem as carteiras da forma que julgassem melhor. Curioso notar que não as deixavam em fileiras, mas mesmo assim a configuração do espaço acabava ficando mais “tradicional”: a maioria dos alunos sentada de frente para mim e a lousa. Porém, alguns se sentavam de lado, no chão e encostados na parede. Além disso, nos casos de trabalho em grupo, eles se organizavam em rodas ou fora da sala, podendo ainda se sentar no chão. As apresentações musicais também exigiram uma grande movimentação dos alunos, para que os executantes se posicionassem lado a lado e de frente para a turma.

Sobre tecnologias utilizadas na disciplina, utilizei notebook com acesso à internet; datashow; aparelho de som; além das duas câmeras para a filmagem. O programa de edição de partituras Finale foi muito utilizado para a criação e execução de partituras, assim como programas de gravação e edição de vídeos obtidos na internet. O programa PowerPoint (PPT)79, para elaboração e apresentação de slides também foi utilizado, além do programa para elaboração do AVA da disciplina utilizado.

No que tange a problemas com equipamentos, tive alguns com o aparelho de som da sala que, em alguns casos, exigiu que eu mexesse nele para funcionar. Além disso, como meu notebook quebrou logo antes do início da disciplina, reservei um notebook e datashow do DME para utilizar. Isso trouxe alguns problemas no começo da disciplina, como na segunda aula, por exemplo. Nesse dia, ao ir buscá- los no departamento, este estava fechado, devido a uma paralização dos servidores técnico-administrativos. Após pedir a chave da secretaria para a chefe de departamento, encontrei apenas o data-show: alguém havia pegado o notebook, mesmo com minha reserva.

Nesse dia, para manter o planejamento da aula tive que pegar a CPU que fica em minha sala, um teclado e um mouse de minha casa, além de cabos, extensão etc. Então é necessário imaginar que, para a aula ocorrer como havia planejado, eu andei em torno de 500 metros da universidade carregando: pasta com documentos, cabos, duas filmadoras, um data-show, uma CPU, um teclado e um mouse. Esse fato consumiu um grande tempo e exigiu muito esforço. Isso é importante de ser relatado porque, junto com o problema do espaço físico, me fez refletir sobre o fato de os professores universitários, em geral, “darem aulas” pautadas no paradigma tradicional de ensino, de forma expositiva e com auxílio apenas da lousa, porque é mais fácil e porque a universidade, muitas vezes, não dispõe de condições adequadas para uma aula diferente. Esse fato se agrava na área de Música, cujas aulas exigem instrumental específico (como piano, aparelhagem de som e imagem etc.).

Nesse mesmo dia, chegando à sala de aula, outro ocorrido ainda me fez refletir sobre o uso de tecnologias em aula: após conectar todos os cabos e acessórios, liguei o computador e tentei acessar a internet para abrir o AVA da

disciplina. Só que, para fazer isso, tive que mudar o endereço IP da CPU, para ela reconhecer a rede de internet do prédio onde ocorreu a disciplina. Eu apenas sabia fazer isso porque havia pedido, dias antes, para o técnico em informática do CECH me ensinar. Apesar de não ser um procedimento complexo, é muito difícil descobrir o que deve ser feito sem conhecimentos prévios ou orientação. Quantos professores possuem ou buscam esses conhecimentos? Assim, concluo esse item reforçando minha impressão de que a estrutura física da universidade contribui para o professor optar por uma aula orientada pelo paradigma tradicional de ensino e por usar poucos recursos tecnológicos em sala.